Trabalhos Aprovados - STs

ST 01 - Política Habitacional - Ontem, Hoje e Amanhã
HABITAÇÃO EM ÁREA CENTRAL VIA PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA ENTIDADES. Alternativas possíveis
Adelcke Rossetto Netto ; Camila D'Ottaviano
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Este artigo é fruto de pesquisa sobre a importância e viabilidade de habitação de interesse social (HIS) em área central, como forma de requalificação do espaço urbano e principalmente como garantia do direito à moradia e direito à cidade, na produção de uma cidade mais democrática e humana. A partir da análise de um estudo de caso paradigmático - o edifício Dandara, viabilizado via Programa Minha Casa Minha Vida Entidades na área central da cidade de São Paulo – o artigo pretende contribuir para o debate sobre a forma de produção do PMCMV, o papel dos movimentos de moradia, suas lutas históricas e suas “pequenas conquistas”, e os desafios permanentes.

CARACTERIZAÇÃO DA INSERÇÃO URBANA DO CONJUNTO HABITACIONAL VENEZA EM BALSAS, MARANHÃO.
ALANA DE MOURA LIMA ; CLAUDICEIA SILVA MENDES
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A implementação de Programas Habitacionais nas cidades brasileiras sempre foi fruto de tentativas de enfrentamento do problema habitacional que afeta a nossa população, e acompanharam as mudanças econômicas e sociais ao longo dos anos. A criação de uma Politica Nacional de Habitação, a partir do ano de 2009, garantiu a construção de um grande número de conjuntos habitacionais nas cidades brasileiras. Da implantação desses conjuntos habitacionais, surgiu um questionamento de como estes estavam inseridos dentro do contexto urbano das cidades. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo principal analisar a inserção urbana do Conjunto Habitacional Veneza, em Balsas-MA, gerando cartografias e registos fotográficos, além de analisar a inserção urbana do mesmo conjunto através da relação entre sua localização com os equipamentos existentes no centro da cidade. Este trabalho foi desenvolvido com a aplicação da metodologia de avaliação da inserção urbana de conjunto habitacional intitulado “Ferramentas para avaliação da inserção urbana dos empreendimentos do Programa Minha Casa Minha Vida”. As ferramentas foram desenvolvidas entre os anos de 2013 e 2014 pelo Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (LabCidade – FAU/USP). Os resultados obtidos confirmaram o padrão de conjuntos habitacionais que são implantados com pouca ou nenhuma inserção no contexto urbano, com ausência de equipamentos públicos obrigatórios, principalmente os relacionados à oferta de transporte público como meio de garantir acesso aos serviços básicos para a população residente no Conjunto Residencial Veneza.

REFORMA URBANA CUBANA: 60 anos de uma contribuição esquecida.
Aline Marcondes Miglioli
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O artigo faz o exercício histórico de relembrar a Reforma Urbana protagonizada em Cuba em 1961 sob os marcos da Revolução Cubana. Esta atividade requer a retomada do passado colonial da ilha e sua condição de neocolônia subdesenvolvida, calcada na dominação externa e interna vinculada à estrutura fundiária; e a apresentação das formas criativas e inovadoras com as quais Cuba resolveu seu problema urbano e habitacional, que evitaram sua transformação nas Las Vegas caribenha. A experiência vale ser recontada como primeiro passo para recuperar a importância que este evento exerceu na intelligenzia brasileira que em 1963, no bojo da elaboração dos Planos de Metas, propunha pela primeira vez no Brasil uma Reforma Urbana. Algumas pautas e instrumentos da Reforma Urbana ainda resistem no Movimento por Reforma Urbana após 60 anos e sua compreensão faz-se necessária neste momento de apropriação e deformação de alguns instrumentos e políticas após a institucionalização da lei.

LOCAÇÃO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: REFLEXÕES SOBRE OS CUSTOS E SUBSÍDIOS
Amanda de Almeida Ribeiro ; Guilherme Filocomo ; Mayara Marques Bernardes ; Monica de Azevedo Costa Nogara
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Este artigo tem por objetivo construir uma reflexão sobre os custos e subsídios vigentes no programa Locação Social. Essa discussão é embasada pelo diagnóstico do programa realizado em 2017 pela Secretaria de Habitação do município de São Paulo em conjunto com a Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo. Para além do levantamento da legislação vigente, regulamentada a partir de 2002, foi realizada a análise dos recursos e atribuições vigentes. O propósito é buscar a superação sobre os mitos identificados ao longo do processo da implementação do programa e fomentar o debate sobre a sua eventual revisão, com vistas a permitir o aperfeiçoamento do programa, que possui grande potencial de atendimento a população de baixa renda, especialmente àquelas excluídas do sistema financeiro imobiliário.

Da luta urbana à política habitacional: O constante recomeço
Ana Carolina Maria Soraggi ; Thêmis Amorim Aragão ; Filipe Corrêa
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Os processos políticos que se desenvolveram no Brasil de 2013 até aqui tem mostrado um revés na política habitacional historicamente construída. As transformações sociais que aconteceram ao longo das últimas décadas conduziram ao afloramento de conflitos que tem culminado com a recente reviravolta política. Este artigo busca fazer um resgate dos processos que influenciaram na edificação de uma agenda política para habitação de interesse social (HIS) no país e da importância da atuação dos movimentos sociais neste contexto. Dentro desta leitura, relataremos o caso da Vila Eliana Silva, localizada em Belo Horizonte/MG, cuja história será contada a partir de entrevistas realizadas com dois de seus moradores, que são também representantes do Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas (MLB). A primeira entrevista foi realizada em fevereiro de 2016 e a segunda em novembro de 2018, logo após o pleito eleitoral. O relato sobre a história da Vila Eliana Silva e as considerações apresentadas no texto explicitam a luta pelo efetivo cumprimento da função social da propriedade e a necessária reflexão sobre o direito à moradia no contexto das políticas habitacionais.

AUTOGESTÃO HABITACIONAL NO RIO DE JANEIRO: O acúmulo de experiências e a influência do Programa Minha Casa Minha Vida Entidades
Ana Clara Meirelles de Miranda
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O presente trabalho tem como tema a construção de moradias em regime de autogestão na região metropolitana do Rio de Janeiro e como objetivo analisar as consequências do Programa Federal Minha Casa Minha Vida Entidades (MCMV-E) sobre o campo. Apesar do discurso de incentivo ao cooperativismo e à participação dos futuros moradores como protagonistas na solução de seus problemas habitacionais, a hipótese defendida é a de que o programa ao mesmo tempo em que é brecha para a produção de habitações por autogestão também engessa e burocratiza a prática. As questões teóricas aqui colocadas foram analisadas especialmente a partir de duas experiências: Grupo Esperança (Rio de Janeiro) e Solano Trindade (Duque de Caxias). Como resultado, o que se observa é que o MCMV-E exigiu adaptações nas estratégias adotadas pelos movimentos de luta por moradia, que interiorizaram determinados limites do programa.

A norma e a forma: padronagem e dispersão na produção habitacional
Andrea Figueiredo Arruda Canavarros
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A proposta da casa higiênica e econômica para a classe de menor renda, especialmente aquela isolada no lote produzida via iniciativas públicas de provimento habitacional, se reproduziu ao longo do século XX e trouxe significados simbólicos que se reiteraram na prática recente, impondo uma linguagem projetual que se assume e se concretiza tanto no saber técnico que o reproduz, tanto no imaginário da sociedade que logo a identifica como um desenho de casa popular que é atribuído ou um lugar onde vivem única e exclusivamente aos pobres. Estaria essa forma de produzir cidades, através da habitação, carregando pressupostos ideológicos do período higienista? Qual a herança desse capítulo da história da habitação atualmente? Como essas representações e práticas permanecem em programas, projetos e cartilhas de especificações de projetos? Partindo do questionamento sobre a padronagem e dispersão do habitar popular nas cidades brasileiras, esse artigo inicia uma abordagem sobre a origem desse desenho, procurando revisitar dispositivos iniciais sobre o tema e identificar as formas de representações que delinearam o habitar para os trabalhadores urbanos entre a virada do século XIX, suas permanências ao longo do século XX e manifestações em larga escala em programas recentes, reconfigurando novos eixos de dispersão sob um tecido urbano que ainda se mantém precário e por consolidar. Toma como recorte territorial o estado de Mato Grosso, trazendo uma síntese das ações no âmbito habitacional que regularam e direcionaram o uso e ocupação do espaço urbano, mais precisamente nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande, sendo também importante registro da história da produção habitacional no estado, desde a Fundação da Casa Popular (FCP), a Companhia de Habitação do Estado de Mato Grosso (COHAB-MT) e, mais recentemente, O Programa de Arrendamento Residencial (PAR) e o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV).

POLÍTICA MUNICIPAL DE HABITAÇÃO DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA/ES Projetos, ações e investimentos na provisão da Habitação de Interesse Social
Andreia Fernandes Muniz ; Eneida Maria Souza Mendonça ; Nicole Schneider Cola
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Este artigo busca investigar os programas, projetos, ações e investimentos financeiros da Política Municipal de Habitação de Vitória/ES, estabelecida em 2002 até a presente data. A metodologia englobou pesquisa de campo com coleta de dados em fontes de poder público municipal, pesquisa documental e bibliográfica sobre conceitos, indicadores socioeconômicos, programas, projetos e investimentos em habitação social. O resultado é um diagnóstico atualizado das ações municipais para enfrentar o problema habitacional e proporcionar acesso a moradia digna para a população de baixa renda, conforme estabelecido na Política Municipal de Habitação, proposta segundo as prerrogativas do Estatuto das Cidades, que prevê a função social da cidade e do bem-estar de seus habitantes. Para isso, a moradia é um direito fundamental.

A CASA CAMPONESA: Adequação do PNHR nos assentamentos de reforma agrária no estado de São Paulo
Angel Castañeda Rodriguez ; Akemi Ino
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Após vários anos da implementação do PNHR, pode-se perceber uma preocupação na redução do déficit habitacional no campo. Isso pode ser considerado como um avanço, porém na maioria dos assentamentos rurais do país verificam-se moradias que nem sempre atendem de forma suficiente às necessidades das famílias. Por outro lado, decorrente das deficiências surgidas da padronização do projeto e do próprio processo construtivo, evidenciam-se “soluções” arquitetônicas convencionais e que se repetem no Brasil inteiro, caracterizadas por adotar o modelo PMCMV das áreas urbanas e, consequentemente, por serem desconexas com a realidade da população camponesa. Diante deste panorama, o tema abordado neste trabalho relaciona-se às especificidades da casa camponesa da região oeste do estado de SP, especificamente, a compatibilidade dos projetos habitacionais em três assentamentos de reforma agrária, no âmbito do PNHR/PMCMV, com o contexto rural e às condições particulares da vida no campo.

O cabimento de mandado de injunção na regulamentação da locação social
Anna Carolina Lucca Sandri
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O artigo tem como objetivo analisar o acórdão do mandado de injunção coletivo nº 2216566-84.2015.8.26.0000, impetrado pelo Grupo de Articulação para a Conquista da Moradia para o Idoso da Capital, representado pela Defensoria Pública de São Paulo, com o intuito de regulamentar a lei estadual 10.365/1999, que autorizou o Estado de São Paulo a implantar programa de locação social. A decisão colegiada foi de improcedência da ação em decorrência de haver regulamentação no tocante ao direito à moradia. A interpretação judicial configura uma restrição à utilização do mandado de injunção. Portanto, há possibilidade de utilização de mandado de injunção, visto que a ausência de regulamentação de locação social inviabiliza o direito à moradia de muitas famílias, visto que para sua efetivação são necessárias múltiplas políticas que abarquem situações distintas.

PROGRAMA HABITACIONAL MINHA CASA MINHA VIDA NO MUNICÍPIO ARAGUAÍNA-TO: Estudo de caso no bairro Construindo um Sonho
Aurélia Matos Brito ; Kerley Fernandes Duarte de Oliveira ; Marcela Pereira Lima Teles
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O presente artigo tem como objetivo promover uma discussão acerca da implantação do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) criado em 2009, na cidade de Araguaína-To, localizada no norte do estado do Tocantins, considerada de porte médio e inserida no contexto da Amazônia Legal. Serão analisados os aspectos do planejamento habitacional visando compreender as dinâmicas que envolvem a relação entre a legislação que orienta a política pública e a sua instituição. Nesse sentido, faremos um estudo de caso no setor Construindo um Sonho. Para tal, foram realizadas incursões bibliográficas e pesquisa documental a partir de dados secundários fornecidos pela prefeitura do município de Araguaína e outras fontes, bem como visita in lócu para realizar registros fotográficos e compreender de maneira mais adequada e precisa as condições de moradia naquele conjunto habitacional. Encontramos um setor que o PMCMV entregou a população com elementos essenciais indisponíveis e outros com má qualidade de construção.

Superprodução da escassez: Contradições entre a oferta e a demanda por moradia na Aglomeração Urbana de Piracicaba
Bárbara Caetano Damasceno ; Estevam Vanale Otero
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A fim de combater os efeitos internos da crise mundial através do aquecimento do mercado imobiliário e atender o déficit habitacional brasileiro, instituiu-se em 2009 o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV). Até 2015, o programa contratou quase 4 milhões de unidades em todo o país, sempre sob a égide de uma resposta única, a um problema que comporta grande diversidade de demandas e soluções possíveis. Vasta bibliografia vem tratando, nos últimos anos, das contradições e impactos territoriais do PMCMV. Entretanto, esses estudos, vêm se debruçando especialmente sobre contextos metropolitanos, não abarcando a realidade dos pequenos e médios municípios brasileiros, como é o caso da Aglomeração Urbana de Piracicaba (AUP). O presente artigo objetiva justamente analisar o alcance e os impactos da implementação do modelo hegemônico adotado pelo PMCMV nos municípios que compõe a AUP, a partir da compreensão acerca da expressiva complexidade de demandas habitacionais dessas realidades urbanas.

A MINHA CASA, A MINHA VIDA: As diferentes formas de apropriação dos imóveis subsidiados pelo PMCMV – faixa 1 na RMNatal/Brasil
Beatriz Medeiros Fontenele
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A habitação é um dos bens mais importantes para a população de baixa renda, é local de consumo, expressão de subjetividades e produção - ativo. No Brasil, as políticas habitacionais de baixa renda criaram conjuntos que não traduzem as reais necessidades das famílias beneficiadas. O presente artigo objetiva identificar e compreender as transformações físicas e de usos nas moradias ofertadas pelo PMCMV – faixa 1 da RMNatal, buscando entender os motivos das mudanças realizadas. Para isso, foi feita pesquisa in loco, com aplicação de questionários e levantamento fotográfico. As informações com caráter espacial foram dispostas em mapas temáticos através de softwares do SIG. Foi identificado que a maioria dos empreendimentos possuem algum tipo de mudança de uso ou transformação física nas tipologias casa e apartamento. Prevalece as necessidades dos moradores que junto com a má localização, escala e monotonia dos projetos se transformam em reformas e mudanças de uso.

Ascensão da Associação Brasileira de Incorporadoras (ABRAINC) na financeirização do setor imobiliário-habitacional
Beatriz Rufino
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A reestruturação imobiliária evidenciada na consolidação das grandes incorporadoras nacionais ao longo da primeira década do século XXI mostrou os limites de uma tradicional organização política do setor baseada em associações locais e regionais. O volume de investimentos que passaram a ser característicos do setor e o imperativo da constituição de um ambiente de investimento seguro ao olhar do capital financeiro internacional reforçaram novas articulações políticas, engendradas pelo alinhamento de interesses das maiores incorporadoras nacionais, dando origem a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC). Essa associação, ainda pouco explorada como importante ator político, selou uma importante transformação na atuação do setor, passando a representar nacionalmente os interesses das empresas dominantes. Nesse artigo procuramos compreender a ação política dessa associação investigando seus membros, pautas e formas de atuação.

ASSISTÊNCIA TÉCNICA PÚBLICA GRATUITA EM HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL Panorama no Oeste de Santa Catarina
Bruna Rafaela Fabris ; Clarete Trzcinski
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O objetivo deste artigo é analisar como os municípios de pequeno porte vem trabalhando a implementação da Lei de Assistência Técnica Pública Gratuita nº 11.888 de 2008, em parte da região do oeste de Santa Catarina, visando subsidiar a viabilização do instrumento na região. Os procedimentos metodológicos e técnicos teve enfoque de pesquisa qualitativa, do tipo exploratória e descritiva, aplicada aos municípios da região da Amosc através de questionário online hospedados na plataforma Google, encaminhados por e-mail para os técnicos responsáveis pela habitação. Obteve-se retorno treze municípios. Os resultados mostram que na grande maioria dos municípios, a habitação está subordinada a Secretaria de Assistência Social, mesmo com a estruturação em 2005 pela criação dos instrumentos de gestão, exigida pelo SNHIS, através da elaboração de Plano Local de Habitação de Interesse Social, Conselho e Fundo Municipal, os quais determinam a organização da Política Habitacional em nível local, demonstrando que os municípios, os quais foram analisados, na maioria deles, possuem deficiência na própria atuação e funcionalidade dos mecanismos que permitem o planejamento, monitoramento e avaliação dos resultados alcançados pelas ações e impactos das políticas na melhoria e da qualidade de vida dos usuários, demonstrando que as condições locais de desenvolvimento e o padrão de gestão municipal que caracterizam os pequenos municípios constituem sérios obstáculos a uma descentralização municipal efetiva.

EM TERRAS DE ENGENHO: Inserção Urbana e segregação socioespacial nos Residenciais Terras do Engenho em Parnamirim-RN
Carina Aparecida Barbosa Mendes Chaves
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Os Residenciais Terras do Engenho I e II são dois dos 36 empreendimentos Faixa 1 entregues na Região Metropolitana de Natal pelo Programa Minha Casa Minha Vida até o ano de 2016. Situados no município de Parnamirim, esses conjuntos estão localizados desconectados da malha urbana e distantes de serviços e equipamentos urbanos. Esse trabalho busca caracterizar os empreendimentos Terras do Engenho I e II e verificar o perfil populacional de seus residentes, bem como analisar se a localidade em que estão situados impacta na vida de seus moradores. Para essa pesquisa se utilizou de materiais bibliográficos e pesquisas de campo com os residentes dos empreendimentos estudados. Os resultados demonstraram que a localidade é considerada inadequada para a maioria dos moradores e que o principal motivo é a grande distância dos serviços e infraestrutura urbana. Foi verificado também que a população mais prejudicada é aquela que depende do transporte coletivo para se deslocar.

As políticas habitacionais brasileiras à luz da organização política do território pela federação
Carlos Eduardo Nobre
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Propomos uma compreensão da trajetória das políticas habitacionais brasileiras à luz da organização política do território pela federação. Interessa-nos um percurso espaço-temporal que nos revele como, em determinados momentos do federalismo brasileiro, quando foram conformados pactos para a distribuição territorial do poder, as políticas habitacionais se realizaram segundo uma dada ordem espacial. A compreensão das políticas habitacionais brasileiras à luz dos processos entre centralização e descentralização do poder podem nos revelar a importância dos arranjos federativos e suas implicações na consecução de tais políticas e quais suas eventuais consequências concernentes aos papeis dos entes federados no enfrentamento ou não do problema habitacional do País, com ênfase para o papel ativo despenhado pelo próprio território quando este passa a ser racionalizado por um dado sistema de engenharia federativo.

PROVISÃO DA HABITAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA NA REPÚBLICA VELHA E NO IMEDIATO PÓS-1930. Um quadro em Porto Alegre
Cleandro Krause
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Porto Alegre teve um período de continuidade administrativa no início do século XX, que chegou a incluir os primeiros anos da Era Vargas. A provisão da habitação para proletários não faria parte, a princípio, de um “programa social” de governos inspirados no positivismo comtiano. Contudo, seus intendentes emitiram tanto incentivos à produção rentista como estímulos à construção da casa própria. Além do que afirmavam gestores públicos e empresários acerca da habitação, incentivos à sua produção também advieram das condições objetivas oferecidas por uma dotação parcial e seletiva de melhoramentos urbanos nas áreas periféricas. Em seu conjunto, essas medidas teriam buscado uma conciliação entre elites e o Estado, relativamente aos seus interesses na provisão habitacional, bem como barrar uma “questão social”, idealizando e tratando o trabalhador-proprietário como um pequeno “capitalista”, digno de sua proteção.

A PROVISÃO DA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL (HIS): ONTEM, HOJE E AMANHÃ. Concepções urbanística e arquitetônica.
CRISTIANE GUINANCIO
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Ao longo do século XX diferentes formas de atendimento habitacional foram implementadas. A opção por padrões urbanísticos e arquitetônicos para a produção da Habitação de Interesse Social (HIS) foi assumida de forma expressiva. Diante desse cenário, questiona-se em que medida o acolhimento da vida das famílias tem se realizado, observando-se a relação entre as estruturas de vida e as soluções habitacionais. As reflexões partem de uma síntese histórica da produção da HIS no Brasil, por meio da abordagem das concepções urbanística e arquitetônica. São objetos de análise a apropriação e uso dos empreendimentos, considerando-se transformações morfológicas e funcionais, e os desdobramentos para a realização da vida das famílias. Ao se evidenciar que as soluções adotadas até os dias atuais são insatisfatórias para o acolhimento da vida das famílias e considerando a necessidade de continuidade das ações, o artigo avança na proposição de princípios orientadores da concepção habitacional.

ESTADO DA ARTE DA PESQUISA CIENTÍFICA SOBRE ATHIS
Débora Luiza Schumacher Furlan ; Maria Eduarda Duda
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Este trabalho se propõe a analisar o atual estado da arte da pesquisa científica sobre ATHIS, colaborando com a discussão acerca da política habitacional brasileira. Para tanto, foram analisados artigos publicados nas últimas edições do UrbFavelas, em 2016, e do Enanpur, em 2017, sendo estes considerados eventos de relevância ao planejamento urbano e à urbanização de favelas. Foram identificados nos artigos indicações de avanços, limites, desafios e recomendações que dão suporte a políticas que possam enfrentar a precariedade habitacional dos espaços de moradia existentes, um dos propósitos da ATHIS. Considerando a realidade presente, na qual se observa a descontinuidade dos programas federais voltados ao tema da habitação praticados nas últimas décadas, busca-se reinserir na pauta a discussão acerca da construção de políticas habitacionais que atendam a população de baixa renda. Nesse sentido destacam-se as possibilidades da ATHIS.

IMPACTOS DO PMCMV-ENTIDADES: PRODUÇÃO DE HABITAÇÃO SOCIAL NA RMSP
DENISE ANTONUCCI ; PAULO EMILIO BUARQUE FERREIRA ; VIVIANE MANZIONE RUBIO ; PAULO R. GIAQUINTO
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A pesquisa visa contribuir com as múltiplas reflexões sobre a produção habitacional do chamado “segmento econômico”, que cresceu significativamente na década de 2000, e adquiriu maior relevância quando em 2009 o Governo Federal, por meio do Ministério das Cidades (MCidades) lançou o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV). Este artigo concentra o foco nas alterações que o programa trouxe: nas relações institucionais entre agentes envolvidos na produção de HIS, nos parâmetros arquitetônicos mínimos colocados como condição para o financiamento operado pela Caixa Econômica Federal (CAIXA) e, sobretudo, na qualidade arquitetônica resultante. O recorte empírico da pesquisa se concentrou em projetos realizados e implantados em cinco municípios da RMSP, pertencentes à faixa 1 do PMCMV em empreendimentos realizados por movimentos sociais organizados (PMCMV-FDS, ou “PMCMV-ENTIDADES”) em parceria com as municipalidades, e alguns com parcerias ou subcontratação de construtoras.

MINHA CASA, MINHA VIDA EM PARNAMIRIM: Inserção intraurbana dos empreendimentos (faixa 1)
Diana Araújo Rodrigues
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Estudos sobre a produção do PMCMV na RMNatal, apontam que existem problemas no que diz respeito a inserção urbana dos empreendimentos faixa 1, com a constatação de que grande maioria dos conjuntos ou residenciais estariam implantados em áreas periféricas e desprovidas dos serviços e equipamentos necessários à reprodução cotidiana, configurando um quadro de segregação espacial. O objetivo deste artigo é apresentar uma análise mais focalizada das localizações dos empreendimentos no que tange à inserção intraurbana por meio do estudo do entorno dos empreendimentos pela ótica da mobilidade urbana, apresentando o estudo de caso de Parnamirim. Os resultados nos mostram que nem todos os empreendimentos estão mal inseridos e que existe na verdade uma diversidade de situações. O caso de Parnamirim expressa bem esse universo de cenários encontrados na RMNatal.

AS CONTRADIÇÕES NAS POLÍTICAS PÚBLICAS NA FAVELA Pobreza, urbanização e ideologia
EDUARDO MOUTINHO RAMALHO BITTENCOURT ; CAROLINE CRISTIANE ROCHA
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A urbanização de favelas ou Urbanização de Assentamentos Precários (UAP) é uma política consolidada no rol das ações estatais em prol dos espaços informais como vilas e favelas. Sua formação enquanto modelo de planejamento, internacionalmente conhecido como slum recovery, teve um processo histórico no país longo, influenciado por diversos atores nacionais e internacionais e que contribuíram para sua consolidação como uma ideologia urbanística presente no planejamento habitacional das áreas de interesse social no país. Este trabalho apresenta uma revisão deste processo identificando as origens ideológicas deste modelo e demonstrando como que seu avanço e incorporação na política nacional se deu com contradições que comprometem seus objetivos originais. A partir da apresentação de um caso real de UAP de grande porte na cidade de Belo Horizonte pelo programa Vila Viva se demonstra como que é preciso que tais paradigmas sejam revistos na intenção de incorporação de uma nova racionalidade que seja capaz de promover uma urbanização sócio e ambientalmente positiva para a realidade da vida cotidiana destas comunidades.

Política pública habitacional em Goiás e financeirização: a confluência entre os programas Cheque Moradia, MCMV e mercado
Elcileni de Melo Borges ; Aristides Moysés ; Celene Cunha Antunes Monteiro Barreira
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A política habitacional de Goiás que, desde 2001, resume-se no programa Cheque Moradia, alcançou seu ápice no ano de 2014 (maior número de benefícios concedidos), a partir da estratégia de formalização de parcerias com o Governo Federal, através dos Programas: MCMV – FAR, modalidades PNHU, PNHR, Sub-50 (menos de 50 mil habitantes), FGTS e FGTS Sub-20 (menos de 20 mil habitantes), possibilitando a construção de habitações, urbanas e rurais, na quase totalidade dos municípios goianos. Somando, ainda, as parcerias com grandes empresas privadas e a atuação da AGEHAB como Entidade Organizadora (EO), responsável pela execução do empreendimento – casos dos apartamentos Nelson Mandela, no bairro Vera Cruz em Goiânia (pela incorporadora de capital aberto Direcional Engenharia); e do Residencial Buriti Sereno, em Aparecida de Goiânia (pela CCB Construtora), introduzindo a financeirização na prática da política pública habitacional goiana e resultando numa verdadeira efervescência do “Cheque Complemento” (ápice em 2014).

PRÁTICAS DE HABITAÇÃO DE INTERESSE POPULAR E EXPERIÊNCIAS NA FORMAÇÃO DE URBANISTAS
Elton Andrade dos Santos ; Carolina de Alencar Silva Martinez ; Débora de Lima Nunes
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Na medida em que as cidades crescem, devido a um acelerado processo de urbanização que transforma as formas de uso do espaço, a garantia da habitação tornou-se questão central no planejamento e gestão destas. Contudo, o acesso à habitação de qualidade, mesmo tendo sido democratizada, é garantida irrestritamente às pessoas com maior renda, privando parcela significativa da população de moradia digna. Em uma tentativa de remediar esta situação, os diversos entes (Município, Estado e Nação) têm criado, ao longo do último século, políticas públicas com objetivo de assegurar às pessoas mais pobres o acesso à moradia. Neste contexto, este trabalho tem como objetivo avaliar as experiências de pósocupação desenvolvidas pelos discentes do curso de Urbanismo, fazendo uma síntese dessas avaliações sobre as condições de ocupação dos empreendimentos construídos pelo Minha Casa Minha Vida (MCMV) em Salvador e por programas habitacionais anteriores. Busca-se compreender quão bem inseridos seus habitantes estão no condomínio e em seu entorno, e qual o grau de associação coletiva presente entre estes.

“BACIA IMOBILIÁRIA” E POLÍTICA HABITACIONAL: Análise do mercado formal e informal de provisão de moradia no espaço intraurbano à luz da inserção de empreendimentos imobiliários no bairro Planalto em Natal/RN e seu entorno.
Érica Milena Carvalho Guimarães Leôncio ; Élida Thalita Silva de Carvalho ; Cícero Wildemberg Matias Gomes
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A produção do espaço urbano ocorre mediante as práticas do mercado imobiliário formais e/ou informais. Nesse sentido, tem-se observado que no bairro Planalto existe uma relação intrínseca da produção de moradia formal e a informal que ocorre pela identificação das dinâmicas de valorização do solo que, em regra, ultrapassa os limites de um determinado bairro, gerando uma espécie de drenagem de preços de terrenos e de imóveis que oscilam de acordo com os elementos que estão ao seu entorno. Para tanto, adotou-se o conceito de “Bacia Imobiliária”, conceito que vem sendo testado empiricamente, sendo este artigo fruto de um trabalho exploratório que contou com pesquisa bibliográfica, de campo, documental e produção cartográfica. Sendo assim, verificou-se que há uma alteração que comporta vários aspectos, mas que, em geral é orientado para a produção formal, transbordando no mercado informal.

HABITAÇÃO E PLANEJAMENTO NO ESTADO DE SÃO PAULO DE 1965 A 1992. Os casos de Presidente Prudente e Votuporanga como contribuição historiográfica sobre a produção das COHABs e dos PDDIs
Eulalia Portela Negrelos ; Janaina Andrea Cucato ; Aline Passos Scatalon
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Neste artigo buscamos estabelecer relações entre planejamento integrado e produção habitacional no período de vigência do Sistema Financeiro da Habitação (SFH)/Banco Nacional da Habitação (BNH)/Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (SERFHAU)/Companhias de Habitação (COHABs), entre 1964-1986, e até 1992, em função da reorganização da Companhia de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (CDHU) com recursos do ICMS no âmbito estadual em 1989. O período conta com intensa produção em Presidente Prudente e Votuporanga de conjuntos habitacionais promovidos por COHABs e de planos diretores de desenvolvimento integrado normatizados pelo SERFHAU. Articulamos urbanização, planejamento e política habitacional, estabelecendo nexos dialéticos dessas dimensões do processo de produção do espaço, buscando a efetiva inserção da produção habitacional do “período BNH” na historiografia de Arquitetura e Urbanismo contribuindo na construção de um inventário crítico dessa produção no estado de São Paulo.

PAC-URBANIZAÇÃO DE ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS: Análise exploratória sobre os resultados da implementação
Fernanda Lima-Silva
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Este artigo realiza uma análise estatística e exploratória do Programa de Aceleração do Crescimento – Urbanização de Assentamentos Precários, o maior programa federal de urbanização de favelas. Muitos estudos já exploraram a implementação do programa, identificando variados desafios de implementação, frequentemente relacionado com a limitada capacidade institucional dos municípios. Assim, esta pesquisa analisa a relação entre os resultados da implementação do programa e possíveis fatores explicativos, como a capacidade institucional municipal, características do projeto e dimensões políticas e territoriais. Tem-se como foco os projetos do PAC 1 financiados com recursos não-onerosos e implementados por governos municipais. Os resultados sugerem, por um lado, que a execução do Programa não deriva apenas de capacidades institucionais dos municípios, visto que estas elevaram-se significativamente nos últimos anos e que municípios com diferentes capacidades atingiram resultados semelhantes. Por outro lado, sugerem que as características dos projetos e a dimensão territorial parecem ter relação com o ‘sucesso’ da implementação.

TRANSFORMAÇÕES NA PRODUÇÃO IMOBILIÁRIA RESIDENCIAL DA METRÓPOLE DE SÃO PAULO NO SÉCULO XXI - Diversificação no espaço urbano?
Hudynne Helena Guimarães Lima
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A produção imobiliária pode ser estudada desde a técnica da construção até o arcabouço regulatório. Ao observar as dinâmicas do mercado, a atividade da incorporação ganha destaque pela centralidade em que ocupa na viabilização de empreendimentos e, para uma compreensão ampla sobre o papel da incorporadora enquanto agente, é fundamental a discussão sobre a tipologia dos produtos e a sua inserção urbana e metropolitana, pois é nesse momento que o processo produtivo demonstra a materialidade do espaço construído. Desde 2000, ocorreram duas situações distintas fundamentais para o setor, sendo uma de intensa atividade no mercado e outra de crise. A primeira foi marcada por uma grande reestruturação onde diversas empresas abriram capital, e a segunda foi o momento de crise do ramo por volta de 2013 e deu-se o início da queda da produção e a retração de grandes empresas. A exposição desses eventos e das estruturas das empresas são temas recorrentes nos trabalhos de Mariana Fix (2011), Beatriz Rufino (2012), Luciana Royer (2009) e Lúcia Shimbo (2010), destacados aqui como referências para a interpretação da produção imobiliária em termos de mercado imobiliário e mercado financeiro. Esses aspectos histórico-temporais são importantes marcos a serem considerados pelo presente artigo, cujo objetivo é se desdobrar sobre as transformações nas relações de produtos e inserção urbana da produção imobiliária residencial da metrópole paulistana diante desse contexto, buscando reconhecer movimentos da dinâmica imobiliária a partir dos grandes empreendimentos dos períodos analisados. A diversificação potencial da produção que pode aparecer com a reestruturação do setor e com a abertura de capital de diversas empresas é colocada em questão sobre o seu significado para o espaço construído, se há de fato uma diversificação e compreender como ela ocorre.

Políticas habitacionais para os centros: disputas, ações e dilemas
João Carlos Carvalhaes dos Santos Monteiro ; Leda Velloso Buonfiglio
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O artigo propõe traçar um balanço crítico das políticas públicas para as áreas centrais das cidades brasileiras dentro de um recorte temporal que resgata marcos legais e institucionais importantes para a regulamentação da política habitacional urbana como o Estatuto das Cidades, a criação da Secretaria de Programas Urbanos do Ministério das Cidades (2003), a promulgação da Lei 11.481 de 2007 – que promove a alienação dos bens imóveis públicos para provisão de habitação de interesse social – a efetivação do Programa de Arrendamento Residencial (PAR) e o Crédito Solidário na modalidade reforma de edifícios nos centros. Tal balanço pretende analisar as disputas pelos centros: da produção da política à apropriação efetivamente popular desses espaços, distinguindo uma linha do tempo nítida que recupera e funde elementos conjunturais e estruturais desse esforço intelectual, técnico e político para a conformação de uma política habitacional para os centros urbanos brasileiros.

O DESEMPENHO DO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA NAS GRANDES REGIÕES METROPOLITANAS (2009-2014)
Joel Larocca Junior
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O artigo aborda a distribuição da produção do programa Minha Casa Minha Vida nas doze principais regiões metropolitanas do país, entre 2009 e 2014. Dentre as moradias contratadas para implantação em solo metropolitano, quantas serviram para reduzir o deficit habitacional das capitais e quantas foram ofertadas à população na franja periférica? A primeira seção apresenta população e deficit habitacional de cada RM e a segunda, a produção do MCMV e seu percentual perante o deficit. Conclui que, com uma única exceção, foram prejudicadas as cidades centrais e privilegiadas as cidades de porte médio do entorno, a tal ponto que em cinco RMs produziu-se mais moradias no entorno que seu próprio deficit, que foram destinadas famílias provindas da cidade central. Determina-se numericamente o aumento da distância média de acesso ao centro e do "sprawl index" das metrópoles analisadas.

INTERVENÇÕES NO CÓRREGO DA PONTE BAIXA: AUSÊNCIA DE URBANIZAÇÃO DE FAVELAS E A REMANESCÊNCIA DA PRECARIEDADE
Jose Donato da Silva
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O objetivo deste artigo é abordar como se formaram as áreas segregadas, a participação do Estado e da burguesia nas desigualdades territoriais, a evolução a respeito do tratamento às favelas em São Paulo e como experiências anteriores tiveram seus resultados, positivos e negativos, reproduzidos ao pensar nos tratamentos aos núcleos de assentamentos precários no perímetro do córrego da Ponte Baixa, que não contemplou áreas que necessitam de urbanização de favelas. Apresenta-se como o Estado aparece diante de áreas de precariedade habitacional, é realizado um levantamento histórico e bibliográfico para identificar teoricamente o papel do Estado nessas formações e reestruturações territoriais de favelas. Serão apresentados as conquistas legais de instrumentos e a utilização destes recursos. As intervenções no Córrego da Ponte Baixa permitem refletir o que foi aprendido com o acúmulo de experiências, o que foi aplicado nessa situação e o que pode melhorar com intervenções futuras e uma consideração sobre os desafios de uma maior integração das políticas públicas para execução que integre e resulte em melhorias nos aspectos sociais, econômicos e ambientais.

EVOLUÇÃO URBANA E IMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS HABITACIONAIS DE INTERESSE SOCIAL: Uma análise espacial da cidade de Passo Fundo - RS
Josiane Andréia Scotton ; Fábio Lúcio Lopes Zampieri
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As questões habitacionais têm sido protagonistas nas discussões sobre a cidade e planejamento urbano à medida que se apresenta no Brasil um déficit habitacional relevante. As políticas habitacionais tentam minimizar esse déficit e têm se mostrado insuficientes e o estado reage através de políticas de produção de moradias em larga escala. Como consequência tem-se a produção de moradias de baixa qualidade que configuram um padrão nacional segregado e afastado dos núcleos urbanos. Busca-se neste trabalho analisar a cidade de Passo Fundo-RS, verificando se os Empreendimentos de Interesse Social implementados por diferentes programas habitacionais ao longo do tempo seguem o padrão nacional. O recorte temporal selecionado para avaliação está entre 1960 e 2010 e os empreendimentos são pertencentes à programas governamentais. A verificação foi realizada através da aplicação da teoria da sintaxe espacial com o uso das medidas de integração e escolha.

Melhorias habitacionais e saúde em pauta: a incongruência das políticas habitacionais no combate à precariedade das moradias
Julia de Melo Amaral ; Ivan Zanatta Kawahara
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A política habitacional no Brasil tem como desafio superar as necessidades habitacionais compostas por déficit habitacional, demanda geográfica e inadequações habitacionais, estreitamente ligadas à saúde e à qualidade da habitação. Busca-se compreender o que compõe o quadro de precariedade das habitações, em especial nas favelas, para delimitar a esfera de ação de melhorias habitacionais como um componente da política habitacional, que, integrada a outros instrumentos, pode promover o direito à cidade e à moradia, em contraposição à prática dos últimos anos que priorizou a construção de novas unidades. Entra em análise o Programa Cartão Reforma, que não mostra estar comprometido com a superação das inadequações habitacionais. No Rio de Janeiro o Programa privilegiou regiões com baixos indicadores de precariedade. Por fim, entra em pauta a necessidade de uma política habitacional integrada, mesmo diante do grave cenário que de traça para os direitos sociais.

A POLITIZAÇÃO DO URBANO E A FORMAÇÃO DA AGENDA URBANA NACIONAL EM PORTUGAL - Do SAAL à Nova Geração de Políticas de Habitação
Juliano Geraldi
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As políticas de habitação tiveram um ganho de importância na agenda política nacional em Portugal nos últimos anos decorrente das modificações que o país atravessou. Esse ganho está relacionado à agenda urbana cuja dinâmica compreende como políticas públicas ganham e perdem importância na atuação do Estado. O objetivo do artigo é descrever os mecanismos de transmissão da agenda política para influenciar a elaboração das políticas públicas. O artigo descreve o caráter público das políticas, a relação entre a agenda e o ciclo de elaboração das políticas, e operacionaliza o conceito de agenda política. Depois, descreve o caso de Portugal através do problema, participantes visíveis e jogo político. Adiante, analisa a relação da dinâmica política da agenda com a proposição de alternativas e as janelas de oportunidades. A conclusão compartilha contribuições sobre a formação de uma comunidade de políticas públicas que sustenta a dinâmica política da agenda e, também, a relação entre sociedade civil e sociedade política como forma de dar importância à agenda e coloca-la como agenda de decisão.

Projetos habitacionais empreendidos pelo Poder Público em Macapá-AP: de 1943 a 2018
Kevin Cordeiro ; Melissa Matsunaga
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O artigo tem o objetivo de identificar, sistematizar e tecer análises iniciais sobre projetos habitacionais empreendidos pelo poder público com enfoque para a habitação de interesse social na cidade de Macapá, Amapá, região norte do Brasil. A pesquisa apresenta as ações realizadas na capital durante os períodos de Território Federal do Amapá (1943-1988) e posteriormente como ente federativo, Estado do Amapá até os dias atuais (1988-2018). A investigação utiliza-se de revisão bibliográfica e documental para levantamento dos dados que se encontram fragmentados nas publicações que tratam o assunto, constituindo numa sistematização importante já que organiza as informações compondo um Quadro temporal que, por sua vez, possibilita a definição de sub-periodizações além de localizar os empreendimentos habitacionais no espaço urbano de Macapá através de um Mapa. Os produtos abrem possibilidades de aprofundamentos teóricos posteriores sobre o tema além de poderem subsidiar discussões acerca da formulação de uma política habitacional efetiva na capital amapaense.

As favelas do Rio de Janeiro e suas camadas de urbanização. Vinte anos de políticas de intervenção sobre espaços populares da cidade
Luciana Alencar Ximenes ; Samuel Thomas Jaenisch
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Este artigo pretende recuperar as camadas de urbanização sobrepostas nas favelas cariocas ao longo das últimas duas décadas. É apresentado um breve panorama das principais políticas de urbanização de favelas implementadas na cidade, buscando avaliar como se deram as suas atuações, suas inserções nas diferentes regiões da cidade e possíveis sobreposições no território. Este segundo elemento é discutido tendo como referência as favelas que receberam os investimentos do PAC-favelas. Partimos do pressuposto de que houve um acúmulo de intervenções que sobrepuseram investimentos diante da ausência de uma política estruturada e de longo prazo, capaz de dar conta da heterogeneidade e das dinâmicas que marcam essas áreas. Pretendemos lançar luz sobre esse tipo de política refletindo sobre sua atuação e ressaltando a importância de compreender a ação do poder público como parte de uma historicidade que extrapola os limites da intervenção em si mesma.

MORADIA E LOCALIZAÇÃO: Reflexões sobre os impactos do PMCMV na Região Metropolitana do Recife
Luciana de Carvalho Gomes
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Os investimentos vultuosos aportados pelo Programa Minha Casa Minha Vida trouxe o tema da moradia para o centro das discussões sobre desenvolvimento urbano no país. Entre o aparelhamento jurídico institucional dos municípios e a súbita reestruturação de seus territórios, há muitas lacunas sobre as quais, o poder público hesita. Após quase uma década de sua implantação, os efeitos territoriais, resultantes da localização majoritariamente periférica dos empreendimentos, alimentam as discussões sobre seu papel na consolidação de uma urbanização historicamente segregacionista. A partir da experiência da Região Metropolitana do Recife, apresentamos algumas reflexões sobre a desarticulação entre a oferta de moradia e a necessidade de acesso às oportunidades urbanas de seus moradores. Em que pese os êxitos quantitativos, conjecturamos sobre a manutenção da vulnerabilidade de seus moradores, ainda que sob um novo aspecto. Até que ponto estamos trocando um déficit habitacional por uma inadequação socioespacial que apenas vem alimentar as assimetrias de nossas cidades?

Conflitos e significados em torno da casa e da cidade durante os governos federais petistas.
Luciana de Oliveira Royer ; Giusepe Filocomo
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Diante de arrefecimento de desempenho econômico, verificam-se esforços governamentais pela retomada do crescimento, e a agenda federal se direciona a agentes internacionais e empresários nacionais. O ajuste fiscal e suas implicações sobre a demanda, aliado ao enfoque econômico sobre a oferta, retrata este movimento, que é também político. Relativo a isso, ao subsidiar mais fortemente o setor produtivo da construção civil, o governo Dilma contribuiria para a manutenção do cenário de pleno emprego e o consequente reforço de barganha dos trabalhadores. Assim, evidências em torno do financiamento fiscal do desenvolvimento urbano sinalizam o declínio de nosso crescimento com inclusão social. Associado a isso, debatemos os conflitos e significados em torno da casa e da cidade durante os governos federais, a exemplo de tendência à alteração de recorte social atendido pelo gasto público. Para tal, estudamos o Orçamento Geral da União entre 2000 e 2016.

ANOTAÇÕES SOBRE AS REMOÇÕES DE FAVELAS EM NATAL/RN.
Luis Renato Nogueira da Rocha
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A cidade do Natal possui diferentes padrões de uso e ocupação do seu espaço urbano. Essas diferenças são evidenciadas pelos diversos tipos de uso e ocupação do solo e trazem luz à divisão da cidade em espaços formais e informais. Os problemas habitacionais manifestam-se a partir do surgimento de favelas. A inadequação habitacional, caracterizada pela ausência de infraestrutura adequada, alto adensamento populacional e irregularidade fundiária, está presente nas quatro regiões da cidade. Em resposta a esse quadro, o poder público local realizou uma série de remoções e reassentamento de favelas na cidade no período entre 2001 e 2017. Neste sentido, o presente trabalho objetiva analisar a implementação das políticas de habitação social, buscando conhecer os efeitos dessas políticas sobre o espaço urbano de Natal. Os procedimentos de pesquisa foram análise documental, entrevistas, produção cartográfica e levantamento de campo. Os resultados da investigação apontam para uma melhoria nas condições habitacionais da população alvo das remoções, mas, por outro lado, indicam sinais de (re)produção do padrão de segregação dos pobres na cidade.

POLÍTICAS PÚBLICAS DE HABITAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO URBANO: por que romper com um discurso hegemônico
Luzinele Everton de Alcobaça ; Rosirene Martins Lima
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Compreender um conceito e todas as noções que a ele se vinculam é desvelar um olhar interpretativo que inferioriza a diferença e subjuga a natureza. Por trás da fachada globalizante e benéfica das transformações que o conceito “desenvolvimento” promete, está a violência simbólica executada pelas nações ocidentais bem posicionadas no espaço político e econômico global, caracterizadas pela insaciedade da acumulação e perpetuação do poder político. O desequilíbrio de poder se expressa por meio de iniciativas que apontam para um futuro melhor, como se a humanidade inevitavelmente caminhasse em linha reta para a evolução, conduzida nesse processo por aqueles que primeiro chegaram lá.Para que o desenvolvimento fosse visto como necessário, ele foi continuamente trabalhado nos vocabulários nativos e em contextos específicos. Sua aceitação enquanto ideário está expressa nas ideias relativas à industrialização, crescimento econômico, modernização tecnológica, sempre indicando um processo progressivo de melhoria e igualdade entre pontos extremos, tal como nos remete o discurso que abre este artigo.As discussões apresentadas ao longo deste artigo pretendem, por meio de revisão bibliográfica, clarear representações e significados de alguns complementos qualificantes do desenvolvimento no que se refere às políticas públicas de habitação, com destaque para o Programa Minha Casa Minha Vida. Logo, o que se pretende questionar é o próprio desenvolvimento urbano enquanto norteador dos planejadores e implementadores de produção habitacional no espaço das cidades brasileiras.

Direito à arquitetura: as assessorias técnicas paulistas na produção de habitação social
Lyzandra Machado Martins
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O presente artigo apresenta resultados preliminares da pesquisa em desenvolvimento que visa reunir parte da produção habitacional das assessorias técnicas paulistas. Diante da crise de qualidade da produção pública de moradia, as experiências das assessorias técnicas, compõem um conjunto arquitetônico e urbanístico de destaque. Embora reconhecida por bibliografia especializada, essa produção ocupa posição negligenciada no quadro da arquitetura brasileira. Buscando sua visibilidade, a pesquisa recupera algumas dessas experiências reconhecendo sua importância, preservando sua memória e promovendo reflexões acerca dessa prática. O artigo apresenta um breve histórico das políticas públicas autogestionárias a partir das experiências das assessorias técnicas paulistas, analisando resultados dessa prática e mudanças em seus padrões desde o final dos anos 1980 até os dias atuais, por meio de dados quantitativos e de uma leitura panorâmica dessa produção.

INTERVENÇÕES EM ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS NA METRÓPOLE DE CURITIBA Análise comparada da execução do PAC em Curitiba e Colombo (PR)
Madianita Nunes da Silva ; Flávia Iankowski Claro Pereira ; Ana Gabriela Texeira
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O trabalho caracteriza as intervenções do PAC na urbanização de assentamentos precários em Curitiba e Colombo, com o objetivo de avaliar em que medida elas contribuíram para a integração desses espaços à cidade urbanizada. Curitiba recebeu 59% dos contratos e Colombo ficou entre os quatro municípios metropolitanos com o maior número de famílias a serem beneficiadas. Os procedimentos metodológicos têm como referência o projeto “Direito à cidade e habitação: um balanço do PAC urbanização de favelas”, desenvolvido pela rede de pesquisa Observatório das Metrópoles. Dentre os avanços destacam-se a abrangência do número de assentamentos, a redução de risco de acidentes ambientais, a continuidade de intervenções em andamento e a capacitação das administrações municipais. Dentre as limitações, a predominância de ações para provisão habitacional em detrimento da urbanização dos assentamentos e a resiliência do modelo de política habitacional praticado.

PROPOSTA METODOLÓGICA DE ANÁLISE DA MOBILIDADE RESIDENCIAL INTRAURBANA PROMOVIDA PELO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA. Um olhar sobre as áreas e domicílios de procedência de beneficiários Faixa 1 do PMCMV
Marcia Cardim de Carvalho
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Apresentamos uma proposta metodológica de análise da mobilidade residencial intraurbana nas áreas e domicílios de procedência de beneficiários do Programa Minha Casa Minha Vida, concretamente, das famílias com renda inferior a três salários mínimos. A compreensão da mobilidade residencial torna-se fundamental para entender as cidades devido a sua relação direta com a estrutura urbana, entendendo que a organização espacial das cidades é o resultado das ações dos agentes que a produzem, e, em especial, aqueles dedicados à construção de moradias. Concebemos a mobilidade residencial como elemento estruturador na produção do espaço urbano, razão que justifica o desenvolvimento de uma metodologia que permita avaliar os efeitos espaciais derivados do mencionado programa habitacional, tanto no que concerne à mobilidade "imposta", quanto à mobilidade "condicionada". A metodologia foi aplicada ao caso da cidade de Presidente Prudente/SP.

PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO E DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS NO SUDESTE PARAENSE: Análise comparativa do Programa Minha Casa Minha Vida em Marabá e Parauapebas
Marcus Vinicius Mariano de Souza ; Myrelly Llays Rodrigues Leite ; Karleison Coelho da Paixão
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O presente trabalho teve como objetivo realizar uma análise comparativa da produção do espaço urbano nas cidades de Marabá e Parauapebas, no Sudeste Paraense, a partir da lógica estatal, por meio da construção de residenciais do Programa Minha Casa Minha Vida, de modo que procurou-se verificar se esta produção tem possibilitado a inserção urbana dos conjuntos habitacionais ou levado ao estabelecimento de desigualdades socioespaciais. Foram analisados os residenciais Tiradentes (Marabá) e Minérios (Parauapebas) e a partir da aplicação de formulários e pesquisa de campo concluiu-se que a produção do espaço via lógica estatal tem ampliado as desigualdades socioespaciais, na medida em que não tem sido oferecidas condições mínimas para reprodução social dos moradores nas cidades e, comparativamente, percebeu-se que a situação mais alarmante é a do residencial de Marabá, em função da ausência dos equipamentos públicos de consumo coletivo e do relativo isolamento do bairro em relação à malha urbana.

Para quê AEIS? Considerações sobre a ausência de regulamentação de Área Especial de Interesse Social (AEIS) no processo de regularização fundiária da comunidade África em Natal/RN
Maria Caroline Farkat Diógenes ; Gabriela de França Barros Campos
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As cidades brasileiras experimentaram, por muito tempo, um processo de urbanização que delineou uma significativa exclusão sócio espacial, configurando pontos de concentração de pobreza em áreas periféricas e centrais, representados pelos assentamentos informais. Em contraponto a isso, principalmente a partir da década de 1980, evidenciou-se um esforço para implementação de novas estratégias de gestão e intervenções em assentamentos precários. Para tanto, o Plano Diretor de Natal (2007) demarca as Áreas Especiais de Interesse Social (AEIS), tipos de assentamentos precários com fins de urbanização e regularização fundiária. Dentre elas, destaca-se aqui a AEIS da África, localizada no bairro da Redinha, que se encontra em fase final do projeto de Regularização Fundiária, que, com o surgimento da Lei 13.465/2017 foi conduzido sem sua devida regulamentação urbanística, uma vez que a lei a dispensa. Assim, comparando o contexto de formalização da comunidade África aos seus estudos mais recentes, este artigo tem como objetivo geral discutir como a regulamentação das AEIS ainda pode ser utilizada como ferramenta de maior acesso a moradia digna e à cidade.

TRABALHO SOCIAL NO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA: Evolução Normativa E Desafios.
Maria Gabriela Bessa da Silva ; Ruth Jurberg
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O Trabalho Social (TS) no âmbito da política habitacional é responsável por promover participação social, melhoria das condições de vida, efetivação dos direitos sociais e a sustentabilidade da intervenção. O objeto deste artigo é o TS no Programa Minha Casa Minha Vida partindo de uma breve análise sobre sua evolução, e os desafios que foram postos na execução. Para analisar a sua evolução recente partiremos das alterações normativas ocorridas desde a implementação do programa, e para analisar os primeiros anos da execução da política, e para compreender seus limitadores será utilizada uma avaliação produzida pelo Tribunal de Contas da União em 2013. A proposta do artigo será tentar compreender como as Instruções Normativas foram sofrendo alterações ao longo do percurso, e se contribuíram para atender as expectativas dos agentes envolvidos no programa.

O PMCMV – ENTIDADES EM SÃO JOÃO DA BOA VISTA: um caso de entidade “fictícia”
MARIANA GARCIA DE ABREU ; MIGUEL ANTONIO BUZZAR
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O PMCMV foi lançado em 2009 pelo governo federal com objetivo de aquecer a atividade da construção civil, como resposta declarada à crise econômica global e com a promessa inicial de construir um milhão de casas e destiná-las inclusive aos mais necessitados. Uma das inovações do Programa foi a determinação de duas possibilidades distintas de financiamento para um mesmo seguimento de renda, denominado Faixa 1 (de zero a três salários mínimos). A primeira se dá com recursos oriundos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), com empreendimentos integralmente concebidos e executados por construtoras, denominado PMCMV -Empresas. A segunda advém dos recursos do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS), os empreendimentos são de responsabilidade de entidades sem fins lucrativos, denominado PMCMV - Entidades. O trabalho tem como objetivo relatar e analisar o Entidades do PMCMV em São João da Boa Vista, objeto escolhido por ser uma cidade de pequeno porte, sem tradição de movimentos sociais, e com dois empreendimentos geridos por entidades , um pelo PMCMV – Entidades e o outro a Programa Carta de Crédito Associativo (PCCA), um caso atípico frente às realidades do Estado.

ESTUDO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA ENTIDADES EM PALMAS – TOCANTINS
MARIELA CRISTINA AYRES DE OLIVEIRA ; EANE RUFINA SILVA ; Olivia de Campos Maia Pereira
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O programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) - Entidades criado pelo Ministérios das Cidades proporciona a entidades privadas sem fins lucrativos serem gestoras do seu empreendimento. Objetiva-se estudar a implantação de um projeto “residencial Parque da Praia” executado através do MCMV- Entidades pela Federação das Associações Comunitárias e Moradores do Tocantins (FACOM-TO); único a ser executado em Palmas -TO pela modalidade. A metodologia propõe visita in loco, histórico do projeto e entrevista com o presidente da associação da FACOM-TO. Os resultados aliam poucas mudanças projetuais mas grandes conquistas na participação das expectativas dos futuros moradores, reafirmando a relação positiva principalmente pela população ser um agente e não um recebedor de uma decisão. O artigo, através da fala da presidente da entidade, mostra pontos interessantes entre o que é proposto e a realidade exequível do projeto pela entidade, no sentido de melhorias das habitações e empreendimento.

Autoconstrução e Autogestão Habitacional no Brasil um estudo comparativo em dois períodos: 1975 - 1986 e 2004 - 2018
Marina Boaretto Ferreira
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As políticas habitacionais, direcionadas à população de baixa renda, ocupam um importante espaço na agenda técnico-político da maioria dos países, sendo muitas vezes, vinculadas a práticas de ajuda mútua, autoconstrução, mutirão e autogestão. No cenário brasileiro, essas práticas foram apoiadas e institucionalizadas a nível federal em dois períodos: o primeiro, entre 1975 - 1986, por meio dos denominados Programas Alternativos implementados pelo Banco Nacional de Habitação (BNH), e o segundo, entre 2004 - 2018, com os programas Crédito Solidário e Minha Casa Minha Vida - Entidades (MCMV-e). O estudo apresenta a relação entre esses dois períodos históricos evidenciando seus contrastes no que tange o incentivo à políticas habitacionais de fomento à autoconstrução no Brasil. A partir do estudo comparativo, percebe-se a oscilação no diálogo entre Estado e sociedade civil, bem como a forma distinta com que as noções presentes no debate são apropriadas pelos diferentes grupos sociais.

Em meio à crise na política habitacional, as lutas por transformação: O coletivo Habite a Política e os desafios recentes na luta pelo direito à moradia em Belo Horizonte
Marina Sanders Paolinelli
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A luta institucional pelo direito à moradia tem origem no período anterior à redemocratização brasileira, influenciou uma série de iniciativas locais em prefeituras nos anos 1990 e se fortaleceu com chegada do Partido dos Trabalhadores na presidência nos anos 2000. No entanto, perdeu em mobilização popular com a introdução pouco democrática do Programa Minha Casa, Minha Vida. Após o golpe sofrido por Dilma Rousseff, começou a apresentar sinais mais intensos de crise, o que foi reafirmado com a eleição em 2018 de Jair Bolsonaro à presidência. Em Belo Horizonte, capital reconhecida pelas inovações na política habitacional, as instâncias participativas se encontram desgastadas desde os anos 2000, e uma iniciativa de revisão foi iniciada, com a participação ativa do Coletivo Habite a política. O presente artigo tem como objetivo narrar esse processo recente, e situá-lo frente aos desafios da luta institucional pelo direito à moradia no contexto político atual.

Notas sobre duas experiências de políticas de urbanização de favelas
PAULO EMILIO BUARQUE FERREIRA
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Este artigo faz uma reflexão sobre duas iniciativas de grande escala de planos de urbanização de assentamentos precários a partir dos anos 2010 nos municípos de São Paulo e Rio de Janeiro. Em um cenário de incremento dos recursos federais para programas em escala local, gestões municipais nos dois maiores municípios brasileiros apostaram na universalização do atendimento às suas favelas, lançando mão de planos ambiciosos. Menos de uma década depois, o recurso federal minguou, as políticas urbanas de atendimento a essas comunidades, que apostaram em ações de grande porte, fracassaram e os municípos se vêem frente a um impasse quanto às políticas para urbanização de suas favelas

Habitação de Interesse Social em Fortaleza - CE: uma análise de inserção urbana sobre as intervenções Maravilha e Maria Tomásia
Rafael Costa de Moura
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Neste artigo, apresentamos uma análise de inserção urbana realizada sobre duas intervenções implementadas pela Fundação do Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (HABITAFOR), a Favela Maravilha e o conjunto Maria Tomásia. A escolha dos estudos de caso advém da intenção de estabelecermos uma comparação entre duas intervenções com localizações distintas na cidade de Fortaleza: a primeira, implantada mais próxima à área central, e a segunda, em área mais distante, próxima ao limite sul do município, com o objetivo de compreender melhor que impactos estas localizações podem ter sobre os moradores destas intervenções. Inicialmente, apresentamos as intervenções procurando compreender seus processos de implementação. Em seguida, aplicamos uma metodologia de análise de inserção urbana, adaptada de Ferreira (2012) e da “Ferramenta de avaliação de inserção urbana para os empreendimentos de faixa 1 do programa Minha Casa Minha Vida” (LABCIDADE e ITDP, 2014), considerando os seguintes eixos temáticos: localização, mobilidade, infraestrutura, serviços urbanos e fluidez urbana.

ZEIS X SEHIS - Análise crítica a partir do caso de Curitiba, PR
Ricardo Serraglio Polucha ; Paulo Nascimento Neto
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A Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) é um dos instrumentos criados a partir da Reforma Urbana, que tem por objetivo o cumprimento da função social da propriedade, delimitando compartimentos em áreas urbanas, seja para regularização de assentamentos informais, seja para produção de habitação de interesse social. Seu desenvolvimento ocorreu a partir da década de 1970 por meio de experiências embrionária, tomando impulso na década de 1980 no contexto da redemocratização e da emergência do Movimento Nacional pela Reforma Urbana. Diante da relevância do instrumento, neste artigo discute-se sua aplicação a partir de estudo de caso realizado no município de Curitiba (PR). Busca-se a investigação do processo histórico de aplicação de instrumento localmente concebido, denominado Setor Especial de Habitação de Interesse Social (SEHIS). A hipótese assumida é a de que o SEHIS (instrumento criado no município) é a reprodução local da ZEIS (instrumento previsto no Estatuto da Cidade).

MORADIA E URBANIZAÇÃO DAS BAIXADAS DE BELÉM: Uma análise do PAC Urbanização de Assentamentos Precários.
Roberta Menezes Rodrigues ; Danielle Saori Enomoto Hantani
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O presente artigo tem como objetivo realizar uma análise das intervenções de Urbanização de Assentamentos Precários no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) realizados em municípios da Região Metropolitana de Belém (RMB), com especial ênfase em Belém. Através da análise do conjunto de intervenções executadas e em execução na RMB relacionadas à melhoria das condições de moradia e de acesso à infraestrutura urbana, buscou-se identificar alguns dos gargalos e problemas da implementação do programa no contexto dos municípios analisados. Foram realizadas entrevistas com técnicos da Caixa, COHAB/PA e prefeituras dos municípios, além de análise dos projetos, Quadros de Composição de Investimentos, base de dados cedida pelo Ministério das Cidades e pesquisa de campo. Como estudo de caso, foram selecionados dois projetos: um na área mais central de Belém e outro em área periférica e menos consolidada, que implicam em desafios de natureza diferentes. Constatou-se que houve uma diversidade de problemas relacionados ao processo de elaboração dos projetos e que implicam em dificuldades posteriormente na execução dos mesmos, também resultando da fragilidade institucional dos municípios, que também se apresenta da gestão de processos complexos de urbanização, dada a natureza das intervenções propostas.

As ZEIS e o conceito de Habitação de Interesse Social: Notas sobre sua aplicação no município de São Paulo
Rosana Yamaguti
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As ZEIS de imóveis vazios ou subutilizados configuram uma categoria especial de zoneamento que tem por objetivos a constituição de um estoque fundiário ou o aproveitamento de imóveis vazios, subutilizados ou encortiçados para a produção de Habitação de Interesse Social (HIS). Este artigo aborda uma das condições primordiais ao cumprimento de tais objetivos: o conceito de HIS. Para tanto, é analisado o caso do município de São Paulo, cujo conceito de HIS, recentemente revisto, permitiu que expressiva parcela da produção habitacional nesta categoria de ZEIS não se destinasse à demanda prioritária. Dessa forma, pretende-se evidenciar que a eficácia das ZEIS na diminuição da demanda prioritária do déficit habitacional depende de diversos fatores, como a efetiva participação do poder público na elaboração e implementação do instrumento e a existência de formas de financiamento subsidiado desta produção. objetivos vinculados ao instrumento.

O Programa Minha Casa Minha Vida – PMCMV EM Aracaju-SE: uma nova “roupagem” da política habitacional do Banco Nacional de Habitação – BNH?
SARAH LUCIA ALVES FRANCA ; VERA LUCIA F. REZENDE
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Este artigo visa analisar, comparativamente, as políticas do Banco Nacional de Habitação – BNH, e do Programa Minha Casa Minha Vida – PMCMV, a partir da lógica espacial dos conjuntos habitacionais em Aracaju-SE, Brasil. Os programas se destacam pela produção de moradias sociais, abrindo frentes para reprodução do capital imobiliário, em direção à áreas vazias e carentes de saneamento ambiental e transporte público. Assim, até que ponto o PMCMV, no que se refere à produção de conjuntos, se assemelha ou se distingue do BNH? Para realização desta, realizou-se levantamento de dados sobre os empreendimentos e elaboração de tabelas e cartogramas.

A ELIMINAÇÃO DO RIO DA PAISAGEM: Um gesto (involuntário) de transformação da área de risco em solo urbano para ser ocupado
Solange Araujo de Carvalho
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Este artigo pretende mostrar as transformações urbanas de uma favela urbanizada e a permanente tensão entre projeto e gestão do território, a partir do caso de Parque Fernanda I, São Paulo, cuja área de risco nas margens de um córrego foi tratada como espaços de sociabilidade, através do projeto urbanístico integrado dentro da política habitacional de urbanização de favelas. Mostramos as apropriações e conflitos que ocorrem nos novos espaços ditos “públicos”, e como atitudes projetuais distintas podem influenciar na vivência destes espaços e na ressignificação do risco a partir da supressão de seu principal elemento – o córrego – da paisagem e até apaga-lo da memória da população local.

O AUXÍLIO ALUGUEL E O PROGRAMA MUNICIPAL DE URBANIZAÇÃO DE FAVELAS Uma análise a partir da Urbanização da Favela de Paraisópolis
Tales Fontana Siqueira Cunha
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O caderno para discussão pública do Plano Municipal de Habitação, elaborado pela Secretária Municipal de Habitação da Prefeitura de São Paulo em 2016, faz o diagnóstico de que os gastos destinados a atendimentos com Auxílio Aluguel cresceram de maneira extraordinária a partir de 2009. Tal Política destina-se ao atendimento das famílias removidas em decorrência de intervenções públicas. Partindo deste diagnóstico, o presente artigo se propõe a identificar a relação entre o crescimento dos gastos com o Auxílio Aluguel e as intervenções realizadas ao longo da implementação do Programa de Urbanização de Favelas da Prefeitura Municipal de São Paulo a partir de 2005. Partindo-se de um aprofundamento do caso da urbanização da favela de Paraisópolis, segunda maior do município e cujo Plano de Urbanização teve maior destaque e visibilidade, será analisada a relação do cadastramento dos moradores na Política com as remoções decorrentes da implementação do Plano de Urbanização e com negociações informais e disputas políticas envolvendo o benefício.

ÁREAS PRODUZIDAS PELO PMCMV E SUA RELAÇÃO SOCIOESPACIAL COM OS TECIDOS URBANOS DA RMNATAL (2009-2014)
Tamms Maria da Conceição de Morais Campos ; Gabriel Leopoldino Paulo de Medeiros
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A implantação do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) em 2009 impactou a configuração socioespacial e estruturação urbana na Região Metropolitana de Natal. A geografia social dos empreendimentos do PMCMV – duas faixas de renda distintas (1 - R$ 1.600, 2 – R$ 5.000) – fortaleceu a relocação das camadas de menor poder aquisitivo nas áreas periféricas ou de expansão urbana do contexto metropolitano, distantes da cidade-polo e carentes de infraestrutura. Dentro dessa conjuntura, este trabalho objetiva contribuir à compreensão da relação entre a distribuição dos empreendimentos das duas faixas do PMCMV e os principais elementos estruturantes da RMN (em especial, o sistema de acessibilidade viária) no período compreendido entre 2009 (início do PMCMV) e 2014 (Copa do Mundo). Parte-se da análise histórica das condições gerais do processo de metropolização da RMN – com destaque para a participação do Estado e capital imobiliário –, para o entendimento do PMCMV como solvente do déficit habitacional e, por fim, analisa a distribuição dos empreendimentos e sua relação com os eixos infraestruturais e consequente distribuição em Setores (integrado, em continuidade, segregado e disperso), como estudado por Antonio Font. Desse panorama, depreende-se as formas urbanas resultantes, corroborando a fragmentação dos tecidos urbanos e as desigualdades socioespaciais – que aqui se denomina Urbanização Imobiliária Residencial.

Os fins, os meios e a sugestão de um novo início. Uma abordagem fenomenológica na historiografia da Habitação de Interesse Social no Brasil.
Técio Martins
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A historiografia da habitação de interesse social tem os principais textos pautados em discussões de ordem social e/ou econômica. São abordagens indispensáveis, pois o tema pressupõe atuação estatal, sem a qual não existiriam programas nacionais. Para além das estatísticas, entretanto, existe o morador: indivíduo, único, jamais passível de modulação. O objetivo desse artigo é propor uma leitura diferente para o campo arquitetônico da habitação, com a confrontação teórica de escritos que colocam o indivíduo como ponto de partida para o conhecimento. A fenomenologia, desde Edmund Husserl até Maurice Meleau-Ponty, propõe a relação indissociável entre indivíduo e espaço para a percepção e é utilizada aqui como base teórica para a confrontação da legislação governamental dos três principais programas de abrengência nacional na área: Fundação da Casa Popular, Banco Nacional da Habitação e Minha Casa Minha Vida, numa metodologia denominada por Trevisan (2018) como Pensar por Atlas.

O “SALDO” DO DIREITO À MORADIA NOS ANOS DE MCMV: Os desafios do ônus excessivo com aluguel
Thais Borges Martins Rodrigues ; Carolina Maria Pozzi de Castro
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Principal acesso à moradia social no Brasil, o Programa Minha Casa Minha Vida faz parte da agenda urbana do lulismo, que representou uma estratégia de conciliação de classes ao articular suas políticas sociais à agenda neoliberal, a fim de atender aos interesses do mercado de capital globalizado. No campo da habitação de interesse social, este modelo significou o aumento da financeirização da moradia, com expressivo esvaziamento do Estado e promoção da compra da casa própria como via principal de acesso. Em nove anos de atuação, o programa foi o responsável por atender a demanda da população por moradia, além de impulsionar a economia, com a construção civil. Neste cenário, o presente artigo propõe uma análise da atuação do programa, a fim de identificar os desafios a serem enfrentados em relação ao déficit habitacional em seu item mais expressivo: o ônus excessivo com aluguel.

A CIDADE PRODUZIDA PELO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA - MACEIÓ/AL
Viviane Regina Costa Sá
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Na cidade de Maceió/AL, pelo Programa Minha Casa Minha Vida, foram construídos e entregues, até o ano de 2014, 67 empreendimentos, distribuídos entre três grupos de faixa de renda (10 para Faixa 1 / 45 para Faixa 2 / 12 para Faixa 3): um grande número de projetos que parecem responder unicamente às estatísticas de redução de déficit habitacional, porém sem qualquer preocupação com a qualidade dos espaços urbanos produzidos. Se o morar não se mantém sem a educação, a saúde, o lazer e o abastecer-se, é inaceitável pensar a formação do espaço urbano unicamente pelo viés residencial. Essa é a parcial do que se tem da cidade de Maceió após a produção do PMCMV: 36.507 unidades e o déficit por ônus excessivo com aluguel urbano quase duplicado, localização nas bordas da mancha urbana metropolitana, falta de infraestrutura adequada, conexão precária ao tecido urbano existente, difícil acesso, problemáticas condições de transporte público e mobilidade, e deficiente oferta dos serviços urbanos.

Políticas Habitacionais e Estrutura Intraurbana: Localização de núcleos habitacionais em Passo Fundo/RS
Wagner Mazetto de Oliveira ; Bruno Gallina ; Clarice Maraschin
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O trabalho problematiza a relação entre as políticas habitacionais e a estrutura intraurbana das cidades brasileiras. Políticas habitacionais estão sujeitas ao problema do acesso à terra urbana e, ao mesmo tempo, tem a capacidade de promover alterações na estrutura urbana na medida em que alocam população concentrada em novas áreas, demandando o acesso à infraestrutura. Nesse sentido, é importante avaliar como as políticas habitacionais vêm enfrentando as questões de localização, valor da terra e segregação sócio-espacial ao produzirem espaços de moradia para os pobres. O objetivo deste artigo é analisar a localização de núcleos habitacionais propostos no âmbito das diversas políticas habitacionais de baixa renda na estrutura espacial das cidades ao longo do tempo. Toma-se como estudo empírico uma cidade média, Passo Fundo, RS, na qual se analisa a localização dos núcleos habitacionais em três períodos: 1) BNH e COHAB/RS (1966-1984); 2) Ações Municipais (1993-2004) e 3) Ações em parceria entre o governo federal e o município (2004-2018). Busca-se responder à seguinte questão: é possível identificar um padrão de localização comum aos três períodos? O trabalho identifica e localiza a produção habitacional em cada período temporal considerado e analisa sua relação com a estrutura espacial existente em cada momento através de mapas síntese. A análise identificou um padrão geral de localização segregada dos núcleos habitacionais em cada período, no entanto, foram observadas algumas diferenças entre os tipos de políticas analisadas. Verificou-se também que fatores como o crescimento da mancha urbana e a expansão da infraestrutura beneficiaram a posteriori a maior parte dos núcleos analisados.

ST 02 - Direito à Cidade e à Moradia
A AUTOCONSTRUÇÃO DO DIREITO NA APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO DE MORAR
ADRIANA NOGUEIRA VIEIRA LIMA
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O trabalho busca apresentar uma reflexão sobre a produção de múltiplas formas de juridicidade observadas no processo de autoconstrução da moradia nos territórios populares. Para isso, adota a teoria da pluralidade jurídica como instrumental analítico. A pesquisa foi desenvolvida com base no trabalho de campo realizado no Bairro de Saramandaia, localizado em Salvador, Bahia, Brasil. A etnografia foi eleita como método privilegiado de apreensão da realidade. A pesquisa revelou que os direitos urbanos autoconstruídos encontram na necessidade de morar o seu principal parâmetro de legitimação social. As análises evidenciaram a necessidade do fortalecimento de uma visão plural e democrática do Direito que contribua para o reconhecimento e legitimação dos territórios populares.

AS TRANSFORMAÇÕES DA FAVELA VIA ASSISTÊNCIA TÉCNICA : a experiência do Morro Vital Brazil, Niterói/RJ
ALINE ROCHA
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O presente artigo busca compreender o fenômeno da favelização ocorrido em diversas cidades brasileiras como expressão da “questão social”. Para tal, utiliza-se da concepção materialista histórica e dialética, de maneira a romper com a visão superficial, estereotipada e preconceituosa que ocupa, há anos, a centralidade do discurso hegemônico. A partir disto, busca admitir possibilidades inauguradas pela Lei 11.888/08, a chamada Lei da Assistência Técnica à Habitação de Interesse Social, no sentido da construção de uma política habitacional eficaz e integrada, capaz de incentivar a atuação de equipes multidisciplinares na interação com as comunidades, de modo a contribuir com a emancipação de seres humanos, isto é, de modo a contribuir para que as relações individuais com o meio possam ganhar dimensão de força social organizada na construção democrática de uma sociedade mais justa e igualitária. A fim de ilustrar algumas destas possibilidades, bem como entraves, este artigo apresentará a experiência do projeto Arquiteto de Família que ofereceu gratuitamente Assistência Técnica, por meio de equipe multidisciplinar, para 170 famílias moradoras de domicílios inadequados no morro Vital Brazil, localizado na cidade de Niterói/Rio de Janeiro, onde atuei como assistente social ao longo dos sete anos de funcionamento do projeto.

DA CIDADE DEMOCRÁTICA À CIDADE MERCADORIA: A trajetória institucional das Políticas Urbanas de Recife, PE
AMANDA MAXIMO ALEXANDRINO NOGUEIRA
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Durante a urbanização de Recife, os assentamentos informais se tornaram o modo preponderante de moradia popular, refletindo o histórico de segregação sócio-espacial brasileiro. No processo de redemocratização, uma geração de cidadãos insurgentes conquistou paulatinos avanços institucionais, como a criação pioneira das Zonas Especiais de Interesse Social. Todavia, quando a democracia se enraíza, observa-se um hiato entre as práticas de planejamento urbano e o “direito à cidade” como foi concebido pelos movimentos sociais. Na tentativa de entender esse processo de construção e desconstrução da cidadania urbana recifense, o estudo parte das seguintes questões: Qual a magnitude da urbanização informal? Quais planos urbanos foram desenvolvidos e sob quais discursos? Como esses planos repercutiram no processo de reprodução da urbanização informal de Recife? Utilizando-se de análise bibliográfica e da criação de um Sistema de Informação Geográfica, a pesquisa sugere que a trajetória das políticas urbanas em Recife tem oscilado entre um processo de expansão da democracia urbana e de erosão, relacionado à ênfase na produção do espaço urbano como mercadoria.

OS INVISÍVEIS PORTADORES DE FUTURO
Ana Cláudia Duarte Cardoso ; Letícia Ribeiro Vicente ; Rafaela Carolina Bulhões de Oliveira
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Este texto analisa a formação socioespacial do urbano híbrido amazônico e apresenta casos de ocupação informal, com matriz tradicional, localizados na Região Metropolitana de Belém (PA), com o propósito de ampliar a compreensão do papel das comunidades tradicionais inseridas em contexto urbano e periurbano, que ocorrem em todo o país, mas são mais visíveis na Amazônia. A partir dos casos, conclui-se que atributos dessas comunidades podem fortalecer uma agenda global de construção de políticas públicas mais inclusivas e plurais seguindo as propostas da Agenda 2030 (ONU, 2015).

A Reintegração de Posse do assentamento habitacional
Ana Lúcia Valim Gnann ; Sidney Piochi Bernardini
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Pretende-se neste artigo fazer uma análise das Decisões Judiciais, proferidas entre outubro de 2011 e janeiro de 2012, na Ação Judicial de Reintegração de Posse que expulsou mais de 6.000 pessoas da área conhecida como “Pinheirinho”, localizada em São José dos Campos, São Paulo, pertencente à “Massa Falida da Selecta”, elucidando como o Poder Judiciário, em sintonia com os Poderes Executivo e Legislativo, na esfera municipal, considerou o caso como “questão afeta ao Direito Privado , apesar do número de pessoas afetadas pela ordem e da garantia constitucional do direito à moradia

A LUTA PELO DIREITO À MORADIA EM CENTROS URBANOS COMO FORMA DE GARANTIR O DIREITO À CIDADE
Ana Luiza Lacerda Amaral
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O direito à moradia é uma das condições para o direito à cidade. Logo, este trabalho tem o objetivo de analisar essa condição à luz das normas internacionais das quais o Brasil é signatário, bem como da legislação brasileira. Além disso, é destacado o importante papel dos movimentos sociais de moradia como forma de se romper o padrão hegemônico de cidade imposto. Por fim, são apresentadas propostas, com base na legislação urbanística, para proporcionar o direito à moradia e à cidade àqueles que hoje estão às margens dos centros urbanos.

O direito à cidade e a moradia adequada:Entre a lei e a realidade.
Ana Maria Filgueira Ramalho
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Este artigo discute a relação entre a urbanização e a pobreza, cujos resultados impactam no direito à cidade e à moradia adequada. Apesar de avanços legais e institucionais, no Brasil os conflitos fundiários urbanos se ampliam, resultando em ações de despejos forçados que se tornam mais frequentes à medida que, a dinâmica imobiliária se acirra. Neste contexto, observam-se grandes contradições entre as declarações e leis e as realizações, as quais impõem territórios marcados pela desigualdade social e com grandes tensões: marca das cidades brasileiras. Neste artigo se faz uma discussão teórica acerca do direito à cidade e à moradia, e uma síntese do marco regulatório brasileiro quanto à política urbana, mostrando aspectos legais para a efetivação do direito à cidade. Por fim, apresenta situações de conflitos fundiários urbanos, utilizando como objeto empírico o Grande Recife, o qual permite concluir que, ainda existem obstáculos a ser enfrentados para que a lei torne-se uma realidade.

DA MINHA CASA ATÉ QUALQUER LUGAR: deslocamentos que custam caro no bolso do assalariado.
Analúcia de Azevedo Silva
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O artigo reflete sobre mobilidade urbana para os moradores dos novos empreendimentos do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), que construiu 10.202 moradias para a população da Faixa 1 na Região Metropolitana de Natal de 2009 a 2012. Discute-se aqui os desdobramentos do MCMV no que se refere ao direito à cidade, abordando alguns conceitos ligados ao modo de produção capitalista como segregação social e periferização. Identificou-se as condições de mobilidade urbana nos novos conjuntos habitacionais través da descrição da estrutura do sistema de transporte na RMNatal, do arranjo dos modais públicos coletivos disponíveis na região, do perfil e dos motivos das viagens e, principalmente, das análises acerca do preço da mobilidade urbana para os moradores dos novos empreendimentos. O referencial teórico se concentra nas ideias de David Harvey na obra “A Justiça Social e a Cidade”, de 1980. As questões suscitadas concluem que a aquisição da casa própria pela baixa renda distante do centro das cidades, longe dos meios de consumo coletivo e à mercê de um transporte público ineficaz, desarticulado e caro contribui para o empobrecimento dos beneficiários do MCMV na RMNatal.

Estimativa da População em Insegurança Habitacional Potencial Residente na Região Metropolitana de São Paulo
Anderson Kazuo Nakano
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O trabalho tem como principal objetivo construir uma proxy com a estimativa da população em insegurança habitacional potencial residente na Região Metropolitana de São Paulo. Essa proxy foi construída a partir de metodologia de tratamento dos microdados da amostra do Censo Demográfico IBGE de 2010. Essa metodologia baseia-se em uma série de filtros aplicados a um conjunto de variáveis selecionadas. A seleção dessas variáveis referenciou-se nos conceitos de alienação residencial e insegurança habitacional de David Madden e Peter Marcuse (2016) e de transitoriedade permanente de Raquel Rolnik (2016). Estima-se que, em 2010, aproximadamente 3,4 milhões de pessoas com renda familiar até R$ 1.600,00 viviam em insegurança habitacional potencial na metrópole paulistana. A maior parte dessa população, cerca de 54%, acessava sua moradia por meio do pagamento de aluguéis habitacionais.

CIDADE, GÊNERO E CLASSES SOCIAIS
Andreza Rohem Gualberto ; Silvana Cristina da Silva
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As empregadas domésticas compõem uma parte significativa da classe trabalhadora no Brasil – são mais de seis milhões, segundo dados do IBGE (2018), 91,7% mulheres e 64,5% negras, sendo que a maior parte mora nas periferias urbanas. A análise do uso do território urbano por essas trabalhadoras revela as condições desiguais do uso do espaço urbano em que elas estão expostas. Nesse sentido, buscamos analisar as múltiplas dificuldades de apropriação do espaço urbano pelas empregadas domésticas, tendo como recorte analítico as trabalhadoras que laboram em casas de condomínios horizontais fechados localizados na periferia e periurbanos da malha urbana de Campos dos Goytacazes-RJ. Como base teórica mobilizamos os conceitos de gênero, classe social e espaço urbano. Metodologicamente foi realizado o levantamento e leitura da bibliografia, o levantamento e análise de dados secundários junto ao IBGE e o IPEIA e a produção de dados primários por meio de observações diretas não-participante, efetuada no quotidiano das áreas com concentração de condomínios horizontais fechados de alto padrão da cidade de Campos dos Goytacazes e entrevistas qualitativas semiestruturadas com as empregadas domésticas.

Ensaios Sobre o Direito à Moradia de Interesse Social em Favor da Mulher no Sistema de Políticas Públicas de Habitação: a comunidade Novo Bairro
Arleide Meylan
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O presente texto traz um ensaio sobre o direito à moradia de interesse social para mulheres de baixa renda, visto as políticas públicas de habitação no sistema brasileiro, que vêm incorporando o recorte de gênero e diversas alterações na lei do Programa Minha Casa, Minha Vida, em relação ao atendimento ao direito à moradia da mulher. Dedicou a analisar um recorte territorial, através de coleta de dados etnográficos junto às beneficiárias do projeto de construção habitacional, como também, da análise descritiva do município de Santa Rita e do bairro Marcus Moura, onde o projeto vem sendo desenvolvido. Buscou identificar as variadas dimensões envolvendo a representação do direito à moradia naquela comunidade, sob a ótica das beneficiárias do projeto, evidenciando um processo dialético entre o sistema jurídico brasileiro e a realidade delas.

Não só moradia: A Casa 1, Suas Estratégias Espaciais, e o Fortalecimento da Vizinhança em Diálogo com a Militância LGBT
Artur de Souza Duarte ; Renato Cymbalista
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A visibilidade alcançada pelas minorias sexuais nos últimos anos e a afirmação precoce da identidade de jovens LGBT resultam muitas vezes na necessidade de moradia antes da emancipação financeira. Observando a demanda, a sociedade civil tem produzido soluções alternativas de moradia, sendo a de maior repercussão a Casa 1 – república de acolhimento LGBT e centro cultural. O projeto localizado no centro de São Paulo traz inovações em seu programa e organização espacial. Através de visitas a campo e da experiência de um dos autores como voluntário na ONG, observou-se suas estratégias de diálogo com a vizinhança e com outros equipamentos da região. O local também mobiliza voluntários, movimentos militantes e a iniciativa privada formando uma rede. Ademais, cria relações e referenciais urbanos permanentes para os ex-moradores e, visto a inserção desta população "desviante" e de baixa renda na região, as dinâmicas espaciais produzidas pela Casa 1 atuam como resistência à gentrificação em curso no bairro do Bixiga.

Ocupações no centro de São Paulo: desejos de fixação no território
Barbara Frutuoso ; Volia Regina Costa Kato
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O artigo objetiva trazer alguns resultados de uma pesquisa em andamento, enfatizando sobretudo a importância metodológica de um olhar qualitativo, a partir de dentro e de perto, nas ocupações no centro de São Paulo. A partir de 1960 o centro de São Paulo foi abandonado pela classe dominante e se popularizou, devido a concentração de atividades de baixa remuneração e fácil acesso de transporte público. A partir de 1990, com grande parte de seu patrimônio edificado vazio, os movimentos sociais por moradia usam esses prédios como instrumento de luta as ocupações. Considera-se que as diversas dimensões da vida cotidiana da população que vive nas ocupações implicam na construção de um território de fixação e resistência e, portanto, despontam como outra face de luta pela moradia. A construção de redes de relações sociais entre as ocupações e o uso dos equipamentos relacionados às necessidades da vida produzem laços de identificação com o local, afetos e desejos de permanência.

A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA RESISTE AO NOVO MARCO LEGAL
Bruna Pimentel Cilento ; Wilson Ribeiro Santos Junior
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O extinto capítulo III, da Lei Federal nº 11.977/09 (BRASIL, 2009) contribuiu para desjudicializar os processos de reconhecimento de posse e propriedade, facilitando sua aplicação nos mais diversos municípios brasileiros. Contudo, mesmo diante dos aspectos positivos constatados no seu período de vigência, foi abruptamente revogado em dezembro de 2016 e o seu conteúdo foi incluído na Lei Federal nº 13.465/2017 (BRASIL, 2017). Aparentemente trata-se da adoção de uma política de priorização da titulação da posse em assentamentos informais, sejam estes de interesse social ou específico, como resolução dos problemas das ocupações irregulares. Verifica-se com a nova Lei o recuo das regularizações urbanas voltadas à população pobre e das demais medidas de intervenção social e urbana, que iam para além da legitimação da posse do ocupante. Ainda assim, o novo marco regulatório aponta a possibilidade de um cenário positivo à segurança dessa posse em núcleos urbanos informais, inclusive em zonas rurais.

A forma do direito à cidade: Lefebvre encontra Natal
Camila Bezerra Nobre de Medeiros
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O presente artigo trata da forma do direito à cidade na perspectiva de Henri Lefebvre. Tem-se, por objetivo, identificar, na obra “O direito à cidade” que referências o autor faz à questão da forma e como ela se relaciona ao conceito principal do livro, buscando entender como tal conceito se materializa. Para isto, buscaram-se exemplos da “forma do direito à cidade” em Natal, cidade com a qual a autora possui familiaridade. Para desenvolvê-lo, realizou-se a leitura da referida obra, destacando-se os trechos vinculados ao tema e, em seguida, procurou-se relacioná-los com a realidade material, especialmente da cidade de Natal, através da fotografia. Com resultados, foi possível compreender que o direito à cidade é um conceito em construção, mas que, apesar disso, é possível encontrar fragmentos daquilo que foi discutido por Henri Lefebvre na cidade de Natal, que podem ser potencializados.

Ocupações Urbanas e Práticas Emancipatórias: Estudos sobre a aplicabilidade do Community Land Trust
Camila Diniz Bastos
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O presente trabalho apresenta a experiência de implementação do instrumento urbanístico “Fideicomiso de la Tierra” nas comunidades de Caño Marín Peña em San Juan, capital de Porto Rico. O Fideicomiso é uma adaptação do instrumento norte americano Community Land Trust - CLT, e o caso foi escolhido como objeto de análise por se tratar da primeira vez em que o CLT é aplicado em um assentamento urbano já consolidado na América Latina. A partir da aproximação da prática porto riquenha, o trabalho se debruça sobre a potência de aplicação do instrumento nas ocupações urbanas organizadas de Belo Horizonte, buscando demonstrar que as práticas espaciais já desenvolvidas pelos ocupantes em seu cotidiano e o trabalho realizado pelo movimento de moradia, são caminhos para a efetividade do mesmo, podendo juntos, consolidar uma prática pedagógica territorial.

A produção do espaço nas centralidades urbanas: O caso do edifício Dandara
Carina Castro Pedro ; Maria Cristina Villefort Teixeira
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Edificações abandonadas e em estado de deterioração são elementos frequentes no retrato dos centros urbanos no Brasil. Ao mesmo tempo, o crescente número de famílias de baixa renda que habitam a cidade de maneira precária amplia o déficit habitacional do país. Com o objetivo de discutir essas questões, o presente artigo discorre sobre questões referentes ao valor da terra urbana como barreira para o acesso à moradia no centro pela população de renda de até 3 salários-mínimos, bem como procura identificar quais são os fatores e agentes envolvidos no processo e como se dá a disputa pelas centralidades no território. Por fim, a produção não capitalista do espaço é apresentada como alternativa para essa população através da reabilitação de edificações vacantes com a análise do caso do edifício Dandara, imóvel reabilitado no centro de São Paulo por iniciativa dos movimentos de luta por moradia através de recursos do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ modalidade entidades.

DIREITO À NATUREZA NA CIDADE: Os desafios à integração com os ambientes naturais desde a infância.
Cecília Marilaine Rego de Medeiros ; Elisania Magalhães Alves
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O contato com a natureza é uma variável importante para o desenvolvimento humano, como mostram pesquisas na área das relações pessoa-ambiente, destacando-se os estudos que comprovam os benefícios para qualidade de vida e consciência pró-ambiental. Contudo, a intensa urbanização tem refletido no modo como as crianças se relacionam com a natureza, cada vez mais restrita a jardins idealizados de ambientes privados, espaços públicos sem tratamento paisagístico ou áreas de risco ambiental, poluídas e degradadas. No contexto urbano brasileiro, marcado por uma crise que inter-relaciona questões sociais e ambientais, perpetua-se(ou permanece) o conflito diante da ausência de uma matriz justa à ambas. Este artigo discute as relações entre crianças residentes em territórios informais de moradia e os espaços naturais protegidos, remetendo aos princípios do Direito à Cidade e ao Meio Ambiente, num campo de conflitos e buscas de interações, face às concepções preservacionistas presentes na Política Ambiental brasileira. Refletimos como os espaços de proteção ambiental podem contribuir para a apropriação e a garantia do direito à natureza na cidade.

CONTRADIÇÕES DA POLÍTICA HABITACIONAL NO SERTÃO NORDESTINO: Estudo de caso dos residenciais Minha Casa Minha Vida em Juazeiro (BA) sob a ótica dos moradores
CÍCERO HARISSON SOUZA
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As políticas de habitação e o direito a cidade são amplamente debatidos na Reforma Urbana. No período recente a implantação do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), propiciou um campo fértil de ideias e criticidade sobre a ocupação socioespacial e seus problemas urbanos. A literatura aborda que, apesar das dimensões quantitativas do MCMV, sua implantação também agravou a dificuldade de acesso aos serviços básicos nas camadas sociais mais vulneráveis. Outros trabalhos já foram desenvolvidos nesta temática. Este artigo apresenta também a participação popular, por meio de entrevistas em relatos. Em Juazeiro, cidade média do sertão baiano, foram inauguradas nove mil casas contemplando cerca de 40 mil pessoas, segundo a prefeitura local. Entretanto, a percepção da população dos residenciais, é de desamparo da esfera pública, periferização de suas famílias e da dificuldade em suprir necessidades básicas que fazem parte da vida urbana.

PARAISÓPOLIS: A ARTE DE CONVIVER
CLAUDIA DE ANDRADE SILVA
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O presente artigo busca alternativas para inquietação pessoal de como analisar um território construído coletivamente, de maneira que respeite sua lógica de ocupação e organização, sem que isso signifique afirmar sua precariedade. Por isso o foco foi o estudo da vida cotidiana, entendida como aquela que indica possíveis caminhos. Esse estudo foi realizado com uma intensa aproximação pessoal ao território de Paraisópolis e embasamento teórico em diferentes autores e seus respectivos conceitos. Essa análise deve ser entendida como um processo em aberto, plausível de aperfeiçoamento e aprofundamento. Por fim, é importante ressaltar que esse reconhecimento e respeito podem ser o ponto de partida, mas não é o ponto de chegada na luta pela igualdade de direitos na cidade, uma vez que mudanças efetivas dependem de políticas públicas articuladas de educação, cultura e trabalho, afim de ajudar a reverter a vulnerabilidade social.

A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA COMO FORMA DE RESISTÊNCIA À REMOÇÃO
CLAUDIA SOUZA MENDES DA SILVA
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Este trabalho tem por objeto a investigação do instituto da regularização fundiária, abordada como forma de resistência à remoção. Normalmente visto como medida extrema, ante a previsão constitucional da política urbana, que contempla o direito à moradia adequada como um dos direitos fundamentais, em certos momentos e situações de urgência a via da resistência política transcende à da ação/oposição pelos mecanismos jurídicos comuns. Como exemplo o trabalho traz o caso da outorga de título de legitimação de posse do Bairro Barcelos, na favela da Rocinha (RJ). A abordagem metodológica consiste na análise das remoções pelo aspecto do direito de resistir, na cidade do Rio de Janeiro, no período compreendido entre o fim do século XX e início do século XXI. A metodologia utilizada foi a teórico-dedutiva, com base em pesquisa empírica. A hipótese levantada é a da possibilidade de resistir à remoção, via direito de ação decorrente do direito subjetivo consolidado pela regularização fundiária.

EFEITOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE HABITAÇÃO SOBRE AS CONDIÇÕES DE VIDA DE POPULAÇÕES DE BAIXA RENDA EM SANTA CRUZ DO SUL/RS/BRASIL
Claudia Tirelli ; Silvia Virginia Coutinho Areosa
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O trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa desenvolvida com moradores de dois conjuntos habitacionais construídos em Santa Cruz do Sul/RS/Brasil, através do Programa Minha Casa Minha Vida. Por meio da realização de um survey e de observações diretas nos residenciais buscou-se analisar de que forma o deslocamento de populações de baixa renda no espaço urbano, interfere nas suas redes de sociabilidade e no seu acesso aos serviços e equipamentos públicos. A partir desses dados construiu-se o perfil dos moradores dos dois conjuntos habitacionais e analisou-se a “efetividade subjetiva” do Programa com base na percepção dos beneficiários sobre os efeitos dessa política nas distintas dimensões das suas vidas. O estudo apontou que a implementação do Programa proporcionou a aquisição da “casa própria”, mas dificultou o acesso desses grupos a outras políticas públicas, reproduzindo e reforçando os padrões de segregação residencial anteriormente existentes.

A VULNERABILIDADE INFANTIL NOS ESPAÇOS URBANOS DA REGIÃO DO GLICÉRIO EM SÃO PAULO
Daniela Getlinger ; Julio Luiz Vieira
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Este artigo problematiza as condições de moradia das crianças nos cortiços do Glicério, bairro localizado numa área central e degradada da cidade de São Paulo. Apesar da crítica situação ambiental e do alto valor do aluguel para a moradia, observa-se o constante incremento da população do bairro, resultado de frequentes deslocamentos migratórios. As precárias condições de habitabilidade da área se intensificam, sobretudo para as crianças moradoras dos inúmeros cortiços locais. Busca-se aqui identificar e analisar áreas urbanas vulneráveis para as crianças, procedendo-se a um percurso de observação da área, registros fotográficos e análises espaciais. Observou-se que as críticas condições ambientais dessas áreas, no que diz respeito à conservação e à adequação de uso para lazer e jogos infantis, não impediu, no entanto, o uso intenso que delas se faz cotidianamente, caracterizando um quadro de grande vulnerabilidade urbana para as crianças no bairro.

COMO (NÃO) GARANTIR O DIREITO À CIDADE: políticas públicas e vazios urbanos em Cuiabá/MT
DORIANE AZEVEDO ; THAIZ FREITAS PESSOA ; FELIPE AUGUSTO SODRÉ MASCARENHAS ; WESLAYNE SIQUEIRA DE MORAIS
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O artigo apresenta os resultados obtidos nos estudos preliminares sobre vazio urbano e sua caracterização em Cuiabá-MT, os impactos da sua (não) incorporação nas ações implantadas. Concomitante a análise da estruturação urbana do município, da revisão teórico-conceitual e metodológica, ainda em curso, levantamos uma parte dos lotes sem edificação e ou glebas não parceladas existentes, nas bases da Prefeitura Municipal de Cuiabá - PMC; no Google Earth (ambos em 2006 e 2018) e conferência em campo, juntamente com análise das políticas municipais (Plano Diretor, Lei de Uso e Ocupação do Solo, Plano Local de Habitação de Interesse Social e projetos implantados na última década). Constatamos a premente necessidade de entender Vazio Urbano, não apenas como um fenômeno decorrente da urbanização, e questão a ser apontada pela Política Urbana e Habitacional do Município, mas enfrentada como um recurso em potencial, que auxilie na promoção efetiva do direito à cidade.

OCUPAÇÕES URBANAS E O DIREITO À MORADIA EM SANTARÉM-PA: OS MOVIMENTOS POPULARES NOS PROCESSOS DE AUTOGESTÃO E AUTOCONSTRUÇÃO
Erick Rodrigo Porto Pinho ; Ana Beatriz Oliveira Reis
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Pretende-se com este estudo compreender como ocorre o processo da busca pela efetivação do direito à moradia pelos movimentos populares no município de Santarém-PA. Para tal, busca-se compreender o processo de construção e acesso à moradia por esses sujeitos coletivos e apresentar o contraponto entre as políticas públicas habitacionais já executadas no município. O referencial teórico está fundamentado em autores que se propuseram a estudar o tema em questão, incluindo uma breve apresentação do nosso ordenamento jurídico que dispõe sobre a moradia como direito social. Além disso, foi realizada a pesquisa empírica nas principais ocupações urbanas do município. Como resultados, verifica-se que os movimentos populares buscam solucionar o problema da moradia por meio da autogestão e autoconstrução que se concretiza através das ocupações urbanas, por meio das quais expressam suas demandas e lutam pela inclusão social, em contraposição ao modelo homogeneizado dos programas oficiais e ao urbanismo de classes.

TENSÕES ENTRE O DIREITO À CIDADE E AO MEIO AMBIENTE: O CASO DA GLEBA GRAJAÚ
Estefania Momm ; Vitor Yamamoto ; Rosane Tierno
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O presente artigo aborda a relação entre direito à moradia, recuperação ambiental e regularização de interesse social em áreas de proteção aos mananciais em São Paulo através do estudo de caso da Gleba Grajaú, área de cerca de 164 mil m² de propriedade da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo desde 1983. A análise abrange os principais impasses da ocupação da área e os entraves do processo de regularização, apresentando no espaço construído, um claro descolamento entre a legislação e o objeto a qual se pretende legislar. O estudo do qual resulta este artigo iniciou-se em 2016 e compreende: a análise histórica da Gleba desde a aprovação pela prefeitura e implantação por mutirão de 82 casas da Vila Arco Íris; a ocupação irregular em parte da área remanescente da Gleba pela Vila Nascente; e mais recentemente, a ocupação irregular e precária da última parcela livre da Gleba a partir de 2013. A pesquisa aborda ainda: a articulação dos atores envolvidos neste processo, o acompanhamento do Termo de Ajustamento de Conduta estabelecido entre COHAB-SP e Ministério Público, e o uso do instrumento do Programa de Recuperação de Interesse Social a partir de 2013.

Para pensar o direito à cidade no tempo presente: Da urbanização planetária à cartografia das utopias
Felipe Taumaturgo Rodrigues de Azevedo ; Thayná Cagnin Maia
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Este trabalho propõe algumas reflexões a partir de questões relativas ao espaço urbano enquanto manancial de convicções e alternativas revolucionárias para a classe trabalhadora, que reivindicam o direito à cidade e a produção do espaço, mesmo em contexto de urbanização planetária que dissolve e deteriora cada vez mais os traços cotidianos de cooperação e horizontalidade. Pensar o espaço urbano no período atual exige um rigor analítico dotado de especificidades que constituem essa época. As inovações do ponto de vista tecnológico, a ação das organizações transnacionais e sua intimidade com o Estado, o desmonte do Estado de bem-estar social e o amadurecimento (ou não) dos movimentos sociais que reivindicam a cidade enquanto plataforma para a construção de utopias, são só alguns dos elementos quase intuitivos que incrementam as novas problemáticas urbanas.

ZEIS no Brasil: da construção do ideário às limitações de sua aplicação
Fernanda Cavalcante Mattos
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As Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), responsáveis por delimitar áreas para moradia à população de baixa renda, ganharam prestígio na luta pela reforma urbana. Contudo, as experiências de aplicação do instrumento nos municípios brasileiros têm gerado efeitos pontuais e temporários, com distorções entre princípio e prática. Este artigo apresentará essa dupla faceta do instrumento: as ZEIS como ideia, tal qual pregada na legislação urbanística e na agenda da Reforma Urbana; e as ZEIS como experiência, com suas perspectivas e impasses que levam à divergência. A metodologia empregada partirá da consulta a documentos legais e análise panorâmica de estudos de caso. Neste trabalho as ZEIS são encaradas como instrumento inócuo, que embora demonstrem alguns resultados reformistas satisfatórios, são incapazes de alcançar a plenitude de sua proposta devido a impasses fundiários em nossa estrutura política, reflexo de um Estado Patrimonialista historicamente consolidado.

Remoções legalizadas e o Judiciário: o caso das ocupações em Porto Alegre
Fernanda Jahn-Verri
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Como o Brasil, país com uma das políticas fundiárias mais progressista do mundo, está sendo acusado de violar o direito à moradia de seus cidadãos? Como o Judiciário Brasileiro, apesar dos mecanismos legais inclusivos criados ultimamente, ordena a remoção forçada de milhares de famílias? Essas violações e remoções devem ser entendidas como “despejos legalizados,” práticas de expropriação que não são só um resultado da especulação imobiliária, mas de um processo discriminatório mais amplo em que o Judiciário desempenha papel fundamental. Além de estudar a lógica por trás da expropriação judicial, esse artigo também investiga como elas são validadas, ao analisar o discurso de desembargadores ao julgar processos de segunda instância envolvendo movimentos pela moradia que ocupam áreas centrais em Porto Alegre. Conclui-se que juízes, ao desafiar legislações recentes em suas decisões, mobilizam ideologias políticas que condenam regimes alternativos em favor de certos modelos de propriedade.

Ocupações para moradia no centro e na periferia: repensando a espoliação urbana a partir das das dinâmicas imobiliárias e insurgências em São Paulo
Francisco de Assis Comaru ; Luciana Nicolau Ferrara ; Talita Anzei Gonsales
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O conceito de espoliação urbana foi importante para explicar a exploração à que estava submetido o trabalhador no contexto de urbanização e industrialização, evidenciando que o problema da moradia fazia parte desse processo, em São Paulo, nos anos 1970. De lá para cá, a produção imobiliária ganhou centralidade na instrumentalização do espaço. Observa-se a crescente valorização imobiliária, o aumento dos aluguéis, do custo de vida, e das precariedades socioambientais. O artigo visa refletir sobre conflitos e contradições relativos às atuais formas produção imobiliária como geradora de novas formas de espoliação. Busca também identificar as insurgências pelo direito de morar e contra o imperativo da propriedade privada. Para isso, baseia-se em observações empíricas sobre duas ocupações no município de São Paulo: um recente assentamento no Grajaú, extremo sul, em área de proteção dos mananciais; e um prédio na Sé, centro. As situações possuem especificidades e são distintas quanto à história e organização socioespacial, contudo, serão analisadas à luz de um processo comum que as articula, ou seja, as formas contemporâneas de produção do espaço da metrópole.

MINHA CASA, MINHA VIDA NA RMNATAL: A difícil e necessária concertação entre habitação, território e famílias
Glenda Dantas Ferreira ; Raquel Maria da Costa Silveira
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O presente artigo objetiva problematizar acerca da relação entre habitação, território e famílias no contexto da produção habitacional de interesse social do PMCMV na Região Metropolitana de Natal. Discute-se como as funções sociais da cidade se expressam nas escalas urbana e metropolitana, e os resultados disso na configuração daquela relação, tendo em vista a importância de se efetivar uma habitação adequada. As análises baseiam-se em banco de dados da pesquisa Avaliação do PMCMV na RMNatal: qualidade de projetos e impactos urbanos e ambientais (2015), conformando um universo de pesquisa formado por 05 municípios, 13 empreendimentos e 453 famílias. Conclui-se que a concertação entre habitação, território e famílias pressupõe a efetivação das funções sociais da cidade para além do espaço urbano, e no sentido da construção da cidade metropolitana. Envolve, portanto, uma melhor combinação entre necessidades e aspirações expressas na procura individual e social pela habitação adequada.

Entraves históricos na Regularização Fundiária de Interesse Social
Guilherme Carpintero de Carvalho
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O artigo pretende discutir os entraves da regularização fundiária de interesse social. Tendo em vista apresentar a discussão de forma didática, elaboramos uma trajetória hipotética de um processo de regularização fundiária de interesse social e a partir desta, descrevemos as etapas do processo bem como os entraves se expressam, ou se expressaram, considerando que uma situação pode ser ou não considerada entrave em um dado momento histórico e político. Este artigo é parte de minha dissertação de mestrado, cujo conteúdo foi atualizado a luz da nova lei de regularização fundiária (LEI Nº 13.465/2017).

O direito a habitar a cidade: o reconhecimento da poética cotidiana como direito a cidade
HULDA ERNA WEHMANN ; CATHARINA PINHEIRO CORDEIRO DOS SANTOS LIMA
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O que na cidade é direito do cidadão? Quais os marcos que determinam o espaço urbano democrático? Em outras palavras: o que faz de uma cidade um lugar habitável? Se é impossível habitar sem poesia, como diz Heidegger (1970), pergunta-se: Como se tecem as relações entre a cidade e seu habitante? Esta indagação é tão mais importante quanto se compreende que a Cidade é resultado concreto e simbólico de uma miríade de decisões anônimas, a poiein cotidiana conforme Michel de Certeau (1998), pelas quais os citadinos se reapropriam de espaços e constroem neles seu habitar. A inserção dessas lógicas plurais no planejamento de uma urbe é passo imperativo para evitar a transformação do urbanismo em instrumento de criação de habitat abstrato, alvo das críticas de Lefebvre (2000), no qual os citadinos são meros consumidores passivos do espaço. A discussão que se pretende nesse artigo é realizada a partir dos resultados de pesquisa sobre a experiência da cidade enquanto paisagem habitada. Os dados resultantes da análise permitem sugerir a necessidade do debate do direito à paisagem como elemento essencial do direito à cidade.

Ocupações por moradia em São Paulo: perfil socioeconômico dos moradores na periferia e centro
Iara Franco Schiavi ; Gerardo Alberto Silva ; Miriam Francisca Rodrigues Couto
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O artigo propõe-se a realizar uma análise comparativa entre duas ocupações de moradia, a Ocupação Mauá (MMLJ), na região central da cidade de São Paulo, e a Caguassú Leste (MSTC), na periferia do município, com o objetivo de compreender as principais diferenças entre elas, semelhança principalmente quanto ao perfil socioeconômico dos moradores e sua inserção na cidade. A metodologia da pesquisa inclui um levantamento histórico sobre as ocupações de moradia e a situação da habitação na cidade de São Paulo. Utilizou-se ainda dados oficiais para contextualizar a condição da moradia no município e o direito à cidade. Foram aplicados questionários qualitativos para identificar o perfil dos moradores de cada ocupação e as condições socioeconômicas. Conclui-se que o centro apresenta uma melhor infraestrutura às famílias, o que resulta em uma renda maior. Na periferia destaca-se um maior apego à região, fruto da construção de um identidade territorial positiva.

O direito à cidade aos moradores das favelas: o caso da ocupação irregular do Jardim Niceia, Bauru – SP
Iasmim Haruê Andrade Freitas
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Trataremos neste artigo sobre o direito à cidade da população que vive nas chamadas ‘cidades ilegais’, que são os territórios marcados por assentamentos ilegais/informais, popularmente conhecido como favelas. População essa que não tem seu direito básico à moradia garantido, além de que geralmente são segregados tanto social quanto espacialmente do restante da cidade, de forma que tem seu direito à cidade, afetado pela dificuldade de acessibilidade aos lazeres, bens e serviços que a cidade tem a oferecer. Nosso objetivo é entender como a segregação socioespacial e a fragmentação socioespacial afeta diretamente os moradores da ocupação irregular do Jardim Niceia situado no município de Bauru-SP. Assim a metodologia da pesquisa articula uma abordagem qualitativa, sobretudo. Vimos então realizando os procedimentos metodológicos de trabalho de campo, registros fotográficos, com o foco na ocupação do Jardim Niceia, onde é feito um estudo do surgimento da ocupação a fim de compreender sua realidade e identificar os maiores problemas de acesso ao direito à cidade, as percepções, atitudes e representações sociais dos moradores.

PARA ALÉM DA FRAGMENTAÇÃO DAS QUESTÕES URBANA, AGRÁRIA E AMBIENTAL: Terra e propriedade como fundamentos da análise.
Isabel Cristina da Costa Cardoso
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O texto parte do pressuposto metodológico de compreensão das questões agrário/urbano/ambiental enquanto totalidade dialética, logo uma unidade de contrários. Com isso, o que se visa é a produção de sínteses que, partindo do movimento do real, supere sua unidade inicial e ultrapasse a fragmentação do real em “campos” temáticos e disciplinares. Para tanto, o texto elege a relação entre o desenvolvimento histórico e a produção social do espaço, mediada pelas questões da terra e da propriedade e de sua transformação capitalista, como o fio que irá tecer esse caminho metodológico na compreensão das expressões urbanas, agrárias e ambientais da questão social na formação social brasileira, desde a experiência colonial, até o desenvolvimento das relações capitalistas, com destaque para algumas expressões mais contemporâneas. Da mesma forma, essa será a principal mediação para refletir sobre a questão da moradia enquanto campo de luta por direitos.

As disputas em torno do ambiente construído na favela: Um estudo sobre a relação entre proprietários e inquilinos
Ivan Zanatta Kawahara
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Os conflitos das classes são de fundamental importância para a compreensão das dinâmicas que envolvem a produção do espaço no capitalismo. Quanto mais descemos da produção do espaço em geral para a análise de territórios singulares, maiores são as determinações que incidem sobre o arranjo das classes. Nesse artigo, pretendemos fazer uma discussão sobre as disputas que envolvem a relação entre proprietários e inquilinos nas favelas considerando os polos dessa relação como duas frações da classe trabalhadora que, ao assumirem diferentes posições na forma de apropriação do valor, tomam posturas antagônicas no interior da classe.

OUTRAS FORMAS DE (RE)EXISTÊNCIA: Direito à cidade e agroecologia a partir da produção do espaço nas ocupações urbanas .
Izabella Galera ; Helena D´Agosto Miguel Fonseca
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Este trabalho debate sobre a experiências da agroecologia nas ocupações urbanas como forma de resistir, vivenciar e desejar outro modelo de cidade. A partir de uma discussão crítica sobre os conceitos do direito à cidade e de formas autônomas de produção do espaço, entendendo as fissuras e insurgências como práticas contra-hegemônicas e de resistência ao neoliberalismo, procura-se discutir a agroecologia como centralidade dos saberes tradicionais, contrapondo às formas dominantes de produzir e disseminar o conhecimento. Este ensaio parte de uma aproximação com as ocupações da região da Izidora, em Belo Horizonte/MG, na qual uma das premissas é a inserção do pesquisador como agente que contribui para a luta do território, associando a pesquisa teórica da ação prática. Essa vivência torna-se indispensável para perceber que os quintais produtivos e os espaços de uso comum das ocupações refletem a possibilidade de outro fazer, calcado nos saberes tradicionais e na necessidade do encontro.

LAZER, FESTA E CIDADE: O caráter revolucionário do brincar no contexto das ocupações urbanas.
izabella galera ; Tankilino Tulio Queiroz Freitas
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Este estudo busca trazer à tona a discussão do lazer como forma de resistência à produção hegemônica do espaço, a partir da vivência das Ocupações Urbanas de Belo Horizonte/MG, para além da luta por moradia, também pelo direito de rir e ser feliz na cidade. A pesquisa se ancora em cartografar a produção do espaço por meio das brincadeiras, festas e jogos em territórios que se constituem espontaneamente com muita resistência, organização de base, sustentados por saberes populares, sem suporte institucional, em contextos de bastante precariedade. Nesse contexto, as redes de solidariedade mostram-se necessárias e constituem-se cotidianamente. Junto da Ocupação Rosa Leão, na região da Izidora, procurou-se verificar quais são as práticas espontâneas de lazer e onde estas se apresentam no território. Entende-se aqui que o jogo, o riso e a festa têm a potência de humanizar a cidade, reivindicando-a como valor de uso e não de troca.

Direito à cidade, planejamento insurgente e práticas contra-hegemônicas transescalares de resistência no território. O caso da Vila Nova Tatetuba, São José dos Campos, São Paulo
Jairo Salvador de Souza ; Paulo Romano Reschilian
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O artigo pretende estabelecer um diálogo entre a teoria crítica do direito e o planejamento crítico, a partir da reflexão sobre a necessidade de superação da retórica domesticadora do direito à cidade – frequentemente reduzido à mera pauta de reivindicação de acesso aos serviços e equipamentos públicos -, com foco em um dos seus elementos estruturais: o planejamento insurgente. A reflexão tem como fio condutor a análise do caso da comunidade da Vila Nova Tatetuba (Morro do Regaço), assentada durante décadas numa área particular, localizada no município de São José dos Campos, São Paulo, até sua remoção em 2004, como resultante de um plano de erradicação de favelas, iniciado no ano 2000, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, através do Programa de Melhorias de Bairros Habitar Brasil, que financiou intervenções urbanísticas em oitenta e quatro cidades brasileiras. O texto destaca o caráter instrumental do direito à cidade, a atuação transescalar das agências internacionais e o impacto que as políticas públicas financiadas por essas instituições produzem no território. Discute, ainda, o processo de formação de novos sujeitos coletivos, suas práticas de resistência, e o processo de produção de direitos, evidenciando o papel do planejamento e das práticas contra-hegemônicas transescalares insurgentes na construção de utopias experimentais.

Mobilidade e projetos urbanos em favelas: o caso do Complexo do Alemão no Rio de Janeiro
JEAN LEGROUX ; Ana Lucia Britto ; Pablo Benetti
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O artigo visa analisar a mobilidade dos habitantes de favelas e os efeitos de projetos urbanos nestes espaços, a partir do caso do Complexo do Alemão no Rio de Janeiro. A mobilidade dos moradores de favelas é um desafio, tanto pelo abandono histórico do Estado em termos de serviços urbanos, como pela morfologia e topografia destes territórios, marcados por uma alta densidade, autoconstrução de moradias e uma trama viária muitas vezes feita de ruas estreitas, becos, vielas e escadarias. Primeiramente, a mobilidade é abordada do ponto de vista conceitual e geral para logo focar-se nas especificidades da mobilidade dos habitantes de favelas do Rio de Janeiro. Em um segundo tempo, abordamos políticas públicas em favelas (Favela-Bairro e PAC) no Rio de Janeiro. Em um terceiro tempo, o teleférico do Complexo do Alemão, da sua conceição até a sua paralisação, é analisado. A quarta parte visa apresentar, em primeira mão, os resultados da pesquisa “Mobilidade e Saneamento no morro do Alemão”, coordenada pelos autores, que foi realizada em 380 domicílios com amostragem representativa em 4 setores censitários (do Censo Domiciliar do IBGE, 2010) do morro do Alemão.

A utopia experimental da centralidade renovada: Experiências em três cooperativas habitacionais latino americanas
João Paulo Oliveira Huguenin
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Este artigo busca analisar a possibilidade utópica da centralidade renovada a partir do uso habitacional. Para isso, construímos a noção da utopia do Direito à Cidade de acordo com Henri Lefebvre (2001) que nos diz que o conceito passa por uma retomada da cidade a partir da construção de um espaço diferencial, onde o valor de uso se sobreponha ao valor de troca. Observando uma urbanização desurbanizante e desurbanizada, verificamos em grandes cidades um processo de formação de vazios urbanos que favorece sua retenção especulativa. Muitos desses vazios ocorrem em áreas desfuncionalizadas que contém importante patrimônio edificado para a memória da cidade. Reconhecendo os vazios como oportunidade para a criação de uma nova cidade (BORDE, 2006), buscamos verificar a ação de movimentos de luta pela moradia no contexto latino americano a partir de três cooperativas habitacionais: COVICIVI (Montevidéu- URY), El Molino (Buenos Aires- ARG) e Ocupação Mariana Crioula (Rio de Janeiro- BRA).

A cidade enquanto possibilidade
Joísa Maria Barroso Avenida Ministro José Américo
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O presente artigo tem por objetivo analisar a cidade enquanto possibilidade de ser o espaço da materialização de uma utopia, de um projeto alternativo de moradia digna para o trabalhador pobre em países latinos marcados por altos índices de subdesenvolvimento, desigualdade social, segregação e violência. A proposta é discutir a cidade enquanto mediação do local e do global, analisando para tanto o contexto da implantação de um projeto de moradia promovido por movimentos sociais organizados através do cooperativismo autogestionário, aqui representado pelo caso do Conjunto Paulo Freire no bairro Cidade Tiradentes em São Paulo. Essa análise será composta pela discussão teórica sobre o pensamento utópico na produção do espaço urbano e pelo breve entendimento do que foi a urbanização de São Paulo, a conformação de sua periferia e dentro desta, do distrito de Cidade Tiradentes, o lugar dos conjuntos habitacionais no município.

REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA E CONFLITOS FUNDIÁRIOS URBANOS NO MUNICÍPIO DE VALPARAÍSO GO
Jorge Lucien Munchen Martins ; Benny Schavsberg
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Este trabalho trata da regularização fundiária e dos conflitos fundiários urbanos, no município de Valparaíso, na microrregião do Entorno Sul do DF. O objetivo central desta pesquisa foi o de compreender em que medida o modelo de crescimento urbano observado naquela região, pautada na expansão horizontal e na dinâmica de mercado imobiliário, com uma base fundiária precária e irregular, contribui com a proliferação de assentamentos subnormais e com a irregularidade fundiária, amplificando os conflitos fundiários urbanos. Assim, a hipótese central desta pesquisa é de que a irregularidade fundiária é foco potencial de conflitos fundiários urbanos. Se de fato os assentamentos irregulares são foco de conflitos urbanos, sua solução deve ser enfrentada para além das políticas setoriais, mas deve reconhecer a questão fundiária, ou seja, o acesso à terra legalizada, urbanizada e bem acessível como elemento primordial na constituição de cidades mais justas e socialmente equilibradas.

CONFLITOS FUNDIÁRIOS URBANOS
Jorge Lucien Munchen Martins ; Benny Schavsberg
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Este trabalho pretende, como enfoque teórico-conceitual, algumas definições e conceitos acerca da temática dos conflitos urbanos. A segregação é decorrente do mapa da desigualdade territorial e, grosso modo, é o foco de conflitos. No Brasil, os conflitos fundiários urbanos seguem sendo um tema isolado e invisível nas políticas governamentais. A Resolução Recomendada n° 87 de 08/12/2009 do Conselho das Cidades é o principal normativo legal que norteia as atividades de mediação e prevenção de conflitos fundiários urbanos. As políticas públicas e os normativos legais tratam os conflitos urbanos pelo viés dos direitos humanos, onde prevalecem os conceitos de direito à moradia e direito à cidade. As legislações, em todas as esferas, desde a internacional até as locais, preconizam a não violação de direitos fundamentais, inclusive em situações extremas como nos casos de reintegração de posse.

OCUPANDO O CENTRO DE BELO HORIZONTE - Locação Social como alternativa para garantir o direito à cidade
Júlia Candelária Dias Batista ; Lygia Araújo Barbosa Lott ; Mariana Cristina Fernandes Pinto ; Artur Freixedas Colito
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É notável no Brasil a histórica dificuldade na concretização de moradias para grandes segmentos da população, especialmente nos contextos urbanos em que vive a maioria dos brasileiros. Numa conjuntura de periferização desses sujeitos, a atual crise política e fiscal prejudica muitas demandas e sujeita tais interesses a uma lógica de especulação financeira. Dentre os grupos de sujeitos afetados por essa governamentalidade estão os estudantes do Centro de Belo Horizonte, prejudicados em seu acesso à educação. Frente a este cenário, o presente artigo explora as possibilidades de aplicação do modelo de locação social para esses estudantes, bem como seus desafios.

O “HABITAR” NA PRODUÇÃO HABITACIONAL EM MASSA: O Direito à Moradia Adequada e o Programa Minha Casa Minha Vida - Entidades
Laís Calheiros Ferreira da Silva ; Luanne de Andrade Brandão ; Débora de Barros Cavalcanti Fonseca.
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O Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) representa nos últimos anos a principal iniciativa tomada pelo Governo Federal para combater o déficit habitacional no país, porém apresenta diversos problemas em sua aplicação. O objetivo deste trabalho é identificar quais problemas são estes e pontuar algumas ações paliativas que podem ser adotadas para superá-los, sem ignorar a necessidade de reformulação do programa. Para isto, será apresentado o que determina o direito à moradia adequada e como funciona o programa, para depois ser analisado como os aspectos do direito são empregados no PMCV - Entidades. Por fim, serão apresentadas algumas possíveis soluções que podem ser usadas para tornar sua aplicabilidade mais eficiente.

Deslocamentos habitacionais e produção do espaço urbano: Uma análise exploratória no extremo sul de São Paulo
Larissa de Alcantara Viana
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Esse artigo está estruturada em torno dos deslocamentos habitacionais, cotidiano e produção do espaço urbano, que se propõe a discutir a cidade para além da visão dicotômica centro-periferia, por compreender que a cidade, no caso específico, São Paulo, tem passado por uma transformação que configura uma diversidade socioeconômica nas chamadas áreas periféricas, onde essas se aproximam cada vez mais das áreas onde o imobiliário investe voltado à classe média. Entende-se que a noção de produção do espaço precisa ser compreendida à luz da prática concreta. Assim, com base em um estudo de caso desenvolvido na ocupação Jardim da União, no extremo sul da cidade, a partir de aproximação etnográfica através do acompanhamento de uma importante personagem na organização dessa luta, tem-se um cenário que reflete a história da chamada “urbanização por expansão periférica”, como destaca Telles e Cabanes (2006, p. 17), onde desenrolam-se diferentes histórias e trajetórias de distintos personagens.

Segregação Racial: O lugar do negro em Porto Alegre/RS - O bairro Rubem Berta
Leticia Xavier Corrêa ; Adalberto da Rocha Heck
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A segregação socioeconômica e racial no Brasil remonta ao passado escravocrata e, ainda nos dias de hoje, revela-se em diversas situações. Sendo assim, neste trabalho se buscou compreender os efeitos socioeconômicos decorrentes desta segregação. Este estudo de caso foi realizado para a cidade de Porto Alegre/RS, selecionando o bairro Rubem Berta como recorte de estudo, por meio da aplicação do Índice de Dissimilaridade. Foram selecionados três indicadores socioeconômicos que possibilitam a comparação entre os negros moradores do Rubem Berta e os dados gerais dos negros de Porto Alegre/RS. De uma forma geral, os negros do bairro apresentam taxas piores que a média dos negros de Porto Alegre/RS. Através deste estudo, foi possível perceber que ainda hoje existem grandes desigualdades sociais decorrentes do componente racial. Os dados demonstram, ainda, que o fato de viver segregado pode ser prejudicial, principalmente quando observado em grupos de menor renda, como no caso em questão.

BAIRRO-OCUPAÇÃO: um estudo sobre estigma territorial no processo de luta por apropriação do espaço
Luiz Henrique Prado Campos
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Este artigo busca elucidar as relações sociais estabelecidas entre os moradores da Ocupação Urbana Izidora e o bairro vizinho Londrina, localizado na cidade de Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Através de observações sistemáticas de campo em espaços frequentados no bairro por ambos os moradores – como escolas e postos de saúde – bem como pela realização de entrevistas com os moradores do bairro, a fim de reconstituir a história de formação do bairro Londrina e compreender a percepção de seus habitantes a respeito da Ocupação Izidora. Discuto a similaridade identificada no processo de formação do bairro e da Ocupação, ambos marcados pela trajetória de luta de seus moradores. Por fim, analiso o processo de estigmatização territorial em curso sobre os moradores de Izidora.

A produção do espaço e a construção da habitabilidade em duas formas de moradia popular
Maira Machado Martins ; Carolina de Carvalho Gamboa Trotta
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A noção de habitar refere-se a uma relação especial que temos com o mundo. O espaço habitado não se limita, portanto, à dimensão da moradia, mas a qualquer espaço que possa ser apropriado, seja ele público ou privado, resultando em uma ação que, no tempo, é capaz de transformar o espaço em lugar, impregnando-o de sentido e valor. O propósito deste artigo é compreender de que forma esta relação ocorre na dimensão da moradia, especificamente na moradia popular. Neste artigo buscamos apontar de que formas o espaço habitado é construído em dois casos de moradia popular: o conjunto Ismael Silva Zé-Keti, localizado no bairro Estácio, e o “condomínio popular” Monte Castelo, localizado no bairro de Ramos, ambos no Rio de Janeiro. Parte-se da hipótese de que um dos aspectos essenciais ao habitar é o engajamento do indivíduo na construção do espaço habitado, ou seja, no processo gradual de apropriação do espaço e na sua consequente transformação em lugar.

PRIVATE PROPERTY RIGHTS OR RIGHTEOUSNESS OF PRIVATE PROPERTY? Property rights regulation and the fight for the right to housing in the Center of São Paulo
Maria Clara Maciel Silva Bois
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Over the past thirty years, Brazil has developed a unique urban-legal infrastructure to implement the urban reform. In this paper, I argue that there is a disconnect between the rulings over property conflict and the urban law. Courts have prioritized the use of the 2002 Civil Code as the guiding legislation to rule on land conflicts disputes between private parties. In doing so, courts reinforce the primacy of the private over the public. More importantly, they corroborate with a sense of property-ownership “rightness”, that is, the perception that property ownership is ultimately connected to the rightness of a certain individual character.

O bairro dentro do bairro e a maquiagem da pobreza: um olhar sobre olhar sobre a produção e a apropriação do espaço urbano em Arapiraca/AL
Maria Ester Ferreira da Silva Viegas ; Allan Higor de Oliveira Barbosa ; Sarah Farias Silva ; Henrique dos Santos Silva
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O presente artigo traz uma discussão sobre a Comunidade Cabaré Velho em Arapiraca. Sob a ótica da análise espacial, busca a compreensão das relações existentes entre o lugar e o seu entorno, dialogando com os contrastes sociais e econômicos na escala do bairro. A fragmentação do tecido urbano e de seus bairros coopera para a criação e a manutenção dos privilégios de acesso e uso por parte de uma pequena parcela de seus habitantes. O Cabaré Velho se inclui na lógica do “longe” e “perto”, de “dentro” e “fora” simultaneamente, onde os moradores do lugar não se sentem “acolhidos” ou pertencentes ao bairro.

FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE X INSTRUMENTOS DE ORDENAMENTO URBANO: Breves reflexões
Mariana de Vasconcelos Pinheiro Beserra
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A Função Social da Propriedade, garantia prevista na Carta Magna de 1988, vem sendo amplamente discutida na realidade brasileira. Neste sentido, foram elaborados para fins de regulamentação da Política Urbana brasileira, instrumentos normativos a destacar: a Lei Federal 10.257/01 - Estatuto da Cidade e as orientações normativas relacionadas à elaboração dos Planos Diretores das cidades. Percebe-se que a aplicabilidade de normas urbanísticas é de suma importância na minimização das divergências sociais originadas pela lógica do mercado, hoje tão relacionada à propriedade urbana, sinônimo de fonte de renda e, sobretudo de reprodução do capital. Este artigo, pautado na pesquisa bibliográfica e legislativa, busca refletir acerca da importância dos instrumentos de ordenamento urbano existentes a fim de garantir a manutenção da Função Social da Propriedade, além de reiterar a importância do Município na legislação e fiscalização em prol do reordenamento urbano fundamentado na justiça social e no direito à cidade.

Abolição: da segregação à valorização do maior conjunto habitacional da Cohab/RN
Mariana Fernandes Freitas ; Flávia Duarte de Oliveira Cruz
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O Conjunto Abolição, maior produto da Cohab do Rio Grande do Norte, com 3.516 casas, foi construído durante os anos de 1970 a 1983, inicialmente em áreas periféricas na cidade de Mossoró/RN. Ao longo dos anos de ocupação, novas estruturas de comércio e serviços foram integradas ao conjunto, passando a ter uma nova configuração. Este artigo objetiva analisar as transformações ocorridas no Abolição, considerando sua inserção urbana e influência no contexto da dinâmica atual da cidade. A pesquisa consiste de consulta documental; digitalização e espacialização do partido urbanístico do conjunto; mapeamento de uso do solo e sistematização das informações em softwares do SIG. Por meio de comparações do Partido Urbanístico com a análise do uso do solo é possível notar as mudanças ocorridas na área. O conjunto encontra-se atualmente integrado ao tecido urbano de Mossoró e apresenta mudanças consideráveis nos padrões de uso e ocupação dos imóveis, não se restringindo ao uso residencial.

GENTRIFICAÇÃO E MORADIA: um estudo sobre a elitização de espaços urbanos e o exemplo do Grande Pirambu em Fortaleza
Marina Guerra Diogenes
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Entende-se que o “direito à cidade” vai além dos benefícios da urbanização e considera a participação nos processos de transformação da cidade como essenciais para um desenvolvimento inclusivo. Porém o que acontece na prática é a expulsão da população pobre de áreas valorizadas e com infraestrutura, mesmo havendo imóveis subutilizados que poderiam atender as necessidades desse público. Isso pode ser observado no Centro de Fortaleza, que tem grande fluxo comercial e oportunidades de emprego, mas é cheio de vazios urbanos que poderiam ser usados para habitação. Assim, o Grande Pirambu surgiu como ocupação pobre e precária compondo a região litorânea da capital, próxima do centro. Mesmo com a forte ação popular, continua sendo carente da atenção do poder público e um local de disputa por moradia, principalmente com a implantação de projetos viários. Acredita-se que existe um processo de gentrificação ocorrendo na região devido a esses projetos e pressionando moradores a saírem da área.

DISCURSO SUSTENTÁVEL E A PRÁTICA DE REMANEJAMENTO Estudo de caso em intervenção habitacional do Plano de Aceleração do Crescimento em Belém (PA)
Marlon D'Oliveira Castro
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Remanejamentos urbanos têm sido as práticas mais comuns para reduzir a quantidade de assentamentos precários vulneráveis do ponto de vista socioambiental na Região Metropolitana de Belém (RMB) nas últimas décadas, mas seus resultados e efetividade ainda são discutíveis. Este artigo procura analisar as interpretações discursivas e aproximações ao conceito de sustentabilidade urbana em uma intervenção de habitação de interesse social oriunda do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) em Belém (PA), a partir do Projeto de Trabalho Técnico Social (PTTS), visando estabelecer nexos de sustentabilidade entre a população atendida pelo Programa durante a realização das obras da intervenção – o Projeto Taboquinha, localizado no distrito de Icoaraci. Foi utilizada pesquisa qualitativa a partir dos projetos técnicos, documentos, além de entrevistas semiestruturadas com técnicos elaboradores e executores. Percebe-se que em relação à sustentabilidade, tomando por base a categoria lazer, foco do estudo, o Projeto reproduz espaços sem relação com as vivências materiais e substantivas dos sujeitos atendidos, desconsiderando suas necessidades e práticas cotidianas.

DIREITO À CIDADE E BEM VIVER NA CIDADANIA DIGITAL - Reconstrução do imaginário social e da vida cotidiana
NORBERTO MILTON PAIVA KNEBEL ; JORGE ALBERTO DE MACEDO ACOSTA JUNIOR
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O objetivo é a reflexão sobre a transformação da vida cotidiana, candente ao Direito à Cidade, pelo pensamento do bem viver, porém, atento ao contexto da sociedade informacional. O método é da revisão bibliográfica sob abordagem dialética, que ainda em andamento indica para resultados parciais, como a ética do bem viver servir como revolução da cotidianidade e do imaginário utópico - tendo a oportunidade de ampliação em redes pela cidadania digital.

Cidadania, Participação e Sociedade Civil no campo do urbano: Processo de transformação social ou “responsabilidade social” da urbanização neoliberal?
NUNO ANDRE VASCONCELOS FIGUEIREDO PATRICIO
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Da redemocratização brasileira emergiu uma agenda no campo do urbano que acionava os termos “Sociedade Cívil, Cidadania e Participação” como modo de urbanização contra-hegemônico. Articulando teorias de renovação democrática com as teorias do direito à cidade defendia-se uma maior participação das populações marginalizadas dos processos de gestão urbana. Nas últimas três décadas houve uma explosão de agendas que elevaram o protagonismo da “Sociedade Cívil” na produção do espaço. A sua transferência internacional se deu primeiro para América Latina, depois através de agencias internacionais progressivamente exportando primeiro para o Sul da Europa e depois globalmente. Este processo de adesão e difusão resultou de uma confluência perversa entre os projetos políticos defensores de uma real transformação social e o projeto neoliberalizante do capitalismo atual. O artigo pretende debater as tendências recentes e contraditórias de massificação, declínio e deslocamento de sentido no processo de circulação. Propõem-se uma pesquisa sobre a circulação tanto de modelos de políticas públicas, quanto de noções urbanas emergentes. Neste processo de circulação, a agenda estaria sendo esvaziada de seu sentido político e transformada em “tecnicalidade neutra” como forma de conservar, legitimar e expandir o modo de urbanização hegemônico.

PANORAMA DO PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA – ENTIDADES: BRASIL, PARÁ E BELÉM
PATRICIA DE MACEDO SILVA DOS REIS ; SIMAIA DO SOCORRO SALES DAS MERCES
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Em 2009, foi criado o Programa Minha Casa, Minha Vida – Entidades (PMCMV-E), uma das modalidades do Programa Minha Casa, Minha Vida, para contemplar a autogestão habitacional, um modelo de provisão de moradias cujos indivíduos organizados de forma associativa são os responsáveis pelo controle e a gestão de todas as etapas do processo de produção habitacional (MINEIRO; RODRIGUES, 2012). Neste artigo, apresenta-se a análise do desempenho do PMCMV-E nacionalmente, no estado do Pará e no município de Belém, além de alguns fatores que favoreceram a contratação do único empreendimento contratado pelo programa no município. Como resultado, pôde-se observar que o baixo desempenho do PMCMV-E em Belém se insere em um contexto nacional de baixo desempenho do programa e que a contratação do único empreendimento do município foi possível devido a características relativas à Entidade Organizadora e ao movimento social ao qual estava vinculada.

O Sujeito Zona Norte. A trajetória da Produção Habitacional em São José do Rio Preto/SP, a organização socioespacial do território e a criação de um sujeito
Poliana Risso da Silva ; Carolina Maria Pozzi de Castro ; Eduardo Meireles
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Este artigo parte da leitura da trajetória percorrida pelo município de São José do Rio Preto, no âmbito da produção habitacional de interesse social. Busca-se aqui, analisar a organização socioespacial do território resultante deste processo e refletir sobre a contribuição deste ordenamento na construção do sujeito. O entendimento é o de que a polarização Sul rico - Norte pobre, contribuiu para a construção de um dispositivo que impacta de maneira importante na condição econômica e social do município. Para esta análise, como fundamentação, contou-se com literatura específica sobre os conceitos de dispositivo e sujeito, também sobre segregação socioespacial e inserção urbana. E, para a leitura do objeto, reuniu-se trabalhos a respeito da temática: planejamento urbano e habitação social, dados disponibilizados pelo município e IBGE, e reportagens de jornal. O retrato identificado é de um dispositivo de grande potência, criador do sujeito Zona Norte, que é fruto de uma condição permanente de vulnerabilidade.

Housing Practice and Urban Production at the formal-informal interface: the case of Dar es Salaam in Tanzania
Priscila Izar ; Nathalie Jean-Baptiste
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This paper challenges policy discourse prioritizing formalization and regularization of housing and urban settlements and proposes that policy-driven transformation grounded on actually existing local systems and practices is more likely to facilitate inclusive urban production processes and cities. We frame urban production as occurring within locally established formal-informal interfaces in order to investigate on the ground practices associated to provision, permanence and adaptation to fast change. Focus is in the Makumbusho-Tandale wards of the Kinondoni district, in the city of Dar es Salaam, Tanzania, East Africa’s largest and most populous country, and where informality is a defining feature. In Dar es Salaam, about seventy percent of urban production occurs in unplanned areas. We present the initial elements of a typology of housing and urban production and practice in the area that draws from grounded analysis, and put forward an agenda for future research.

A MEDIDA PROVISÓRIA 759/2016 E O NOVO PARADIGMA DA POLÍTICA DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA NACIONAL: A IMPOSIÇÃO INSTITUCIONAL DO MODELO CAPITALISTA FINANCEIRIZADO OCULTADA PELA PROMESSA DE DINAMIZAÇÃO PROCEDIMENTAL
Rafael De Sordi Zanola ; Julia Navarro Perioto ; André Simionato Castro ; Ricardo de Pádua Salles
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Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 o aperfeiçoamento da elaboração, compreensão e aplicação da legislação federal atinente à regularização fundiária implementou-se com base nas diretrizes da política urbana estabelecidas no Estatuto da Cidade, conduzindo a política de regularização fundiária à oferta ao direito à cidade à população atingida. A edição da Medida Provisória 459/2009, transformada na Lei federal nº 11.977/09, teve a importante missão de cobrir a lacuna na legislação brasileira sobre a matéria da regularização fundiária. Com uma conceituação ampla, a regularização fundiária plena passou a ser entendida como o conjunto de medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais capazes de garantir o direito social à moradia, o pleno desenvolvimento das funções sociais da propriedade urbana e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. No entanto, a alteração das instituições, aqui entendidas como os arranjos relacionais de atores (CLEAVER, 2012), na esfera do Poder Executivo Federal no ano de 2016 implicou também na moldagem da legislação para a modificação do objetivo final do papel da política de regularização fundiária, passando esta a ser vista prioritariamente como um meio de obtenção de título de propriedade pela população pobre para a facilitação ao acesso ao mercado financeiro mediante a garantia do bem imóvel titulado. O presente artigo se propõe a entrelaçar o movimento global de direcionamento da economia ao capitalismo financeirizado e a recente alteração do marco normativo nacional de regularização fundiária, tendo como foco a ação do Estado Brasileiro na alteração de abordagem relativa à política de regularização fundiária.

REFLEXÕES ACERCA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ACESSIBILIDADE - Uma análise histórica
Raquel Pessoa Morano ; Zilsa Maria Pinto Santiago
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A proposta do presente artigo é discutir os múltiplos desafios da acessibilidade acerca das políticas públicas. A ideia principal a ser explorada aqui é a da necessidade de discutir sobre a importância da inclusão no espaço público e contribuir para o debate acerca das políticas públicas relacionadas à “acessibilidade universal”. Para isto, foi necessário conceituar os termos “acessibilidade”, “desenho universal” e “acessibilidade universal” e fazer um histórico da normatização que inclui o direito de acesso às pessoas com mobilidade reduzida e pessoas com deficiências físicas, motoras e sensoriais, bem como abordar discursos técnicos e científicos. A estrutura da análise proposta aconteceu em quatro etapas: apresentação histórica conceitual acerca da acessibilidade e desenho universal; apresentação de documentos relativos aos movimentos sociais que articulam mais de 50 países; seguido dos primeiros aportes normativos sobre a acessibilidade surgidos no século XX; foi realizada uma reflexão em torno das políticas públicas, por fim, foram expostas as considerações finais.

TERMO TERRITORIAL COLETIVO: INSTRUMENTO DE “COSTURA” ENTRE O PLANEJAMENTO URBANO E O DIREITO EM PROL DO INCREMENTO DA SEGURANÇA DA POSSE
Renata Cristina do Nascimento Antao ; Tarcyla Ribeiro Fidalgo
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O recente cenário de megaeventos esportivos, inflexão neoliberal e novo marco de regularização fundiária fundamentam preocupações quanto à segurança da posse nas cidades brasileiras. Os atuais instrumentos jurídicos têm se revelado insuficientes para a tarefa de garantir o direito à moradia e à cidade, especialmente dos mais pobres. Neste contexto, o trabalho busca, a partir da observação e análise da experiência internacional dos Community Land Trusts, à luz da legislação brasileira, avaliar a capacidade do modelo para subverter o caráter absoluto e privatista da propriedade, bem como empoderar comunidades por meio de processos de conhecimento e gestão territorial autônomos. A hipótese discutida é de que os CLTs se apresentam como uma ferramenta de "costura" entre diversos interesses e instrumentos, especialmente das áreas do direito e do planejamento, em prol da construção de um modelo emancipatório, capaz de atender de forma mais eficaz aos anseios de populações vulnerabilizadas.

(I)MOBILIDADE URBANA E TEMPO NO CONTEXTO DA HABITAÇÃO POPULAR – DA VILA PAROLIN AO BAIRRO GANCHINHO, CURITIBA, PARANÁ
ROBERTA GIRALDI ROMANO ; CARLOS ALBERTO CIOCE SAMPAIO ; CRISTINA DE ARAÚJO LIMA
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Este artigo busca analisar as dinâmicas de (i)mobilidade urbana e tempo no contexto da habitação popular, com foco em locais de reassentamento de população de baixa renda, contribuindo para o aprofundamento da discussão das questões socioambientais urbanas. Desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa, utilizando revisão integrativa da literatura, entrevista e observação direta intensiva como técnicas de coleta de dados. O problema concreto do estudo de caso é o Residencial Parque Iguaçu III, localizado no bairro Ganchinho, em Curitiba – Paraná, onde foram reassentadas famílias oriundas da Vila Parolin, ocupação irregular em área de vulnerabilidade socioambiental. Concluiu-se que as condições de mobilidade urbana no contexto de habitação popular não permitem uma real condição de urbanidade, relegando aos moradores uma condição subalterna no âmbito do direito à cidade, devido à dificuldade de acesso aos bens, serviços e equipamentos para o desenvolvimento individual e coletivo, limitando o tempo e a capacidade de realização destes indivíduos.

Envelhecer, Habitar, e o Planejar? Avaliação de Impacto à Saúde na Vila dos Idosos
Rodrigo Cardoso Bonicenha ; Danilo Lima Zillig
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O envelhecimento populacional é um fenômeno que as cidades brasileiras, suas gestões e nós planejadores, precisamos assimilar. Aqui é apresentado em três dimensões complementares: a demográfica, a da longevidade e a do habitar. Como fenômeno multidimensional e multidisciplinar, demanda novas formas de apreensão, portanto, optou-se pela realização de uma Avaliação de Impacto à Saúde para que possíveis nexos e relações entre a habitação e saúde e qualidade de vida fossem identificados, delineados e avaliados. A Vila dos Idosos é um conjunto habitacional parte do Programa Municipal de Locação Social da Prefeitura de São Paulo com 145 Unidades Habitacionais aproximadamente. Além da apresentação da AIS e da Vila dos Idosos, o trabalho busca ilustrar possíveis efeitos à saúde (positivos e negativos, antecipados ou não) deste conjunto habitacional com base em aportes e contribuições de informantes-chave.

PRODUÇÃO DO ESPAÇO: CIDADE,HABITAÇÃO, DESIGUALDADE E DIREITO À CIDADE
ROSA MARIA CORTÊS DE LIMA ; JORGE VINÍCIOS SILVA GONDIM ; MARIA MAGALY COLARES DE MOURA ALENCAR ; ALINE DE SOUZA SOUTO
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Este artigo objetiva discutir a produção do espaço, as conexões com a cidade, a habitação e a desigualdade socioespacial, tendo como base empírica o Recife, cidade polo da Região Metropolitana do Recife (RMR), Pernambuco. A apropriação desigual da terra, a sua concentração por classes sociais abastadas corporificou processos de ocupação desigual do território, converteu esse urbano em constantes disputas. A produção do espaço (LEFEBVRE, 1991; 2002) conecta processo de reprodução das relações sociais na apropriação do espaço, gera acumulação do capital (HARVEY, 2004; 2006; 2012), em detrimento das necessidades da população pobre exposta a vulnerabilidades das condições de vida, das necessidades habitacionais e desvela fraturas da pobreza e das desigualdades socioespaciais e econômicas. A provisão da habitação, pelo Estado, tem sido insuficiente para responder as necessidades habitacionais. A investigação tem pilares na pesquisa quantitativa e qualitativa, utiliza fontes bibliográficas, documentais, visitas de campo, consultas a fontes oficiais.

Moradia dos mais pobres e o Programa Minha Casa Minha Vida: Um estudo sobre Maceió, Alagoas.
Tainá Silva Melo
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Os assentamentos humanos precários que se multiplicam nos interstícios da “cidade formal” são os reflexos físico-territoriais da dimensão da pobreza brasileira. O crescimento desses assentamentos atesta que as políticas de promoção de Habitação de Interesse Social (HIS) não estão conseguindo atender às necessidades das famílias mais pobres. O Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), lançado em 2009, tem como objetivo melhorar o acesso à moradia para famílias com renda mensal de até 10 salários mínimos e constitui a principal ação da política habitacional brasileira. O presente artigo questiona o papel desse Programa no acesso à moradia digna da população mais pobre, tendo como objeto empírico, os empreendimentos habitacionais contratados pelo PMCMV para a cidade de Maceió, capital de Alagoas, na Região Nordeste do Brasil. Os resultados apontam que o acesso à habitação por meio do PMCMV não tem representado, necessariamente, a inclusão dos mais pobres nos benefícios da cidade.

A CONSTRUÇÃO INSTITUCIONAL DO DIREITO À MORADIA EM FORTALEZA DE 1812 À 1972
Thaís Oliveira Ponte
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O tema desse trabalho é o direito à moradia digna no planejamento urbano da cidade de Fortaleza. Ao longo do tempo, a moradia torna-se tema central para o processo de pensar e planejar a cidade, tendo repercussão considerável sobre o arcabouço normativo que regulamenta os conflitos de interesse em torno da construção do espaço urbano. A moradia vai, então, se transformando em objeto de direito positivo e passa a contar com proteção cada vez mais abrangente nas ordens jurídicas nacional e internacional. O conteúdo do conceito de moradia também evolui, de modo que hoje a noção de moradia adequada não se resume àquela de abrigo físico. A análise da construção do direito à moradia foi realizada através da análise das plantas e dos planos diretores propostos para a capital do Ceará, em um recorte temporal que vai de 1812 até 1972, ano de elaboração de primeiro plano de abrangência metropolitano. Enfocamos de maneira especial o papel cumprido nesse processo pelo Estado, sobretudo no âmbito da instância normativa. A noção de “construção” é tratada aqui como um processo histórico que ao longo do tempo foi ganhando especificidade nos planos que têm influência direta na organização do espaço de morar da cidade. Assim como o direito à moradia deve ser tratado como uma construção, o processo de planejamento e seus instrumentos, como as plantas e os planos diretores, também são tratados aqui como construções que possuem uma certa temporalidade e interferem de maneiras diferentes no espaço. As primeiras práticas de planejamento urbano consideradas neste trabalho estão representadas pelas plantas de ordenamento e de expansão que correspondem ao período de 1812 (quando da elaboração da primeira planta) a 1930 (quando da elaboração do último código de obras e posturas). Posteriormente se analise os planos elaborados até 1972, quando da concepção do Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Fortaleza.

Alternativas à propriedade privada individual: Potencia para efetivação do acesso à moradia e o direito à cidade
Ulisses Demarchi Silva Terra
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Os dois momentos de maior provisão habitacional estatal da história brasileira possuem como características comuns a profusão da propriedade privada como solução habitacional para população de baixa renda e a centralização da gestão da política pública em instituições bancárias. Formas de acesso à moradia alternativas a propriedade privada individual revelam potencialidades de resistência a lógica do “produto habitacional” difundida pelo Banco Mundial desde o início da década de 1990. Se estas potencialidades irão se concretizar em avanços no acesso à moradia e nas conquistas sobre o direito à cidade ou se irão sucumbir ante a dinâmicas locais e globais onde o território é utilizado para o rentismo das elites e para expansão de um mercado imobiliário que computa ativos de centenas de trilhões de dólares, é a questão que este artigo busca suscitar.

EU NÃO TENHO ONDE MORAR Um estudo sobre a população em situação de rua da cidade de Natal-RN
Verônica Maria Fernandes de Lima ; Isadora Maria Ferreira de Lima ; Viviane Gomes Medeiros ; Edja Bezerra Faria Trigueiro
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Diante do crescimento da população em situação de rua em Natal, o Ministério Público solicitou à Secretaria Municipal de Habitação, Regularização Fundiária e Projetos Estruturantes (SEHARPE) uma resposta para a problemática da habitação. Foi criada uma comissão dentro do Conselho de Habitação de Interesse Social - CONHABINS para estudar o tema e propor soluções. O artigo apresenta os resultados preliminares dos estudos sobre essa população na cidade. A partir do entendimento que a população em situação de rua, é uma consequência da desigualdade social, o artigo foi estruturado da seguinte maneira: 1. Apresenta-se uma discussão conceitual; 2. São descritas as características dessa população em Natal; 3. Faz-se um breve panorama do processo de organização do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR); e 4. Sugere-se soluções para a questão da moradia a partir da discussão com o núcleo local do MNPR; apresenta-se alguns encaminhamentos para a continuidade da discussão.

Sertão cigano, o caso de Sousa-PB: Percepções da realidade socioespacial dos Calon após três décadas de sedentarização.
Vitória Raíssa Ferreira Mangueira ; Antonio Carlos Leite Barbosa
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O presente trabalho resulta da crítica aos atuais casos de violação dos direitos dos ciganos enquanto minoria, tendo como objeto de estudo o grupo Calon, etnia que compõe o Rancho dos Ciganos na cidade de Sousa-PB, sobretudo durante o período pós-nomadismo. Pretende-se compreender os processos que levaram a construção de uma estigmatização socioterritorial por parte da população sousense quanto ao Rancho dos Ciganos, principalmente no que diz respeito a parcela conhecida como Rancho de Baixo. Atualmente, após mais de trinta anos de sedentarização, evidencia-se que os ciganos em questão enfrentam uma série de situações emergenciais, que se configuram desde o esfriamento de suas práticas identitárias até a segregação dos mesmos do núcleo urbano. Diante desse quadro, será apontada como resultado a escassez de ações políticas que protejam os ciganos, ressaltando a importância de incorporá-los à vida na cidade.

ANÁLISE DO DESENHO, PROJETO E PRODUÇÃO DE EMPREENDIMENTOS DO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA NA PARAÍBA: UM CASO EM JOÃO PESSOA-PB.
Viviane Ramos de Azevêdo ; Lívia Izabel Bezerra de Miranda
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O presente artigo é resultado da Pesquisa de Iniciação Científica que tem por objetivo analisar o desenho, projeto e produção dos empreendimentos habitacionais Solar das Mangueiras e Morada dos Hibiscos inseridos no âmbito do programa Minha Casa Minha vida (MCMV) na cidade de João Pessoa-PB. O foco do trabalho esteve direcionado à qualidade do ambiente construído por meio de análises das variáveis arquitetônicas e urbanísticas, e das impressões dos moradores sobre o empreendimento. Foi utilizado um conjunto de métodos para desenvolver as análises, e como principal referência baseou-se nas diretrizes da Pesquisa Nacional: “Minha Casa... e a Cidade? - Avaliação do Programa Minha Casa Minha Vida em Seis Estados Brasileiros” (AMORE, C. S.; SHIMBO, L.; RUFINO, M. B., 2015), desenvolvida pela Rede Cidade e Moradia e pelo INCT Observatório das Metrópoles na aplicação de parâmetros de avaliação da qualidade urbanística e arquitetônica dos empreendimentos. Com os resultados dos questionários foi possível constatar que apesar dos problemas identificados de dimensionamento mínimo dos cômodos, padronização das tipologias, áreas livres residuais e o não atentar a variedade da configuração familiar, a maioria dos entrevistados consideraram suas habitações como boas e ótimas e responderam que preferem morar na moradia atual.

A construção do conceito de direito à cidade: uma proposta reflexiva
Wilson Levy Braga da Silva Neto
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O direito à cidade é um dos temas mais palpitantes da contemporaneidade. Para além de sua força semântica, importante para articular movimentos sociais que lutam por uma urbanização mais justa, é necessário definir parâmetros conceituais mínimos, que mantenham seu conteúdo, inclusive, alinhado com os elementos informadores que o constituem, de forma interdisciplinar, desde a obra homônima de Henri Lefebvre. Este é o objetivo deste trabalho, que buscará trabalhar os pressupostos conceituais do direito à cidade. A metodologia adotada é a pesquisa bibliográfica, baseada em textos de Lefebvre e de autores e comentadores da Teoria Crítica da Escola de Frankfurt, com ênfase em Jürgen Habermas. Espera-se como resultado colaborar com o desenvolvimento do conceito de direito à cidade, de modo a fortalecer a sua posição como elemento articulador de um conjunto amplos de direitos.

ST 03 - Abordagens Sobre o Regional, o Territorial e o Rural
ANÁLISE TERRITORIAL DO SETOR AGROPECUÁRIO GOIANO - Censo Agropecuário de 2017
Adriano Silva de Faria ; Guilherme Resende Oliveira
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O estado de Goiás é o quarto maior produtor nacional de grãos, com 9,7% da produção estimada para 2018. Além disso, o estado possuía o segundo maior rebanho bovino do país e a quarta maior produção de leite em 2017. Com base no Censo Agropecuário, este estudo analisa as principais informações fornecidas, apresentando a atual situação dos municípios goianos e, consequentemente, do estado. No geral, em Goiás, houve aumento 12,2% dos estabelecimentos rurais. A população ocupada na zona rural reduziu 12,9%. A taxa de analfabetismo reduziu de 14,2% para 8,2%. Cerca de 21,9% dos produtores receberam assistência técnica. Apenas 14,6% dos estabelecimentos possuem DAPs. Cerca de 14,7% dos produtores declararam possuir financiamento. Os produtores preservam 97% de suas nascentes. O uso de agrotóxicos aumentou em 94%. Houve aumento no número de maquinário nos estabelecimentos rurais. Assim, conclui-se que o estado de Goiás vem aumentando sua produção e se tecnificando no decorrer dos anos.

A REPRODUÇÃO DE DESIGUALDADES REGIONAIS VIA CAPITAL SOCIAL
AIRTON ADELAR MUELLER
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Uma das lentes teóricas usadas para discutir desigualdades regionais tem sido a(s) teoria(s) do capital social, particularmente a abordagem desenvolvida por Robert Putnam. Segundo tal abordagem, trata-se de um ativo intangível oriundo da cultura regional. Há, entretanto, outra vertente investigativa, baseada sobretudo nas reflexões de Pierre Bourdieu que destaca a face individual desse capital. O pertencimento a grupos e redes de relações sociais se constituiria em um recurso com eventuais benefícios a seus integrantes. No presente artigo argumenta-se que não somente a noção de capital social coletivo, mas também a de capital social individual possui valor heurístico para estudos sobre desenvolvimento regional, sobretudo quando se considera as conexões entre movimentos migratórios e desigualdades regionais. Além disso, argumenta-se que ambas as formas de capital social podem contribuir para reproduzir as desigualdades regionais existentes, ou até mesmo para ampliá-las.

Um estudo sobre a aderênca do Project Management for Development Professionals (PMD PRO) a projetos cooperativos de agricultura familiar
Alessandra de Sant'Anna ; Hilder Alberca Velasco ; Dirceu Basso ; Jackson Jose Sales Miranda Junior
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O estudo propõe uma discussão acerca da aderência da metodologia do Project Management for Development Professionals (PMD Pro) aos projetos desenvolvidos no âmbito De cooperativas de agricultura familiar. O cooperativismo brasileiro emerge na década de 1960 influenciado pelo modelo europeu do século XIX que busca, nesta estratégia, uma alternativa de sobrevivência ao avanço do capitalismo e os efeitos negativos gerados por seu aprofundamento. Nos anos 1990 a cooperação vinculada à agricultura familiar emerge como uma via de inclusão social e desenvolvimento das áreas rurais em contraposição ao retorno do pensamento neoclássico, à globalização e à crise que o país atravessa desde os anos 1970. O artigo sintetiza a primeira etapa do projeto, que está em sua segunda fase. Verificou-se que o PMD Pro, por seu caráter participativo, pode qualificar a gestão, contribuir para o fortalecimento dos vínculos entre os associados e potencializar o capital social melhorando o desempenho dessas cooperativas.

Programa Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais (Pronat): análise dos projetos de infraestrutura e serviços do Território Paraná Centro
Alexandre Augusto Ramos de Faria ; Rogério Allon Duenhas
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O Pronat foi criado em 2003 com o propósito de promover melhorias das condições de vida das populações rurais de regiões com altos índices de pobreza. A grande inovação do programa consistia na abordagem territorial de desenvolvimento, que deveria ser pensado de forma intersetorial, multidimensional e participativa. O Pronat disponibiliza recursos federais para implantação de projetos de infraestrutura e serviços, que devem estar alinhados aos eixos estratégicos do plano territorial. O objetivo deste trabalho é analisar os projetos implantados no Território Paraná Centro entre os anos de 2003 e 2016 e avaliar se os mesmos atendem ao plano de desenvolvimento estabelecido pelo território. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e documental. Os resultados demonstraram que a grande maioria dos projetos está concentrada em um único eixo estratégico do plano territorial, o de infraestrutura, caracterizando uma supervalorização da dimensão econômica em detrimento das dimensões ambiental, social e político-institucional. Foi possível concluir que há uma falta de sintonia entre a formulação e a implementação da política pública.

A expansão do macrossistema elétrico e a cogeração de energia elétrica por biomassa
Amanda Gadotti ; João Paulo Rosalin
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O artigo visa analisar a renovação da materialidade, a ampliação do sistema elétrico nacional e a sua transformação em macrossistema e a geração de energia energia elétrica no Brasil e no estado de São Paulo, isto sob um viés da necessidade de diversificação dos modos de geração de energia elétrica, principalmente após a crise elétrica, os "apagões" ocorridos em 2004. Contudo, este trabalho tem como foco de sua analise, de forma simétrica ao sistema elétrico, a significativa cogeração de energia elétrica das Usinas de Açúcar e Etanol no estado de São Paulo, levando em consideração a ação, do setor sucroenergético, de tira proveito através da queima da biomassa para gerar energia, suprir suas unidades e comercialização e excedente. Essa ação de tal setor surge como uma nova forma de suprir a necessidade energética e de tirar a dependência quase que exclusiva do petróleo. Mais especificadamente em 1980 o bagaço da cana-de-açúcar entra como biomassa de potencial energético na cogeração de energia elétrica. Assim, o presente artigo tem como objetivo demonstra a importância da ampliação territorial e da diversificação das fontes da matriz energética, ressaltar o défict na demanda e oferta de energia no estado de São Paulo e mostrar o grande potencial do setor sucroenergético em cogerar energia para suprimento das demandas nacionais.

EFEITOS SOCIAIS DA IMPLEMENTAÇÃO DA USINA HIDRELÉTRICA DE LAJEADO ESTUDOS DE CASOS NOS REASSENTAMENTOS DO CÓRREGO DO PRATA E PINHEIRÓPOLIS RURAL
Ana Carolina Chaves Catolico ; Julia Celia Mercedes Strauch ; Fabio Giusti Azevedo de Britto
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No Brasil e no mundo, o setor elétrico configura uma área estratégica do ponto de vista político, econômico, financeiro e social. Na sociedade moderna, o acesso à energia elétrica tanto para funções residenciais, quanto para atividades produtivas industriais, é um elemento chave para a garantia de condições de bem-estar e crescimento econômico. A matriz elétrica brasileira pode ser caracterizada pela presença de um parque gerador, essencialmente, hidrotérmico, onde a produção hidrelétrica corresponde a cerca de 68% da oferta de energia elétrica, suportada pela implementação e expansão de grandes projetos de investimento hidrelétricos. Desde o início de sua inserção no território, estes projetos vêm proporcionando profundos impactos no meio físico-biótico e na dinâmica territorial e social pré-existentes local e regionalmente. Apesar de todo o recente avanço do arcabouço normativo e institucional ambiental, os aproveitamentos hidrelétricos continuam protagonizando diversos conflitos territoriais. Diante deste contexto, o presente artigo tem como objetivo central compreender os desdobramentos sociais e territoriais provocados pela implementação da usina hidrelétrica de Lajeado, partindo de dois estudos de caso de reassentamentos: Córrego do Prata e Pinheirópolis Rural. Para tal, torna-se fundamental analisar o contexto político, econômico e regulatório ambiental vigentes no período de construção da usina, o projeto do empreendimento e os programas mitigatórios e compensatórios propostos pelo consórcio responsável. Em um segundo momento, a pesquisa buscou identificar os principais efeitos sociais advindos da implementação da UHE de Lajeado através de revisão bibliográfica, elaboração de entrevistas semiestruturadas e observações realizadas na pesquisa de campo. Os resultados preliminares revelam as limitações dos mecanismos e instrumentos adotados para mitigação e compensação de impactos, frente às perdas materiais e simbólicas da população atingida.

DISCURSOS OFICIAIS DAS EMPRESAS FUMAGEIRAS INSTALADAS NO VALE DO RIO PARDO (RS): TERRITORIALIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE, PODER E DOMINAÇÃO
Ana Flávia Marques
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As indústrias fumageiras são as empresas mais representativas em termos de geração de empregos e renda na Região do Vale do Rio Pardo (RS). Constituem-se na personificação da ação territorializadora do capital sobre os espaços. Seus discursos oficiais são monólogos que fortalecem a dominação do capital sobre as sociedades, naturalizando injustiças socioambientais. A pesquisa desenvolvida ocupou-se em, por meio da metodologia da análise crítica do discurso, estudar as falas de quatorze empresas fumageiras, discutindo suas implicações no desenvolvimento da região, visando fornecer instrumentos para o fortalecimento dos atores locais e da escala regional, bem como das forças horizontais que garantem um contraponto à homogeneição globalizadora dos territórios. Conhecer os discursos dessas empresas, que convertem os bens ambientais em recursos de produção monocultora voltada à exportação e que geram externalidades socioambientais negativas não contabilizadas nos balanços econômicos, é etapa fundamental para a emergência de vozes plurais, com léxico próprio e adequado à compreensão da realidade pelo conjunto de seus atores.

SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL E COMUNIDADES INDÍGENAS: COMIDA E TERRITÓRIO
Aurélia Matos Brito
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Este escrito busca compreender algumas questões da segurança alimentar e nutricional no contexto de comunidades indígenas brasileiras, através de uma reflexão conceitual e do debate sobre a simbologia do alimento e a importância do território para estas comunidades. Para os indígenas, existem diferentes problemas ligados à alimentação, os fatores que ganham destaque neste tema são de ordem histórica, social, econômica e ambiental, o que nos levar a pensar sobre às consequências à saúde, principalmente, que podem ser causadas, caso todos estes elementos não sejam considerados. Para construir essa escrita, partiremos da introdução e incursões metodológicas, para depois alcançar a parte teórica iniciando com a significação da comida e território, e subsequentemente tratando da segurança alimentar e nutricional de maneira geral e também direcionada aos indígenas, para depois trazer as considerações finais. Este estudo trata-se de uma pesquisa exploratória e qualitativa, a partir do método bibliográfico e documental.

Hierarquia Urbana e Desenvolvimento Social: Um estudo do ISDM no Alto Oeste Potiguar
Boanerges de Freitas Barreto Filho ; Francisco do Ó de Lima Júnior
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O objetivo deste trabalho é analisar os municípios integrantes da região do Alto Oeste Potiguar, considerando as posições na rede urbana e o Índice Social de Desenvolvimento Municipal (ISDM). A posição na rede urbana reflete o dinamismo (ou não) dos municípios da região através das inter-relações que apresentam e o ISDM informa sobre as condições existentes em cada um dos 37 municípios que compõem a região. O ISDM regional médio de 3,96, com as dimensões apresentando médias regionais menores que cinco, sendo a dimensão da Educação com a menor média regional (3,32) não apontaram avanços significativos, embora alguns índices em poucos municípios integrantes da região do Alto Oeste tenham apresentado desempenho satisfatório no período. As cidades receptoras de investimentos privados e que concentram órgãos públicos exercem influência sobre o entorno (hierarquia), funcionando como polos na rede a partir da oferta de serviços públicos e pela concentração de empresas, atividades comerciais e serviços privados, mas também podem manter relações de complementaridade com o entorno, especialmente nas circunstâncias em que não é viável economicamente a estruturação de atividades públicas e privadas para atendimento de exígua população.

Entre o rural e o urbano: rumo a uma abordagem interdisciplinar das áreas de interface urbano-rurais na RMSP
Bruno César Nascimento Portes ; Luciana Rodrigues Fagnoni Costa Travassos
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O artigo tem como objetivo apresentar um debate teórico e conceitual sobre os conceitos de rural, ruralidade e interface urbano-rural, com o intuito de embasar a elaboração de critérios para a complexificação tipológica de rural e urbano em regiões metropolitanas brasileiras, de forma geral, e da Região Metropolitana de São Paulo, mais especificamente. Após o levantamento das abordagens existentes, conclui-se que a abordagem territorial fornece um conjunto promissor de ferramentas para o planejamento deste território, uma vez que, nessa abordagem, as áreas de interface urbano-rural, para além da dicotomia entre estas categorias espaciais, são consideradas como territórios particulares, resultantes de processos urbanos e rurais específicos e da combinação entre eles no espaço e configuradas como espaço híbrido, onde as relações urbano-rurais estão mais entrelaçadas e os limites, mais indefinidos.

CONTRIBUIÇÕES DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS: A MANUTENÇÃO DA COMUNIDADE TRADICIONAL QUILOMBOLA DE SANTO ANTÔNIO DO GUAPORÉ
Carla Janaína Mendonça de Melo ; Moacir José dos Santos ; Marilsa de Sá Rodrigues
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O presente artigo traz como tema as contribuições das representações sociais para a manutenção da comunidade tradicional quilombola de Santo Antônio do Guaporé, considerando a relevância dessa temática para a o contexto histórico, social e cultural no Estado de Rondônia. O objetivo do estudo é apontar os elementos de representação social para manutenção da comunidade tradicional quilombola de Santo Antônio do Guaporé. A metodologia adota para este estudo foi exploratória-documental. Os resultados obtidos frente à metodologia aplicada permitem afirmar que a comunidade de Santo Antônio do Guaporé preserva sua territorialidade, etnicidade, cultura e representações, mas permanece limitada a geração de renda, restringindo-se a produção de farinha, em função de fazer parte da Reserva Biológica do Guaporé (REBIO GUAPORÉ) e as implicações técnicas restritivas.

O AVANÇO LEGAL DA EXPANSÃO URBANA NA ÁREA RURAL Contrassenso democrático e flexibilização do perímetro urbano em Campinas-SP
Chiara Alves de Oliveira ; Maria Angélica Mocci ; Gisela Cunha Viana Leonelli
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Diversos estudos têm elucidado a questão de como e quanto a cidade deve crescer. A produção do espaço urbano não se dá sem divergências, que devem ser articuladas pela gestão urbana municipal sempre favorecendo o interesse público Nesta temática, o objetivo deste trabalho é identificar o recente processo de ampliação do perímetro urbano de Campinas - SP e sua relação conflituosa com o rural, evidenciando disputas que enaltecem uma visão anacrônica do campo como inferior à cidade. A partir de um método de caráter qualitativo e descritivo, foram sistematizadas as legislações correlatas ao Plano Diretor de 2018, analisando suas abordagens sobre a expansão urbana e suas relações com a área rural. Ainda que o Estatuto da Cidade defina diretrizes de participação popular e instrumentos para planejar a expansão urbana, estes conteúdos são tratados com muita arbitrariedade por parte dos municípios, sendo alvo de disputas e resultando, como no caso estudado, em contrassensos democráticos.

REFLEXIONES TEÓRICO-METODOLÓGICAS Y EVIDENCIAS EMPÍRICAS SOBRE LA NOCIÓN DE TERRITORIO EN LAS INVESTIGACIONES SOBRE EL DESARROLLO RURAL Y REGIONAL
CLAUDIO MACHADO MAIA ; MYRIAM ALDANA SANTIN
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El objetivo de esta reflexión es presentar elementos que contribuyan en la construcción de una agenda de investigación que ayude a aclarar el actual debate sobre los diversos abordajes que se apropian de la expresión “territorio” en lo referente a la problemática del Desarrollo Rural y las situaciones que involucran alternativas de interpretación o implementación de acciones en el proceso de desarrollo. Los matices que el “territorio” ha asumido en diversos estudios y manifestaciones llevan a la necesidad de evitar la “vulgarización y el sentido común” del término. En este estudio la expresión “territorio” surge como categoría para sintetizar, tanto a nivel de interpretación como de gestión, muchos de los elementos que constituyen las nuevas estrategias de desarrollo rural, principalmente, cuando el reconocimiento de la importancia de la integralidad del proceso de desarrollo así como la importancia de las instituciones y del patrimonio cultural, político e histórico de las sociedades, encuentran en los territorios el fundamento para construir una nueva forma de aproximación al desarrollo rural.

ENTRE RISCOS E INCERTEZAS: O DESENVOLVIMENTO NO JALAPÃO E A METAMORFOSE DE UMA REGIÃO ECOLÓGICA
Cleiton Silva Ferreira Milagres ; Roseni Aparecida de Moura ; Temis Parente ; Waldecy Rodrigues
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Neste artigo apresentamos o Jalapão, região do estado do Tocantins e a sua relação com as características de uma identidade construída nos discursos de uma região predominantemente ecológica. A categoria de um território imaginado atribuída ao lugar em que vivem os atores sociais protagonistas deste contexto é apresentada no referencial conceitual deste trabalho. O objetivo foi refletir sobre a criação e trajetória de uma região ecológica e como os atores sociais lidam com este processo de desenvolvimento frente aos inúmeros dilemas que a região apresenta. Metodologicamente, foi realizada uma análise documental e uso de dados secundários para a caracterização da região e, posteriormente, entrevistas com representantes do poder público, sociedade civil e mercado local, além da observação participante. A análise apontou que não há um reconhecimento pelos diversos atores que estão presentes na região do Jalapão sobre uma preocupação consigo mesmo, frente as transformações ambientais. Nota-se, também, que há uma dificuldade em perceber o “lugar” Jalapão para além do aspecto ecológico, em que pessoas possam participar ativamente da tomada de decisão coletiva em prol de seus anseios e necessidades, buscando um desenvolvimento que seja de fato regional.

ANÁLISE DA POBREZA MULTIDIMENSIONAL EM MATO GROSSO DO SUL O ÍNDICE DE POBREZA HUMANA MUNICIPAL
Cristiane de Matos Balsalobre ; Francis Regis Gonçalves Barbosa ; Claudia Maria Sonaglio
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A identificação dos fatores que causam a pobreza multidimensional é imprescindível para a obtenção de uma visão apurada dos problemas enfrentados pela sociedade decorrentes desse problema. Nesse sentido, o objetivo geral foi mensurar a pobreza multidimensional e analisar a sua evolução para os municípios de Mato Grosso do Sul nos anos de 1991, 2000 e 2010. Foi criado o Índice de Pobreza Humana Municipal (IPHM) a partir das variáveis de saúde, educação e acesso a serviços básicos domiciliares. Os resultados apontam que os municípios de Japorã, Tacuru, Paranhos e Juti permanecem entre os mais pobres no período estudado. Os municípios de Campo Grande, Chapadão do Sul, São Gabriel do Oeste e Dourados permanecem entre os menos pobres. Conclui-se que houve melhoria no bem-estar social dos munícipes, como consequência de políticas públicas adotadas para o desenvolvimento e qualidade de vida da população.

REGIONALISMO E MODERNIDADE NA ZONA DA MATA MINEIRA: A CRIAÇÃO DA ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA E VETERINÁRIA (ESAV) DE VIÇOSA, MG
Dayana Debossan Coelho
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O ensino profissional ocupou um lugar relevante na República Velha, tendo sido considerado pelo Estado e pelas oligarquias rurais um poderoso agente de expansão econômica ao ratificar a vocação agrária do país e de Minas Gerais. Com o propósito de instituir a educação superior de orientação agrícola no interior da Zona da Mata mineira foi criada a Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa (ESAV) em 1922, núcleo original da atual Universidade Federal de Viçosa (UFV). Almeja-se com a pesquisa compreender como o projeto político-econômico de criação da ESAV foi concebido para atender a demanda por desenvolvimento regional clamada pelas elites agrárias em conchavo com o Estado. Também se pretende rastrear os traços manipuladores de uma identidade regional em Minas Gerais e, mais especificamente, em Viçosa. Este trabalho tem como pilar a análise geográfica da relação entre universidade e região baseada no levantamento de fontes primárias.

A PERIFERIA DA POBREZA NA BORDA OESTE METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO Ocupação, apropriação e (des)estruturação sócio-espacial e territorial
Denise de Alcantara Pereira ; Marcio Rufino Silva ; Natalia Silva Oliveira
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As marcas da expansão urbana e periurbana tornam-se mais nítidas na medida em que avançam as investidas da industrialização e os motores logísticos e econômicos, historicamente atrelados à periferização e às ocupações sub-humanas nos territórios da borda oeste metropolitana do Rio de Janeiro. Estes territórios são, por sua vez, destituídos de suas camadas e proteções epidérmicas e coberturas vegetadas tornadas rarefeitas pelas produções agropecuárias - cana, café, leite, carne e demais gêneros agrícolas - ao longo dos séculos e, na virada do milênio, por extrativismos extensivos de recursos minerais e pela industrialização. Este artigo aborda e problematiza o fenômeno metropolitano tendo como pano de fundo os territórios de Japeri e Seropédica sob uma perspectiva analítica e empírica, identificando os agentes e atores envolvidos na produção social do espaço e os marcos legais de uso e ocupação do solo como indutores da forma urbana caracterizada pelas fragilidades ambientais e desigualdades sócio-espaciais, incorporando as premissas da nova agenda urbana.

ESCOLA TIPO PALAFITA: INCLUSÃO DE TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS, ANAMÃ-AMAZONAS.
DIANA SOARES COSTA
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No Amazonas, as inundações sazonais afetam as edificações construídas às margens dos rios, e nesse ambiente, os sistemas construtivos devem prever soluções para essas situações. Nas escolas o impacto é negativo, pois durante as inundações ocorrem danos na infraestrutura e a alternativa que minimiza essa situação é a construção de escolas baseadas na arquitetura bioclimática e na tipologia de palafitas. Assim, é proposto repensar as construções educacionais em áreas de inundações do interior do Amazonas, através do resgate do partido palafita e da inclusão de tecnologias sustentáveis, consolidando o compromisso entre a arquitetura, educação e meio ambiente. A metodologia estruturou-se na pesquisa bibliográfica teórica qualitativa; levantamentos no campo para identificar e registrar as características locais; elaboração de estudos preliminares que representem os dados encontrados. O município de Anamã possui um padrão cultural tipo palafita e durantes as cheias sofre inundação em todo município, sendo assim, possível resgatar a tipologia palafita inserindo os conceitos bioclimáticos e tecnologias sustentáveis.

A DIMENSÃO RURAL DO CENTRO-OESTE BRASILEIRO
Eduardo de Pintor ; Geisiane Michelle Zanquetta de Pintor ; Jefferson Andronio Ramundo Staduto
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O objetivo deste estudo foi rediscutir a dimensão do rural do Centro-Oeste brasileiro por meio da reclassificação dos 465 municípios de três estados da região, sendo: 78 municípios localizados no Mato Grosso do Sul, 141 no Mato Grosso e 246 em Goiás. Os municípios foram classificados, de acordo com a população e densidade demográfica, em: essencialmente rurais, relativamente rurais e essencialmente urbanos. A classificação dos municípios foi realizada a partir dos dados do Censo Demográfico de 2010. Os resultados apontaram que o estado do Mato Grosso do Sul possui 4 municípios essencialmente urbanos, 1 município relativamente rural e 73 municípios essencialmente rurais. O estado do Mato Grosso possui 4 municípios essencialmente urbanos, 5 municípios relativamente rurais e 132 municípios essencialmente rurais. Já o estado de Goiás possui 9 municípios essencialmente urbanos, 14 municípios relativamente rurais e 223 municípios essencialmente rurais. Somando os municípios essencialmente urbanos e relativamente rurais, foi obtido o percentual da população urbana de 64,12% para o Goiás, 48,07% para Mato Grosso e 51,70% para Mato Grosso do Sul, contrapostos aos, respectivamente, 90,29%, 81,81% e 85,64% obtidos pelo Censo de 2010.

AGROECOLOGIA: BASE TEÓRICA DIALOGANDO COM CONHECIMENTO EMPÍRICO
Erica Karnopp ; Jaime Miguel Weber
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Neste artigo analisa-se a base teórica da agroecologia e o conhecimento empírico, com ênfase na agricultura familiar. Buscou-se estabelecer uma relação dessa base teórica com o conhecimento empírico em unidade familiar agrícola do município de Santa Cruz do Sul, RS/Brasil. As tendências mundiais mostram que a agricultura convencional ainda tem preferência, embora o desenvolvimento da agricultura de base ecológica, nos últimos anos, tenha crescido consideravelmente. A continuidade do desenvolvimento da agricultura de base ecológica depende do aumento pela procura por produtos orgânicos, por um lado, e por outro, de uma nova reestruturação da comercialização, bem como da organização dos agricultores familiares e da criação de políticas públicas para esse fim. Resultados positivos para o desenvolvimento sustentável dependem muito do desenvolvimento adequado e combinado da produção, industrialização e comercialização da produção, bem como das formas de organização e engajamento dos "atores sociais", mas, sobretudo do planejamento da sociedade regional sobre o seu futuro.

RESERVA BIOLÓGICA DO TINGUÁ: Reflexões sobre o território e zona de amortecimento.
Felipe Loures Teixeira Neves ; Adriana Soares de Schueler ; Luciano Muniz Abreu
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A reserva biológica do Tinguá criada em 1989, está inserida em meio a um conjunto de municípios que juntos integram uma população de mais de 2 milhões de habitantes. A região circunstante a reserva, recebeu grandes empreendimentos durante as décadas de 60/70. O crescimento da mancha urbana dos municípios ao longo das décadas, a demarcação da Zona de Amortecimento da reserva, a questão da identidade territorial e o conceito em relação a uma nova forma de perceber o meio rural no Brasil, podem revelar correlações na geração e agravamento de conflitos das mais diversas ordens no território. Associado a isso, a forma como as relações socioeconômicas se desenvolveram ao longo das décadas, permitem realizar algumas reflexões em relação a esse território, aparentemente marcado pela geração de conflitos e desigualdades das mais diversas ordens.

DETERMINANTES MUNICIPAIS DA ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA
Fernanda Cavalcante Rangel ; Ana Carolina da Cruz Lima
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A escravidão contemporânea no Brasil tem sido amplamente abordada pelo prisma jurídico, descritivo e com estudos de casos. Esse trabalho contribui com uma análise econométrica do tema. O objetivo do artigo é identificar os principais determinantes municipais da escravidão contemporânea. Para sua consecução são utilizados dois modelos econométricos, quais sejam, o modelo probit e o modelo de seleção amostral de Heckman, com a utilização dos dados do Ministério Público do Trabalho e do Atlas do Desenvolvimento Humano. Os resultados indicam que os municípios com baixa renda per capita, baixa escolaridade, elevada taxa de desigualdade e população rural tendem a apresentar quantidade mais expressiva de indivíduos resgatados de condições de trabalho análogas à escravidão. Portanto, políticas que avancem no sentido de enfrentar a desigualdade e a baixa escolaridade podem contribuir para mitigar a escravidão contemporânea nos municípios brasileiros.

INOVAÇÃO DO SISTEMA PRODUTIVO E ARTESANAL DE COURO E ARTEFATOS DE CABACEIRAS/PB
Getúlio Pamplona de Sousa ; Hermes Alves de Almeida
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O arranjo produtivo de couro e artefatos experimenta mudanças diversas, decorrentes da reconfiguração do sistema competitivo nacional, com crises financeiras e futuro incerto. Neste contexto, percebe-se a importância da Cooperativa dos Curtidores e Artesãos em Couro de Ribeira de Cabaceiras (ARTEZA), Cabaceiras, PB, e da necessidade de se analisar os seus aspectos de inovação no sistema produtivo e artesanal, sendo esse estudo o objetivo principal. A metodologia consistiu na aplicação de questionário semi-estruturado, adotando-se o roteiro de entrevistas semelhantes ao da RedeSist. Os principais resultados evidenciam a importância da cooperativa, dos ganhos de produtividade, passando de 500 para 12 mil peles curtidas/mês, dos empregos gerados e da adoção de novas tecnologias. A produção não atende se quer a demanda interna e a venda é prioritariamente no atacado/varejo. Os artesãos têm um curtume e duas lojas para a comercialização, gerando trabalho e renda para a população local.

NOVA CIDADE, VELHOS PROBLEMAS:A BR 163 COMO ELEMENTO ESTRUTURADOR DA FORMAÇÃO DA CIDADE DE NOVA MUTUM-MT E SEUS DESDOBRAMENTOS NA DISPERSÃO
gisele carignani ; Ana Carolina Vicentim Batista Ribeiro ; Joao Carlos Machado Sanches ; Rachel Coutinho
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O trabalho faz parte de um projeto que se inicia, sobre a formação de cidades novas no Norte de Mato Grosso. Elabora um percurso histórico de ocupação do norte do Estado com a formação das cidades no perímetro da rodovia BR 163, que liga Cuiabá-MT a Santarém-PA. A rodovia é um elemento que estrutura urbanisticamente as cidades a partir da sua importância no deslocamento da produção local e também no recebimento da produção processada de estados do sul do país. A cidade em evidência nesse momento é Nova Mutum, de formação agroindustrial, que apesar do alto potencial econômico e da pouca idade, sofre dos problemas atuais das cidades consolidadas urbanisticamente, como a dispersão periferização e baixo adensamento das áreas consolidadas e infraestruturadas. Muitos dos resultados urbanos são oriundos de característica da colonização desta cidade, de origem privada e capitalista o que favoreceu a retenção imobiliária de áreas centrais da cidade e expansões do perímetro urbano para alcance de certas propriedades rurais. O Plano Diretor se nutre de instrumentos capazes de amenizar tais recorrências, mas sua aprovação recente não acusa ainda soluções ou amenizações para essas desigualdades urbanas.

Preço de terras e o agronegócio brasileiro: um estudo preditivo
Guilherme Asai ; Alexandre de Souza Corrêa
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O presente trabalho tem o objetivo quantificar as influências que o aumento nos preços das terras provocará no agronegócio do Brasil no médio e longo prazo através da elaboração de cenários preditivos via modelagem de equilíbrio geral computável. Além disso, buscou-se investigar duas hipóteses sobre o aumento do preço das terras agrícolas: (i) retração dos investimentos (necessidade de aumento de capital para aquisição de novas áreas); e (ii) utilização da terra para fins mais rentáveis. Assim, simulou-se cenários de aumento de capital empregado em 7 setores do agronegócio brasileiro (produção de arroz, milho, soja, cana de açúcar, carnes e leites) devido a valorização na aquisição de novas áreas de cultivo para a expansão agropecuária em todas as cinco macrorregiões do Brasil. Como resultado, a valorização da terra e suas influências para o agronegócio nacional foram contraditórias ao que tange a balança comercial, valor da produção e preço das commodities.

ENTRE O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL E AS TERRITORIALIDADES DAS POPULAÇÕES TRADICIONAIS: reflexões a partir da RESEX Pirajubaé
Guilherme Cândido de Campos Tebet
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As Reservas Extrativistas no Brasil são parte da política pública para a conservação da biodiversidade. No entanto, são apontadas como espaços de construção de alternativas de desenvolvimento tendo como protagonistas populações tradicionais. Partindo de uma diversidade de fontes da dados ao longo de 5 anos (bibliografia, observação direta, entrevistas), este ensaio traz algumas reflexões a partir da Reserva Extrativista marinha do Pirajubaé, em Florianópolis – SC. O histórico de criação, gestão e dos usos dos recursos naturais deste unidade de conservação são analisados pela abordagem do desenvolvimento territorial sustentável e posteriormente a partir do conceito de territorialidades humanas. Ambas abordagens são confrontadas em relação a suas potencialidades e limitações no intuito de avançar na discussão sobre o papel das reservas extrativistas enquanto estratégia de desenvolvimento para populações tradicionais.

CONFLITOS E IMPASSES NA DISCUSSÃO INSTITUCIONAL SOBRE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL/REGIONAL NO GOVERNO LULA
Joana Tereza Vaz de Moura ; Winifred Knox
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O artigo apresenta uma discussão sobre as interfaces e deslocamentos das discussões sobre desenvolvimento territorial e regional no Brasil, especialmente com a entrada do Presidente Lula no Governo Federal, em 2003. Buscamos, através de entrevistas, pesquisa em jornais e revistas e leituras de documentos compreender como os diferentes atores políticos alocados em dois Ministérios (Desenvolvimento Agrário e Integração Nacional) sustentaram as suas percepções sobre o processo de desenvolvimento do país- territorial e/ou regional. Resumidamente, buscamos desvendar as articulações e os afastamentos entre as percepções sobre a política de desenvolvimento territorial dos gestores públicos que assumiram o MDA e o MIN no primeiro mandato do Governo Lula. Partimos do pressuposto de que a inserção de militantes no MDA reforçou e possibilitou a concretização da política de desenvolvimento territorial, enfraquecendo a discussão regional apostada no MIN.

A Distribuição de Cervejas Especiais no Interior de São Paulo: Escalas regionais e usos do território
João Paulo Rosalin ; Amanda Gadotti
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O mercado cervejeiro no Brasil vivenciou diversas mudanças e o crescente interesse da população pela cerveja abriu as portas para que pequenos produtores pudessem apresentar ao público seus produtos diferenciados. As chamadas “cervejas especiais”, que contam com características exclusivas tais como cores, aromas e sabores exclusivos, passaram a ser apreciadas pelo brasileiro e hoje correspondem a 5% do consumo nacional. Pode-se apontar que na produção cervejeira um rearranjo no circuito espacial da produção e um novo círculo de cooperação no espaço vem se articulando no território brasileiro, já que todo um conjunto de novas microcervejarias se instala em distintas partes do território nacional, sobretudo no estado de São Paulo. Sob a ótica produtiva, este fato acarreta todo um novo sistema logístico de distribuição dos pequenos lotes produzidos já que para os pequenos produtores (microcervejarias ou artesanais independentes) o custo do frete passa a ser um elemento imperativo na distribuição da bebida em maior escala.

Desenvolvimento e Crescimento Econômico na Região Metropolitana do Sudoeste Maranhense nos anos de 2010 e 2015
José Roberto Ferreira de Souza ; Pedro Araújo Pietrafesa
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Este artigo tem como objetivo analisar o desenvolvimento e o crescimento econômico nos municípios que compõem a Região Metropolitana do Sudoeste Maranhense. Para tanto, a pesquisa foi baseada em uma revisão bibliográfica, estudo de publicações técnicas e artigos, bem como o levantamento e análise de um conjunto de dados de fontes secundárias, sendo verificado o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) Per Capita e do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), nos anos de 2010 e 2015. Os resultados apontam que o crescimento do PIB per capita que se verificou em todos os municípios da região analisada não se refletiu em desenvolvimento, evidenciando que o crescimento é uma condição necessária más insuficiente para levar ao desenvolvimento.

Povos indígenas, comunidades tradicionais e meio ambiente: a
Klemens Laschefski ; Andréa Zhouri
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Este trabalho analisa as consequências da "nova era do desenvolvimentismo" introduzida pelo governo brasileiro de centro-esquerda (2003-2016) nos povos indígenas e comunidades tradicionais. Destaca-se que a re-primatização da economia, ainda que no contexto da redemocratização e governança ambiental, levou ao aumento dos conflitos fundiários e reforçou o papel subalterno do Brasil na divisão global do trabalho. Chama-se a atenção para visões eurocêntricos sobre o desenvolvimento permeiam não apenas posições conservadoras mas também estratégias progressistas que percebem as comunidades tradicionais como meros pobres rurais a serem integrados nos mercados de trabalho urbanos. Dada a luta desses grupos pela autonomia e pelas respostas políticas que ameaçam seus direitos constitucionais e a sociobiodiversidade brasileira, os autores desenvolvem uma complexa "questão territorial" entre os metabolismos territoriais urbano-capitalistas e não-urbanos que desafiam as visões de uma luta de classe unida.

Invisibilidade do que está visível na agricultura familiar: um olhar sobre a Juventude Rural.
LAÉRCIO DE SOUZA ; Lúcia Helena de Souza Martins
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É uma pesquisa qualitativa que tem o propósito de apreender a realidade que envolve o universo do trabalho da juventude no meio rural. A migração do jovem do campo para o meio urbano, em decorrência da invisibilidade social, destaca a necessidade de um enfrentamento efetivo por parte do Estado. Considerar o jovem como ator permite compreender a sua relação com a família e com outros meios. Em determinados contextos são partilhados normas, valores, princípios, e relações de poder. A invisibilidade social a que estes jovens estão submetidos consiste numa das expressões mais cruéis de exclusão social, uma vez que eles não se tornam sujeitos de direitos sociais ou alvos de políticas públicas. A resistência ao processo de exclusão requer a organização dos jovens agricultores familiares, homens e mulheres, para lutarem pela libertação deste processo de dependência e invisibilidade a partir da tomada de consciência acerca da situação de opressão.

POR UM LUGAR PARA CHAMAR DE “MEU”: Estudo sobre a relação estabelecida por agricultores de uma comunidade agroecológica rural com o lugar
Leonardo Victor de Sá Pinheiro ; Fernanda Fernandes Gurgel ; José Queiroz pinheiro
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Nas últimas décadas, estudos trouxeram à tona a relação das pessoas com diversos contextos ambientais. Considerando a importância que o sistema agroecológico de produção apresenta na transformação das relações com o ambiente, buscou-se estudar o lugar nas relações humano-ambientais em contextos agrícolas e rurais. O objetivo do estudo foi explorar como os agricultores vivenciam e estabelecem suas relações com o lugar, em uma comunidade rural agroecológica do Rio Grande do Norte. Foi adotada uma abordagem qualitativa, de inspiração etnográfica, com dados construídos por meio de diários de campo e entrevistas semiestruturadas realizadas com dez participantes. O corpus foi analisado com base na análise de conteúdo temática interpretativista. Os resultados mostraram diferentes aspectos da relação dos agricultores com o lugar, revelando um vínculo multidimensional formado por variadas formas de significação, que dependiam das trajetórias de vida, das alterações no ambiente e das relações socioeconômicas e ambientais estabelecidas. A pesquisa propõe tratar o tema além das fronteiras disciplinares, apresentando a contribuição da Psicologia Ambiental.

INTERFACE RURAL-URBANA NO TERRITÓRIO:Cenários possíveis a partir de perspectivas de agentes e categorias territoriais
Letícia Thurmann Prudente
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O objetivo do artigo é apresentar uma proposta metodológica desenvolvida que buscou o reconhecimento e a análise da interface rural-urbana como uma categoria territorial intermediária entre as questões dicotômicas de rural e urbano no território contemporâneo. A proposta é contrapor a ideia hegemônica de priorizar as questões urbanas como positivas e inevitáveis no território, compreendendo as múltiplas facetas do território. Apresenta-se os métodos desenvolvidos com base em abordagens interdisciplinar, sócio-espacial e interescalar, voltados a descrição das perspectivas de agentes-chave (comunidade de assentados e gestores públicos), a criação de categorias territoriais da interface rural-urbana e a construção cenários possíveis, destacando a aplicação dos mesmos em três cenários mais representativos. Espera-se contribuir com novas abordagens entre o territorial e o rural, voltadas a processos mais participativos e democráticos de planejamento territorial.

A NECESSIDADE DE EFICÁCIA E ADEQUAÇÃO DAS NORMAIS LEGAIS EM RELAÇÃO AOS AGRICULTORES FAMILIARES
ODACIRA NUNES ; Marilda Checcucci Gonçalves da Silva
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Este artigo tem por objetivo verificar a adequação e eficácia da lei em relação aos agricultores familiares, analisando o caso do queijo Kochkäse no Vale do Itajaí, SC, por intermédio de análise bibliográfica e documental. O queijo Kochkäse, artesanalmente produzido por agricultores familiares do Vale do Itajaí, SC, com leite cru, de acordo com o método tradicional transmitido pelos ancestrais germânicos, não pode ser comercializado ante a proibição legal. A lei não respeita a condição sociocultural do agricultor familiar e não contempla o modo de saber fazer. Falta à norma jurídica a eficácia e adequação à realidade do agricultor familiar. A antropologia do direito vem em auxílio, objetivando acabar com a lacuna existente, tentando adaptar a lei à verdadeira situação sociocultural do agricultor familiar.

ESTRATÉGIAS DE DIVERSIFICAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR
OSVALDO DANIEL DOS SANTOS PINHEIRO ; ERICA KARNOPP ; ADRIANA WACHHOLZ
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O artigo apresenta o referencial teórico de estratégias de diversificação para o desenvolvimento da agricultura familiar, utilizando como ferramenta analítica o método de Visão Baseada em Recursos, direcionado à sua aplicação no contexto rural. Essa dá ênfase aos recursos que potencializam a capacidade e o desempenho econômico da agricultura familiar. Inicialmente o artigo recupera o contexto de agricultura familiar. Faz então considerações sobre a Visão Baseada em Recursos e a diversificação da agricultura, investigando os referenciais a partir dos autores principais. Assim, apresenta o estatuto teórico da abordagem e analisa seu potencial para com os estudos sobre as potencialidades do método em prol da diversificação na agricultura familiar.

CAPACIDADES E COMPETÊNCIAS MUNICIPAIS PARA O PLANEJAMENTO TERRITORIAL RURAL
Patricia Maíssa Ferragoni da Cruz
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Cada vez mais se verifica a urgência de se pensar o território de maneira mais abrangente possível, dando atenção, principalmente, às áreas que não tem tido longa tradição no planejamento. Para tanto, neste artigo pretende-se discorrer sobre o poder municipal no planejamento e gestão de áreas rurais, ressaltando as suas competências previstas pela Constituição e leis específicas, assim como também analisando as suas capacidades. O município, desta forma, teria atuação fundamental no ordenamento local das suas zonas rurais, assim como na conexão de atividades que se dão tanto no campo e na cidade. O plano diretor, apesar das suas reconhecidas dificuldades de elaboração e execução, seria um dos instrumentos básicos nos quais esse ente federativo poderia se utilizar para direcionar o desenvolvimento do rural.

RELAÇÃO RURAL-URBANA NO CONTEXTO DAS NOVAS RURALIDADES: UMA APROXIMAÇÃO TEÓRICA
Patricia Maíssa Ferragoni da Cruz
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Sabe-se o quanto o rural brasileiro é diverso. A teoria das novas ruralidades ressalta a não existência de apenas um meio agrícola nesta área, mas também de um território composto por muitas realidades distintas, principalmente quando se observa a questão fundiária, social e econômica. A diversidade de biomas, por exemplo, traz um ponto de vista moderno quando se fala em produção e como os habitantes do campo se conectam diariamente com a natureza. Além disso, a criação de laços interpessoais e entre essas pessoas com os seus próprios espaços tem grande relevância também comparativamente à análise que comumente se faz utilizando apenas a interação que elas têm com o seu emprego. Mudando-se os vínculos no campo, modifica-se também a sua relação com as cidades, afinal os fluxos de pessoas, capitais, mercadorias e as dinâmicas que ocorrem entre esses dois espaços, conceitualmente distintos, também se alteram. O entendimento da relação rural-urbana, dentro da perspectiva do novo rural, deve ser trabalhado e pode ter grandes impactos ao reorientar e redirecionar algumas políticas públicas e de planejamento atuais.

Migrações e Desenvolvimento Rural nas Mesorregiões Cearenses
Paulo Victor Maciel da Costa ; Silvana Nunes de Queiroz ; Antonia Jaine da Silva Pereira
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Devido as transformações políticas, econômicas e sociais apresentadas pelo estado do Ceará a partir da década de 1980, vê-se a inserção de novos elementos no rural, os quais influenciaram na dinâmica migratória, através da permanência ou expulsão do homem do campo. Nesse contexto, o presente trabalho tem como principal objetivo analisar a relação entre migrações e desenvolvimento rural nas mesorregiões cearenses. Para tanto, utilizou-se como principais fontes de informação os Censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010. Os resultados revelaram que o urbano da Mesorregião Metropolitana de Fortaleza, ainda é o principal destino dos migrantes das demais mesos, porém tal atratividade tem se reduzido. Já a mesorregião Norte Cearense apresentou-se como o principal destino dos migrantes que preferem o meio rural. Ademais, as mesorregiões do interior cearense estão ganhando população através da reversão dos saldos negativos, como é o caso do Sul Cearense e Noroeste Cearense.

A MOBILIDADE TERRITORIAL Reflexões, conceitos e representações
PEDRO HENRIQUE MAXIMO PEREIRA
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O mundo contemporâneo parece suscitar novos conceitos que, de alguma maneira, expliquem ou elucidem os fenômenos que envolvem a vida e suas dinâmicas. O retorno de um certo nomadismo em escala planetária, ainda obscuro e em construção, é um destes fenômenos atuais. Pra representa-lo, o conceito de Mobilidade Territorial ganha expressivo uso de autores das mais diversas disciplinas e lugares, no entanto, não há consenso sobre suas bases epistemológicas. Neste sentido, no presente trabalho vislumbra-se uma contribuição teórica a esta discussão. Para tal, formula-se uma discussão inicial sobre o território e sua dimensão vivida: a territorialidade. Localização e Movimento, Redes e Sistemas e Acessibilidade e Mobilidade são discussões características da territorialidade e entende-se, neste sentido, que as discussões-base para a Mobilidade Territorial devem deles partir.

A ESTRUTURA URBANO-REGIONAL EM BALSAS – MARANHÃO (BRASIL)
Roberto César Costa Cunha
Ver resumo Participação não confirmada
Localizado na região Sul do estado do Maranhão, ocupada entre os séculos XVIII, o município de Balsas, a partir do desenvolvimento de uma pecuária extensiva e uma pequena produção, promoveu o surgimento de diferentes atividades produtivas em sua estrutura urbano-regional. Essas atividades passaram a partir dos anos de 1960, por profundas transformações que redefiniram as suas características, a sua estrutura urbana e a sua dinâmica econômica, social e territorial. Nesse sentido, este texto tem como objetivo geral identificar, sobretudo, o dinamismo recente urbano-regional do município de Balsas, tendo como cenário os investimentos nos setores agrícola, industrial, comercial e de serviços.

Rugosidades Mapuches. herencias Culturales en la Construcción del Lugar Contemporáneo
Rodolfo Efrain Zelada mario vianna ; Fernando Espósito Galarce
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Los mapuches, civilización indígena del sur de Chile, tienen una fuerte relación con el territorio, de ahí su nombre (mapu= tierra, che=hombre). Como “hombres de la tierra”, tienen un vínculo sagrado con la naturaleza, a diferencia de las culturas extranjeras dominantes, que se apropiaron del territorio desde su funcionalidad. Reflejo de ello es el valor de la construcción de lugar que la cultura mapuche expresa a través de su vivienda: la ruka. La ruka un puente entre el mapuche y lo sagrado, posee un valor técnico, revelando el material como parte de su espacio sagrado. Milton Santos dice que los elementos que forman el espacio (acciones y objetos), son producto de procesos de supresión, acumulación y superposición, estos procesos les llama “rugosidad”. Explorar aquellos espacios y y sus componentes físicos, históricos y simbólicos como categorías de rugosidad, es una oportunidad para entender la trascendencia del lugar en el tiempo.

CIDADE MÉDIA E REGIÃO: análise a partir da região intermediária de Juiz de Fora/MG
Samarane Fonseca de Souza Barros
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O objetivo principal deste trabalho é problematizar a relação entre cidade média e região a partir do contexto empírico da cidade mineira de Juiz de Fora e sua respectiva região geográfica intermediária. Para isto, utilizou-se do levantamento de dados secundários acerca dos elementos de gestão do território, comércio e serviço, atividades financeiras, educação superior e pós-graduação e serviços de saúde, além de trabalhos de campo que constataram a centralidade da cidade. Por fim, tentou levantar questões que suscitem o debate acerca do planejamento regional, demonstrando os velhos desafios inerentes a este campo.

A VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NO VALE DO ITAPOCU EM SANTA CATARINA: A Gestão no Município de Jaraguá do Sul
Sergio Torres Moraes ; Danielle Sella de Paula ; Sueme Freitas ; Marco Aurélio Schmitt da Silva
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Este trabalho faz parte de um estudo maior que se propõe a abordar questões relacionadas à gestão de áreas de vulnerabilidade socioambiental na região da bacia hidrográfica do rio Itapocu, ao norte de Santa Catarina. Os municípios catarinenses têm buscado há tempo diferentes composições de gestão regional sem, contudo, lograr ações efetivas que lidem com as fragilidades socioambientais. Desse modo, entender as dinâmicas de governança e identificar a dimensão destes problemas podem colaborar para a mitigação de vulnerabilidades sociais, econômicas e ambientais. Avaliamos aqui, portanto, os dados relativos à precariedade socioambiental no município de Jaraguá do Sul, confrontando-os com os planos municipais de gestão, indicando a extensão de suas efetividades.

ACESSO ÀS TICS POR IDOSOS DO MEIO RURAL NO SUL DO BRASIL
Silvia Virginia Coutinho Areosa ; Roberto Wickert ; Diorginis Luis Fontoura da Rosa ; Eduarda Correa Lasta
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Os idosos e a forma como envelhecem são singulares, assim precisa-se compreender o processo de envelhecimento como um acontecimento particular e subjetivo. A pesquisa buscou investigar a relação entre a percepção de solidão e o acesso à internet no contexto dos idosos do meio rural do município de Santa Cruz do Sul/RS considerando a pergunta de partida: qual a relação entre o acesso às tecnologias de informação, através da internet, e a percepção de solidão pelos idosos do meio rural? Foi aplicado questionário em 236 pessoas de ambos sexos com mais de 60 anos que vivem em sete distritos rurais. Os resultados apontaram que o acesso às TICs ainda é pequeno no meio rural, 27,8% não tinham acesso à internet e 32,8% relatam sentirem-se sozinhos. Salienta-se que entre os benefícios trazidos pelo advento da internet estão a possibilidade de expressão, sociabilização, acesso a informação e a formas de entretenimento.

A ANÁLISE MULTIESCALAR NOS ESTUDOS DAS DINÂMICAS TERRITORIAIS E SUAS IMPLICAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Taciane Lais da Silva ; Virginia Elisabeta Etges
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O presente artigo tem por objetivo principal refletir sobre as implicações no desenvolvimento regional da articulação das múltiplas escalas de análise e como essas interferem na dinâmica do território. Entende-se, portanto, que o território se apresenta como expressão relacional de múltiplas escalas, de processos que se articulam entre si, formando a totalidade. Este artigo foi elaborado a partir de uma revisão bibliográfica, abordando a compreensão política do território, seguida de uma breve contextualização sobre a compreensão do conceito de escala e a abordagem escalar nos processos de desenvolvimento territorial. Posteriormente discute-se as escalas e suas implicações na dinâmica territorial. Cabe destacar que cada conflito e tensão têm suas escalas específicas, contudo, uma possibilidade de articular e enfrentar os desafios postos por essa diversidade encontra-se na esfera do Estado Nacional. Entende-se que esta é uma maneira de expor os conflitos de interesses, mas também de pautar a construção de políticas públicas que estejam coerentes com o projeto de desenvolvimento da sociedade.

ASSENTAMENTO DE MARAPICU: REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO CAMPO E CIDADE E AS RURALIDADES
TAÍS CÔGO FERREIRA ; ANA PAULA PERROTA FRANCO
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Considerando os conflitos que existem no território de estudo denominado Assentamento Municipal de Marapicu, objetiva-se compreender como que a urbanização da região e a insuficiência de políticas públicas podem resultar no processo de invisibilidade do território e de seus atores sociais. Para tanto, serão analisadas as reflexões sobre a oposição campo e cidade a partir de Ferreira (2002) e Navarro (2001) para refletir como as transformações que ocorreram no Brasil nas últimas cinco décadas implicaram no processo de perda de significados do território de Marapicu, ou seja, de uma área que foi destinada a reforma agrária a partir das reivindicações dos seus atores sociais que ocuparam com suas identidades as terras improdutivas de Campo Alegre. Como contribuição para o estudo serão pautadas as reflexões de Polanyi (2000) sobre as mudanças sociais devido a Revolução Industrial e a criação das mercadorias fictícias (trabalho, terra e dinheiro). Por fim, serão apresentados breves apontamentos sobre as distintas formas de ruralidades como caminho para o desenvolvimento rural do território de Marapicu.

VALORIZAÇÃO DO TERRITÓRIO, SIGNOS DISTINTIVOS E DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: uma aproximação teórica e indicativos metodológicos
Valdir Roque Dallabrida
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Vivemos em tempos de transição paradigmática da sociedade dos objetos para a (i)conomia, que representa a transição para a sociedade dos ícones, ou signos. Um determinado signo pode fazer referência, por exemplo, a um produto ou serviço cuja notoriedade e especificidade remetem a um determinado lugar, numa relação constante entre produto e território, em que tanto o produto quanto o território se beneficiam dessa notoriedade. Assim, o debate sobre signos distintivos territoriais torna-se oportuno, podendo transforma-se em alternativa que possa contribuir no processo de desenvolvimento com mais autonomia territorial. Com isso, propugna-se a revalorização dos territórios, não mais na forma de territórios-zona, sim territórios-rede, em geral, desterritorializantes, mas que podem também ser base para um novo processo de territorialização. A partir do resgate de contribuições teóricas sobre signos distintivos, propõem-se aportes metodológicos que possam ser utilizados na prospecção e/ou avaliação de experiências territoriais.

TURISMO RURAL - CAPACIDADE DE AGÊNCIA DE AGRICULTORES FAMILIARES NA REGIÃO DE SANTA CRUZ DO SUL/RS
Verenice Zanchi ; Virgínia Elisabeta Etges
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O artigo que apresentamos tem o propósito de analisar como a capacidade de agência de agricultores familiares condiciona as dinâmicas de ressignificação do alimento, ofertado em empreendimentos de turismo rural, que integram a Rota Germânica de Rio Pardinho e o Roteiro Caminhos da Imigração, nos municípios de Santa Cruz do Sul e Sinimbu/RS. Para compreender como os atores exercem sua capacidade de agência nos apropriamos da perspectiva orientada ao ator, abordagem teórico-metodológica proposta por Nornan Long (1982; 2007), uma teoria de médio alcance ainda pouco utilizada. Entrevistas em profundidade e análise documental compõem a base empírica da pesquisa. As evidências demonstram que o alimento vem sendo oferecido por famílias que integram roteiros de turismo rural como estratégia de diversificação de atividades e de geração de renda em suas propriedades.

O CRÉDITO INSTALAÇÃO E A QUALIDADE DE VIDA DOS ASSENTADOS: Reflexões sobre modelos de desenvolvimento para o rural e a expansão das capacidades no território semiárido nordestino.
Verônica de Fátima Fernandes Barbosa ; Francisco do Ó de Lima Junior ; Larissa da Silva Ferreira Alves
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O presente ensaio visa contribuir para o atual debate em torno das estratégias contemporâneas de desenvolvimento rural no Brasil. É oriundo de revisão bibliográfica e de observação participante da pesquisadora nas dinâmicas dos assentamentos rurais no Ceará (2012 a 2017). Na primeira seção, apresentamos o território semiárido cearense, onde também discorremos sobre a concepção de território utilizada no artigo. Em seguida, discutimos sobre o processo de modernização conservadora vivenciado no Nordeste, que influenciou o caráter dual das políticas públicas presentes no campo. Na terceira parte apresentamos o credito instalação, política pública direcionada aos beneficiários do programa de reforma agrária com fins de instalação e apoio ao início das atividades produtivas das famílias assentadas. Apontamos reflexões sobre processos desenvolvimento e de expansão das liberdades e capacidades dos sujeitos e a relação do acesso ao credito com sua qualidade de vida.

Políticas territoriais e centralidade de gênero: Estudo sobre políticas públicas e empoderamento feminino entre pescadoras artesanais
Victorya Elizabete Nipo Teixeira de Carvalho ; Winifred Knox
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As políticas públicas ao adotarem a abordagem territorial assumem outra escala de planejamento, avançando na inclusão de novos atores e setores econômicos, a exemplo das mulheres pescadoras artesanais. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo compreender como a perspectiva de gênero foi adotada pelas políticas territoriais no Brasil e de que maneira as ações públicas atendem as mulheres pescadoras, tendo como caso empírico a comunidade da praia de Muriú, no município de Ceará Mirim/RN. Para tanto, foram realizadas pesquisas bibliográfica e documental sobre a temática e a área de estudo, entrevistas semi estruturadas com os principais atores e uma oficina participativa com as pescadoras. Conclui-se com esse trabalho a necessidade de políticas públicas para as mulheres, bem como a importância da transversalidade de gênero nas ações locais e o papel dos governo locais na implementação de políticas federais para promoção de um desenvolvimento territorial rural inclusivo.

CAPITAIS INTANGÍVEIS E DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: Algumas Considerações Preliminares
Vilmar Nogueira Duarte ; Mirian Beatriz Schneider
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Este artigo discute a importância dos capitais intangíveis no processo de desenvolvimento territorial. Apresenta, em linhas gerais, um escopo sobre a noção de desenvolvimento territorial, destacando a estreita relação entre os capitais intangíveis: capital institucional, capital humano, capital cívico, capital social e capital sinergético com o desenvolvimento econômico dos territórios. Finalizando, o texto aponta que esses capitais são decisivos no processo de desenvolvimento sustentável, como elementos de origem endógena, ou seja, procedentes do interior do próprio território.

A Agroindústria Familiar no contexto do Sistema Agrário Colonial no Sul do Brasil
Virginia Elisabeta Etges ; Erica Karnopp ; Olgário Paulo Vogt
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A configuração do território rural no sul do Brasil foi fortemente influenciada pela imigração europeia ao longo do século XIX. O sistema agrário colonial, decorrente desse processo, é caracterizado pela pequena propriedade rural, organizada em regime de trabalho familiar, voltada à produção da subsistência do grupo familiar e à venda de excedentes. Os dados apresentados resultam da pesquisa que analisou o processo de constituição e de funcionamento das agroindústrias familiares e suas implicações na dinâmica da organização territorial na região do Vale do Rio Pardo - RS. Por meio da investigação, de caráter analítico-explicativo, buscou-se compreender a interação de fatores de ordem endógena (horizontalidades) e de ordem exógena (verticalidades) no território, uma vez que a região é hegemonizada por grandes complexos transnacionais da indústria do tabaco, que usam o território de forma seletiva, promovendo a exclusão social e a degradação ambiental. Os dados coletados apontam dificuldades na formalização das agroindústrias, em decorrência das exigências legais. Do total de agroindústrias identificadas na região, em torno de 40% são formais e 60% estão em processo de formalização ou são informais, condição que limita o acesso ao mercado formal para comercialização da produção.

SILENCIAMENTO DE SUJEITOS E ENCOBRIMENTO DE TERRITÓRIOS: O discurso dos vencidos e dos vencedores no ensino da “Guerra do Paraguai” no Estado do Paraná
VIVIAN COSTA BRITO ; Gilberto Friedenreich dos Santos ; Luis Ignacio Lopez
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A “Guerra do Paraguai” é um dos temas mais polêmicos quando se trata da recente história de formação do território latino-americano. A ótica para apreensão de tal questão passa em geral pela análise historiográfica. Essa análise gera duas grandes narrativas: a dos vencidos (Paraguai), de base nacionalista e anti-imperialista e as dos vencedores (Brasil), de pilar nacionalista, subimperialista. Objetivo desse estudo é analisar o discurso contido nos recursos didáticos usados pelo docente do Ensino Médio das escolas públicas para explicar a formação socioespacial do Paraguai e o papel do Brasil na guerra. Para tal exame, usa-se o método de abordagem dialético marxista à luz da análise do discurso do Círculo de Bakhtin. É a ênfase dada na categoria tempo em lugar da categoria espacial a crítica as narrativas sobre o conflito. Verifica-se no livro didático do Ensino Médio nas escolas públicas do Paraná o caráter descritivo do enfoque geográfico que silencia sujeitos e encobre territórios.

ST 04 - Políticas Regionais e Territoriais
MACROMETRÓPOLE PAULISTA: apontamentos sobre uma nova unidade de planejamento
Ana Lia Leonel ; Silvana Zioni ; Sandra Momm
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A Macrometrópole Paulista (MMP) é uma região no estado de São Paulo com características heterogêneas resultante de dinâmicas territoriais complexas. Apesar da emergência como unidade de planejamento estadual esta região não é formalmente institucionalizada e sua definição não possui contornos rígidos. Partindo da hipótese que a região é resultante de uma urbanização extensiva, fenômeno global associado com a concepção da mega-cidade região, e que existem interesses em disputa no estabelecimento desse território, este trabalho discute qual o perímetro da MMP. Com base na análise do Plano de Ação da Macrometrópole Paulista (PAM), estabelecido pela Emplasa, e do Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista, estabelecido pelo DAEE, são pontuados os critérios que influenciam o desenho dessa unidade e interesses que influenciam o seu planejamento e governança.

POLÍTICA TERRITORIAL NO BRASIL Reflexões sobre os mecanismos de governança e a gestão social em territórios rurais e da cidadania
Anelise Graciele Rambo
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Este trabalho discute o papel da gestão social e da governança territorial nos processos de desenvolvimento, entendo este enquanto caminhos de acesso a formas sociais mais aptas a estimular a criatividade humana e responder às aspirações da coletividade. Reuniu-se análises acerca da política territorial brasileira, a qual ampliou o horizonte de possibilidades da sociedade, na medida em que previa a implementação de mecanismos de governança que possibilitassem a gestão social. Ao mesmo tempo, são apresentados resultados de uma pesquisa in loco, acerca da dinâmica de três colegiados territoriais, com vistas a observar avanços e desafios destes mecanismos. Enquanto resultados, verificou-se que os colegiados territoriais representaram um avanço significativo no que concerne à participação dos atores locais/regionais nos espaços de governança, entretanto estes carecem avançar no sentido de empoderar os atores territoriais de modo a lhes dar maior autonomia e emancipação nas decisões a ações territoriais.

Ocupar, colonizar, urbanizar a Amazônia Legal (1970-80): ações oficiais e privadas na criação de núcleos urbanos
Átila Rezende Fialho ; Ricardo Trevisan
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A Ditadura Militar no Brasil (1964-1985) compreendeu um período de esforço nacional para a integração capitalista da Amazônia, estruturado em um pensamento desenvolvimentista. O militar desenvolvimentismo propagava duas convicções: uma de que estaríamos em um estágio atrasado de avanço civilizatório e a segunda de que tínhamos um potencial subaproveitado, do qual poderíamos usufruir para alcançar um projeto de nação desenvolvida. A abordagem aqui se debruça na materialização desses esforços por meio da criação de cidades novas, visando uma colonização dirigida do território que até então se encontrava pouco habitada. Muitos projetos, desenvolvidos pela SUDAM, pelo INCRA e por outros setores do governo federal, colocaram energia nunca antes vista para capacitar de infraestrutura, atrair força de trabalho e investidores, nacionais e internacionais, subsidiar a produção e concretizar projetos de assentamentos, inseridos nos planos e projetos: PROTERRA, PIN, PND, POLAMAZÔNIA, PRODOESTE e Projeto RADAM. Nessa conjuntura, casos de cidades merecem destaque: núcleos que nasceram de política pública, especificamente do planejamento do INCRA, ou que foram planejados por empreendedores privados a fim de assentar a mão de obra de uma produção específica e lucrar com investimentos imobiliários. Objetiva-se, com isso, ter uma compreensão mais clara acerca dos projetos de ocupação da Amazônia Legal entre 1970 e 1980, das ações do INCRA e das cidades novas criadas nesse contexto. Igualmente espera-se constituir um retrato da ocupação territorial, a partir de um recorte temporal preciso, da região centro-norte, gerando maior compreensão sobre processos de urbanização regionais e práticas urbanísticas adotadas.

DESENVOLVIMENTO, GOVERNANÇA E COESÃO TERRITORIAL: A atualidade do debate
Bruno Abdala ; Juliana Nunes
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Observa-se, nas últimas décadas, especial entusiasmo em relação a discursos e práticas que buscam valorizar o desenvolvimento a partir de sua dimensão espacial. Nesse sentido, assiste-se a uma tendência no desenho de políticas que acionam o local, o território, os atores e agentes locais, considerando-se que as disparidades sociais, econômicas, culturais e ambientais possam ser solucionadas, quando necessárias, a partir de um tratamento territorialmente diferenciado. Além disso, o envolvimento de atores sociais em seus contextos territoriais específicos possibilitaria maior capacidade para a promoção de processos de governança, ampliando-se a possibilidade de estímulo à coesão territorial. Neste texto, busca-se precisar os termos do debate. Sem pretender esgotar a literatura disponível sobre o tema, empenha-se em sistematizar os principais aspectos que nos possibilitam melhor compreender a atualidade do tema do desenvolvimento, orientado pela busca de maior participação de atores e agentes locais, visando-se a uma maior coesão territorial.

Mobilidade urbana na Aglomeração Urbana do Litoral Norte/RS: Articulações em Planos e Legislações locais e Regionais
Bruno Gallina ; Reynaldo Lirio de Mello Neto ; Francisco Cenzi de Ré
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A instituição de regiões metropolitanas ou aglomerados urbanos está baseada na identificação das Funções Públicas de Interesse Comum (FPIC): uso do solo, saneamento básico e transporte público/mobilidade urbana. Portanto é dada a necessidade da integração e articulação entre as políticas em diferentes esferas de governo. A Aglomeração Urbana do Litoral Norte (AULINOR) é formada por 20 municípios, sendo 11 deles contíguos à faixa litorânea, formando uma área conurbada. O presente trabalho utiliza este recorte territorial por compreender que é neste contexto que emerge a maior demanda de deslocamento das pessoas, sejam por motivos cotidianos de ensino, saúde e trabalho até as cidades de maior porte, sejam turísticos no período de verão. Dada a importância da mobilidade intermunicipal em áreas com estas características, a Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (METROPLAN) desenvolveu um projeto denominado Avenida do Litoral, buscando a integração viária desta região. Neste contexto, o artigo busca identificar quais as diretrizes referentes à mobilidade intra e intermunicipal presentes no planejamento urbano de cada município da AULINOR (Planos Diretores e Planos de Mobilidade Urbana) e de que forma estas diretrizes incorporam as definições estabelecidas no projeto Avenida do Litoral. Para tal, este artigo tem embasamento teórico a partir do conceito de Rede Urbana e suas relações com mobilidade urbana e regional. Além disso, foram analisados, a partir de pesquisa documental, os Planos Diretores e Planos de Mobilidade Urbana, buscando identificar em seu texto referências à integração regional, sobretudo em mobilidade. Na sequência verificou-se como as diretrizes de circulação e mobilidade urbana contemplavam a esfera regional, especialmente as estabelecidas pelo projeto Avenida do Litoral.

Impasse no modelo de desenvolvimento fluminense: o desafio de superar uma crise econômica não apenas das finanças públicas.
Bruno Leonardo Barth Sobral
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O Estado do Rio de Janeiro enfrenta um grave problema econômico que não se resume a aparência dos fatos que compõe a narrativa oficial do governo. Aspectos prioritários na raiz da questão serão tratados no presente artigo, o que envolve impasses no modelo de desenvolvimento como também tensões federativas. Dessa forma, visa desmistificar certos falácias no debate. Primeiro, deixar claro que a crise não é um problema exclusivo estadual quando a escala do problema é nacional, logo, discutir suas especificidades. Segundo, questionar se é razoável aceitar que governo federal assumindo papel só de credor, sem aceitar discutir assimetrias de poder no âmbito do pacto federativo. Terceiro, enfatizar a necessidade de articular uma solução para o problema das finanças públicas com os desafios de recuperação de uma grave crise econômica.

VIVER, MORAR E PLANTAR: O IMPACTO DO PLANEJAMENTO URBANO NA VIDA DOS AGRICULTORES QUILOMBOLAS DO MACIÇO DA PEDRA BRANCA
Caroline dos Santos Santana
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A relação entre planejamento urbano, agricultura urbana e políticas públicas não nos parece inicialmente uma relação cercada por conflitos, mas a partir da realidade das famílias que vivem da prática agrícola no espaço urbano, compreende-se que o planejamento urbano interfere em diversos âmbitos da vida: o econômico, político e também o social. O presente estudo discute a relação existente entre a agricultura urbana e o planejamento das cidades e o impacto dos instrumentos de regulação do espaço urbano na vida das famílias que vivem da agricultura na Cidade do Rio de Janeiro.

Avaliação das transferências voluntárias para obras de infraestrutura da reforma agrária
Daniel Marques Moreira ; Ricardo Lobato Torres ; Sónia Nogueira
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O artigo teve por objetivo estudar o desempenho de implementação e execução das transferências voluntárias para obras de infraestrutura em áreas de reforma agrária, a partir da investigação de índices de desempenho e avaliação política. Valendo-se de uma pesquisa aplicada e documental do tipo quantitativa descritiva em ações e projetos estabelecidos no PPA 2012-2015 foram avaliados 150 programas de infraestrutura disponibilizados pelo Incra na Rede SICONV. A investigação de índices, realizada por meio de uma pesquisa exploratória, sugere que as transferências voluntárias apresentam um desempenho com pouca eficácia no cumprimento dos objetivos, frustrando expectativas geradas em torno da celebração dos instrumentos. Como contribuição destaca-se a identificação de padrões de comportamento que expõem fragilidades dos programas e que podem auxiliar na compreensão de sucessos e fracassos para melhorias das políticas públicas.

O SETOR MINERAL NO ESTADO PARÁ - QUAIS AS SUAS POLÍTICAS PUBLICAS?
Débora Almeida Chaves
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Este artigo procurou verificar de que forma se processa a intervenção do Estado via políticas públicas/planos implementadas pelos governos do estado do Pará para o setor mineral. Para atingir o objetivo proposto, foi realizada uma pesquisa exploratória sobre o temática da mineração no estado do Pará, tomando também como aporte uma pesquisa e levantamento documental junto as secretaria de estaduais que se relacionam (in)diretamente com a questão mineral, com recorte temporal de 2000 – 2016, tendo como base de verificação os PPA, LOA e os relatórios de avaliação das ações já desenvolvidas pelas secretarias de estado que estão ligadas ao setor mineral, além de Planos de Desenvolvimento que tem norteados as ações do governo estadual após o ano de 2014. Com base nisto, verificou-se que a trajetória de intervenção tem se mostrado descompassada quanto aos valores orçamentários destinados ao setor mineral, e o foco está voltado apenas dois modelos de desenvolvimento: verticalização da produção mineral e formação de Arranjos Produtivos Locais, que implica em segmentos com mais de 20 anos sendo alvos de ações e com fracos resultados sociais como o crescimento de emprego e renda, o que coloca as ações com cíclicas.

A ESPACIALIDADE DO SETOR DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO NA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA E BRASIL- PARAGUAY
Éder Damião Goes Kukiel ; Claudia Vera da Silveira
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O objetivo geral do artigo é analisar a espacialidade do sector de material de construção na fronteira Brasil-Bolívia (Corumbá/Puerto Quijarro) e Brasil-Paraguay (Ponta Porã/Pedro Juan Caballero). A metodologia utilizada consistiu em pesquisa de campo como forma de comparar a dinâmica desses espaços fronteiriços, dando ênfase à variação cambial (Real/Peso Boliviano e Real/Guarani) foi coletada informação referente a preços de alguns materiais de construção para fins comparativos, além disso, fizemos uso de observação direta, entrevistas semi-estrutura com representantes do comércio de materiais de construção, conversas informais com trabalhadores do setor, registros fotográficos e cartografia. Os resultados indicam que o espaço fronteiriço apresenta fortes interações evidenciadas pelo comércio e pelo trabalho cotidiano, quando brasileiros, bolivianos e/ou paraguaios atravessam os limites internacionais, sejam esses limites pontes ou avenidas internacionais, de forma diária/ cotidiana, em busca bens e serviços mais atraentes, sejam esses atrativos materializados, em menores preços, maior qualidade e/ou existência de garantia.

PLANEJAMENTO TERRITORIAL: Reflexões sobre uma cultura em construção no Brasil
Elisa Roberta Zanon
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A temática apresentada neste artigo trata de entendimento do planejamento urbano no Brasil a partir da evolução do pensamento urbanístico, apontando novas possibilidades neste início do século XXI. Via de regra, as escalas do planejamento no Brasil enfatizam à dimensão da cidade, estando relacionadas aos problemas das demandas por infraestrutura, moradia e saneamento, avançando por um período na escala regional, porém, numa visão autoritária e centralista do poder ditatorial. A partir da aprovação da Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Cidade em 2001, tem-se o arcabouço do planejamento territorial como uma cultura em construção. A metodologia usada neste estudo envolve a teorização do planejamento por um viés crítico com base em autores que analisam diferentes momentos históricos no Brasil. Por fim, constata-se que o planejamento é um processo contínuo, podendo avançar no seu entendimento territorial como prática e ciência, mesmo que o momento histórico seja de imprevisibilidade.

Financiamento Público: O caso do BNDES e a relação público-privada
Fernanda Lira Goes ; Sérgio Henrique de Oliveira Teixeira
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A crescente internacionalização dos territórios e das economias nacionais esteve ancorada nas necessidades do capitalismo em impor a agenda dos poderes hegemônicos sob a produção do espaço, atrofiando os centros nacionais de decisão em favor dos desígnios de acumulação das corporações mundiais. Sob a insígnia da eficiência estratégica os poderes públicos estatais têm transferido suas funções de planejamento para grandes corporações que verticalizam ordens e ações globais extravertidas, impondo ao território modelos formulados no centro do sistema capitalista e que têm o objetivo de manter os países da periferia subordinados e subservientes a um regime de espoliação mundializado em busca de plena realização de uma mais valia global. De 1998 a 2017, 47 países acessaram o financiamento do BNDES. Os desembolsos para exportação para obras e serviços e para bens de capital e demais operações foram de US$ 37 bilhões. Estados Unidos concentram US$ 17 bilhões desse valor. Entre 2002 e 2017 as contratações para obras no exterior somam US$ 14,6 bilhões. Por meio do BNDES, empresas brasileiras se relacionam com o financiamento público de modo íntimo.

AUTONOMIA MUNICIPAL E PLANEJAMENTO TERRITORIAL NO BRASIL
Fernando Cardoso Cotelo
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O argumento principal deste artigo é que a dificuldade para a produção de um planejamento territorial abrangente no Brasil se deve, em parte, à forma de sua estrutura federativa, principalmente no que se refere às atribuições e competências territoriais dos municípios. Essa forma geográfica de administração local remonta aos tempos da Colônia e foi transmitida através da legislação portuguesa antes da Independência, passando pelas Constituições do Império e da República, sem que seus aspectos geográficos tenham sido questionados. Para "desnaturalizar" essa concepção de conformação territorial arraigada no imaginário, justamente por sua estabilidade secular, elaboramos uma comparação com a forma estadunidense de lidar com os governos locais em seu aspecto relacionado a seu planejamento territorial. O artigo chama a atenção para a dificuldade que a forma federativa com status de autonomia territorial virtualmente irrestrita e historicamente não questionada, paradoxalmente, prejudica o próprio desenvolvimento local, motivo pelo qual foi idealizada.

Zoneamento Ecológico Econômico e Economia do Zoneamento - Uma revisão teórica
Gisele Barbosa de Paiva
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O zoneamento ecológico econômico (ZEE) é definido como um instrumento de ordenamento territorial e de gestão ambiental instituído na Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e que tem como objetivo racionalizar a ocupação dos espaços através do redirecionamento das atividades e subsidiar a formulação e implementação de políticas públicas. Apesar de institucionalizado na PNMA atua predominantemente como um instrumento de ordenamento territorial, substituindo inclusive uma política nacional de ordenamento territorial – ainda inexistente no pais. Nesse sentido, esse artigo se propõe a realizar uma revisão teórica do ZEE comparando-o à teoria econômica do zoneamento – predominantemente zoneamento urbano. Essa busca se justifica pela necessidade em se definir a natureza do instrumento ZEE, se normativo, indicativo, de comando-controle ou instrumento econômico. Chega-se à conclusão, que o ZEE, na forma que é definido e implementado, se configura como um tipo de planejamento territorializado de caráter indicativo.

O correio como braço logístico do estado para a execução de políticas públicas no Brasil
Igor Venceslau
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Este trabalho tem o objetivo de revelar como a capilaridade de agências postais no território brasileiro e o serviço de logística dos Correios se tornaram fundamentais para a execução de politicas públicas. Sustenta-se a ideia do correio como um braço logístico do Estado, atualizando a sua relevância como um serviço público. A partir da instalação de fixos geográficos em todos os municípios, os Correios agem como um “braço logístico” do Estado. Dentre essas políticas públicas, destacam-se: o planejamento e ordenamento territorial urbano; o Banco Postal; a distribuição de vacinas; a distribuição de livros didáticos e logística dos materiais dos exames nacionais de educação; a emissão de documentos; a distribuição de donativos. Por fim, evocou-se a ideia de modelo cívico do território para problematizar a relação entre Estado, logística e cidadania na contemporaneidade

OCUPAÇÃO E INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE: O desenvolvimento da Mesorregião Nordeste de Mato Grosso, Brasil
João Augusto Dunck Dalosto ; Cássius Dunck Dalosto ; Antônio Pasqualetto
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A partir da década de 1950, o transporte rodoviário ganhou notoriedade nos planos de ordenamento no Brasil, a qual passou a cooptar gradativamente as participações dos demais modais de transporte, carregada com a retórica de trazer desenvolvimento aos territórios. O presente estudo objetivo compreender os efeitos dos investimentos em infraestrutura de transporte sobre o território, inseridos em contextos e escalas diferentes. Foram analisadas bibliografias sobre a temática do planejamento de transporte, bibliografia histórica e realizada coleta de dados de indicadores agropecuários e fundiários. Dessa forma, mediante a elaboração de tabelas e mapas temáticos, possibilitou-se verificar a distribuição das variáveis no espaço, bem como a quantificação das variáveis nos dois grupos de municípios: “cortados” e “não cortados” pela BR-158. As conclusões da pesquisa apontam que a BR-158 foi, de fato, um fator estruturador do espaço geoeconômico da Mesorregião Nordeste de Mato Grosso, visto que atuou como fator de retração do território indígena, concentrou as atividades produtivas e diminuiu a concentração fundiária nas regiões próximas ao seu traçado.

Transformações da rede urbana paulista a partir da expansão do setor sucroenergético – 1975/2010.
João Jaime de Carvalho Almeida filho ; Marcos Roberto Martines ; Jonathas Magalhães Pereira da Silva
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O Estado de São Paulo viu surgir, desde 1975, a expansão e consolidação de uma atividade predominante no agronegócio: o setor sucroenergético, que utiliza para o plantio de cana de açúcar quase metade das terras agriculturáveis das regiões em que está presente e instalou usinas em pouco mais de um terço dos municípios das mesmas regiões. Analisamos o setor entre 1975 e 2010, período de consolidação do fenômeno. Surgem questões importantes: qual o impacto demográfico? Quais as demandas sociais geradas? Há reflexo na construção do direito democrático à cidade? Qual a influência da localização das usinas sobre a rede de cidades? Surgem ou acentuam-se desigualdades? Governos atuam com políticas para compensar eventuais desequilíbrios? O artigo apresenta as estratégias adotadas pela pesquisa que objetiva analisar e investigar tais questões por meio de indicadores econômicos, demográficos, sociais, de infraestrutura e serviços, além de identificar a ação do estado no processo.

QUAL O ESPAÇO INSTITUCIONAL DE UMA POLÍTICA DE ORDENAMENTO TERRITORIAL NO BRASIL
João Mendes da Rocha Neto
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A ordenação territorial ainda se constituiu em um tema ambivalente na agenda de políticas públicas brasileiras, embora constitucionalizado, existe uma série de fatores de ordem institucional que tornam desafiador a formulação da política que trata do tema. Nesse sentido, entender a trajetória recente percorrida pelo ordenamento territorial dentro da estrutura estatal brasileira e suas limitações é o objetivo do presente artigo. Assim, a pesquisa partiu de um debate conceitual, para então ir a busca de dados e publicações oficiais e busca relacionar essa complexa arquitetura legal/institucional frente a proposta da Política Nacional de Ordenamento do Território (PNOT). Nesse sentido, o presente trabalho se limita ao aspecto institucional e sua contribuição se dá exatamente no fato de ainda persistirem lacunas sobre ordenamento do território, principalmente, quando visto como objeto de uma política pública frente as demais iniciativas setoriais. Mais do que conclusões o artigo traz uma série de questões ainda não respondidas e que não permitem a simplificação do tema abordado.

ANÁLISE DA REDE URBANA RONDONIENSE: Estudo de caso da Microrregião de Cacoal.
José Rafael de Lima ; Tiago Ferrari do Nascimento ; Ariel Barros do Nascimento Assis ; Alana Pereira de Freitas
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Ao longo do século XX o Brasil passou por uma grande reconfiguração da sua rede urbana. Além da influência das cidades litorâneas, também esteve associada a uma maior interiorização da população, com destaque para a ocupação das regiões centro-oeste e parte da região norte impulsionada pelo agronegócio. Durante o Regime Militar, foram criados programas de ocupação da Amazônia, principalmente no Estado de Rondônia, que se encontrava praticamente desabitado até a década de 1970. A rápida expansão das cidades de Rondônia fez com que se formasse uma rede urbana local, com o surgimento de 50 novos municípios no período médio de 40 anos, ocasionando a atração de inúmeros serviços especializados como redes educacionais, serviços de saúde, órgãos governamentais, assim como redes de transportes e de telecomunicação. O presente artigo tem como finalidade abordar a relação entre as cidades da região do Leste Rondoniense, com enfoque na cidade de Cacoal, como uma das mais importantes do Estado.

EMPRESAS DE ENERGIA EÓLICA NO RIO GRANDE DO NORTE: uma análise sobre a evidenciação socioambiental
JOSELMA RAMOS CARVALHO SANTOS ; ANA CAROLINA SILVA DE AZEVEDO ; CARLA MONTEFUSCO DE OLIVEIRA
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A responsabilidade social empresarial se particulariza por um conjunto de ações éticas e transparentes que, articuladas às atividades dos negócios, buscam dirimir efeitos negativos socioambientais ocasionados pela natureza própria de cada negócio. Assim, o trabalho ora apresentado, parte do projeto de pesquisa Responsabilidade Social Empresarial e Transparência: uma análise do nível de evidenciação socioambiental das empresas do Rio Grande do Norte, através de estudos bibliográficos e análise documental objetiva verificar o comprometimento socioambiental das organizações de energia eólica para o estado citado, sendo observado que nesse sistema corporativo não é transparente a evidenciação dos "stakeholders" beneficiados por ações socioambientais.

POLÍTICAS PÚBLICAS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL EM MATO GROSSO DO SUL
Kaully Furiama Santos ; Fabricio José Missio
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O trabalho tem por objetivo elencar e analisar as principais políticas públicas de desenvolvimento regional em Mato Grosso do Sul. Para tanto, inicialmente realiza-se um levantamento histórico com o objetivo de compreender as políticas de desenvolvimento aplicadas no território do estado, que remontam ao Governo Vargas. São exemplos a criação do Território Federal de Ponta Porã e da Colônia Agrícola de Dourados, dentro do contexto da “Marcha para o Oeste”, e as políticas lideradas pela Superintendência de Desenvolvimento da Região Centro Oeste, principalmente durante o regime militar. Em seguida, analisamos as políticas recentes, tanto aquelas relacionadas as “guerras fiscais” quanto as associadas a política dos Eixos Nacionais de Integração de Desenvolvimento, que no MS resultaram na construção da Ferronorte, do gasoduto Brasil-Bolívia e da hidrovia Tietê-Paraná. As considerações finais apontam que o desenvolvimento do estado é marcado pelas políticas públicas implementadas, e que houve uma mudança de orientação na política de desenvolvimento regional, a partir dos anos 2000.

O CAMINHAR DA SECA E AS NOVAS FRONTEIRAS DA EXPROPRIAÇÃO DO CAPITAL: Da falência das políticas públicas ao planejamento decolonial insurgente
Lívia Antunes ; Andrea Carla de Azevedo
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O objetivo do presente trabalho é discutir algumas políticas públicas de recursos hídricos descentralizadas e/ou de abrangência regional através de duas territorialidades e situações: a primeira tem base no Semiárido paraibano e na construção histórica dos discursos de escassez legitimados por políticas “de combate à seca”. A segunda visa trazer uma visão complementar problematizando o que ficou conhecido como crise hídrica do Sudeste brasileiro nos anos de 2014/2015. Tal leitura será realizada sob o entendimento da escassez enquanto produção social que atinge de maneira direta, essencial e contraditoriamente, atores excluídos das formas legítimas de gestão e negociação do Estado na consolidação um planejamento esquizofrênico (MIRAFTAB, 2016) utilizado em prol - e no seio - dessa condição. Pretende-se, assim, problematizar tais contextos trazendo ao centro das discussões espaços ignorados, na proposição de outro planejamento nascido no âmbito de movimentos de enfrentamento insurgentes na contraposição aos espaços permitidos pelo Estado.

O PLANEJAMENTO TERRITORIAL EXPLICITADO NO AVANÇO DA FRONTEIRA HIDRELÉTRICA NA AMAZÔNIA: TERRITÓRIOS EMPRESARIAIS E A ROTAÇÃO DE ENCLAVES
LUIS FERNANDO NOVOA GARZON
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Se nos anos 1970 e 1980 grandes projetos hidrelétricos materializavam espaços socialmente segregados e jurisdições territoriais ad hoc, a partir dos anos 2000, passam a envolver um nível superior de articulação interescalar e uma maior pretensão homogeneizadora da regulação pró-mercados. Os territórios empresariais que foram sendo inventados e instaurados com o avanço da fronteira hidrelétrica na Amazônia, com base na interpenetração entre grupos privados e aparelhos governamentais e intergovernamentais, tendem a obter imediata abrangência regional e continental, acompanhando redefinições estratégicas e locacionais dos capitais envolvidos. O texto pretende demonstrar, a partir do caso das Usinas Hidrelétricas Santo Antônio e Jirau no rio Madeira (RO), os caminhos institucionais e discursivos específicos adotados na expansão dessa fronteira, que precificam e nivelam por baixo padrões de proteção ambiental e de direitos sociais e culturais vigentes no país.

Trabalho e precarização nos mercados de trabalho em cidades médias no Rio Grande do Sul: uma análise a partir de Caxias do Sul e Santa Cruz do Sul.
MARCO ANDRÉ CADONA
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O artigo analisa dinâmicas de precarização do trabalho presentes em cidades médias do Rio Grande do Sul. Toma-se como referência empírica duas cidades médias do Rio Grande do Sul, Caxias do Sul e Santa Cruz do Sul, para, então, analisar como a dinâmica de desenvolvimento do capitalismo no Brasil a partir de 2011 repercutiu nos empregos e nas condições de empregabilidade das pessoas que trabalham nas cidades médias gaúchas. A partir de uma perspectiva de análise que atenta para a historicidade e as contradições presentes nos mercados de trabalho, dados do CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego, sustentam a tese de que os mercados de trabalho das cidades médias investigadas expressam dinâmicas de precarização do trabalho, manifestas essas através da insegurança nos empregos, nas trajetórias de ocupação, na renda, nas formas de proteção legal aos trabalhadores.

Federalismo, Território e Regionalização nos Consórcios para Aterro de Resíduos Sólidos (COMARES) no Vale do Jaguaribe-CE
Maria das Candeias Silveira de Morais ; Larissa da Silva Ferreira Alves
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Este trabalho objetiva compreender o processo de regionalização que resultou na formação de consórcios para gestão de resíduos sólidos no Ceará, no recorte temporal de 2005 a 2017. Antes de criar os consórcios, o Estado passou por um processo de regionalização. Uma dessas regiões foi o Vale do Jaguaribe, formada por 15 municípios, o que resultou na constituição de dois consórcios, o Consórcio Municipal para Aterro de Resíduos Sólidos (COMARES) Unidade Limoeiro do Norte e o COMARES Unidade Jaguaribara, pela associação de 11 e 04 municípios, respectivamente. Trata-se de um estudo de caso exploratório e descritivo, realizado a partir de pesquisas bibliográfica e documental, além de entrevistas semiestruturadas com ex-prefeitos da época e com membros de grupos de interesses. Os resultados apontam que foi um processo verticalizado e que na prática os consórcios ainda não se efetivaram.

POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO NO NORDESTE/BRASIL
marilia natacha de freitas silva ; eustogio wanderley correa dantas ; Antonio Aledo Tur
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As atividades do turismo e do imobiliário contribuem para a atual reconfiguração dos espaços e territórios no mundo. E no caso do Brasil, e mais especificamente a região Nordeste nos últimos anos é o alvo do capital privado. Ademais se sabe que essas transformações não ocorrem meramente por força do acaso, o planejamento tem papel primordial. Por isso ressalta-se a importância do Estado e de suas políticas públicas enquanto elemento facilitador para a geração de divisas, na implantação de infraestrutura logística e na atração de capitais privados, contribuindo na atual valorização dos espaços litorâneos. Portanto o presente artigo tem como objetivo identificar e apresentar as principais políticas públicas de turismo e consequentemente as contribuições espaciais deste processo. Metodologia para a construção da pesquisa foi necessário duas etapas fundamentais: a primeira consistiu no levantamento de dados a respeito das políticas publicas de turismo e a segunda fase a analise dos dados através da elaboração de cartogramas. Resultados e originalidade do documento o trabalho identifica e representa as políticas públicas de turismo e seu papel na reconfiguração dos espaços litorâneos nas ultimas décadas. Conclusão. Apesar dos investimentos maciços em politicas púbicas e da atual atração de investimentos privados à comunidades litorâneas e não litorâneas no Nordeste, existe uma necessidade real de buscar entender como essas politicas publicas repercutem na vida dos grupos locais.

PLANO DIRETOR DE PALMAS, TOCANTINS: Instrumento de ordenamento urbano ou de gestão das urgências?
Marli Terezinha dos Santos ; Laryssa Rezende Simão ; José Maria da Silva Júnior ; Marlon Rodrigues Mesquita de Freitas
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No contexto em que Palmas está inserido, o espaço urbano é visto como uma mercadoria acessível a poucos. A cidade é esparsa com extenso perímetro urbano e infraestrutura permeada de vazios. Pensar a cidade é buscar o porquê dessa forma contraditória de consolidação do espaço, seja pela omissão do poder público, pela especulação imobiliária ou por outros aspectos que influem na configuração do espaço urbano. Como instrumento de ordenamento do território e de garantia da função social da cidade, o Plano Diretor e o seu processo revisional possibilita o atendimento das necessidades da população e a promoção de debates sobre questões e problemas no cenário urbano/rural dos municípios. Nesse quadro, o direito à cidade e à cidadania se materializa no cotidiano. O presente artigo analisa a revisão do Plano Diretor do Município de Palmas-TO, com o objetivo de questionar o seu processo revisional e demonstrar seus reflexos e perda da garantia de direitos e do usufruto da cidade pela população.

DA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL DA BAHIA À INDUÇÃO DE CONSÓRCIOS PÚBLICOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS: Uma reflexão sobre a formação do consórcio público de desenvolvimento sustentável do território de Irecê
Patricia Silva Souza ; Patricia Campos Borja
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As desigualdades regionais têm sido umas das principais motivações para a formulação de políticas de desenvolvimento regional. Essas, têm surgido com intuito de diminuir os impactos negativos para população diante da ausência de políticas públicas, levando os estados e municípios a buscarem alternativas, na tentativa de torná-los, menos desiguais. A Bahia, no rastro do estímulo à ação interfederativa das políticas públicas se esforçou para estimular tal ação. Assim, o Governo do Estado criou os Territórios de Identidade, em consonância ao processo de regionalização do estado da Bahia, passou a ocorrer estímulos para a formação de consórcios públicos. Foi nesse cenário e considerando a base regional dos TI’s, que foi formado o Consórcio Público de Desenvolvimento Sustentável do Território de Irecê. Esse Consórcio foi contemplado com recursos da União para o desenvolvimento de projetos e/ou obras para infraestrutura da gestão de resíduos sólidos. Desse modo, esse trabalho tem como objetivo analisar a relação entre a Política de Desenvolvimento Territorial do estado da Bahia e a formação do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável do Território de Irecê.

Geospatial modeling of microcephaly and Zika virus spread patterns in Brazil
Pedro Amaral ; Lucas Carvalho ; Thiago Rocha ; Joao Ricardo Vissoci
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Brazil was considered the epicenter of the outbreak Microcephaly and Zika virus (ZIKV) infection. However, the occurrence of both ZIKV infection and microcephaly in Brazil were not evenly distributed across the country’s regions. In this paper, we investigate the regional characteristics at the municipal level that can be associated with the incidence of microcephaly and the relation between the disease and ZIKV infection. Using exploratory spatial data analysis and spatial autoregressive Tobit models, our results show that microcephaly incidence in Brazil is significantly related not only to ZIKV, but also to access to primary care, population size, GNP, mobility and environmental attributes of the municipalities. These findings contribute to advance recent literature that shows that incidence of microcephaly in Brazil varies considerably across regions when correlated only with ZIKV, i.e. that ZIKV alone cannot explain the differences in microcephaly across regions. Our results indicate how regional cofactors or effect modifiers have an important role in explaining this variation in microcephaly risk.

Development Strategies and Gentrification: the case of the North Axis of Belo Horizonte, Brazil
Pedro Araújo Patrício ; Renan Pereira Almeida ; Marcelo de Brito Brandão ; Ramon da Silva Torres
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This paper assesses the degree to which an economic development strategy along the North Axis of the Metropolitan Region of Belo Horizonte (MRBH), Brazil, may have triggered a process of gentrification since 2004. The North Axis is the poorest zone of the MRBH and it has been the subject of investments under the concept of Aerotropolis. The paper uses large samples to identify if a relationship can be established between those development investments and the displacement of low-income households. Results indicates that social relations and social conventions seems to predominate in families’ residential decisions in that society, and if real estate developers attract the elites to the area, they probably will live in gated communities. These small islands of wealthy in seas of poverty probably will not displace low-income residents, but the Aerotropolis strategy may increase the inequality within the area, evincing the unequal and combined spatial structure of Latin American metropolis

POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA: balanço do planejamento multiescalar da PAS-PDRS e os PPAs do Pará
Rafael Gonçalves Gumiero
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A questão das desigualdades regionais na Amazônia norteou uma longa trajetória de experiências de políticas de desenvolvimento regional, dos anos 1950 a 2016. O ideário do planejamento na agenda de políticas públicas foi modificado, transitou da abordagem global da SPVEA para a setorial da SUDAM e perpassou pela interpretação multiescalar do território pela PNDR. O objetivo desse artigo possui três movimentos de análise: o primeiro é a comparação entre a proposta de desenvolvimento regional da SPVEA e da SUDAM com a da PNDR e da PAS; o segundo é cotejar se há aproximações entre diretrizes de planejamento regional entre a escala federal, organizada pela PAS e PDRS Xingu, com a escala estadual do Pará, por meio dos seus planos plurianuais (PPAs); o terceiro é analisar a distribuição e a previsão de recursos dos PPAs estaduais do Pará nas regiões de integração no período de 2016 a 2019, e qual foi a prioridade concedida pelo governo paraense aos programas da região de integração do Carajás.

CONFIGURAÇÃO SOCIOTERRITORIAL, ORGANIZAÇÕES COMUNITÁRIAS E DESENVOLVIMENTO: reflexões a partir do caso de Montreal (Canadá)
RENATA BRAUNER FERREIRA
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Este artigo pretende desenvolver o quadro histórico e teórico sobre o chamado Modelo Quebequense de Desenvolvimento, apresentando suas características, sua configuração socioterritorial e destacando um tipo de governança chamada de compartilhada ou tripartite. Enfatizar-se-á o desenvolvimento dos movimentos sociais urbanos em Montreal, e a importância da questão territorial, buscando refletir sobre a relação entre os territórios e vínculos sociais na cidade. Abordar-se-á a emergência da participação cidadã a partir do vínculo socioterritorial para a mobilização e promoção da capacidade de agir da comunidade. Metodologicamente, recorrer-se-á, principalmente, a revisão de literatura sobre o tema à luz das questões e conceitos como os de governança, movimentos sociais e configurações socioterritoriais e o diálogo com as fontes primárias como relatórios oficiais relativos ao Quebec, à cidade de Montreal, como documentos produzidos pelos órgãos estatais nas diferentes instâncias e demais dados relevantes levantados para este estudo.

OS CICLISTAS E AS POLÍTICAS CICLOVIÁRIAS EM PORTO ALEGRE
REYNALDO LIRIO DE MELLO
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As políticas públicas voltadas à mobilidade urbana por bicicleta estão cada vez mais em pauta. Em Porto Alegre, RS, o Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI) representou um marco para temática. Porém, a execução aquém do planejado reflete nas insatisfações dos ciclistas da cidade: infraestrutura cicloviária inadequada e risco de acidentes de trânsito expõe como ainda é frágil e insatisfatória a política de investimentos no tema. Foram utilizados dados de pesquisas sobre o tema e realizadas análises comparativas de dados estatísticos do município em relação à malha cicloviária e usuários, constatando relações diretas entre o desenvolvimento de políticas voltadas ao uso da bicicleta e o aumento do número de ciclistas. É preciso atentar para o retorno destas políticas: o crescimento no número dos usuários nos últimos anos é proporcional aos investimentos em quilômetros cicláveis. Investir mais em infraestrutura e na educação são medidas que podem potencializar esse crescimento.

Wokfare sem Welfare? Pensando as transformações do Estado no contexto da construção interrompida
Richard Lins
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O processo de globalização tem acompanhado um abandono das contribuições das décadas de 1950-70, que interpretaram o capitalismo latino-americano desde o Sul e, simultaneamente, adotado os modelos dos tink thanks e agências multilaterais como formas hegemônicas de se pensar o desenvolvimento. Recentemente, autores do Atlântico Norte têm desenvolvido uma leitura crítica acerca da globalização. Tem-se apresentado o processo de neoliberalização através de teias transnacionais de difusão de políticas orientadas para o mercado, dentro de um processo cíclico e contraditório de arranjo transescalar, conformando uma variedade de neoliberalizações. Esse movimento tende ao desmonte dos Welfare’s e a implementação de Workfare’s. Em tal leitura, porém, pouquíssima atenção é dada à variedade latino-americana de neoliberalização. Partindo disso, busca-se estabelecer uma conversa com as abordagens do Norte e renovar o pensamento crítico latino-americano com uma perspectiva desde o Sul, através da fricção com as interpretações do capitalismo subdesenvolvido, periférico e dependente. Se estabelece questionamentos acerca do desmonte do Estado Desenvolvimentista através das transferências políticas na abertura neoliberal.

PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL Uma avaliação dos planos plurianuais do estado do Tocantins
Rutileia Lima Almeida ; Caroline Laíza Negherbon ; Mariane Paduan Florsz ; Carolina Gonçalves de Freitas
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O propósito deste artigo é levantar questões de cunho teórico e empírico sobre o conceito de desenvolvimento, bem como a inserção deste conceito nos planos de desenvolvimento regional no Brasil e, em particular, no estado do Tocantins. Para atingir este objetivo, em princípio optamos por uma análise bibliográfica conceitual sobre desenvolvimento regional, perpassando pela discussão de enfoques tradicionais relativos ao tema, bem como as suas implicações e limites. Posteriormente, analisamos como esta teoria foi incorporada no Brasil, a partir da década de 1930. Na última seção da pesquisa analisamos os três Planos Plurianuais do estado de Tocantins (PPA 2008-2011; PPA 2012-2015; PPA 2016-2019) com a finalidade de compreender as concepções da intervenção estatal no Tocantins e como a questão regional tem sido interpretada. A conclusão do estudo aponta para o reconhecimento de alguns avanços no planejamento a partir da inserção dos Planos Plurianuais.

A nova (velha) Ride-DF: a caminho da Política Regional ou de lugar nenhum?
Sergio Magno Carvalho de Souza
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A construção de Brasília integrou uma política regional que buscou a integração nacional e o desenvolvimento de seu espaço regional imediato. Na década de 1990, foi instituída a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride-DF), cuja gestão tem efetividade reduzida. Recentemente, foram incluídos doze municípios neste espaço por meio da Lei Complementar nº 163/2018, o que suscita o questionamento sobre as motivações para tal adição e rumos da gestão deste recorte. Assim, o objetivo deste trabalho é compreender o processo recente de aprovação da Lei Complementar nº 163/2018 e analisar algumas de suas possíveis consequências para a gestão deste espaço, especialmente na busca por uma política regional própria. Os resultados apontam que o processo foi motivado por interesses políticos específicos, sem maior lastro na dinâmica regional brasiliense, apresentando pouca perspectiva de mudança quanto à efetividade da gestão desta região.

ATORES E ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL: Percepções sobre a atuação do COREDE Vale do Rio Pardo – RS
Tanise Dias Freitas ; Rogério Leandro Lima da Silveira ; Cidonea Machado Deponti
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O presente trabalho teve como objetivo analisar as percepções dos atores institucionais que compõem atualmente o COREDE Vale do Rio Pardo sobre a atuação do Conselho como promotor do Desenvolvimento Regional, bem como sobre o mecanismo da Consulta Popular e a estrutura de Gestão Social adotada a partir do Plano Estratégico de Desenvolvimento 2015-2030. Para tanto, utilizou-se metodologia qualitativa, iniciando com o levantamento de informações sobre a região do Vale do Rio Pardo. Com base nestes levantamentos, foram realizadas onze entrevistas semi-estruturadas com membros das diferentes instituições que compõem a gestão social do COREDE-VRP a fim de entender como é executada a política gaúcha de desenvolvimento regional no Valo do Rio Pardo e quais estratégias esses atores adotam para fomentar a presente política. Os resultados iniciais apontam para o COREDE enquanto espaço essencial de gestão e promoção do desenvolvimento; em relação à Consulta Popular, mesmo que seja um mecanismo de participação social, ainda é o ponto de divergência entre os atores, tanto sobre a metodologia de construção da consulta, como em relação à destinação do recurso financeiro.

A GOVERNANÇA PÚBLICA DA COLETA SELETIVA NO RIO DE JANEIRO: Um Leviatã em construção
Vinicius Ferreira Baptista
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O objetivo do trabalho foi descrever a atuação da rede de Governança Pública de coleta seletiva na cidade do Rio de Janeiro entendendo e teorizando seus elementos na dinâmica de atores, metodologias e processos. Nos propusemos a analisar, a partir do conceito de Governança Pública trazido por Kissler e Heidemann (2006), Bizerra, Alves e Ribeiro (2012) e Bresser-Pereira (2007) e confrontá-lo com a argumentação levantada por Mancur Olson (2011) e Rua (2009) e com a pesquisa de campo empreendida por Baptista (2016). Pela pesquisa de campo por meio da Análise de Conteúdo em Bardin, defendemos que a Governança Pública funciona, por dois mecanismos – a “Antigovernança” e a “Emancipação Condicionada”. Estes formam o Leviatã, um “projeto” de gestão no âmbito público, elevado à máxima potência de credibilidade, como algo grandiosamente institucional capaz de reunir, em potência e estabilidade, capaz de organizar o desenvolvimento combinado de vários atores.

NOVAS UNIVERSIDADES FEDERAIS PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL - Expansão do Ensino Superior público e a interiorização dos campi
Wellington Tischer ; Isa de Oliveira Rocha
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O trabalho analisa e discute a significativa expansão das universidades federais para o interior do Brasil, principalmente a partir dos governos de Lula e Dilma (2003-2016), impulsionando o desenvolvimento regional. Além da revisão da literatura sobre a temática, foram levantados e sistematizados indicadores como localização dos campi, população, distância de capitais estaduais, número e ano de criação de campi, processos de expansão para verificar as intencionalidades das políticas públicas de desenvolvimento regional e a implantação das Instituições Federais de Ensino Superior - IFES no território brasileiro. Categorias de análise foram formuladas para a compreensão do papel destas novas instituições como: universidades novas, interestaduais, criadas por desmembramento ou transformação e universidades multicampi. Conclui-se que a criação e implantação de novas universidades consolidam um período de avanço do ensino superior, com o incremento significativo de campi que buscaram a diminuição de problemáticas sociais por meio de ações de interiorização dos investimentos públicos em regiões estagnadas.

ST 05 - Desenvolvimento Regional - Velhos Problemas, Novos Desafios
O IMPACTO SOCIOECONÔMICO DA (I)MOBILIDADE E (IN)ACESSIBILIDADE
Ana Cristina de Freitas Oliveira ; Adriana Soares de Schueler ; Luciano Muniz Abreu
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Este artigo é resultado do estudo que pretendeu contribuir para a compreensão do transporte, como fator de exclusão social. Teve como objetivo analisar a mobilidade e acessibilidade do transporte no município de Seropédica, através de um grupo, que tinha em comum a UFRRJ como polo gerador de viagem, este foi escolhido por ter a universidade um papel importante na busca do conhecimento sem fronteiras sociais e políticas, assim como o papel do transporte que tem como objetivo ser agregador, diminuindo distâncias. Apesar do crescimento da universidade com o REUNI e do município, o que vimos é que o sistema de transporte não cresce no mesmo ritmo e não acompanha as necessidades dos usuários. A abordagem considerou aspectos quantitativos e qualitativos, para se verificar a influência do transporte nas escolhas dos usuários, além do peso socioeconômico deste. O processo de análise foi dividido em duas etapas, a primeira documental e bibliográfica e a segunda uma pesquisa realizada com alunos e procurou-se identificar o peso do transporte na vida dos usuários com foco no tempo e custo e como este pode impactar no desenvolvimento da região.

DE VOLTA AO PASSADO PARA ENTENDER O PRESENTE: podem as universidades serem os novos polos de crescimento?
Antonio de Oliveira Jr
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A expansão do ensino superior, política implementada pelo governo Lula (2003-2011) estimulou uma série de estudos que trataram desde o papel das universidades nos processos de democratização do acesso a uma formação superior até estudos que focaram nas escalas de ação e nos efeitos decorrentes da localização das instituições de ensino superior (ies's) nos processos de desenvolvimento dos lugares e das regiões. A grande maioria desses estudos mais focaram a escala local do que uma análise que se preocupasse em entender o impacto dessas ies's nas regiões, sobretudo nas regiões geradas pelas próprias ies´s, ou mesmo no território. Este trabalho tem como proposição contribuir para análise do papel da universidade como vetor de crescimento econômico dos lugares e das regiões, a partir de uma releitura da Teoria dos Polos de Crescimento, elaborada por Perroux nos anos 50 e de uma proposição de análise.

Aglomerações Industriais Relevantes: o que dizem sobre as desigualdades regionais no Brasil?
Aristides Monteiro Neto ; Raphael de Oliveira Silva ; Danilo Severian
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O presente estudo tem como finalidade contribuir para debate do desenvolvimento regional por meio da avaliação do papel das aglomerações industriais relevantes (AIRs) - entendidas como microrregiões geográficas com mais de 10 mil empregos industriais - na redefinição do território no período compreendido entre 1995 e 2015. O artigo explora o conceito de AIR com vistas ao entendimento das transformações atuais da indústria no território. O esforço desdobra-se na mensuração das AIRs para o período 1995/2015 e na sua aplicação para a avaliação das implicações da expansão industrial para as disparidades regionais no Brasil. O conceito de AIR foi originalmente utilizado por Diniz em (1993). Teve como objetivo ampliar o entendimento da trajetória territorial da indústria no país e seus desdobramentos subsequentes. Para tal, realizou um deslocamento da unidade escalar comumente utilizada nos estudos regionais brasileira: passou da tradicional macrorregião e dos estados para a aglomeração industrial relevante (AIR), permitindo a percepção de dinâmicas e trajetórias espaciais bem mais diversas que as das tradicionais macrorregiões. O momento da análise feita por Diniz, cobrindo a dinâmica territorial da indústria brasileira do período 1970/1991, era de elevado crescimento das atividades neste setor e um dos interesses do estudo foi de apontar, num contexto bem dinâmico, as novas manifestações da concentração territorial. Desde então o quadro para a atividade industrial mudou consideravelmente, com perda de participação relativa na economia nacional. Daí a necessidade de se entender, em perspectiva de baixo crescimento, os caminhos territoriais recentemente percorridos pelas aglomerações industriais.

ACESSIBILIDADE UNIVERSAL EM TURISMO: O DESAFIO DA CONTINUIDADE EM PARATY/RJ
BIANCA DOS SANTOS MAGALHAES ; Adriana Soares de Schueler
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Algumas cidades no Brasil são conhecidas por serem acessíveis à pessoas com deficiência. Mesmo no Brasil essas cidades são referência, principalmente quando se trata de uma cidade turística onde o fluxo de pessoas é maior. No entanto, apesar de termos cidades acessíveis, estas cidades enfrentam uma barreira: a barreira da não continuidade das obras arquitetônicas que obedecem aos parâmetros da acessibilidade universal para pessoas com deficiência e o município de Paraty apresenta algumas lacunas no que tange a acessibilidade. Este trabalho visa apontar falhas de estrutura existentes na acessibilidade universal pensada para Paraty, onde as lacunas deixadas por não se ter pensado na acessibilidade não consideram a inclusão ao indivíduo com deficiência motora e visual e destoa dos parâmetros estabelecidos como metas nas políticas públicas de turismo.

BR-163 COMO ELEMENTO ESTRUTURADOR DA CIDADE DE TERRA NOVA DO NORTE - MT
Caio Cesar Tomaz de Oliveira ; Orlando Rodrigues Ds Campos Junior ; Gisele Carignani
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O norte do Estado de Mato Grosso teve sua ocupação muito recente dentro do cenário urbano brasileiro. A partir da década de 1970, apoiadas em planos do Governo Federal para integração da região Centro-Oeste às demais regiões do Brasil, novas cidades foram implantadas no percurso da BR 163, que liga Cuiabá-MT a Santarém-PA. A BR-163 fez parte desse processo e se mantém protagonista da formação de novas cidades e ocupam o cenário dos planos urbanísticos originais e seus desdobramentos atuais. Sendo assim, esta rodovia atua como elemento estruturador dessas cidades, a exemplo de Terra Nova do Norte, uma cidade que teve seu traçado vinculado à esta rodovia e já tem seu desenho e expansão modificados em função desses e diversos elementos morfológicos.

Estado, Capital e políticas governamentais: o lugar e papel do BNDES no desenvolvimento brasileiro entre os anos de 2003 e 2014
CARLA HIRT
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O BNDES é um banco estatal brasileiro que foi considerado recentemente como uma das maiores agências de fomento do mundo, e que entre os anos de 2003 e 2014 se consolidou como um instrumento ativo tanto da política interna quanto da política externa brasileira. Trata-se de uma instituição emblemática, através da qual é possível entender como e quais projetos políticos e econômicos foram postos em prática desde a sua criação, bem como compreender importantes meandros das relações entre Estado e Capital no país. Buscou-se aqui contribuir com os esforços para entender o lugar e o papel do BNDES no desenvolvimento nacional, tendo como principal recorte temporal o período que se inaugura em 2003. Para analisar a sua recente importância no Brasil, foi necessário realizar um resgate sobre o Estado brasileiro, os blocos no poder, a sociedade brasileira e os ideários de desenvolvimento que guiaram as políticas governamentais desde sua criação. Assim, buscou-se entender como o BNDES, enquanto principal instituição estatal de fomento ao desenvolvimento, foi redimensionado e reorientado a cada período, sobretudo nas recentes estratégias de desenvolvimento no Brasil.

Transposição do rio São Francisco: planejamento intermitente e prática descolada da realidade
carolina Jessica Domschke Sacconi ; Karina Oliveira Leitão ; Ana Carvalho ; Andrea Muner
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A partir de uma análise crítica sobre as práticas de planejamento adotadas pelo Governo Federal entre os anos de 2000 e 2017, o tema do trabalho aqui em questão trata de uma obra de infraestrutura federal de escala regional, o Projeto de Integração da Bacia do rio São Francisco com o Nordeste Setentrional (PISF). Assim como toda grande obra de infraestrutura no Brasil, por seus impactos, custos e jogos de interesses, trata-se de uma obra polêmica e talvez dentre as mais debatidas na história brasileira, se tratando de uma proposta que data de mais de um século. Conhecida historicamente por Transposição do rio São Francisco, o projeto mudou de objetivo algumas vezes apesar disso, a obra praticamente não recebeu mudança em seu desenho original. No final da década de 80, as leis ambientais são instituídas na nova constituição, gerando um forte embate acerca desta questão na obra de Transposição. Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), se inicia a produção do arcabouço documental da obra, tanto ambiental quanto projetual, estudando a vazão mais adequada, a inserção regional no que se refere aos recursos hídricos. Este projeto final da gestão FHC é o que sairia do papel na gestão seguinte, que apos quase 200 anos emplaca a obra com o discurso da integração nacional, do desenvolvimento social e ambiental a partir da reelaboração da ultima versão do EIA-RIMA e a viabiliza a partir de uma carteira de obras e uma remodelação na gestão dos recursos públicos. A partir do processo de planejamento e da execução do projeto de Transposição, pretende-se aqui refletir se a obra dialogou com as estruturas sociais e ambientais do semiárido dada a sua matriz de desenvolvimento e fazer uma reflexão sobre sua concepção de desenvolvimento, sobre as práticas do planejamento no Brasil.

DESCONSTRUÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE OCIDENTAL: PERSPECTIVAS DE ANÁLISE DO TRABALHO DAS MULHERES NA PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA
Clair odete schneider ; Hieda Maria Pagliosa Corona
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O objetivo deste artigo é contextualizar o paradigma da modernidade proposto pelo cartesianismo e de que forma interferiu na organização social, nos papéis sociais impostos as mulheres agricultoras e a invizibilização do seu trabalho na agricultura convencional. Em contradição a isso, a teoria da complexidade que propõe a ideia de que o mundo é complexo e que o modelo cartesiano não seria capaz de contemplar a explicação da sociedade. Para analisar a organização da sociedade e apresentar sua complexidade utilizar-se-á subsídios da teoria ator rede, para contemplar as diversidades predominantes nas sociedades. A metodologia utilizada teve como base revisões bibliográficas sobre o tema, possuindo um caráter exploratório. Com as análises, observa-se que o modelo moderno encontra-se estável na sociedade, a qual categorizou e purificou as relações e organização social e, como superação deste, a teoria da complexidade e o saber/fazer em redes apresentam subsídios importantes para abordar de que forma a agroecologia surge como uma possibilidade de superação deste modelo, oferecendo as mulheres condições de participação, reconhecimento do seu trabalho e transformação social.

A comparative study of urban occupational structures: Brazil and United States
Clauber Scherer ; Pedro Amaral ; David Folch
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This paper compares the occupational structure of cities in Brazil and United States aiming at the evaluation of the extension to which the economic structure of these urban agglomerations is associated with the different stages of development, specifically when comparing a rich and a developing country. Using a harmonized occupational database and microdata from the Brazilian 2010 Demographic Census and the U.S. American Community Survey (2008-2012), results show that Brazilian cities have a stronger connection between population size both with occupational structure and human capital distribution than the one found for cities in the United States. These findings suggest a stronger primacy of large cities in Brazil’s urban network and a more unequal distribution of economic activity across cities when compared to USA, indicating a strong correlation between development and occupational structure.

REGIONALISMO E DESENVOLVIMENTO NA AMÉRICA LATINA: O CASO DO MERCOSUL, SEUS AVANÇOS E RETROCESSOS NA INTEGRAÇÃO REGIONAL
Claudete de Castro Silva Vitte
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Este trabalho pretende ser uma contribuição ao entendimento da geopolítica dos processos de integração regional, por meio do estudo de caso do Mercosul. O foco do estudo na América Latina se justifica por ser este subcontinente complexo. Este estudo teve caráter exploratório, no qual foram feitos levantamentos e análise de fontes diversas. O artigo está dividido nas seguintes partes: breve contextualização do regionalismo latino-americano desde os anos 1950 até o início do século XXI; a gênese e implementação do Mercosul desde os anos 1980 até os anos recentes e por fim os avanços e retrocessos do Bloco em seus quase trinta anos. Como resultado, observou-se que são fortes os indícios de que o mundo vivencia uma mudança de ciclo do sistema internacional contemporâneo que deve impactar o regionalismo latino-americano, mostrando que o Mercosul é uma união aduaneira incompleta e um bloco no qual a dimensão supranacional não está contemplada.

DINÁMICA REGIONAL DA ECONOMIA PARAGUAIA: O caso da soja e carne
Claudia Vera da Silveira ; Giovane Silveira da Silveira ; Éder Damião Goes Kukiel ; Rosele Marques Vieira
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O objetivo do artigo é analisar a dinâmica recente da economia paraguaia. A metodologia utilizada foi a coleta e sistematização de dados secundários de órgão como o Banco Central, Dirección Censo y Estadísticas Agropecuária do Ministério de Agricultura y Ganaderia, Dirección General de Estadísticas Encuestas y Censo. Os resultados indicam que a economia do país está fortemente atrelada a exportação de commodities dentre os quais se destacam a soja e a carne bovina, a industrialização destes produtos estão concentrados no departamento Central e Asunción gerando dinâmicas diferenciadas nessa região.

LOCALIZACIÓN Y ESPECIALIZACIÓN PRODUCTIVA: EL CASO DE LA REGIÓN AMAZORINOQUIA DE COLOMBIA
Cristian Orlando Ávila Quiñones ; Wanstein Camargo ; niltonmarques@mail.uft.edu.br
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Esta investigación analiza la dinámica regional de las actividades productivas en la región Amazorinoquia de Colombia, usando medidas de localización para los años 2012 y 2017. Para ello, se utilizaron una serie de indicadores como el Cociente de Localización, el Coeficiente de Asociación Geográfica y el Multiplicador del Empleo. El objetivo de este trabajo consiste en verificar por primera vez la diversificación productiva en la región Amazorinoquia y la capacidad de generar empleo en cada sector de la economía. Los datos utilizados fueron extraídos del DANE según la rama de actividad económica, año 2018. Los resultados apuntan que la Economía regional posee un grupo de nuevos departamentos con sectores fuertemente asociados (complementarios) en su proceso productivo, en el que la minería es fundamental para jalonar al departamento líder (Casanare). Aunado a que, ningún departamento genera más del 15% de empleo básico, mientras el empleo no básico si supera el 85% en la región.

A INDUSTRIALIZAÇÃO E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO EM BARRA MANSA: Aspectos e conflitos socioespaciais e ambientais nos processos de desenvolvimento do Vale do Paraíba Fluminense.
Daniele Helena Leão ; Denise de Alcântara Pereira
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O presente trabalho visa analisar os processos de desenvolvimento na Microrregião do Vale do Paraíba Fluminense, no Rio de Janeiro, e seus rebatimentos na produção do espaço urbano no município Barra Mansa. Em um primeiro momento, adota-se como enfoque teórico a fundamentação conceitual a respeito do tema desenvolvimento e seus desdobramentos. A seguir, é analisado o contexto da microrregião, tendo como foco o processo de consolidação do desenvolvimento urbano, utilizando como recorte temporal a implantação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em 1941. Por fim, esse processo culmina na constatação de que o município de Barra Mansa se configura como um espelho dos variados paradigmas de desenvolvimento adotados pelo poder público e privado, com reflexos representativos sobre seu território.

NEOLIBERALIZAÇÃO DA INFRAESTRUTURA NA RECONFIGURAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO (1990-2018)
Deborah Werner
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O artigo tem como objetivo analisar as rodadas de neoliberalização e a reconfiguração do setor elétrico brasileiro resultante das reformas setoriais das décadas de 1990, 2000 e a proposta de privatização da Eletrobrás, a partir de 2017. A análise revela novas formas de articulação entre Estado e os capitais privados, não no sentido de reduzir a participação do primeiro, mas, por meio dele, viabilizar a atuação do setor privado, tornando a atividade de geração espaço para acumulação de capital aos diversos grupos que diversificam suas atividades enquanto agentes de geração. Por meio da análise de dados secundários e documentos referentes ao setor elétrico, submetidos ao referencial teórico acerca dos processos de neoliberalização, verifica-se que as reformas permitiram a atuação de novos agentes setoriais e evidencia o vínculo deste setor com a inserção internacional do país, relacionada à exportação de commodities e à financeirização, o que se atesta na análise da cadeia societária das hidrelétricas.

DESINDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL E ANÁLISE REGIONAL: EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS DA CONFIGURAÇÃO DESIGUAL
Érica Priscilla Carvalho de Lima ; Elaine Carvalho de Lima ; Antônio Paulo da Silva Mesquita Júnior
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A desindustrialização é uma reversão do crescimento e peso da atividade industrial na dinâmica econômica. Tal conceito pode ser compreendido mediante a observação da perda da participação do emprego industrial e do valor adicionado da indústria em relação ao emprego total e PIB, respectivamente. Os dados da participação do emprego industrial e do valor adicionado, no Brasil, apresentaram uma tendência declinante ao longo das duas últimas décadas. Com efeito, as evidências empíricas mostram que há indubitavelmente uma redução da participação da indústria na dinâmica da economia brasileira. No entanto, as elevadas disparidades regionais existentes no território nacional corroboram uma configuração heterogênea do processo de desindustrialização. O presente artigo teve por objetivo analisar o processo de desindustrialização mediante a configuração do emprego nas diferentes regiões brasileiras. Os principais resultados reiteraram a persistência de elevada diferenciação industrial entre as regiões, tendo em vista que não há um padrão homogêneo de distribuição espacial. Ademais, intensifica-se a importância de políticas que priorizem uma maior desconcentração espacial da atividade, especialmente na diminuição dos gargalos de infraestrutura existentes nas regiões que impedem uma maior competitividade das áreas mais atrasadas.

O MERCADO DE TRABALHO NA CIDADE DO NATAL E A SITUAÇÃO DA JUVENTUDE
Erociano Vitor Freitas Morais ; Ana Patricia Dias Sales
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Este estudo se inscreve no contexto das mudanças operadas pelo capital na transição do século XX para o XXI e os seus reflexos no mercado de trabalho. O objetivo é apresentar um panorama do mercado de trabalho na realidade da região nordeste no intuito de demarcar a situação do Rio Grande do Norte e, em particular, da capital Natal, bem como a posição que o segmento juvenil, de 25 a 29 anos, ocupa na estrutura ocupacional. A análise tem como período referencial os anos de 2009 e 2017, dois momentos distintos da situação econômica do país e se referencia nos dados secundários oriundos da base de dados do Ministério do Trabalho, a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).

INCERTEZA E GASTOS PÚBLICOS: UMA ANÁLISE A PARTIR DE UM MODELO DE VARIÁVEIS INTERATIVAS
Fabio Gama ; Suzana Bastos
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A luz da teoria pós keynesiana, o propósito deste estudo foi determinar como os gastos públicos influenciam no impacto da incerteza bancária - avaliada pela preferência pela liquidez dos bancos – sobre o nível de desempenho econômico das microrregiões brasileiras. Para tanto, empregou-se um modelo de painel de dados com variáveis interativas para o período de 2003 a 2014. Como variáveis de gastos, utilizou-se despesas agregadas municipais em educação e transporte. Os resultados indicam que os gastos públicos são relevantes para determinar o nível de atividade econômica de forma direta, e de forma indireta ao reduzir o impacto adverso da incerteza bancária sobre o desempenho econômico das microrregiões. Ademais, os gastos com educação se mostraram mais eficazes para determinar o produto do que os gastos com transporte.

Financeirização da produção periférica do espaço
Fabio Lucas Pimentel de Oliveira
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O artigo estabelece conexões dialógicas entre o plano abstrato-teórico e concreto-histórico das manifestações regionais e urbanas do processo de financeirização na periferia capitalista. Resgata as interdependências exógenas e endógenas que definem a especificidade do subdesenvolvimento, argumentando pela necessidade dessa interface analítica para uma adequada interpretação da produção do espaço na realidade latino-americana. Para tanto, propõe qualificar o alcance político, econômico, social e geográfico da hegemonia contemporânea do capital portador de juros, evidenciando os aspectos relacionais, processuais e mediadores que imbricam tais dimensões em uma abordagem transescalar, baseada no caso brasileiro. Argumenta que a seletividade, fragmentação e exclusão típicas da espacialidade periférica são aprofundadas pela subsunção do ambiente construído pelo processo de financeirização.

DINÂMICA RODOFLUVIAL GRANELEIRA E A ECOLOGIA POLÍTICA DO RISCO: Implicações no desenvolvimento da região do Tapajós
Franciclei Burlamaque Maciel ; Júlio César Schweickardt ; Jéssica Burlamaque Maciel ; Kátia Helena S.C. Schweickardt
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O objetivo do estudo é compreender como a estratégia rodofluvial graneleira influencia no desenvolvimento como qualidade de vida no Distrito de Miritituba em Itaituba, estado do Pará. A análise ocorreu no contexto teórico-empírico da ecologia política do risco com a dinâmica rodofluvial, com dados secundários do estudo de Impacto Ambiental, Relatório de Informação Ambiental Anual, Relatório do Fórum de Comunicação e Informação da AMPORT. Na pesquisa de campo foi utilizado roteiro de entrevista junto ás lideranças locais e de instituições públicas, além de observação direta entre 2017 e 2018. Prosseguiu-se com a análise crítica do discurso e das evidências empíricas. O resultado aponta para o papel do estado como determinante na elaboração da política de desenvolvimento com a infraestrutura logística que estão impactando no ambiente e na saúde da população. Concluiu-se que em Miritituba, ocorre a in-fluidez do desenvolvimento com passivo ambiental, presença colaborativa das empresas graneleiras que moldam suas ações na Agenda Mínima de compensação e a ausência de ações do estado no processo de promoção da qualidade de vida.

INFRAESTRUTURA, ECONOMIA E TERRITÓRIO NO CEARÁ: As conexões dadas pelo Complexo Industrial e Portuário do Pecém.
Francisco do O' de Lima Júnior ; Fernando Cezar de Macedo ; Denis Fernandes Alves
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No movimento de reestruturação econômica e produtiva promovendo a expansão dos fluxos internacionais impera como novo padrão de organização etapas produtivas multilocalizadas com a emergência de uma rede global de produção. Novos equipamentos de infraestrutura passam a ser concebidos promovendo arranjos de desenvolvimento regional dinâmicos. O presente trabalho objetiva analisar as conexões entre infraestrutura, economia e território no Estado do Ceará, dadas pela concepção do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), localizado no município de São Gonçalo do Amarante, Região Metropolitana de Fortaleza. A pesquisa é de caráter e utilizou-se dados da CEARÁPORTOS, Empresa Governamental responsável pela gestão do CIPP e outros órgãos governamentais. Observou-se que a constituição de um porto moderno, com alta capacidade, dispondo de vantagens locacionais e incentivos criados aos investimentos para comércio exterior dão importantes conexões entre infraestrutura, economia e território neste estado brasileiro, promovendo sua inserção competitiva np contexto da economia global.

O PARANÁ NO SÉCULO XXI: DINAMISMOS E COMPORTAMENTOS LOCACIONAIS
Giovani Richard Pitilin ; Samara Cristina Vieceli Piacenti ; Lucir Reinaldo Alves
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O estudo analisa o comportamento do emprego formal nos 25 subsetores da divisão do IBGE nas 39 microrregiões do estado do Paraná, no período de 2000, 2008 e 2017. O método utilizado para efetuar a análise foi o shift-share, ferramenta muito utilizada em análises regionais. Através do estudo pôde-se observar que houve várias transformações na estrutura do mercado de trabalho no período analisado. Outro ponto analisado evidente foi a diferença de comportamento do emprego em microrregiões de grande porte e de pequeno porte. As grandes microrregiões têm sua estrutura produtiva mais diversificada, enquanto as microrregiões de menor porte têm sua estrutura produtiva baseada em setores básicos, como Administração Pública por exemplo.

REFLEXÕES SOBRE OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL SOB A ÓTICA DO EMPODERAMENTO FEMININO INDÍGENA NO MÉDIO E SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO - BA
Gisele das Chagas Costa ; Regina Celeste de Almeida Souza
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O artigo tem como objetivo refletir sobre a questão de gênero presente na Agenda 2030 através da experiência de mulheres indígenas residentes em comunidades dos referidos trechos do Rio São Francisco. A contribuição da pesquisa bibliográfica e documental favoreceu o entendimento da expressividade da questão de gênero, contida nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), também conhecida como Agenda 2030. Dados da pesquisa de doutorado concluída subsidiaram a discussão sobre os processos de empoderamento feminino engendrados na área de estudo. Os resultados apontam uma densificação da rede de lideranças femininas indígenas na área delimitada na pesquisa, congregando forças para auxiliar seu povo na luta pelos direitos socioterritoriais historicamente negados pelo Estado brasileiro. Conclui-se que, entre os povos pesquisados, não é possível prosseguir com suas pautas reivindicatórias e ultrapassar os silenciamentos e invisibilidades aos quais foram subjugados durante séculos sem a efetiva participação da mulher.

ÁREAS INDUSTRIAIS DEGRADADAS NA REGIÃO DO GRANDE ABC PAULISTA – VELHOS PROBLEMAS, NOVAS IDEIAS. Quando as discussões transcendem as fronteiras nacionais e da gestão pública urbana.
Gisele Yamauchi ; Andréa de Oliveira Tourinho
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Os caminhos que levaram a Região do Grande ABC Paulista ao desenvolvimento no século XX passaram pela economia cafeeira e pela indústria, permitindo que a região nucleasse os investimentos da produção em massa fordista, mas que, desde o final do século passado, sofrem com os impactos da desindustrialização. Como consequência desse processo, instaurou-se a problemática das áreas industriais degradadas, que está ainda à espera de solução, ultrapassando as barreiras da gestão urbana. A partir da década de 1990, a Região buscou refletir sobre possíveis alternativas com a participação de atores sociais locais e regionais, bem como especialistas internacionais e nacionais. Por meio de revisão da literatura e dos eventos sobre o tema que ocorreram na região, este trabalho mostra que, mais recentemente, houve retração no diálogo sobre as áreas degradadas industriais, que se consolidaram como velhos problemas, apesar das novas ideias que, de quando em quando, voltam às mesas de discussão.

TOCANTINS E SEUS POLOS REGIONAIS: UMA PROPOSTA DE REGIONALIZAÇÃO ECONÔMICA
Gisláne Ferreira Barbosa ; Rafaela Aires Tavares Santos ; Nilton Marques de Oliveira ; Rodolfo Alves da Luz
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Este artigo propõe uma nova regionalização econômica para o Estado do Tocantins. O porte teórico foi construído sob o olhar da economia regional. A metodologia utilizada foi o Índice de Terceirização, tendo como suporte o modelo gravitacional proposto por Isard (1962). Os dados foram coletados no sítio do IBGE e na Secretaria de Planejamento do Tocantins (Seplan-TO), o ano base foi 2015, e as variáveis utilizadas foram o valor adicionado bruto dos setores de serviços, agropecuário e do industrial. A nova regionalização identificou nove polos econômicos, com seus respectivos municípios de influência, formando, assim, uma rede hierárquica. Os principais polos econômicos de nível superior foram Palmas, a capital do estado, Araguaína e Gurupi. Numa hierarquia menor, estão Colinas, Guaraí, Paraíso, Porto Nacional, Pedro Afonso e Araguatins. Esses polos estão localizados nas proximidades ou ao longo da Rodovia BR-153, Belém-Brasília, que configura um corredor em processo de crescimento e desenvolvimento regional.

Energia eólica: Entre o dilema do desenvolvimento regional e o conflito socioambiental
Herbert Emmanuel Lima de Oliveira ; José Gomes Ferreira
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Até 2016 os dados da Associação Brasileira de Energia Eólica - ABEEOLICA colocava o Brasil como nono maior produtor de energia eólica do mundo, com 10,60 GW de capacidade de energia instalada, o que representava 7,1% da energia gerada no país. Um número total de 424 parques eólicos em operação e outros 316 em construção. A expansão desses projetos no país é resultante da política nacional de diversificação da matriz energética, que definiu a política para o investimento em fontes renováveis como uma saída para o enfrentamento do problema da crise energética, do início da década passada. O discurso oficial de seus promotores é que os ventos do litoral são o motor que impulsionam o desenvolvimento local e regional, por meio de uma atividade ambientalmente correta, gerando emprego e renda, tendo os estados da região Nordeste do Brasil, tomado para si o protagonismo desses projetos de geração de energia. Ao mesmo tempo a construção desses parques eólicos tem causado nas comunidades externalidades negativas e o surgimento de conflitos.

Quando o desenvolvimento regional se torna política de Estado: o caso dos Coredes e da Consulta Popular no Rio Grande do Sul
Igor Ferraz da Fonseca
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A literatura aponta que as mudanças de governo são centrais para explicar a descontinuidade de Instituições Participativas (IPs). No Brasil, as IPs foram associadas aos governos de esquerda e ao Partido dos Trabalhadores e, por isso, têm perdido espaço em tempos recentes. No entanto, e contrariando a literatura especializada, o Rio grande do Sul apresenta um caso singular em que a IP não criou um vínculo intrínseco com ideologias políticas e não se tornou dependente da vontade política do gestor: A Consulta Popular (CP). Trata-se de uma importante política de desenvolvimento regional, capaz de manter-se ativa mesmo durante momentos de austeridade fiscal. A experiência conta com 20 anos de tradição, sobrevivendo a seis mudanças governamentais, a partidos políticos e a orientações ideológicas distintas. Para explicar os fatores incomuns que explicam a perenidade da política, foi realizada pesquisa com duração de cinco anos, fundamentada na metodologia do process tracing. Os resultados mostram que a resiliência da CP a contextos políticos adversos remete a um círculo virtuoso que combina o ativismo dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento – Coredes (que possuem autonomia relativa em relação ao governo estadual), o enraizamento da CP no território gaúcho (especialmente em pequenos municípios do interior) e a institucionalização formal da política por meio de leis.

O ESTADO E O PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL DE 1955 A 1961: Perspectivas de análise
Izadora Carvalho Laner ; Rodrigo Santos de Faria ; Carolina Pescatori Candido da Silva
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O artigo tem como objetivo geral de investigação o campo do planejamento regional no Brasil no contexto da década de 1950, especialmente no governo JK. Este recorte temporal inicia-se com a candidatura de Juscelino, em 1955, e se encerra com a inauguração de Brasilia, incluindo o primeiro ano de atuação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Nesse sentido, Brasília e SUDENE são entendidas como parte de um programa de desenvolvimento com forte atuação do Estado sobre o território. A análise parte de uma estruturação conceitual-metodológica que organizou o planejamento regional em três perspectivas analíticas: o planejamento regional como instrumento de conciliação política, o planejamento regional como facilitador do desenvolvimentismo associado, a institucionalização do planejamento regional. Por essa tríade, pretendeu-se destrinchar as frentes de atuação do governo JK no planejamento e como isso impulsionou o progresso industrial, o desenvolvimento urbano-regional (destacando a implantação de uma grande estrutura rodoviária e o aumento da capacidade energética pela instalação de usinas hidrelétricas, por todo o Brasil) e como o planejamento se institucionalizou no âmbito regional. Como resultado, buscou-se entender de que forma essas três perspectivas se coadunaram dentro das duas principais frentes de ação regional, e como contribuíram para alavancar o progresso industrial: a própria criação da SUDENE e a decisão política de se transferir a capital nacional para Brasília.

DINÂMICAS SOCIOESPACIAIS NA SUB-REGIÃO DE MACAPÁ (AP): UMA PROPOSTA DE MICRORREGIONALIZAÇÃO
JOÃO PAUO DE ALMEIDA AMORIM
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O objetivo do presente trabalho é analisar a organização do espaço da sub-região de Macapá – SRM, localizada na Amazônia Setentrional Amapaense – ASA através da proposição de microrregionalização dentro desta. O objeto de estudo do artigo fica na porção mais setentrional da Amazônia e resulta do trabalho de Santos (2012) como proposta de regionalização não-institucional. Este artigo buscou uma nova proposta de estudo, a partir de microrregiões dentro da SRM. A metodologia utilizada na pesquisa apresenta uma vasta pesquisa bibliográfica sobre os antecedentes históricos da formação dos primeiros municípios o estado do Amapá, coleta de dados em trabalho de campo na região e coleta e análise de dados oficiais sobre os municípios presentes na ASA. Os resultados obtidos mostraram a existência de quatro microrregiões no interior da SRM: Microrregião energética (MRen), Microrregião de comércio e serviços (MRcs), Microrregião de exploração mineral (MRem) e Microrregião do agronegócio (MRag).

O ESTATUTO DA METRÓPOLE E A RECONSTRUÇÃO DOS TERRITÓRIOS METROPOLITANOS DO MARANHÃO
José Antonio Viana Lopes ; Yata Anderson Gonzaga Masullo ; Tiago Silva Moreira
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Esta pesquisa investiga e analisa o processo de reestruturação das regiões metropolitanas maranhenses promovido pelo Estado a partir da aprovação da Lei Federal nº 13.089, de 12 de janeiro de 2015, o Estatuto da Metrópole. O presente artigo caracteriza as regiões metropolitanas do Maranhão, analisando as transformações instituídas no modelo de governança e na reconstrução dos territórios metropolitanos. O trabalho parte da hipótese de que os ajustes e adequações na configuração do arranjo institucional das regiões metropolitanas podem fortalecer ou fragilizar seu sistema de gestão compartilhada, demonstrando que as transformações institucionais promovidas pelo Estado representam avanços, mas também retrocessos que não conseguem eliminar o paradoxo da institucionalização, mas não efetivação destas regiões, concluindo que as vicissitudes identificadas neste processo evidenciam as limitações da aplicação do Estatuto da Metrópole frente a contextos sociopolíticos regionais e locais.

Rio de Janeiro e Novas urbanidades: Reflexões sobre a integração regional do litoral norte fluminense e os desafios à governança supralocal
Joseane de Souza ; Hisrael Passarelli-Araujo ; Mariana de Oliveira Pohlmann
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O surgimento de novas aglomerações urbanas não-metropolitanas nas várias regiões do país, reforçam a necessidade do estudo acerca do planejamento e gestão urbana destas novas espacialidades. No caso específico do Estado do Rio de Janeiro, destacam-se três aglomerados urbanos (Macaé-Rio das Ostras, Cabo Frio e Campos dos Goytacazes) como formas especiais a serem acompanhadas. Neste artigo verificamos, a partir de informações sobre os movimentos pendulares, haver uma integração entre os vários municípios, que extrapola os limites territoriais dos respectivos aglomerados. A partir desta constatação, o artigo traz algumas reflexões sobre os desafios para a implementação de uma governança supralocal com o objetivo de promover o desenvolvimento e a integração regional. Dentre os principais desafios destaca-se a pulverização e atomização do poder político em um território que, apesar de um considerável grau de integração regional e potencialidade de articulação política, ainda não se reconhece como uma unidade de planejamento.

Desenvolvimento territorial sustentável: uma análise comparativa entre experiências de Los Lagos-Chile, Imbabura-Equador e Baía da Ilha Grande-RJ Brasil
Jover Mendes de Oliveira Negrão ; Lamounier Erthal Villela ; Daniel Neto Francisco ; Patrick Gomes
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O presente artigo tem como objetivo identificar três diferentes experiencias de desenvolvimento local nas regiões de Los Lagos, no Chile; Imbabura, no Equador; e o território da Baía da Ilha Grande, no Rio de Janeiro-Brasil analisando-os pela ótica do Desenvolvimento Territorial Sustentável (DTS). Para analisar os territórios optou-se, metodologicamente por estudos de casos múltiplos considerando três parâmetros que devem ser fundamentais em modelos de desenvolvimento endógenos e participativos: gestão e controle social, redes e APL e sustentabilidade. Supõe-se que quanto maior a for a participação social, maior capacidade de agregação dos atores produtivos, maior intensidade de trocas em redes, maior conscientização sobre questões sociais, ambientais e econômicas, mais os casos analisados se adequarão ao conceitual de DTS.

Da Roda Ao Trilho - A reorganização da logística portuária como processo de requalificação urbana na cidade de Imbituba - SC
Julia Candemil
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O presente artigo aborda resultados obtidos com pesquisa realizada para fins de elaboração de TCC. O universo da pesquisa foi a cidade de Imbituba, situada na costa de Santa Catarina, uma das pioneiras na organização de portos no Brasil. Ainda, ela possui grande potencial portuário e turístico, que antevê um forte crescimento econômico nos próximos anos e hoje enfrenta dificuldades de organização quanto a estruturação da mobilidade urbana, em consonância com a movimentação de mercadorias portuárias. A elaboração de diretrizes para o crescimento urbano adequado aos parâmetros da urbanidade, com atenção à mobilidade e soluções de logística intermodal adequadas a construção de relações de harmonia entre cidade-porto e população, impulsionando o desenvolvimento local. Trata-se de pesquisa bibliográfica e de campo. Os resultados pontam à necessidade de intervenção no sistema logístico portuário e viabilidade da implantação do Terminal Intermodal de Cargas na zona industrial da cidade.

LENTES E PERSPECTIVAS DO NORDESTE: Da interiorização do desenvolvimento à crise
Juliana Bacelar de Araújo ; Maria do Livramento Miranda Clementino ; Rodolfo Finatti ; Rebeca Marota da Silva
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O objetivo deste artigo é mostrar as principais transformações na estrutura produtiva e no mercado de trabalho formal da região Nordeste nos anos 2000, a partir dos dados das Contas Regionais, do IBGE, e da RAIS. Os resultados apontam que a dinâmica econômica da região, entre 2004 e 2014, foi impulsionada pela expansão da renda, do crédito e do emprego, por investimentos em infraestrutura econômica e social, pela ampliação das políticas públicas e pelo crescimento das exportações, com importantes desdobramentos sobre o mercado de trabalho. Houve uma expressiva formalização das ocupações e forte tendência à interiorização do desenvolvimento. Todavia, a partir de 2014/2015, as economias brasileira e nordestina entraram em crise. O Nordeste tem apresentando taxas de retração da atividade econômica e do emprego formal acima da média nacional. No entanto, continua apresentando enumeras potencialidades, mas, faz-se necessária a retomada de investimentos associada a melhorias no mercado de trabalho.

Rio de Janeiro e as rodadas de neoliberalismo: Os PPA's como fonte empírica de neoliberalismo.
LEONARDO MARTINS FIGUEIRA ; Raquel Pereira de Souza ; Robson Dias da Silva
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Os Planos Plurianuais, são uma inovação no sistema jurídico/econômico brasileiro que desde a constituição de 1988. Apresentam-se como alternativa ao planejamento econômico efetivado em épocas anteriores sob efeito de um modelo desenvolvimentista / intervencionista. Sob o ponto de vista teórico econômico, uma das características das rodadas de Neoliberalização é reestruturação regulatória, que tem por definição adaptar e reestruturar o sistema em vigor mediante a uma dada estrutura posta em prática. De um modo geral, utiliza-se o modelo anterior como base de crítica para instituir o modelo neoliberal. Peck e Tickell (2002) classificam essa característica como “Roll Back”, que na tradução literal para o português seria algo como “retroceder” ou “desfazer”. No que se refere a teoria econômica e analise econômica podemos classificar como um avanço teórico para “enxugar” ou “desfazer” a dinâmica econômica anterior para criar uma nova rotina e diretriz. Destruição ou descrédito ativo de instituições Keynesianas de Bem estar Sociall a qual a materialização estava no Estado desenvolvimentista. Ainda segundo esses mesmos autores a segunda etapa de expansão do neoliberalismo seria o “Roll out”, que na tradução literal para o português seria “estender” ou “construir, fazer algo”. Feito a primeira etapa de “enxugamento” da dinâmica econômica, do processo de reprodução capitalista anterior, com o terreno descampado, a etapa seguinte é no intuito de “construir algo”, “fazer”, “estender” as forças neoliberalizantes para consolidar o poder ideológico e estabelecer dominância e até mesmo dependência. Consolidação de propostas de formas de Estados, modos de governo e relações regulatórias. Em grande parte essas medidas apresentavam-se sob a égide de um mercado financeiro forte e liberalização do comércio internacional. Estabelece-se um modelo de Governança com bases financeiras e comerciais pró mercado.

NOVO PADRÃO DE CRESCIMENTO E A HIERARQUIA URBANO-REGIONAL DO NORDESTE, BRASIL, PÓS 1990
LEONARDO RODRIGUES PORTO ; HUMBERTO MIRANDA
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Este artigo tem por objetivo refletir sobre o papel desempenhado pelas cidades da região Nordeste do Brasil, dentro de sua hierarquia urbana e diante de um novo padrão de crescimento econômico e de mudanças sociais recentes operadas na região, desde os anos 1990. A investigação da dinâmica territorial em diferentes regiões do país permite captar os efeitos contraditórios do processo de desenvolvimento econômico. A análise dos dados revelou a posição dos núcleos urbanos da região para as variáveis selecionadas, identificando seu comportamento no período recente, bem como algumas características e tendências das redes de cidades nordestinas. Como recorte espacial e classificação da rede urbana, partimos da pesquisa Regiões de Influência das Cidades (Regic), procurando avançar nos aspectos locais e regionais da composição da hierarquia urbano-regional. Com isto, buscamos propor uma visão analítica da região e de suas relações espaciais internas, a partir da configuração atual de suas redes de cidades.

A INFLUÊNCIA DE UM POLO INDUSTRIAL NA GERAÇÃO DE EMPREGOS EM UM MUNICÍPIO: O CASO DE ANÁPOLIS-GO.
Lucas Pereira Furtado
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Segunda potencia econômica do estado de Goiás, a cidade de Anápolis é referencia no setor da indústria devido ao DAIA – Distrito Agroindustrial de Anápolis, o maior polo industrial da região centro-oeste do país, o qual é responsável pela geração de mais de 20 mil empregos diretos empregos diretos, o que movimenta a região economicamente, auxiliando no processo de desenvolvimento. O objetivo da pesquisa é demonstrar como se deu a implementação do polo, analisando politicas públicas e ações do Governo, mostrar resultados e análises qualitativas e quantitativas quanto ao número de empregos gerados na região, influenciados pelas indústrias, o qual auxilia na promoção do desenvolvimento regional e avaliar a importância do polo para o município nos aspectos socioeconômicos. Como resultado, tem-se que o setor da indústria no município é o grande responsável pela geração de empregos e contribui para o desenvolvimento da região.

Desenvolvimento regional e gênero: Mapeamento da formação docente e da produção intelectual nos PPG em Planejamento Urbano e Regional da região Sul do Brasil
Luciana Butzke ; Ivo Marcos Theis ; Caroline Laíza Negherbon ; Vivian C Brito
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Os estudos sobre desenvolvimento regional e gênero procuram mostrar as imbricações entre relações de gênero, poder e espaço, suas permanências e possibilidades de mudança. Neste artigo se projeta luz sobre a presença das mulheres (sua formação e acesso a bolsas de produtividade em pesquisa) nos Programas de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional da região Sul. Uma constatação é que, a rigor, não há maiores diferenças entre mulheres e homens. Na produção intelectual sobre gênero, em que estão em maior número, as mulheres tratam de temas como: o espaço rural e urbano, espacialidades em movimento, vulnerabilidades, sexualidade, grupos e instituições sociais. A presença dos estudos de gênero no desenvolvimento regional pode conferir maior abertura aos estudos regionais que têm tomado a região como recorte e contenção, oferecendo-lhes, em troca, uma compreensão relacional de região, que traz consigo o potencial libertador das identidades binárias e das hierarquias de raça e classe.

Universidade e Desenvolvimento Regional: considerações iniciais sobre a Universidade Federal da Fronteira Sul
Luis Claudio Krajevski
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A relação universidade - desenvolvimento regional continua sendo objeto de diversas pesquisas. Embora os efeitos da universidade sobre as regiões não sejam homogêneos, os estudos de caso têm contribuído para um entendimento maior desta relação. Neste sentido cabe examinar as consequências da Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS e o desenvolvimento da Mesorregião Grande Fronteira do Mercosul. Considerando o histórico de criação desta universidade e seu compromisso com o desenvolvimento regional, convém analisar como a UFFS tem cumprido com este objetivo. Ademais, convém examinar possíveis adversidades que impedem a universidade de contribuir com o desenvolvimento da mesorregião. O estudo é resultado de análise bibliográfica e documental. Os resultados apontam a existência de diversos desafios que a UFFS deve superar para que possa colaborar com o desenvolvimento regional.

MOBILIDADE URBANA: Quais soluções para as adversidades das cidades do futuro?
Luziane Machado Pavelski ; Marcia de Andrade Pereira Bernardinis
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A perspectiva do crescimento populacional que deverá ocorrer nos próximos anos no Brasil e países em desenvolvimento ascende à necessidade de pensar as questões da mobilidade. Para tanto, por meio de uma revisão teórica e uma metodologia dividida em três etapas esse artigo descreve os problemas que contribuem para a imobilidade nas cidades, visita experiências dessa área com resultados positivos no Brasil e no mundo e apresenta um check list do que tem sido feito em algumas das principais capitais do Brasil e o que ainda deve ser feito a fim de promover a mobilidade. Dessa forma foi possível verificar que investimento em infraestrutura de modais alternativo de transporte público, priorização dos meios não motorizados, uso compartilhado de carros e bicicletas e o uso de integração temporal/tarifaria, são elementos que podem contribuir nas capitais brasileiras observadas, para atrair os usuários de transporte privado ao transporte público, desse modo diminuindo o número de veículos privados nas vias e por consequência diminuindo problemas oriundos de congestionamentos e imobilidade.

EDUCAÇÃO, UM FATOR DECISIVO PARA O DESENVOLVIMENTO: O MODELO DO MUNICÍPIO DE SOBRAL/CE
Luzinete Barbosa Lyrio ; Manoel Joaquim Fernandes Barros ; Ana Maria Ferreira Menezes
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O objetivo deste trabalho compreende fazer uma reflexão sobre a educação e o desenvolvimento no contexto de velhos problemas e novos desafios, e também trazer a experiência do modelo de implementação da política de alfabetização do município de Sobral/CE, enfatizando o entrelaçamento da educação com o desenvolvimento. O presente estudo se configura de natureza qualitativa, do tipo bibliográfico e documental, de caráter analítico. Para atingir o objetivo proposto, percorreu-se o seguinte caminho: em primeiro lugar, expõe-se sobre o objetivo e a metodologia, em segundo lugar definiu-se educação e desenvolvimento, tratando dos velhos problemas e dos novos desafios; em terceiro lugar, discutiu-se o modelo de educação do munícipio de Sobral/CE e, por fim, apresenta-se as considerações finais. Os resultados apontam que, quando existem as garantias das oportunidades sociais, principalmente, no campo da educação, favorece sobremaneira o impacto de aumento na escolaridade, as melhorias na qualidade da educação e também o desenvolvimento socioeconômico.

DESENVOLVIMENTO URBANO-REGIONAL E ASSIMETRIAS SOCIOECONÔMICAS: O caso empírico do “desenvolvimento geográfico desigual” da Bahia
Maiara Dos Santos Dias ; Eneida Maria Souza Mendonça
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O objetivo deste artigo é analisar o desenvolvimento urbano-regional da Bahia, entre 1995-2015, enfatizando as repercussões do desenvolvimento capitalista na dinâmica do território baiano. Dentre os impactos identificados, destaca-se o “desenvolvimento geográfico desigual”, e as consequentes assimetrias socioeconômicas entre regiões baianas. São investigados indicadores sociais, econômicos, demográficos, aspectos ambientais e culturais. As análises e reflexões, embasadas nas ideias de Neil Smith (1988) e Carlos Brandão (2007), reforçam a concentração do crescimento econômico e do desenvolvimento na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Os resultados obtidos indicam, também, uma branda dispersão econômica no estado, nas últimas duas décadas, com o crescimento de áreas afastadas da RMS. Nesse sentido, destacam-se o Oeste (Barreiras), o Baixo Médio São Francisco (Juazeiro) e o Extremo Sul da Bahia (Mucuri). Conclui-se ainda, que outros horizontes para redução das desigualdades regionais podem ser alcançados, sendo necessário “desmercantilizar” o desenvolvimento urbano-regional, adotando planejamento multiescalar e valores distintos da lógica capitalista.

PLAN “CIRCUNVALACIÓN FERROVIARIA DE LA CIUDAD DE SANTA FE” (ARGENTINA) El área metropolitana entre micro procesos y macro decisiones
María Alejandra Saus
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La recuperación del Ferrocarril Belgrano integra un programa tendiente a modernizar las redes de cargas para el desarrollo de las economías regionales en la Argentina. Involucra acciones con impacto en las escalas regional y local pues se pretende circunvalar ciudades del centro y norte nacional. Concretamente, el plan “Circunvalación Ferroviaria de la Ciudad de Santa Fe” procura desviar enlaces del medio urbano para evitar accidentes y demoras en los pasos a nivel. Esta ponencia estudia los objetivos directos y examina potenciales efectos externos del plan, evaluando alternativas de renovación urbana sobre el suelo posiblemente desafectado del uso ferroviario. Dicho proyecto será interpelado ponderando los desafíos de movilidad y transporte que presenta la recientemente sancionada Ley Provincial de Áreas Metropolitanas. Basado en la técnica del análisis documental, el trabajo apela a la perspectiva multiescalar ya que es China el espacio económico que está efectuando las principales inversiones de capital a escala global.

AS MUDANÇAS DO BEM-ESTAR SOCIAL NAS UNIDADES DA FEDERAÇÃO BRASILEIRAS (2011-2015)
Max Vitor Kazutoshi Arabori ; César Augusto Marques da Silva ; Gustavo da Silva Ferreira
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Este trabalho se propõe a elaborar um índice que meça o nível de bem-estar social de uma forma dinâmica para as Unidades Federativas do Brasil. Para isso foram utilizadas variáveis de quatro dimensões: economia, saúde, educação e infraestrutua. Além disso, foi empregado um método de estatística multivariada, a análise fatorial, para definir os pesos de cada variável e dimensão no índice sintético. Os resultados apontam uma assimetria do nível de bem-estar entre as Unidades da Federação. De maneira geral, as regiões Norte e Nordeste apresentaram um resultado menos favorável do que as demais partes do país. Outro ponto importante foi o fato de que, mesmo que diversas UFs tenham apresentado resultados semelhantes no índice sintético, foram constatadas amplas desigualdades entre elas no que diz respeito ao desempenho nas dimensões, de modo que as políticas públicas devem ser direcionadas para que sejam eficientes em suprir as necessidades específicas de cada local.

POBREZA MULTIDIMENSIONAL DAS MULHERES CHEFES DE FAMÍLIA DA REGIÃO NORDESTE
Nadja Simone Menezes Nery de Oliveira ; Jandir Ferrera de Lima
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A pobreza é um tema amplo, multidimensional e objeto de estudo de diferentes áreas do conhecimento. Por se tratar de um fenômeno social complexo, a pobreza não se restringe necessariamente aos níveis de renda e falta de determinados bens materiais. Os estudos empíricos sobre a pobreza trouxeram novas abordagens nas últimas décadas. Houve uma tendência às análises multidimensionais, em detrimento das unidimensionais, que priorizavam a renda familiar per capita. Nesse sentido, esse artigo analisa o processo de feminização da pobreza na Região Nordeste do Brasil, por meio de uma abordagem multidimensional, no período de 2004 a 2015. Para tal, fora estimado o Índice de Pobreza Multidimensional (MPI) tendo por base os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Os resultados evidenciaram que na região Nordeste as mulheres são multidimensionalmente mais pobres do que os homens, pois a pobreza diminuiu mais entre os homens do que entre as mulheres. Também se observou que para as chefes de família da Região Nordeste, as dimensões referentes ao acesso ao trabalho, disponibilidade de recursos e consumo de bens foram aquelas em que as mulheres se mostraram mais vulneráveis em todos os anos do período analisado. Além disso, houve uma sensível diminuição na pobreza multidimensional para as mulheres chefes de família do Nordeste, cujo MPI para o período de onze anos, fora reduzido em 29,65%. As dimensões relativas ao trabalho e a renda foram as que mais contribuíram para a inserção da mulher nordestina em uma condição de pobreza, e são assim, temas que exigem mais atenção do poder público.

Trabalho e Desenvolvimento Regional: Um olhar a partir da mobilização dos trabalhadores
Nina Beatriz August ; Rutileia Lima Almeida ; Miguel Alois Pitz e Silva ; Pedro Ivo Ferreira Menezes
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Este trabalho tem como objetivo abordar a relação entre trabalho e desenvolvimento regional, enfatizando a luta dos trabalhadores para garantir seus interesses na organização espacial. O texto está dividido em três seções: a primeira apresenta as contribuições da teoria crítica sobre desenvolvimento regional e a luta de classes a partir de Harvey (1996, 2001) e Massey (1979); a segunda trata especificamente do papel dos trabalhadores no desenvolvimento local e regional com a contribuição de Wood (2003), Herod (2011) e Harvey (2011); a terceira apresenta exemplos da ação de trabalhadores na tentativa de promover seus interesses no contexto local ou regional. Após a apresentação das seções, seguem as considerações finais, que contém a síntese dos aspectos teóricos e empíricos, além de indicar as limitações da pesquisa. O estudo realizado não se propõe como algo definitivo, mas exploratório. Desta forma, ao resgatar o lugar dos trabalhadores na produção do espaço, pode se tornar um ponto para futuros debates e ações.

PROBLEMÁTICA DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL DA BAHIA
Noelio Dantaslé Spinola
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O texto trata das circunstâncias que provocaram, na atualidade, a perda de competitividade pelo estado da Bahia. Busca responder à seguinte questão: por que a Bahia não se desenvolveu como era esperado apresentando, na atualidade, um quadro significativo de desigualdade social e de concentração da renda? Pretende, também, especular quanto às perspectivas do seu futuro imediato. Trabalha com uma metodologia dedutiva compreendendo técnicas de pesquisa documental e bibliográfica. Conclui que o atraso econômico da Bahia foi consequência de uma trama de circunstâncias que ao longo do tempo produziram a situação atual. A associação de problemas políticos sociais e econômicos vivenciados a partir da sua matriz colonizadora; a burocracia patrimonialista, o imperialismo vicejante no mercantilismo europeu dos séculos XV ao XVIII ; a escravidão e o modelo de exploração agroexportador; a incompetência administrativa, o padrão de vida perdulário e a corrupção que caracterizaram a elite brasileira e baiana; a má condução política do Estado durante a Primeira República; as secas e demais condições edafoclimáticas adversas; e a política macroeconômica do governo federal, ao longo do século XX; foram, no seu conjunto, os responsáveis pela situação atual.

CENÁRIOS DE DESIGUALDADES TERRITORIAIS NO BRASIL: Um estudo sobre a Baixada Fluminense (RJ)
Patricia Cipriano Barcellos da Silva ; Raul Rosa de Oliveira Junior ; Marcio Silva Borges
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Considerando que o território é dotado de diferentes aspectos sociais que permeiam a vida urbana, o texto que segue permite a compreensão sobre as classes sociais no Brasil e as escalas que provocam a desigualdade neste território. O caso de estudo é a Baixada Fluminense, localizada no estado do Rio de Janeiro. O artigo tem como objetivo refletir sobre questões atreladas ao desenvolvimento social do território da Baixada, a fim de minimizar a distância social entre os municípios que compõem a Baixada e a região central do estado. Para tanto, foi utilizada abordagem teórica de conceitos sobre o território e desigualdades sociais. A partir disso, é importante entender como ocorre o crescimento e desenvolvimento da região, abrindo um leque para discussões com o intuito de propiciar justiça social.

UMA RADIOGRAFIA DA MOBILIDADE NO ARRANJO POPULACIONAL DE MACAÉ – RIO DAS OSTRAS/RJ
Rafael Corrêa Borba ; Felipe Juliboni Ribeiro Gomes ; Herivelton Tavares Soares
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No alvorecer do século XXI, os deslocamentos populacionais enquadram-se cada vez mais em dinâmicas intrarregionais. Neste cenário é que abordamos o arranjo populacional, unidade espacial analítica que surge como nova radiografia urbana das dinâmicas espaciais do país. A dimensão que se enfoca neste trabalho ambiciona refletir sobre as intensidades dessas dinâmicas, através da mensuração do Índice de Eficácia Migratória (IEM) relativo aos municípios membros do arranjo populacional de Macaé-Rio das Ostras/RJ, destacando o papel de Macaé na centralidade dos deslocamentos pendulares na rede urbana. Destarte, o IEM configura-se como um importante índice para qualificar com mais detalhes os deslocamentos populacionais, subsidiando aporte para políticas públicas que possam contribuir para um planejamento urbano sustentável e integrado.

A oferta do ensino superior nos centros regionais de Minas Gerais: indicadores com base na mobilidade pendular
Rafael Santiago Soares ; Carlos Lobo ; Ícaro Belém Horta
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A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, promulgada em 1996, favoreceu a flexibilização do ensino superior. Conforme dados divulgados pelo INEP, entre 2000 e 2010, a taxa de crescimento de matrículas foi de 180% em Minas Gerais. Diante desse cenário, algumas questões merecem ser avaliadas, tais como: quais são os centros regionais na oferta do ensino superior no interior do estado? Quais são as dinâmicas de mobilidade para fins de estudo e trabalho associadas a estes centros regionais? Este trabalho discute o papel dos centros regionais na oferta do ensino superior no interior do estado de Minas Gerais, analisando as redes de influência de mobilidade para fins de estudo e trabalho. Os centros regionais na oferta do ensino superior foram identificados por meio do Índice de Centralidade Regional (ICR). Para os cincos principais centros foram avaliados as redes de mobilidade para fins de estudo e para fins de trabalho.

ESPAÇO DE VIDA, ESPAÇO ECONÔMICO E CONTRADIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Rainer Randolph
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O presente ensaio pretende confrontar problemas da política e do desenvolvimento regional de hoje com uma reflexão sobre a mesma temática de John Friedmann de quase 40 anos atrás. Visa, assim, mostrar a atualidade de um texto antigo de Friedmann que apresenta sua preocupação com ameaças e desafios fundamentais de então que nomeia de contradições entre território e função e entre espaço de vida e espaço econômico que são objeto de sua reflexão. Para, posteriormente, poder aprofundar essa discussão, será apresentada uma breve caracterização de sociedades capitalistas como desenvolvida por Habermas para poder aproximar uma perspectiva sociológica a uma voltada para manifestações físico-geográficas dos fenómenos. Finalmente, a proposta de Friedmann de superar o domínio dos espaços econômicos será situada em relação à sua própria perspectiva de um “planejamento radical”.

MUDANÇAS NA ESTRUTURA ETÁRIA E RENDA NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS: EFEITOS RECENTES DA TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA
Roberto Luiz do Carmo ; Kelly Cristina de Moraes Camargo ; Jaqueline Lopes Dias
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Este artigo analisa os desafios e as oportunidades no desenvolvimento econômico municipal em face à nova realidade demográfica brasileira. Dessa forma, procura-se trazer elementos para a discussão do processo de Transição Demográfica nos municípios brasileiros a partir das mudanças na composição da População em Idade Ativa (PIA). O trabalho ainda traz o Rendimento familiar per capita econômico, relacionando-o com as mudanças populacionais, de modo a compreender a contribuição da PIA na variação da renda per capita dos municípios brasileiros entre as décadas de 1980 e 2010. Para a realização da pesquisa, utilizaram-se os dados secundários disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. E aplicou-se o Teste de Correlação de Person. A hipótese é que o aumento do peso relativo da população em idade ativa, do ponto de vista demográfico, pode ser considerado um fator positivo. Uma vez que nessa fase do ciclo de vida a pessoa está apta a se inserir no mercado de trabalho e, portanto, produzir.

O retorno dos que não foram: Propostas para instituições de desenvolvimento regional
Rodrigo Portugal
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O desenvolvimento regional foi uma temática relevante na história brasileira na qual as superintendências regionais tiveram um lugar de destaque, mas que foram se enfraquecendo ao longo dos anos. No Lulismo foi tentado um retorno às políticas de redução das desigualdades regionais, caso da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), que logrou pouco êxito em seus objetivos. Nesse sentido, cada instituição ou instrumento envolvido com a PNDR encontrou o seu lugar dentro do Governo federal e no Estado, o que leva o texto a buscar, com base na economia política, os caminhos trilhados pelas instituições e recursos envolvidos com o desenvolvimento regional brasileiro e propor ideias para o seu fortalecimento no âmbito estratégico, administrativo, financeiro, governativo e como ator intelectual e executivo.

“Transformação prá poder existir” Uma análise sobre a presença das mulheres a partir das pesquisas desenvolvidas nos PPG em Planejamento Urbano e Regional no Brasil (2014-2018)
Rutileia Lima Almeida ; Caroline Laíza Negherbon ; Mariane Paduan Florsz ; Leonardo Brandão
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O presente estudo investiga, a partir de teses e dissertações, a presença das mulheres nos PPGPUR do Brasil entre 2014 e 2018. Analisou-se 34 cursos vinculados à subárea de avaliação em Planejamento Urbano e Regional. Observou-se o quantitativo de trabalhos defendidos por mulheres e homens, com interesse de verificar o espaço das mulheres, enquanto produtoras do conhecimento. Identificou-se, entre 2014 e 2018, 1327 dissertações e 227 teses. Além desta parte empírica, este estudo contempla uma discussão teórica sobre a história das mulheres e desafios atuais no campo do desenvolvimento regional. Os resultados do estudo, apontam para uma insipiente produção sobre as temáticas que envolvem as questões sobre as mulheres, mas demonstram uma sensível evolução dessas pesquisas nos últimos anos. É notório a ascensão do número de pesquisadoras nessa área do conhecimento. No entanto, ainda há um espaço a ser preenchido por demandas femininas que são fundamentais na discussão da área.

DINÂMICAS URBANO-REGIONAIS CONTEMPORÂNEAS: O caso de Juiz de Fora - MG
Sabrina Ferretti do Amaral
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Resumo: Como um organismo funcional, a cidade contemporânea mantém relações com um espaço exterior a ela, a sua região, sendo possível afirmar que no atual período da urbanização existem diversas temporalidades com suas configurações sobrepostas, que não nos permitem compreender as dinâmicas urbano-regionais sem considerar a coexistência dos tempos real e global, representados sobre os respectivos espaços. Neste sentido, as reflexões aqui contidas contemplam o suporte daquelas apresentadas em Tese de Doutorado, que perpassam os processos e contextos concernentes à Juiz de Fora, com vistas à compreensão do presente estágio de relações com sua região de influência. O objetivo é abordar a dinâmica nos espaços intra e interurbanos do aglomerado estudado, confrontando-os no tocante as novas políticas urbano-regionais e aquelas de expansão urbana para a ocupação territorial. Adotou-se como etapas metodológicas: (1) introdução à temática “dinâmica urbano-regional”; (2) análise do espaço urbano-regional de Juiz de Fora; e, (3) indicação de questões relativas à implantação de fixos territoriais e ao desenvolvimento de novos fluxos (materiais e imateriais). Assim, o artigo significa uma das possibilidades para se entender o ocorrido nestes contextos e temporalidades e de se debater sobre a relevante temática.

DESENVOLVIMENTO REGIONAL E ACESSIBILIDADE EM ÁREAS NATURAIS Equidade e cidadania para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida
Shimene Feuser ; Carlos Alberto Cioce Sampaio
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Pessoas com Deficiência ou Mobilidade Reduzida (PDMRs) têm seus direitos negligenciados em âmbitos diversos, inclusive no que tange a acessibilidade em áreas naturais. Neste tocante, o presente trabalho apresenta alguns dos principais achados da pesquisa de doutorado da autora. Tem-se como objetivo analisar na concepção das Unidades de Conservação, bem como em suas atividades e estruturas, a conformação do território de inclusão. Realizou-se abordagem metodológica por meio de estudo bibliométrico para a seleção do referencial teórico e pesquisa quali-quantitativa a fim de alcançar informações referentes a realidade do objeto de estudo. Como resultados, verificou-se que áreas como as unidades de conservação não foram formuladas para PDMRs.

POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL: Retrospectiva e perspectivas para o Nordeste brasileiro.
Simone da Silva Costa
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Este estudo objetiva refletir sobre os impactos das políticas públicas no desenvolvimento do Nordeste brasileiro e que foram responsáveis pela transformação de suas estruturas produtivas ao longo do século XX, bem como compreender como as políticas atuais podem contribuir para alavancar uma nova etapa de prosperidade. Durante o período de 1970 a 1985, a região se modernizou, apresentando um aumento do seu produto interno, com destaque para os serviços e para a indústria. Contudo, nos anos de 1990, as políticas de desenvolvimento nacional e regional foram preteridas às políticas ortodoxas de estabilização da economia, fazendo emergir políticas públicas baseadas em estratégias fragmentadas que apenas tem aprofundado o subdesenvolvimento nordestino. De fato, apesar dos esforços teóricos e políticos para industrializar o Nordeste e da formulação da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), no ano de 2003, a região ainda se depara com velhos problemas e novos desafios, tais como: minimizar os efeitos das secas, promover uma desconcentração industrial, já que os investimentos industriais encontram-se concentrados nos estados da Bahia, Pernambuco e do Ceará; bem como combater a guerra fiscal, que tem deteriorados as finanças dos estados mais pobres do Nordeste. Trata-se de um estudo bibliográfico baseado em dados secundários.

A CONTRIBUIÇÃO DO PENSAMENTO SOCIAL PARA O DEBATE DA QUESTÃO REGIONAL BRASILEIRA NESTE INÍCIO DE SÉCULO XXI
Tatiane Thaís Lasta ; Ivo Marcos Theis
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Este artigo tem como tema a questão regional brasileira, com ênfase nas figuras destacadas do que se convencionou chamar de pensamento social brasileiro. As análises voltadas para a realidade brasileira revelam uma profunda heterogeneidade no seu interior. Essa desigualdade, o legado do colonialismo, de subordinação e subserviência, são heranças históricas e estruturais do desenvolvimento brasileiro e devem ser levadas em consideração quando se trata de analisar a questão regional brasileira. No entanto, parece se utilizar pouco do conhecimento produzido e acumulado pelos próprios brasileiros na busca por interpretações do Brasil especialmente da questão regional. Deste modo, o objetivo geral deste artigo é identificar e analisar a contribuição e a atualidade dos representantes do pensamento social brasileiro para o debate da questão regional no Brasil neste início de século XXI. Percorridas as etapas da pesquisa, os resultados sugerem que as figuras do pensamento social brasileiro oferecem pistas importantes para compreender a realidade regional brasileira neste início de século XXI.

A RODOVIA BR 210: Uma análise para o desenvolvimento socioeconômico no município de Serra do Navio – AP
Thiago dos Santos Damasceno ; Antônio Sérgio Monteiro Filocreão
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Este trabalho realizou uma pesquisa documental para relacionar a implementação do projeto da BR 210 ao desenvolvimento socioeconômico, ao passo de integrar e povoar a Amazônia setentrional. Realizou-se uma síntese do processo de rodoviarização do Brasil a partir da década 1940, onde ocorreu um salto, no que concerne à criação de órgãos governamentais para gerir este processo. Percebeu-se que este vislumbre, adotado principalmente durante a ditadura, pelos militares, foi intensificado nos anos de 1970, com o amplo discurso de promover o desenvolvimento regional, através do plano de integração nacional – PIN. Neste sentido, este trabalho tem como objetivo realizar a relação da proposição do projeto não concluído da rodovia BR 210 em Serra do navio no estado do Amapá, em face à necessidade de integração, assim como apresentar os principais indicadores, que tem exposto as interações de um ensaio para o desenvolvimento socioeconômico, conforme os dados analisados deste município.

DETERMINANTES DO CRESCIMENTO DO EMPREGO NO SETOR DE TURISMO NO NORDESTE: 2006-2015
THIAGO HENRIQUE CARNEIRO RIOS LOPES ; CAROLINA DE ANDRADE SPINOLA ; LAUMAR NEVES DE SOUZA ; RENATO BARBOSA REIS
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Este artigo tem por objetivo identificar os determinantes do crescimento dos empregos formais no setor de turismo para os municípios do Nordeste. Parte-se dos estudos de Lazzaretti e Capone (2009) e Ribeiro et al (2018), complementando-os na investigação dos efeitos de outras variáveis, tais como uma proxy para a violência, uma dummy para municípios litorâneos e o PIB per capita das cidades vizinhas. Através da econometria espacial foi possível estimar seis diferentes modelos, além de calcular os eventuais spillovers espaciais. Os principais resultados sugerem que o aumento da violência não contribuiu para minar o crescimento do emprego no setor de Turismo. Notou-se que a concentração da atividade, medida pelo quociente locacional, bem como o grau de diversidade econômica, capturada pelo índice de Hirschman-Herfindahl, foram positivos, significativos e robustos. Ademais, o trabalho sugere que o aumento do PIB per capita dos vizinhos estimula o crescimento do emprego daquele setor no município j, resultado inversamente proporcional ao obtido com a variável emprego, indicando uma tendência a competição entre os municípios da região.

A COBRANÇA DA DÍVIDA ATIVA PELO PROTESTO EXTRAJUDICIAL COMO POLÍTICA PÚBLICA PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL
THYAGO RODRIGUES GAMA
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O presente artigo trata da possibilidade de cobrança da dívida ativa mediante a utilização das serventias extrajudiciais, mais especificamente pelo Tabelionato de Protesto, como política pública efetiva ao desenvolvimento dos entes federados. Para a cobrança da dívida ativa, alternativamente ao ajuizamento direto da ação de execução fiscal, surge o protesto como forma de recebimento dos débitos dos contribuintes de maneira célere e econômica. Trata-se de artigo que se utilizou do método dedutivo, a partir da realização de uma revisão bibliográfica sobre o assunto, arrimando-se de forma central nas lições de BUENO (2013); FREITAS (2014); MUÑOZ (2012), BUCCI (2006); AZEVEDO (2015), dentre outros. Afinal, concluiu-se que esse novo instrumento de cobrança da dívida ativa deve ser disseminado e utilizado pelas administrações públicas em geral, de qualquer das esferas (federal, estadual, distrital e municipal) diante das diversas vantagens do instrumento, especialmente em vista que atualmente não é republicana a renúncia de receita tributária decorrente da não utilização de instrumentos eficazes para cobrança da dívida ativa, sendo imprescindível a construção de um novo marco civilizatório para o Estado brasileiro.

A ECONOMIA BRASILEIRA NO ESTADO DE MINAS GERAIS: UMA ANÁLISE DAS DESIGUALDADES SOCIOECONÔMICAS DO ESPAÇO MINEIRO À LUZ DE SUA FORMAÇÃO ECONÔMICA
Tomás de Faria Balbino ; Francisca Diana Ferreira Viana ; Mariangela Furlan Antigo
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A partir das visões postas por autores como Myrdal, Hirschman e Furtado, é possível analisar como o processo de formação econômica e social do estado de Minas Gerais configurou inúmeras desigualdades em seu tecido regional. A partir de um arcabouço teórico e histórico de seu processo de formação, o trabalho procurou sinalizar os momentos e os espaços em que a ação concentradora do capital esteve presente, gerando regiões desenvolvidas em detrimento de regiões com pouco dinamismo econômico e extrema pobreza. Percebe-se que, devido ao modo no qual se desenvolveu as atividades econômicas no estado, algumas regiões se tornaram mais atraentes ao capital durante todo período de formação até o tempo presente, enquanto outras foram esquecidas tanto pelo investimento privado quanto pelas políticas públicas. Políticas sociais e regionais foram instituídas em prol de regiões deprimidas na última década, contudo, como mostra o Índice Mineiro de Responsabilidade Social (FJP), não foram suficientes para modificar a desigualdade regional do estado.

RIO CRIXÁS, AÇÃO ANTRÓPICA E IMPACTOS AMBIENTAIS NO MUNICÍPIO DE SANTA TEREZINHA DE GOIÁS
Ubirajara de Lima Ferreira ; Gean Pablo Ázara Souza ; Fudio Matsuura ; Antonio Pasqualetto
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Os recursos hídricos sofrem impactos significativos da ação antrópica, posto que podem vir a se esgotar, caso seu uso seja indiscriminado. O objetivo deste artigo foi analisar as condições ambientais decorrentes da ação antrópica e os impactos ambientais, que levaram à redução gradativa do volume de água, ocasionados no período compreendido entre os anos 2000 e 2017 no Rio Crixás, tendo em vista as exigências da sustentabilidade ambiental e os ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, Agenda ONU 2030. Utilizou-se o Sistema de Coordenadas Geográficas (SIG) pelo Sistema Estadual de Geoinformação de Goiás (SIEG), imagem satélite usando a ferramenta Google Earth, coordenadas latitude S 14º 25´ 11,884´´e longitude 49º43´50,295´´W. Escolheu-se dados de medição a cada cinco anos, em 2000, 2005 e 2010, bem como um comparativo nos últimos três anos de 2015, 2016 e 2017, realizando as médias das variações do volume de água constatado na Estação Fluviométrica Uirapuru. Observaram-se oscilações de volume de água, em escala decrescente até os dias atuais.

O TERRITÓRIO MBYÁ-GUARANI E O DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Vandreza Amante Gabriel ; Marilda Rosa Galvão Checcucci Gonçalves da Silva
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A partir de referências teóricas e um levantamento de campo abordaremos questões que dizem respeito à organização cotidiana do grupo Mbyá-Guarani do tekoá vy’a (Aldeia Feliz) localizado em Major Gercino, Santa Catarina, Brasil. Propomos uma reflexão onde a terra e o território são considerados um bem sagrado de uso comum para os grupos indígenas em contraponto ao caráter exploratório do uso privado destinado ao consumo mercado global, todos como parte de um intenso movimento de mudança, permanência e transformação que alteram ritmos, símbolos e constroem o cotidiano. Com a apresentação dos dados parciais de uma pesquisa de doutorado ainda em curso esperamos contribuir para a discussão sobre a situação atual dos grupos indígenas, as consequências da sua relação de contato com a sociedade nacional envolvente e as mudanças que estão a ocorrer na sua relação com a terra e o seu território, sua relação com o desenvolvimento regional e o etnodesenvolvimento.

ANÁLISE DO MUNICÍPIO DE CASCAVEL-PR COMO POLO REGIONAL
Veridiane Ladoninsky ; Andressa Carolina Ruschel
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A presente artigo é produto do Trabalho de Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário FAG – TC CAUFAG e se insere na linha de pesquisa denominada “Métodos e Técnicas do Planejamento Urbano e Regional” a qual abrange estudos ligados ao planejamento urbano, bem como as características socioeconômicas, ambientais, políticas e culturais. abordou o contexto histórico do planejamento urbano brasileiro, o conceito de desenvolvimento e crescimento, e as teorias e conceitos de desenvolvimento regional. O problema levantado nesta pesquisa foi se o Município de Cascavel – PR atende como cidade Polo Regional da microrregião onde está inserida, e a hipótese de ser uma região metropolitana. Para atender o objetivo geral da pesquisa, foram compilados dados relevante fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE sobre aspectos populacionais, educacionais, urbanísticos e socioeconômicos do município de Cascavel – PR e da microrregião onde está inserido. A realização da análise se deu através do Índice de Bem-Estar Urbano – IBEU que aponta o nível de qualidade de vida das metrópoles brasileiras com base no Censo Demográfico de 2010 do IBGE, que junto aos dados levantados do município e da microrregião apresentaram resultados satisfatórios que comprovam que o Município de Cascavel – PR é um Polo Regional.

ST 06 - Movimentos Sociais no Campo e na Cidade
Protestos e Megaeventos: O panorama das mobilizações na cidade do Rio de Janeiro
Aldrey Cristiane Iscaro
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Os megaeventos esportivos vêm ganhando força no país desde a solicitação da candidatura da cidade do Rio de Janeiro em 1995 para a sede dos Jogos Olímpicos de 2004. Como grandes projetos urbanos, tais como os megaeventos esportivos ocorridos no Brasil, desencadeiam uma diversidade de rupturas na cidade, temos como objetivo, aqui, descrever e mapear essas rupturas olhando através dos protestos relacionados aos megaeventos na cidade de Rio de Janeiro durante o período de 2006 a 2016. Para essa pesquisa utilizaremos como material de pesquisa a base de dados pública do ‘Observatório de Conflitos Urbanos da Cidade do Rio de Janeiro’. Desta forma, utilizando o banco de dados já existente do Observatório, refinamos a nossa busca extraindo o nosso material de pesquisa, a saber, os protestos relacionados à questão dos megaeventos na cidade do Rio de Janeiro, com recorte temporal dos anos de 2006 a 2016. Como metodologia de pesquisa utilizamos a pesquisa bibliográfica e a cartografia.

COOPERATIVAS DE ASSENTADOS DA REFORMA AGRÁRIA NO ESTADO DO PARANÁ: POLÍTICAS PÚBLICAS E INCENTIVO À GERAÇÃO DE RENDA
Alexandre Maurício Sandri ; Prof. Antonio Gonçalves de Oliveira, Dr.
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Este artigo tem por objetivo demonstrar políticas públicas de incentivo às cooperativas de assentados da reforma agrária no Estado do Paraná. Procurou-se verificar se essas políticas públicas, por meio de programas e incentivos governamentais contribuem para uma melhor gestão das cooperativas. A metodologia utilizada se deu por intermédio de consulta bibliográfica a partir de revisão de literatura em livros, dissertações e artigos científicos relacionadas aos temas reforma agrária, agroindustrialização para a reforma agrária, cooperativismo e comercialização, publicados em periódicos disponíveis nas bases Scielo, Redalyc e google acadêmico, além de consultas em sites oficiais e no portal de convênios SICONV, ambos do governo federal. Como contribuição, sugere-se a implantação de uma política pública voltada à capacitação de gestores das cooperativas, como forma de preparo para enfrentar o mercado competitivo. Deste modo, este artigo pretende contribuir sob o ponto de vista da gestão das cooperativas, para que os recursos públicos possam ser destinados para as realidades que atendam essas cooperativas de assentados da reforma agrária.

POSSIBILIDADES E DESAFIOS DE PRÁTICAS INSURGENTES: O Caso da Comunidade Poço da Draga, Fortaleza, Brasil
AMANDA MAXIMO ALEXANDRINO NOGUEIRA
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Este artigo tem por objetivo discutir as possibilidades e os desafios de práticas insurgentes de moradores urbanos, diante dos conflitos de interesses e das disputas por poder de decisão. Essa problematização considera que grande parte das deliberações de produção do espaço acontecem no âmbito das práticas institucionais, implementadas por órgãos de planejamento, sancionadas pelo Estado e frequentemente a serviço de interesses privados. Perante esta conjuntura, a noção de planejamento urbano insurgente tem ganhado aceitação por assegurar a atuação direta dos cidadãos. Diante dessas questões, o artigo aponta alguns aspectos da resistência da comunidade Poço da Draga, em Fortaleza, situada em área de elevado interesse imobiliário, frente à forma antidemocrática de condução das decisões que afetam os moradores. Utilizando-se de análise bibliográfica e documental, e observação direta são apontados alguns aspectos da relação conflitual entre as práticas do poder público e as práticas auto-organizadas dos moradores. A pesquisa sugere que, apesar dos entraves, a ação coletiva organizada pode questionar os processos de planejamento heterônomo.

AS CAMPANHAS NEGRAS EM FAVOR DA CASA PRÓPRIA EM SÃO PAULO (1924-1937)
Ana Barone
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No Brasil, há uma crença cultural de que a atitude mais sábia para garantir uma economia doméstica segura e estável é a aquisição da casa própria. Por gerações, o “sonho da casa própria” tem sido cultivado como um horizonte a se atingir. Muitos trabalhos apontam que as políticas públicas de habitação formuladas na década de 1940 foram responsáveis por disseminar o "sonho da casa própria" entre os brasileiros.No entanto, no cotidiano popular, a aquisição da casa própria parece ser uma urgência desde muito antes. Ao longo das décadas de 1920 e 1930, a “casa própria” torna-se uma noção mobilizada em alguns periódicos da imprensa negra, circulando em diversos artigos como uma aspiração desejável e uma orientação ao público dos jornais. Neste artigo faremos uma análise das campanhas em prol da casa própria divulgadas pelos dois principais jornais da imprensa negra paulista, O Clarim da Alvorada e A Voz da Raça, procurando compreendê-las no contexto das organizações de solidariedade mútua presentes no Brasil desde o século XIX, e particularmente as sociedades prediais do início do século XX. Em seguida, para melhor compreendermos o teor dessas campanhas, buscaremos recuperar a vasta discussão sobre a questão da casa própria como princípio norteador da economia familiar brasileira e também da definição das políticas públicas de habitação ao longo no século XX. Em termos metodológicos, procuramos nos amparar nos artigos e anúncios da imprensa negra e da imprensa geral da época, para capturar a centralidade e a importância atribuída à casa própria junto à opinião pública do período. Essa discussão será cotejada com os debates já consolidados pelos autores que discutem os temas relacionados às campanhas negras em favor da casa própria, à política pública de habitação e à própria discussão em torno da centralidade da aquisição da casa própria no Brasil.

MULHERES, DIREITO E MOVIMENTOS SOCIAIS: Etnografia da advocacia feminista e antirracista no Brasil
Andressa Lidicy Morais Lima
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O objetivo deste artigo é refletir sobre a efervescência de ações coletivas protagonizadas por advogadas feministas em torno da construção de um novo campo de estudos e lutas sociais, isto é, a advocacia de causa feminista e antirracista. No Brasil, assim como na América Latina, destaca-se uma forte atuação e engajamento na esfera pública, em particular, na esfera do direito, envolvendo operadoras do direito na produção deste novo tipo de ativismo dentro do Direito e do Poder Judiciário. O presente trabalho é um esforço para compreensão desse novo fenômeno social a partir do ponto de vista de nossas interlocutoras: advogadas feministas que fazem parte da ONG TamoJuntas, coletivo ativista com sede em Salvador (BA). Com base em pesquisa etnográfica (observação participante e entrevistas em profundidade) coloco em relevo as experiências vividas e de ativismo judicial das mulheres engajadas no coletivo TamoJuntas e tento compreender de que modo as mesmas constroem suas identidades pessoais e introduzem novas sensibilidades morais na prática jurídica. Procuro conhecer as “gramáticas morais” que guiam suas agências biográficas, assim como suas experiências de engajamento social; e de que modo este modo prático de ação coletiva vêm sendo alavancado na esfera do direito. De modo geral, o trabalho é parte da pesquisa de tese de doutoramento que investiga a relação entre Movimentos Sociais e Direito a partir do fenômeno Cause Lawyers, dando ênfase no tratamento interseccional.

Geografias de Exceção na Amazônia: lutas sociais no contexto de Grandes Projetos
Bruno Malheiro
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O ideário de desenvolvimento da Amazônia encontrou nos Grandes Projetos um mecanismo capaz de colocar em suspensão toda a complexidade e diversidade regional, em nome de uma geografia mais “racional”. Esse artigo problematiza essa suspensão pensando que os Grandes Projetos se realizam por uma geografia de exceção em que a criação de mediações espaciais de acesso a recursos e domínio de áreas, passam por dinâmicas de suspensão normativa, criando dispositivos, com recortes raciais e étnicos, de gestão de populações, numa lógica de ação que interdita a possibilidade de criação de mediações espaciais de outros grupos sociais, os quais, definidos por um menor valor, tornam-se politicamente matáveis e territorialmente invisíveis e dispensáveis. No quadro dessa geografia de exceção qualquer r-existência é, antes, uma luta constante contra a normalização dos processos de espoliação, contra a invisibilidade da violência dos megaempreendimentos e pelo reconhecimento da existência de outras territorialidades e outros horizontes de sentido, pois que se fazer existir em sua racionalidade é o desafio maior de quem habita a exceção.

Participação dos movimentos sociais em programas financiados por agências multilaterais no âmbito do desenvolvimento habitacional da América Latina: O caso da denúncia do Programa Habitar Brasil BID na cidade de São José dos Campos-SP
Douglas de Almeida Silva ; Paula Vilhena Carnevale Vianna ; Maria Angélica Toniolo
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Esta pesquisa explora os meios de participação social em programas habitacionais, em uma cidade brasileira, no contexto da globalização traduzida em financiamentos multilaterais para as cidades latino-americanas. Tem como objeto uma denúncia dos movimentos sociais de São José dos Campos-SP sobre o Programa Habitar Brasil BID (HBB), entre 1999 a 2009, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Explorou-se a questão: como ocorre a participação social em programas financiados por agências multilaterais, numa cidade brasileira, no âmbito do desenvolvimento habitacional para as cidades da América Latina? A CF de 1988 institucionalizou espaços participativos para a construção de políticas públicas no Brasil. No entanto, a participação social, para se efetivar e assegurar os direitos habitacionais, deve transcender o nível burocrático e ocupar outras arenas, incluindo as instâncias regulatórias do BID.

THE HISTORICAL ROOTS OF THE JUNE 2013 PROTESTS AND THEIR REMNANTS
Erick Omena de Melo
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Given the influence exerted on both Brazilian recent history and on mega sporting events governance, the comprehension of the June 2013 protests is key for those who intend to better understand their consequences and act upon the resulting scenarios. And the unveiling of their historical roots is particularly relevant if we really want to take on such tasks appropriately. In this vein, the paper presents the reconstruction of the processes that led to the June 2013 protests in Brazil, proposing a true "genealogy of the demonstrations cup".

A produção de espaços de autonomia: movimentos sociais e tramas políticas de ação no Morro da Providência
Felipe Rangel Tavares
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Abordaremos os movimentos sociais enquanto produtores de espaço, compreendendo que suas ações contém uma repercussão política espaço-temporal, tanto material quanto simbólica e, discutindo a importância dos espaços de autonomia como lugares coletivos de construção de direitos. Apresentamos a noção de “tramas políticas de ação” enquanto proposta de categoria analítica e da ação – no sentido de intervenção política no âmbito do vivido – para evidenciar a necessária articulação multi e transescalar em rede de atores e práticas espaciais de resistência-contestação-profanação, isto é, das possibilidades de ação rebelde em múltiplas escalas espaço-temporais. Neste sentido, a produção de espaços de autonomia a partir dos movimentos sociais se afigura enquanto objeto de pesquisa, cujos objetivos são: a) analisar o processo de produção do espaço na perspectiva dos movimentos sociais de contestação às relações sócioespaciais de dominação; e b) instrumentalizar a produção espacial dos movimentos sociais a partir da noção de “tramas políticas de ação”, a partir de um estudo de caso acerca das tensões ocorridas no Morro da Providência, situado no município do Rio de Janeiro.

RESISTÊNCIA SOCIAL E NOVAS FORMAS DE VIDA URBANA: a emergência das batalhas de rap em Natal/RN
Gilnadson da Silva Bertuleza ; Angela Lúcia Ferreira
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As organizações de jovens das periferias têm, por meio de sua arte, evidenciado não somente a necessidade de espaço cultural como alternativas para a ocupação das áreas públicas, muitas vezes negligenciadas pelo poder local. Neste contexto se inserem as Batalhas de MC's, como coletivos que se utilizam de rimas para denunciar suas carências e retomar o uso do espaço. Pretende-se, assim, contribuir com o debate a respeito da inserção destas manifestações, consideradas movimentos sociais contemporâneos, na (re)ocupação e (re)significação dos espaços públicos. Para tanto, fundamentou-se na realização de entrevistas, questionários, observação participante e levantamento de dados. Os resultados da pesquisa apontam para uma (re)apropriação dos espaços de convivência urbana. A pulverização dessas batalhas induz a criação de microcosmos, onde com o auxílio das atividades desenvolvidas, os jovens procuram vencer a violência e a exclusão social tão presentes nas cidades brasileiras.

Planejamento Autônomo e Ação Política na Produção da Cidade: Movimentos, mobilizações e direito à cidade no Brasil contemporâneo
Giselle Tanaka ; Fabricio Leal de Oliveira ; Luis Régis Coli
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No século XXI, resistências e lutas sociais se desenvolveram em várias cidades do Brasil protagonizadas por populações ameaçadas de remoção. Parte significativa destas iniciativas estão associadas à realização de megaeventos internacionais, mas as pressões para remoção sempre estiveram latentes. O avanço do setor imobiliário sobre bairros populares se somam a iniciativas governamentais que aceleram e legitimam processos de remoção. Neste artigo, nos debruçamos sobre experiências de organizações de moradores contra remoções, aliados a movimentos sociais e assessorias técnicas nas cidades do Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador, São Paulo e Belo Horizonte, que acionam instrumentos de planejamento urbano. Após uma breve apresentação, abordamos elementos que têm caracterizado distintas formas de mobilização. Finalmente, recuperamos leituras referentes a planejamentos autônomo, radical, insurgente e conflitual, buscando avaliar em que medida as experiências desafiam os conceitos formulados.

A CONSTRUÇÃO DE UM PROBLEMA PÚBLICO. A luta de coletivos, associações e instituições pelo direito à habitação nos bairros históricos e centrais de Lisboa
Heitor Vianna Moura
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Fruto de uma imersão etnográfica pelos bairros centrais e históricos de Lisboa, da observação participante em eventos e reuniões de coletivos de luta pela habitação e de conversas informais com acadêmicos, militantes e moradores, a presente investigação parte do pressuposto de que os problemas entendidos como públicos não emergem como dados da realidade, mas são construções políticas e sociais. O que procurou-se analisar com o estudo de agentes e de coletivos que, através de estratégias de publicização e de sensibilização de públicos, conseguiram transformar a luta pela permanência da população local nos bairros históricos e centrais de Lisboa em um assunto prioritário na agenda pública. Por meio da mobilização de referências teórico-metodológicos da sociologia pragmática, busca-se desvelar como que uma série de denúncias de casos individuais e localizados de despejos ganharam um estatuto de coletividade e, com isso, fortaleceram a luta pelo direito à habitação na cidade.

CRIMINALIZAÇÃO MIDIÁTICA DO MOVIMENTO SOCIAL DE LUTA PELA MORADIA DIGNA: uma análise do conteúdo das matérias veiculadas pela imprensa escrita brasileira
Hélio Jorge Regis Almeida ; Bruno Soeiro Vieira ; Jorge Luiz Oliveira dos Santos ; Kaique Campos Duarte
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Busca o artigo identificar qual o conteúdo discursivo dominante emitido pela mídia impressa brasileira sobre o movimento social pela moradia urbana, a partir da tragédia do caso do desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, em maio de 2018 em São Paulo. Trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa que utiliza a técnica da análise do conteúdo, por meio da seleção das matérias jornalísticas e editoriais dos jornais impressos (versão digital) mais vendidos do Brasil, no entretempo de 2 a 31 de maio de 2018. Foi adotado como critério metodológico de seleção dos jornais o levantamento mais recente do Instituto Verificador de Circulação (IVC), órgão da Associação Nacional de Jornais (ANJ). O método de análise de dados (palavras-chave) coletou registros dados quantitativos por intermédio do software Search my files e posterior análise qualitativa do conjunto dos registros encontrados. Constatou-se clara tendência de utilização pela imprensa de palavras que expressam uma ideologia e um conteúdo discursivo que representa preconceito, estigmatização e imputação de condutas criminosas ao movimento social pela moradia urbana.

ORGANIZAÇÃO XAPINHAL - Movimento social catalisador do desenvolvimento urbano em Curitiba - PR
Isabela Borghetti Miranda
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Os movimentos sociais populares urbanos no Brasil surgiram a partir das lutas pela redemocratização e foram mudando de pauta conforme o cenário sociopolítico e econômico. Na mesma época, contingentes populacionais saíam dos campos em direção às cidades, criando as periferias e aumentando a tensão entre o poder público e a população de baixa renda que se mobilizava a fim de garantir seus direitos. Este artigo tem como objetivo investigar a relação entre o planejamento urbano e de políticas públicas, com o surgimento e as ações do Movimento por Moradia Xapinhal, que realizou a primeira ocupação da Região Metropolitana de Curitiba. Como principais conclusões, pode-se afirmar: (i) a relação entre o descaso do planejamento urbano com a região que viria a ser ocupada; (ii) a instituição de novas políticas públicas por moradia, após as ocupações; (iii) a pressão para urbanização da região em análise e (iv) a diversidade de conexões estabelecidas entre os coletivos organizados e o sistema político.

OS MOVIMENTOS DE MORADIA EM MEIO À FINANCEIRIZAÇÃO DA HABITAÇÃO: O PMCMV Entidades e o Neoliberalismo
Isadora de Andrade Guerreiro
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O artigo é uma reflexão sobre a transformação dos movimentos de moradia após a reestruturação do acesso à habitação popular pelo Programa Minha Casa Minha Vida, em particular na sua modalidade Entidades. Busca-se entender o programa como uma das faces da financeirização do urbano na sua especificidade brasileira. A modalidade Entidades, dentro deste contexto, é analisada como instrumento de amoldamento das estratégias dos movimentos de moradia ao neoliberalismo, na qual há uma diluição do campo político por meio da transformação de suas forças sociais em agentes de mercado, cujo ambiente é regulado por relações estritamente jurídicas. A mutação da luta por direitos sociais em campo de concorrência próprio ao direito liberal contratual deflagra um novo ambiente político na questão urbana, no qual a subjetivação cidadã é pervertida por aquela do consumidor, estabelecendo também um novo tipo de criminalização dos movimentos populares e abertura para a ascensão autoritária na sociedade.

DOS MOVIMENTOS SOCIAIS ÀS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL - Repensando o associativismo no contexto neoliberal
Junia Maria Ferrari de Lima ; Laís Grossi de Oliveira ; Marina Abreu Torres ; Maria Moura Soalheiro
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Este trabalho busca construir um referencial de análise que possa acolher diferentes formas de ações sociais coletivas, aqui chamadas de associativismo. As reflexões nasceram das atividades de extensão universitária no município de Raposos, em Minas Gerais, que revelaram uma atuação considerável de associações civis não-governamentais, refletindo um fenômeno nacional que vem sendo chamado de onguização. Com o crescimento da ação coletiva institucionalizada por meio das Organizações da Sociedade Civil (OSCs), entendemos que a abordagem centrada somente nos movimentos sociais tem se mostrado insuficiente para compreender os processos atuais de participação. Para a discussão proposta, retomamos o histórico de atuação dos movimentos sociais brasileiros desde os anos 1970, passando pela criação e enfraquecimento dos canais institucionais de participação e chegando, por fim, a uma análise sobre a emergência e crescimento das organizações do chamado Terceiro Setor.

TERRITORIALIZANDO O ESPAÇO: Movimentos de direita e mídias sociais como aparelhos hegemônicos
lalita kraus
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O artigo investiga a dinâmica relacional e afinidade ideológica dos movimentos sociais de direita que protagonizaram as manifestações de 2015. O ponto de partida é o reconhecimento da ação social e o uso das mídias sociais como espaço de significação da vida política e social, capaz de influenciar a opinião pública em prol de determinados projetos políticos. O objetivo é identificar os atores que se articulam e mobilizam entorno de um discurso comum, buscando revelar suas principais fontes discursivas. Isto permite desvendar um processo de territorialização do espaço midiático na internet, a partir de determinadas relações de poder. Do ponto de vista metodológico, a análise de redes sociais no Facebook permite identificar a rede de atores que apresentam uma afinidade ideológica e discursiva, destacando os mais populares e influentes em termos discursivos. A pesquisa revela que os movimentos da direita brasileira, ligados sobretudo ao Movimento Brasil Livre, atuam como produtores simbólicos e intelectuais orgânicos de redes liberais e conservadoras fortemente ligadas ao Estados Unidos.

RACISMO AMBIENTAL NO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO: as injustiças e as lutas dos movimentos sociais pela garantia do direito dos atingidos(as) no município de Barra Longa/MG
Laura Lanna Carneiro ; Amanda Fernandes de Oliveira
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O rejeito proveniente do rompimento da Barragem de Fundão decaiu sobre populações estruturalmente negras. Tal fato, somado a trajetória da escolha do local de alocação da barragem de rejeito caracterizam um processo de racismo ambiental. Este racismo é reforçado na reconstrução do município de Barra Longa, sendo visível a distinção no tratamento e nos processos de escolhas, notadamente entre as zonas rurais e a zona urbana, exercida pela Fundação Renova. A partir de relatos dos atingidos(as), da assessoria técnica AEDAS e das percepções das autoras, este artigo pretende evidenciar a mobilização e luta das comunidades rurais por seus direitos, assistido pela presença dos movimentos sociais no território. As reflexões apontam a importância do movimento social para construção da verdadeira participação das populações atingidas na luta pela reconquista do seu território e dos seus modos de vida, além de apontar questões sobre as injustiças ambientais na perspectiva do racismo ambiental.

MOVIMENTOS SOCIAIS E JUVENTUDE: Discursos coletivos e narrativas na construção das mobilizações contemporâneas em Natal/RN
Marcos Aurélio Freire da Silva Júnior ; Joana Tereza Vaz de Moura
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O exercício da participação social se faz cada vez mais fundamental, entretanto, tal exercício ainda encontra inúmeros entraves no Brasil, principalmente na juventude. Analisar a inserção da juventude nos novos movimentos sociais e suas narrativas e discursos coletivos nos permite compreender de que forma os jovens estão se organizando, quais são suas bandeiras e as estratégias para construir pautas e demandas para o Estado. Esse presente artigo tem como objetivo analisar o discurso de três movimentos sociais de juventude atuantes em Natal/RN: Levante Popular da Juventude, Pastoral da Juventude e União Brasileira dos Estudantes Secundaristas. Analisaremos tais discursos através da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) a fim de compreender como as histórias e narrativas de militantes constroem um discurso coletivo e contribuem na construção de mobilizações juvenis na cidade de Natal.

A PRÁTICA CONTRA HEGEMÔNICA DO MST E A PRODUÇÃO SOCIAL DO ESPAÇO
Marisela García Hernández
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Reconhecido internacionalmente pela sua capacidade de ação política, de organização e de mobilização, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, MST, tem conquistado ao longo da sua trajetória mais de 7 milhões de hectares de terra, onde trabalham cerca de 400 mil famílias assentadas. Atualmente mais de 120 mil famílias "Sem Terra" estão organizadas em acampamentos em todo o Brasil, de forma a fazer valer seu direito a terra. A prática política característica deste movimento tem lhe permitido acumular forças de forma a desestabilizar as relações de domínio, alargar a democracia e promover seus interesses contra hegemônicos. O presente artigo tem por objetivo identificar particularidades da prática política do MST tanto junto na sua base, os Sem Terra, como junto ao Estado, de forma a evidenciar características de uma práxis contra hegemônica capaz de mudar a produção do espaço.

ENTRE O CENTRO E A PERIFERIA O planejamento insurgente dos movimentos socioambientais de Fortaleza
Nággila Taissa Silva Frota ; Clarissa Figueiredo Sampaio Freitas
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A maioria das cidades brasileiras possui seu tecido intraurbano dividido entre zonas infraestruturadas e zonas periféricas invisíveis ao processo decisório de alocação dos investimentos públicos. Essa característica revela formas distintas de atuação dos movimentos socioambientais, bem como posturas variadas na interação destes com o Estado. Este artigo discute os conceitos de cidadania, democracia e planejamento urbano diante da atuação diferenciada destes agentes. Para tanto, comparou-se movimentos socioambientais presentes em duas áreas verdes de Fortaleza-CE com contextos opostos: o entorno do Rio Cocó e da Lagoa da Viúva. Neste cenário, onde a valorização imobiliária e as alianças entre setores econômicos e o poder público influenciam as ações estatais de controle urbanístico, as práticas de grupos insurgentes são fundamentais para garantir a proteção ambiental vinculada à defesa do interesse coletivo.

Juventude e os sentidos da mobilidade no ciclo de mobilizações pós-junho de 2013
Paolo Colosso
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Tendo a cidade de São Paulo como recorte, este artigo tem o objetivo de analisar a capilarização da pauta da mobilidade urbana no tecido social e na opinião pública, em grande medida como desdobramento de mobilizações de junho de 2013, mas também como sinais de um momento histórico caracterizado por Luc Boltanski e Chiapello como um “mundo conexionista”. Para tanto, a apresentação é dividida em dois momentos. No primeiro mostramos que a pauta da mobilidade transborda para movimentos sociais de juventude, através de conexões geracionais que os aproximam, mas não os unifica. Observamos essa absorção em três movimentos de juventude, a saber, o coletivo Juntos, o Rua e o Levante Popular da Juventude. No segundo momento, suspendemos o recorte espacial em São Paulo para reconstituir obras de Jean Luc Boltanski, Éve Chiapello e Jeremy Rifkin, que, ao refletirem sobre o contexto histórico-social do anos 1970 até o início do XXI, defendem que o potencial de deslocamento e acessibilidade, portanto de mobilidade, ganha um papel estruturante na vida social – tanto para a reprodução das relações de dominação e exploração quanto para os horizontes emancipatórios. Nesse patamar mais geral, argumentamos que, nos tempos vindouros, a mobilidade urbana é progressivamente percebida como aspecto intrínseco à mobilidade social, a ponto de borrar os limites entre a primeira e a segunda.

VILA MIMOSA: TRAJETÓRIAS E CARTOGRAFIAS DE UM GRUPO DE PROSTITUAS, SEUS DESLOCAMENTOS E LUGARES NA CIDADE
Patricia Luana Costa Araújo ; Leticia Castilhos coelho ; Felipe Gonçalves Amaral
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Este artigo procura analisar o atual espaço prostitucional do grupo de prostitutas da Vila Mimosa na cidade do Rio de Janeiro. Sendo o primeiro movimento de prostitutas do Brasil formado na zona do Mangue, local que o grupo ocupou até 1996, sua trajetória histórica passou por muitos conflitos territoriais que contribuíram para entender como esses espaços se formam, funcionam e modificam, assim como são pensados e negados pelo Estado. Para tal análise foi necessário, primeiro, entender como é tratada a questão de gênero nas cidades e dentro disso a situação da prostituta enquanto corpo público, para em seguida conceituar espaços e territórios prostitucionais, buscando conhecer e compreender as dinâmicas sociais, políticas e urbanas que envolvem a Vila Mimosa através de uma pesquisa horizontal, que prevê a participação e o protagonismo dos agentes envolvidos, gerando cartografias do lugar.

UMA UTOPIA CHAMADA ESPAÇO PÚBLICO: sobre conflitos urbanos e negação da diversidade
Raquel Garcia Gonçalves ; Karina Machado de Castro Simão ; Isabel Freitas Aniceto ; Pedro Henrique Caetano Lopes
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O espaço público pode ser entendido como um conceito em disputa no campo ideológico e político. O termo tem sustentado tanto discursos que se baseiam em um viés democrático e inclusivo como também tem sustentado discursos baseados em preceitos neoliberais, que idealizam esse mesmo espaço como exclusivo para a convivência harmônica e consensual entre iguais: um espaço embelezado, em que reine a paz e a ordem. Ressalta-se, neste trabalho, que os sujeitos coletivos e políticos se constituem a partir dos conflitos e das lutas sociais travadas no espaço público. Assim, relaciona-se a ideia de conflito à cidadania e, ao mesmo tempo, à ideia de direito à cidade. Diante dessas considerações, o presente trabalho tem como objetivo discutir as relações entre espaço público e conflitos urbanos, procurando demonstrar como a negação da diversidade contribui para que a ideia de espaço público se torne cada vez mais utópica. Para fomentar o debate, a pesquisa utiliza dados do Observatório de Conflitos Urbanos de Belo Horizonte, catalogados entre os anos de 2006 e 2018.

O Legado de junho de 2013: a percepção dos movimentos sociais urbanos em Natal/RN
Raquel Maria da Costa Silveira ; Lindijane de Souza Bento Almeida ; João Victor Moura Lima ; Ana Vitória Araújo Fernandes
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As manifestações de junho de 2013 foram interpretadas sob diversas óticas. Nesse sentido, áreas distintas do conhecimento, sobretudo as ciências sociais e os estudos urbanos, têm se dedicado nos últimos cinco anos a investigar e tentar compreender, amiúde, as narrativas sobre as Jornadas de Junho de 2013. Assim, o presente artigo objetiva compreender os reflexos dos protestos de junho de 2013, no que tange à gestão democrática da cidade. Para tanto, foram realizadas análises de estatísticas textuais, especificidades e Análise Fatorial de Correspondência (AFC); Classificação Hierárquica Descendente (CHD) e Análise de Similitude através do software IRAMUTEC com representantes de 4 movimentos sociais urbanos de Natal/RN identificados como mais atuantes em pesquisas anteriores. São eles: (1) Comitê Popular da Copa, (2) Levante Popular da Juventude (LJP), (3) Associação Potiguar dos Atingidos pelas Obras da Copa (APAC) e (4) Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Logo, pode-se ressaltar que os representantes dos movimentos sociais abordados na pesquisa compreendem que a insatisfação da população foi um fator que corroborou para o grande número de manifestantes nos eventos de Junho de 2013, bem como a importância dos espaços institucionais de participação e suas limitações no que diz respeito a efetividade e, por fim, a polaridade político-partidária, expressa em todos os setores da sociedade, foi apresentada como uma dificuldade no processo de diálogo nos espaços institucionais de participação.

GEOGRAFIAS DA AÇÃO NAS LUTAS ANTI-RACISMO: UM OLHAR APROXIMATIVO
Renato Emerson Nascimento dos Santos
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O trabalho propõe ensaiar alguns vínculos analíticos para contribuir para a compreensão da emergência de dimensões espaciais como instrumento de luta e objeto de disputa no âmbito da luta anti-racismo do Movimento Negro Brasileiro. Se inicia por uma discussão iluminada pela Teoria do Giro Decolonial sobre o racismo e anti-racismo, tensionando como o sistema de dominação constitui agenciamentos à ação e engendra formas dos agentes e de atuação – movimento fundamental para compreendermos a pluralidade do Movimento Negro e atribuirmos unidade política e analítica para iniciativas individualizadas e distintas. Buscamos então dimensões espaciais do anti-racismo, exemplos de mobilização de categorias e instrumentos espaciais em lutas do Movimento Negro, buscando uma geografia da ação. Exemplos são colhidos em dois processos de pesquisa distintos, mas articulados: o primeiro, que explora diferentes mobilizações (e tensões) da cartografia em lutas anti-racismo, e o segundo sobre as lutas na Zona Portuária do Rio de Janeiro.

A INVASÃO AGORA É BAIRRO! Movimento popular em prol da cidadania em Salvador (BA)
Rinaldo de Castilho Rossi
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A urbanização tem promovido a segregação socioespacial na América Latina, onde a autoconstrução é resultado da questão habitacional que se estabelece quando baixos salários e a ausência de políticas públicas tornam a participação no movimento popular a principal estratégia de sobrevivência para muitos trabalhadores(as). No caso de Salvador (BA), ocupações informais cresceram após 1960 com a reestruturação urbana, originando grandes favelas, a exemplo de Saramandaia e Nova Constituinte, ‘invasões’ que foram reconhecidas como bairros a partir do século XXI. Nestes casos, a organização comunitária foi decisiva na conquista de direitos e na construção social do lugar. Ao descrever e interpretar as táticas dos moradores no cotidiano, as reflexões neste artigo visam analisar a produção do espaço periférico, com fito a problematizar como o meio científico e profissional pode lidar com determinados conceitos diante de proposições oriundas de movimentos populares.

PANORAMA DA ECONOMIA POPULAR SOLIDÁRIA NO ESTADO DE MINAS GERAIS: 2003?2017
Victoria Maria Rocha ; Sibelle Diniz
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Este artigo discute a trajetória da economia popular solidária – EPS - em Minas Gerais nos últimos quinze anos. Assim como no âmbito federal, a aproximação entre empreendimentos solidários, agentes públicos e entidades de apoio e fomento possibilitou a institucionalização de uma política estadual de apoio e fomento à EPS. O estado foi um dos primeiros a possuir uma lei e um plano voltados à EPS. A análise aponta, no entanto, para o risco de descontinuidade da política e para a necessidade de implementação, no curto prazo, de parte das ações previstas no Plano Estadual de Desenvolvimento da Economia Popular Solidária em Minas Gerais.

No princípio era a terra: A territorialização das lutas agrárias no contexto de expansão da acumulação capitalista na Amazônia
Wendell Ficher Teixeira Assis
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O trabalho procura analisar as complementaridades e dissonâncias entre as lutas camponesas por terra, mais associadas à reforma agrária e aos mecanismos de redistribuição, e, os embates protagonizados por indígenas, quilombolas e populações tradicionais, que lutam pela manutenção e conquista de territórios, ao mesmo tempo em que demandam do Estado o reconhecimento de seus modos específicos de ser, viver e produzir. Para tanto, empreendeu-se a realização de trabalhos de campo na região Oeste do Pará, que desde a última década tem sido lócus de intensos conflitos fundiários envolvendo as novas frentes de acumulação capitalista e as populações tradicionais e camponesas. Poder-se-ia sugerir de forma preliminar que uma demanda por terra não desafia, necessariamente, as regulações com que se administra o direito à propriedade, ao passo que uma demanda territorial evoca questões de poder, de afirmação de identidade, de autogestão e controle dos recursos naturais procurando impor uma nova territorialização.

ST 07 - A Questão Ambiental
GERENCIAMENTO DE ÁREAS CONTAMINADAS Soluções de Engenharia como método preventivo
Adjane Brito Alves ; Andreza Portella Ribeiro ; Sidnei Aranha ; Mauro Silva Ruiz
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Os postos de combustíveis estão enquadrados em as atividades antrópicas que mais contribuem para a ocorrência áreas contaminadas. O gerenciamento desses passivos ambientais se configura em desafio ao planejamento urbano, devido ao problema de degradação dos ecossistemas naturais e potenciais riscos à saúde da população que vive no entorno de postos contaminados. Esses locais ainda ficam vulneráveis a apropriação irregular, trazendo à tona os conflitos socioambientais, como a marginalização da população de baixa renda. Existem legislações bem estabelecidas que indicam os parâmetros para licenciamento de novos empreendimentos e recuperação de áreas contaminadas. Entretanto, nem sempre os projetos de engenharia seguem esses padrões, o que resulta em novos casos ou reincidência de vazamentos. Assim, essa pesquisa busca apresentar soluções de engenharia que possibilitem incrementar a prevenção à contaminação de postos, de forma a contribuir para a redução de áreas contaminadas e/ou para a inserção ao tecido urbano de áreas abandonadas.

AS TRANSFORMAÇÕES QUE OCULTARAM OS RIOS DE SÃO PAULO: um modelo urbanístico a partir da Comissão de Melhoramentos do Rio Tietê
AFONSO CELSO VANONI DE CASTRO ; ANGELICA TANUS BENATTI ALVIM
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O espaço é composto de materialidade e vida. Compreendê-lo implica analisar suas configurações territoriais como conjuntos de objetos artificiais e naturais em permanente alteração, que desempenham funções originais herdadas, incorporam novas ou simplesmente são destruídos de acordo com as necessidades funcionais das sociedades. A industrialização e emergência do capitalismo aceleraram essas dinâmicas. Permanência, mudança, ou o desaparecimento dependerá da existência de significado sociocultural, da funcionalidade e da dinâmica econômica da sociedade. Esses conceitos fundamentam a analise das transformações da urbanização na cidade de São Paulo e de seus rios, entre os séculos XIX e XX, propostas pela Comissão de Melhoramentos do Rio Tietê. Pretendem revelar ideias que os transformaram em infraestrutura de drenagem, suprimindo navegabilidade e, sob o véu dos conceitos higienistas, ocuparam várzeas para expansão do capital imobiliário, apagando-os da paisagem e da memória da cidade, forjando ainda um modelo urbanístico.

SANEAMENTO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL NO BRASIL
Alexandra Albareda ; Ricardo Lobato Torres
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O presente artigo busca estabelecer um paralelo entre o saneamento das regiões brasileiras com a saúde e o desenvolvimento regional. Dados mundiais e nacionais apontam para a gravidade da questão do saneamento, especialmente com relação aos serviços de fornecimento de água potável e coleta de esgoto. Esses problemas sanitários são diretamente responsáveis por inúmeras doenças, cujo tratamento envolve custos para o Sistema Único de Saúde (SUS). Da mesma forma, a falta de saúde provocada pela falta de saneamento prejudica o desenvolvimento regional. Por meio de pesquisa descritiva, utilizando a análise bibliográfica, documental e de dados secundários, verificou-se haver uma relação entre a carência nos serviços sanitários, os excessivos gastos em saúde por parte do SUS e o desenvolvimento regional.

DETERMINANTES SOCIOAMBIENTAIS COMO FOCO PARA DEMARCAÇÃO TERRITORIAL: O CASO DA COMUNIDADE QUILOMBOLA SACO BARREIRO
Alexandre Coelho Ferreira ; Klemens Augustinus Laschefski
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O presente estudo analisa o conflito ambiental localizado no município de Pompéu/MG entre a Comunidade Quilombola Saco Barreiro e uma empresa sucroalcooleira. Seu principal objetivo é apresentar os “determinantes socioambientais” que deverão ser fundamentalmente levados em conta para a demarcação territorial da comunidade. Esses determinantes são fatores que influenciam atualmente na qualidade do ambiente como um todo (água, solo, ar) e que interferem nos modos de vida dos quilombolas (condições de reprodução no espaço, possibilidade de exercício de atividades tradicionais etc.), o que, por consequência, afeta o território e as territorialidades do grupo. Como forma de alcançar esse objetivo, foram realizados levantamentos de dados primários com trabalhos de campo, envolvendo a realização de entrevistas e construção de cartografia social, e secundários, como pesquisa documental de relatórios técnicos e estudos acadêmicos. Os resultados indicam a necessidade de se pensar uma demarcação territorial que afaste o quilombo da empresa para que o território reivindicado e a ser demarcado possa ser plenamente utilizado, garantindo o retorno das tradições e saúde do grupo.

CONECTANDO ESPAÇOS LIVRES Diretrizes para a consolidação do Corredor Ecológico de Maceió - Alagoas
Álvaro Barbosa Gomes de Morais ; Maya Neves de Moura Araújo
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O Corredor Ecológico de Maceió é constitui uma área livre vegetada proposta pelo Plano Diretor Vigente em 2005, por ligar duas importantes estruturas do Sistema de Espaços Livres da cidade. Contudo, pela ausência de planos e projetos específicos, este passa por processo um processo degradação ambiental. Nesse sentido, “Conectando Espaços Livres” tem por objetivo propor diretrizes de planejamento estratégico para ressignificar a área. Sua concepção partiu de uma revisão bibliográfica, no qual foram relacionados os conceitos norteadores, como paisagem urbana, sistema de espaços livres e parques urbanos, além da legislação existente. Além disso, realizou-se um estudo de caso, para compreender a implementação de propostas equivalentes. Diante disso, elaborou-se planos e propostas, cuja proposta central é a criação de um parque linear às margens do Riacho do Silva, cujos desdobramentos permitirão consolidar o Corredor Ecológico como área livre significativa à população e ao meio ambiente.

Serviços ecoantrópicos: uma proposta para tratar os serviços ecossistêmicos promovidos pela tecnologia humana e sua contribuição para a gestão ambiental urbana
Ana Paula Coelho Schimaleski ; Carlos Mello Garcias
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Os serviços ecossistêmicos são benefícios que as pessoas obtêm da natureza por meio dos ecossistemas a fim de sustentar a vida no planeta. Da mesma forma, muitas tecnologias desenvolvidas pelo ser humano atuam sob o mesmo princípio. Neste momento propõe-se chamá-los de “serviços ecossistêmicos antrópicos” ou simplesmente “serviços ecoantrópicos”. Este trabalho busca expor essa visão e fundamentá-la a luz das questões urbanas com foco no saneamento básico. Ressalta-se que os serviços ecoantrópicos são aqueles que aceleram, agilizam, auxiliam, facilitam e complementam os serviços ecossistêmicos naturais. Os serviços ecossistêmicos foram então subdivididos em três categorias: os naturais, os naturais promovidos com auxílio da tecnologia e os ecoantrópicos. O equilíbrio ambiental só poderá ser alcançado com uma sinergia entre os serviços ecossistêmicos naturais e os antrópicos, trazendo novas interpretações para as discussões sobre a resiliência das cidades, do meio natural e de suas inter-relações. Essas interpretações podem contribuir para os posicionamentos relativos à gestão ambiental e a gestão urbana em todos seus desdobramentos.

TRAJETÓRIA DO CONCEITO SOLUÇÕES BASEADAS NA NATUREZA E A RELAÇÃO COM O BRASIL Uma análise bibliográfica
Ana Paula Maddalozzo Stöberl ; Larissa Torres Diaz ; Tatiana Maria Cecy Gadda ; Letícia Domingos Vellozo
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Soluções-baseadas na Natureza (NBS) tem sido um termo propagado como foco de interesse científico através de editais Europeus de fomento à pesquisa. Este interesse está principalmente vinculado à promessa trazida pelas NBS de mitigar os efeitos das mudanças climáticas, entre outros desafios prementes para o planeta como um todo. O objetivo deste trabalho é traçar a trajetória de conceitos ligados a Soluções-baseadas na Natureza para verificar a amplitude das pesquisas científicas na literatura internacional e nacional. A plataforma Scopus foi utilizada como base de dados para a revisão bibliográfica do termo NBS, além dos conteúdos disponíveis em sites de instituições internacionais e nacionais da área ambiental. A análise bibliográfica da inserção do termo NBS, no Brasil, sugere que, esta denominação específica ainda não é mencionada, pelos órgãos governamentais, e que na literatura científica as ocorrências são incipientes. Outras terminologias,com conceitos semelhantes, são utilizadas. Concluímos que, em um país mega-diverso como o Brasil há ainda muito conhecimento para ser avançado através da ciência que possa auxiliar a transmitir as lições que os sistemas naturais nos oferecem. Apoderar-se do potencial deste conhecimento, traduzindo-o em formas e mecanismos aplicáveis ao cotidiano de nossas cidades, é um caminho sustentável a ser explorado.

CICLO LIXOLÓGICO: modelagem socioambiental de resíduos sólidos em áreas urbanas degradadas
Bárbara Maria Giaccom-Ribeiro
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Consideradas as mais elevadas formas de organização social, nas cidades também é onde se deflagram as maiores ameaças à urbanidade e à salubridade dos remanescentes de ambiente natural. Estudos e ações para identificação do ciclo de geração, transporte e disposição final dos resíduos sólidos são essenciais para se evitar ou minimizar as destinações indevidas de resíduos e, consequentemente, o comprometimento dos recursos hídricos. Propõe-se conceitualmente o “Ciclo Lixológico” a partir da integração de variáveis relativas ao ambiente físico, às características socioeconômicas da população e às condições da infraestrutura urbana existente, utilizando dados espacializados relativos a características do relevo, dos corpos d’água e do sistema de drenagem, da infraestrutura de acesso e circulação; bem como dados de uso e ocupação do solo; dados demográficos e socioeconômicos, e informações de cobertura e regularidade do serviço de coleta de resíduos. Com base nestas informações, são modelados a geração, o transporte e a acumulação de resíduos sólidos no contexto de uma bacia hidrográfica urbana.

A ÁGUA COMO ELEMENTO COTIDIANO EM PAISAGENS URBANAS: O Córrego Brejo Comprido em Palmas - TO
Beatriz Barbosa Cordeiro ; Ana Beatriz Araujo Velasques
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A relação da água com as paisagens urbanas pode ser entendida como flutuante; ora os cursos d’água incorporam-se como estruturantes da vida urbana, ora constituem-se como responsáveis pelas proliferações de doenças, inundações e enchentes. Os corpos hídricos, portanto, tornam-se ofuscados das vistas humanas, através de canalizações e aterros. Porém, essas medidas estruturais revelam-se ineficientes e, ainda, prejudiciais aos cursos d’água e ecossistemas circundantes. Desperta-se, então, o interesse em compreender efetivamente a situação e amenizar os prejuízos. A presença da água no cotidiano urbano, além dos benefícios ambientais e estéticos, possibilita que a população desenvolva relações simbólicas com os cursos d’água e incline-se a valorizá-los e preservá-los. Este estudo apresenta reflexões acerca do Córrego Brejo Comprido, localizado na região central de Palmas – TO, demonstrando que a maneira como este córrego mostra-se na paisagem e se relaciona com os elementos urbanos e os habitantes influencia diretamente o seu estado de conservação.

Habitação Social e Mudanças Climáticas em São Paulo: Potencialidades e limites da reabilitação de edifícios vazios no centro como medida de adaptação e mitigação.
Bruno Avellar Alves de Lima ; Silvia Helena Zanirato
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A vulnerabilidade da RMSP às mudanças climáticas associa-se ao seu histórico padrão periférico de expansão urbana, o qual foi responsável pela ocupação de áreas ambientalmente sensíveis. A produção estatal de extensos conjuntos habitacionais teve papel chave na consolidação de práticas predatórias e socialmente excludentes de provisão habitacional para as classes de baixa renda. As políticas de habitação social que incorporam como alternativa a reabilitação de edifícios vazios no centro de São Paulo podem contribuir tanto como medida de adaptação, adensando os espaços consolidados da cidade e evitando a ocupação de áreas de risco, quanto mitigação, já que o uso do estoque edificado pressupõe menores emissões de gases do efeito estufa frente à produção de edifícios novos. Partindo do quadro descrito é que se encerram as discussões promovidas pelo presente artigo.

ZEIS DE VAZIO E RISCOS SOCIOAMBIENTAIS: UMA ANÁLISE SOBRE OS PROCESSOS DE VULNERABILIZAÇÃO NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Bruno Avellar Alves de Lima ; Letícia Stevanato Rodrigues ; Silvia Helena Zanirato
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A urbanização paulistana se fez de forma rápida e excludente levando à ocupação periférica de áreas ambientalmente frágeis pela população de baixa renda. Nesses espaços, riscos ambientais se sobrepõem às privações sociais e econômicas da população pobre, conformando situações de vulnerabilidade socioambiental. Políticas de inclusão social são fundamentais para o enfrentamento das vulnerabilidades na periferia paulistana, porém, há que se ter prudência quanto a outros riscos que se encontram em áreas urbanas consolidadas e que podem reafirmar os processos de vulnerabilização. Este artigo visa discutir as potencialidades e limites das ZEIS de vazio como instrumento de enfrentamento dos processos de vulnerabilização da cidade de São Paulo, por meio de análise dialética do processo de expansão periférica, que expõe a população de baixa renda a riscos geológicos, e a produção de habitação social na malha urbana consolidada que, por sua vez, pode apresentar riscos associados à contaminação.

RESILIÊNCIA SOCIOECOLÓGICA E GOVERNANÇA NO TERRITÓRIO: Estudo de caso da Microbacia Hidrográfica do Ribeirão Fresco, Blumenau, SC.
Bruno Jandir Mello ; Cristiane Mansur de Moraes Souza ; Maria Roseli Rossi Avila ; Marcos Antonio Mattedi
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No Brasil, o aumento populacional combinado com a falta de planejamento participativo e infraestrutura urbana provocou sérias problemáticas socioambientais. Parte-se da premissa de que os desastres socioambientais resultam da ruptura de serviços ecossistêmicos, e que a manutenção desses depende em grande medida da relação ambiente-sociedade. O artigo aborda a resiliência socioecológica e a governança no território da Microbacia Hidrográfica do Ribeirão Fresco, em Blumenau, SC. É um estudo de caso, de cunho descritivo, exploratório, que cobre a lacuna da escassez de estudos na área e a possibilidade de produção de novos conhecimentos que tratem da temática de governança e resiliência socioecológica aplicados ao planejamento urbano e desenvolvimento regional. Concluímos que a região estudada apresenta alto grau de vulnerabilidade a desastres, com características não resilientes, caminhando para a insustentabilidade. Os resultados apontam para a necessidade de planejamento urbano participativo na região, do fortalecimento da resiliência e do sistema de governança local.

PRODUÇÃO DE DESIGUALDADES E INJUSTIÇAS SOCIOAMBIENTAIS URBANAS: APONTAMENTOS SOBRE CAMPINA GRANDE - PB
CALINE MENDES DE ARAUJO ; ALEXANDRE SABINO DO NASCIMENTO
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No Brasil verifica-se uma produção do espaço urbano bastante injusta e perversa, relativa à intensificação de desigualdades históricas. A pior face dessa realidade se apresenta nos espaços pobres nos quais engodos sociais e ambientes se aliam, constituindo as problemáticas socioambientais. Tais realidades não são exclusivas dos pobres, mas são predominantes entre eles. Assim, tendo como objeto de pesquisa a cidade de Campina Grande, com ênfase no bairro do Pedregal, o objetivo do estudo é desvendar as nuances da relação entre problemáticas socioambientais e atuação dos agentes produtores do espaço, como o Estado e os agentes do mercado imobiliário. Para tanto, utilizou-se dos procedimentos metodológicos a seguir: levantamentos bibliográficos sobre o tema, registros fotográficos, contatos assistemáticos com moradores, visitas in loco (juntamente com a Defesa Civil). A partir do exposto, considera-se fundamental o papel do Estado e do mercado imobiliário na produção do que ora chama-se, aqui, de injustas socioambientais urbanas, ligadas sobretudo aos problemas de moradia e de saneamento básico.

ZONA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL E PROJETO RODOVIÁRIO: Estudo sobre a legislação ambiental de Natal/RN na elaboração e implantação do projeto rodoviário da Av. Moema Tinoco da Cunha Lima (1988 a 2017)
CAMILA FURUKAVA ; MARIA DULCE PICANÇO BENTES SOBRINHA
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Os atributos socioambientais das zonas de proteção ambiental – ZPA - afetam e são afetados por projetos rodoviários inseridos em dinâmicas metropolitanas. Todavia, as legislações urbana e ambiental parecem ter pouco alcance sobre os projetos rodoviários, embora o projeto tenha impactos sobre a estruturação urbana e ambiental. Essa questão foi identificada em Natal, onde se evidenciou que mesmo na ZPA 9, uma Zona de elevada fragilidade socioambiental, o projeto rodoviário da Av. Moema Tinoco da Cunha Lima, apresentou tipologia padronizada, que pouco dialogou com seu entorno e tencionou as transformações no uso e ocupação do solo possíveis de comprometer a proteção da ZPA. Dessa maneira, tem-se como objetivo discutir a atuação da legislação ambiental no processo de elaboração e implantação de projeto rodoviário em ZPA. Concluiu-se que a legislação ambiental pouco apresenta parâmetros capazes de orientar a consideração dos atributos socioambientais nos projetos rodoviários.

PERCEPÇÃO E EMPREENDIMENTOS EÓLICOS: Considerações sobre o caso de Galinhos/RN
Caroline Souza dos Santos
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Diante da crescente demanda energética e da compatibilização com pressupostos de sustentabilidade, queríamos compreender como esta energia dialoga dentro do território, ou seja, como as pessoas vivenciam estes empreendimentos eólicos? Diante dessa relação Sociedade e Ambiente, escolhemos investigar o município de Galinhos/RN, uma vez que a implementação dos parques eólicos na localidade causou conflitos com relação à localização dos parques nas dunas. Assim, esta pesquisa fruto da dissertação teve como objetivo a investigação da percepção de moradores de Galinhos sobre os empreendimentos eólicos e a identificação das associações feitas entre energia eólica e meio ambiente na perspectiva da percepção ambiental, a partir de um desenho metodológico qualitativo em que se utilizou entrevistas semiestruturadas, diário de campo e fotografias como instrumentos para a composição das narrativas.

Paisagem Moderna, Desenho Ambiental Urbano e Gestão Ambiental: Descompassos e Oportunidades
Cássia Regina Mariano ; Larissa Ferrer Branco
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O artigo visa contribuir ao entendimento do conceito de Paisagem entre o período Moderno e Contemporâneo. Investiga a questão ambiental nos instrumentos de gestão urbana, a partir do PIU Setor Central da cidade de S. Paulo. Atualmente o conceito de Paisagem incorporou a interdisciplinaridade constituindo uma ciência resultante de dinâmicas socioambientais que focam a sustentabilidade a partir do processo ambiental em cadeia (Battle, 2011). Essa metodologia fundamenta o Desenho Ambiental Urbano e a Infraestrutura Verde. Os instrumentos urbanísticos analisados mostram-se insuficientes para incorporar questões ambientais como sistema inter-relacionado. A questão ambiental na paisagem urbana necessita de espaços livres como sistema interconectado aos serviços ambientais para: regulação, abastecimento, suporte e cultura. A área central de S. Paulo é setor da cidade com diversidade de espaço livre: sua sequência oportuniza incorporar os serviços ambientais fundamentais ao meio ambiente urbano

A POLÍTICA NACIONAL DE AGROECOLOGIA E PRODUÇÃO ORG NICA E SUAS POTENCIALIDADES DE INTEGRAR CAMPO E CIDADE
Cimone Rozendo ; Paulo Cesar Oliveira Diniz
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O objetivo deste artigo é destacar de que forma a agroecologia tem se constituído como uma estratégia e como um valor capaz de articular e/ou ressignificar a relação campo cidade em novos patamares. Para tanto, buscamos identificar como se dá integração da agroecologia à agenda pública, em especial, no que se refere a construção da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO), instituída a partir de 2012. Nesse percurso, ressaltamos a origem da noção de agroecologia e sua posição crítica frente aos processos desencadeados pela revolução verde pelo mundo, assim também como a noção de produção orgânica, até chegarem ao Brasil e formarem, ambas as noções, movimentos que vão pautar os temas na agenda política brasileira. Nesse processo, identificamos como as demandas por segurança alimentar e nutricional impulsionaram a política de agroecologia, criando um elo sinérgico na relação entre campo e cidade, a medida que permite reconectar a produção e circulação de alimentos. Entre avanços e desafios, percebemos como a PNAPO demonstrou um significativo potencial para o desenvolvimento rural-urbano, de âmbito regional, por meio da integração entre produção e consumo, entre campo e cidade.

O PROCESSO HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO DA ORLA DE PORTO ALEGRE E A CONSEQUENTE TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM: O caso da Fazenda do Arado Velho
CLARISSA MARONEZE GARCIA
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Este trabalho discute a ocupação histórica da orla do Guaíba em Porto Alegre - RS, abordando, em especial, o caso da Fazenda do Arado Velho, localizada no Bairro Belém Novo, no extremo-sul da cidade. O trabalho parte da compressão de que a paisagem sofre sucessivas e sobrepostas transformações conduzidas por fatores políticos, econômicos e culturais, que permeiam a sociedade e o espaço modificando-se continuamente ao longo do tempo. A partir disso entende-se a ligação com o conceito de evolução urbana, o qual permite entender as necessidades da sociedade, as funções e as marcas de um núcleo urbano, traduzidas fisicamente pela estrutura urbana e equipamentos que se configuram em distintos períodos. Assim, a orla e a Fazenda do Arado Velho são utilizadas para entender como a transformação da paisagem e o processo de evolução urbana são resultados de um processo histórico que acompanha a lógica da produção que podem ocasionar desequilíbrios ambientais e a artificialização do natural.

ICMS-ECOLÓGICO NA PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE Políticas públicas inovadoras para o desenvolvimento sustentável do Estado do Paraná
CLEOMAR MARIANI ; ANA PAULA MYSZCZUK
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Tem como objetivos analisar o modo como se dá a distribuição do ICMS-Ecológico às áreas de conservação e preservação ambiental e demonstrar a efetividade dessa forma de política pública. Para isso foram utilizados como métodos a pesquisa bibliográfica, abordando-se, além das principais características do ICMS-Ecológico, conceitos e teorias relevantes sobre o tema em questão, e também a pesquisa documental, reelaborada para melhor abstração de seu conteúdo. Como resultados têm-se uma reflexão sobre a relevância da implementação de políticas públicas ambientais e, mais especificamente, a comprovação de que a escolha dos indicadores ambientais deve estar voltada a unidades de conservação reconhecidas pelos poderes públicos e atendidas por meio do ICMS-Ecológico. Esta pesquisa permitiu concluir que o ICMS-Ecológico tem representado acima de tudo um incentivo para a conservação ambiental, e não apenas um instrumento de compensação ou mera contribuição para essa prática.

Trajetória da drenagem urbana no Brasil: uma perspectiva a partir da análise de políticas públicas recentes de Belo Horizonte
Cristiane Borda Pinheiro ; Roberto Eustaáquio dos Santos
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Novas ideias de drenagem pluvial e medidas de controle de inundações urbanas foram sendo incorporadas nas diretrizes de planos, programas e projetos no Brasil nas últimas décadas. As principais iniciativas no âmbito das políticas públicas em Belo Horizonte, voltadas para o manejo de águas pluviais, a partir do Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDBH) ou contemporâneas a ele são apresentadas e comparadas com os principais preceitos do novo paradigma de drenagem urbana, para verificar em que medida ocorreram mudanças em relação à concepção tradicional e quais os principais desafios para sua implementação e difusão. Embora tenham sido construídas bases legais e institucionais para uma mudança de rumo em relação aos princípios higienistas e positivistas, que preconizam a evacuação rápida das águas pluviais, e que essas diretrizes estejam presentes no discurso de técnicos, políticos e lideranças, elas ainda não estão refletidas de maneira abrangente na prática cotidiana de projeto e gestão urbanos.

Um olhar para a comunidade: a relação ambiental na ocupação da Toster em Salvador
Daniele de Oliveira Guedes ; Diego Santos Moreira ; Nayara Cristina Rosa Amorim
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A pesquisa tem como objetivo discutir conceito de Infraestrutura Verde e a sua incorporação como estratégia de planejamento e ação projetual, em uma ocupação informal no subúrbio de Salvador, sendo tal conceito é determinante no enfrentamento dos problemas socioambientais urbanos em que a comunidade está inserida, pensando no fornecimento de serviços ecossistêmicos, mitigando impactos ambientais, fomentando relações culturais e de pertencimento a paisagem. Isso ocorreu através de uma experiência desenvolvida em uma disciplina optativa da área de paisagismo, juntamente com uma pesquisa de iniciação cientifica na mesma área, buscando estreitar as relações entre os estudantes e comunidade, aproximando o projeto paisagístico dos instrumentos e condicionantes urbanísticos e ambientais.

FUNDO AMAZÔNIA: Sustentabilidade e Controvérsias
Danilo Caporalli Barbosa ; Henrique Dias Porto ; Natacha Silva Araújo Rena
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Em 2017, o Fundo Amazônia (FA) foi tema de debate após o anúncio de cortes de doações pelo Governo norueguês. Na ocasião, a justificativa de aumento nos índices de desmatamento representaram uma redução de R$200 milhões em investimentos direcionados para projetos com a União, Estados e Municípios, além de 57 Organizações da Sociedade Civil. A postura da Noruega de mecenas da Amazônia segue uma estratégia do país de pautar o discurso da Sustentabilidade no mundo. Neste sentido, abordaremos esse discurso como ator na rede de transformações territoriais e políticas. Para compreendermos melhor as relações e conexões entre entre os atores que compõem esta rede, apresentaremos o FA, o contexto de sua criação, a parceria entre Brasil e Noruega e o modelo institucional implementado na gestão do fundo. Assim, aplicamos a Teoria Ator-Rede (LATOUR, 2012) para buscar as controvérsias entre os relatos de sua criação e funcionamento, levantando novos questionamentos e campos para investigação.

AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA APLICADA AO PLANEJAMENTO URBANO: evidências da experiência brasileira para a abordagem estratégica e ambiental
Débora Mendonça Monteiro Machado ; Amarilis Lucia Casteli Figueiredo Gallardo ; Cláudia Terezinha Kniess ; Mauro Silva Ruiz
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Dentre os desafios do planejamento urbano encontra-se sua integração ao planejamento ambiental. A Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) proporciona incorporar a variável ambiental na tomada de decisão. O objetivo foi analisar as contribuições da AAE ao planejamento urbano a partir do conhecimento produzido no país. Foram identificados 161 trabalhos agrupados em 7 clusters de temas sobre a aplicação da AAE no país. Desses, apenas 17 trabalhos referem-se à temática urbana, subdivididos em AAE associada a: gestão urbana (7), plano diretor (6) e uso do solo (4). Embora em número reduzido de publicações no planejamento urbano, conclui-se que a AAE permite integrar a temática ambiental nesse contexto. A AAE possibilita internalizar aspectos relevantes para o planejamento urbano como: definir metas de minimização dos impactos da expansão dos municípios; integrar o ordenamento territorial às condições ambientais; e identificar ações para mitigar e monitorar efeitos adversos das ações propostas para gestão do território.

A Água Obtida Através de Sistemas Alternativos Autoconstruídos em Comunidades Periurbanas|: O Caso da Área de Atuação do Comitê Guandu, Rio de Janeiro
Decio Tubbs Filho ; Adriana Soares de Schueler ; Sueli Yoshinaga Pereira
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O uso da água para consumo humano deve ser prioritário, pois garante o direito à vida. Contudo, ainda que a universalização ao acesso água tenha evoluído significativamente, em áreas periféricas a garantia do acesso a ela com segurança, em quantidade e qualidade é um obstáculo a ser ultrapassado, notadamente quando o uso é feito através de sistemas alternativos individuais. A cidade do século XXI ainda se depara com questões da falta de planejamento e em muitas áreas urbanas a forma de captação das águas potáveis representa um dos grandes problemas. Neste trabalho discute-se o arcabouço legal existente acerca do uso da água obtida em sítios perirubanos através de sistemas alternativos autoconstruídos (poços rasos), indicando ações orientativas, usando como referência a área de abrangência do Comitê de Bacias Hidrográficas dos Rios Guandu, da Guarda e Guandu Mirim, na região Metropolitana do Rio de Janeiro.

DESIGUALDADE AMBIENTAL NO SERTÃO DA BAHIA: O Projeto Pedra de Ferro em Caetité
Diego Henrique Santos Brito ; Nelma Gusmão de Oliveira
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Este trabalho estuda os conflitos ambientais em curso na região de Caetité, BA, desde a implantação do Projeto Pedra de Ferro de extração de minério de ferro. À luz das reflexões apresentadas pelo Coletivo de Pesquisadores da Desigualdade Ambiental, a pesquisa mostra que, a despeito da capacidade de geração de emprego formal e informal e da dinämica que confere à economia regional, este modelo de desenvolvimento, baseado nas metas de “eficássia competitiva”, amplia o conflito ambiental e utilza práticas do que Harvey (2004) chama acumulação por espoliação, resultado em uma profunda desigualdade socioambiental.

O RIO DA COSTA E SUAS FASES DE TRANSFORMAÇÃO. DE RICO MANANCIAL HÍDRICO AO
Eliomar Venâncio de Souza Filho ; Giovanilton Andre Carretta Ferreira
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A retificação dos Canais da Costa e Guaranhuns no município de Vila Velha no Espírito Santo nas décadas de 1950, coincidiu com uma época de grandes mudanças sócio econômicas estruturais no estado, que fizeram milhares de trabalhadores rurais se deslocassem para a Grande Vitória atrás de oportunidade de emprego. A cidade de Vila Velha não estava com infraestrutura preparada para receber estes milhares de pessoas em tão pouco tempo, ocorrendo assim ocupações em áreas de morros, beira de córregos e rios para construção de moradias, situação que se agravou nas décadas seguintes. Hoje estas faixas que margeiam estes canais são áreas degradadas e marginais para a cidade. O presente artigo tem por objetivo compreender a dinâmica da ocupação das áreas destes mananciais, e suas consequências.

Mobilidade espacial e desastres ambientais: Elementos da relação população e ambiente no contexto urbano
Érica Tavares
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O processo de ocupação e apropriação do espaço pelos grupos sociais é fundamental para compreender a relação entre população e ambiente no contexto urbano. O objetivo deste artigo é tratar sobre os processos de mobilidade espacial no contexto de desastres ambientais na cidade, como as inundações, a partir da percepção dos sujeitos que vivenciam tais situações. A localidade de Ururaí, em Campos dos Goytacazes/RJ, apresenta um histórico de desastres relacionados à água, como os alagamentos e inundações, acompanhado de intervenções do poder público municipal na remoção de famílias sob a construção do discurso de que estão em áreas de risco. A metodologia utilizada foi a realização de uma pesquisa de survey domiciliar, com aplicação de questionários no recorte territorial definido como áreas afetadas por inundações na referida localidade. Os resultados mostram a ocorrência de uma expressiva mobilidade residencial na área, impulsionada em parte pelas questões ambientais, aliadas a mecanismos autoritários que levaram a remoções de famílias, também foi possível notar que operam lógicas de escolha e/ou constrangimento no processo por parte da população.

ECONOMIA CIRCULAR: PRESERVAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS E PRÁTICAS URBANAS Uma análise comparativa (Tours, França & Recife, Brasil)
Fabiano Rocha Diniz ; Jean-Paul Carrière
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A implantação dos princípios da economia circular visa a tornar mais operacional a perspectiva de desenvolvimento sustentável dos territórios, especialmente das cidades. Ainda que esse conceito não esteja bem consolidado, ele pode ser definido como uma resposta ao enfrentamento global do esgotamento dos recursos naturais e, como tal, diz respeito a diferentes campos de ação e a todo o ciclo de vida dos produtos. Todavia sua aplicação baseia-se numa abordagem territorial que valoriza a proximidade geográfica e organizacional, e requer o fortalecimento da cooperação entre os atores locais. Tudo indica que é na escala do território local, particularmente naquela das cidades, que a ruptura com o modelo linear e global de consumo (e exaustão!) dos recursos pode ser pensada. Para entender melhor o papel que as cidades podem desempenhar no desenvolvimento da economia circular, exploramos nessa comunicação os casos de Recife, no Brasil, de um lado, e da Metrópole de Tours, na França, de outro lado. Uma diferença marcante emerge da comparação das experiências recifense e tourangelle, relacionada ao peso relativo da informalidade nas ações postas em prática. O trabalho busca destacar essa diferença entre as duas realidades estudadas, levando-nos a questionar a diversidade de formas assumidas pela economia circular. Por outro lado, os dois estudos de caso evidenciam em diferentes níveis que, apesar de experiências múltiplas e originais, ainda não podemos falar de uma estratégia global de desenvolvimento territorial sustentável através da implantação da economia circular na escala urbana.

Agricultura Urbana: entre a sociedade e a natureza
Fábio De Santis Campos ; Luciana Rodrigues Fagnoni Costa Travassos
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A agricultura urbana têm ganhado a atenção de diferentes pesquisadores nas últimas décadas pela integração com as dinâmicas territoriais das cidades. Embora haja um interesse renovado em um campo multidisciplinar sobre a temática, uma parcela representativa das produções teóricas apresentam dois caminhos de análise, um associando as hortas urbanas pela narrativa da segurança alimentar, sustentabilidade e produção de áreas verdes e outro apontando as atividades agrícolas urbanas, direta ou indiretamente, na lógica do capitalismo neoliberal. Ambas abordagens não consideram o nexo sociedade-natureza, portanto negligenciam o potencial das hortas urbanas em propor metas sociopolíticas mais amplas e consistentes. Nesse sentido, as contribuições teóricas de natureza social da geografia crítica e hibridismo sociedade natureza da ecologia política urbana podem dar contribuições para uma compreensão ampla sobre os potenciais e limites da agricultura urbana nas mudanças sociopolíticas e ecológicas das cidades. Este artigo busca evidenciar o que tem sido discutido sobre a temática e um apontamento de direção com estudo de caso de agricultura urbana.

UMA ANÁLISE AMBIENTAL DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL JOANES - IPITANGA - AS POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO URBANO EM CAMAÇARI
Filipe Mateus Lima Guimarães Trindade
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O trabalho tem como objetivo realizar uma analise ambiental, da Área de Proteção Ambiental (APA) Joanes - Ipitanga, trazendo questões referentes a analises de lesgislação pertinentes, além dos impactos gerados nos últimos anos, principalmente por conta do processo de ocupação que ocorre nas localidades de Jauá e Abrantes. No presente trabalho buscou-se compreender a dinâmica da urbanização litorânea em áreas de preservação permanente de dunas das localidades de Jauá e Abrantes, situadas do município de Camaçari-BA, processo esse que vem se acentuando na região do litoral nordeste baiano, com a implantação da rodovia BA-099, em 1975.

O recente (re)interesse do setor minerário na Região Metropolitana de BH: na direção de uma auto-regulamentação do setor?
flavio Danilo Torre
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A investida de mineradoras na RMBH tem suscitado preocupações face a impactos em diferentes dimensões do espaço ocupado por aproximadamente 6 milhões de pessoas. Dentre elas, o fato dos empreendimentos estarem em áreas de recarga para mananciais que abastecem os pontos de captação de água da região, configura-se em real ameaça ao bem estar da população. Outras preocupações referem-se à emissão de particulados, trânsito de veículos pesados e implantação de barragens de rejeitos. Mesmo a justificativa econômica tem suscitado questões, pois o chamado retorno social torna-se irrelevante frente a potenciais danos ambientais. Cabe dizer ainda que a dependência em relação a tal atividade e o não incentivo à diversidade econômica tendem a produzir efeitos perversos no médio/longo prazo. No entanto, verifica-se que processos de licenciamento do setor tem tido análises céleres por órgãos ambientais e, em geral, medidas mitigadoras/compensatórias de pouca relevância. Vê-se ainda uma simplificação de estudos e documentação necessários ao licenciamento ambiental. Por vezes, esses são apresentados de forma “econômica”, não abrangendo a totalidade do empreendimento que se pretende instalar, facilitando a obtenção de autorizações para o início das atividades. Uma hipótese é que as mineradoras valer-se-iam de brechas no arcabouço institucional para obter autorização inicial de atuação em áreas, e depois ampliarem a escala de suas ações. Outra hipótese seria que o setor minerário teria constituído um segmento especializado em buscar a “regularização” de ações em áreas que, a princípio, seriam interditadas à atividade.

Risco para quem? A instrumentalização do risco contra o direito à cidade
Florence Marcolino Barboza
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O presente artigo é parte da pesquisa de dissertação de mestrado que tem por objetivo geral a partir de uma perspectiva crítica, analisar e discutir o discurso ambiental nas políticas urbanas de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, com destaque para a instrumentalização do risco. Utilizando assim, como ponto de partida e base empírica o estudo de caso em Ururaí, Campos dos Goytacazes (RJ) das famílias removidas de “áreas de risco” sujeitas a inundações no bairro, a fim de compreender o que está em jogo com a instrumentalização do discurso ambiental. O que por sua vez poderia nos informar como a dimensão ambiental favorece a ideologia de um discurso normativo de gestão e planejamento urbano e regional em nome do ambiental. Essa concepção tem na geopolítica atual o discurso (em sua vertente dominante) da sustentabilidade como nova forma de colonização/exploração da natureza (“natureza” esta entendida como mercadoria). A presente pesquisa está inserida no campo da geografia sócio(ambiental) mediante o olhar da ecologia política urbana, e tem como temática central discutir e analisar a questão ambiental nas políticas públicas urbanas de Campos no contexto do capitalismo, a partir das categorias da injustiça ambiental e injustiça social. Diante disso, buscamos compreender e discutir as relações sociais e de poder que se abrigam no interior dos processos as mudanças e dinâmicas que parecem-nos modelar a cidade do “ambiente único” – a cidade dos negócios.Portanto, a pesquisa refere-se à busca de um debate epistêmico, teórico e político de esclarecimentos conceituais e metodológicos relevantes que parece-nos possibilitar compreender o que está em jogo com a ambientalização do planejamento urbano.

URBANISMO E AMBIENTALISMO: da separação à coexistência socioecológica
HELIANA FARIA METTIG ROCHA
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Muitos estudos buscam enfrentar as contradições do sistema dominante pela luta social para alcançar transformações sociais. Este texto apresenta outros olhares que compreendem as práticas comunitárias emergentes em lugares de moradia e convívio como potencialidades no campo das transformações socioespaciais. Parte-se da retomada da origem de duas vertentes do campo propositivo de ação, urbanística e ambientalista, que emergiram de forma independente, caminharam em paralelo, coexistiram, mas raramente convergiram em ações concretas no ambiente construído. Apresenta-se um método de leitura das práticas identificadas em territórios sob assistência técnica para indicar caminhos para seu fortalecimento, apontando para coexistência socioecológica.

BUEN VIVIR, HABITAT E A QUESTÃO AMBIENTAL
Janaina Marx
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As lutas sociais desenvolvidas na América Latina promoveram disputas por espaços de poder que levaram à instauração de uma onda de governos progressistas na ultima década, fomentando processos que buscavam uma profunda transformação social no continente. Equador e Bolívia se destacaram pela incorporação de pautas originadas desde os movimentos indígenas e campesinos em seus marcos legais sintetizados no buen vivir. O termo buen vivir é inspirado nas expressões sumak kawsay e sumaq qamaña, dos grupos indígenas kichwa y aimara. Portanto, os povos indígenas são a fonte de inspiração para a renovação do pensamento de esquerda. O Estado equatoriano avançou ao considerar a universalização dos direitos sociais como um requisito para alcançar o buen vivir, entre eles o direito ao habitat e à moradia. Com isto novas exigências, como a sustentabilidade e a função ambiental da propriedade passam a existir. A construção de alternativas inspiradas neste conceito deve considerar uma relação mais harmônica entre homem natureza, partindo do questionamento da concepção burguesa da natureza. Neste sentido, este trabalho analisa a experiência da Cooperativa de Vivienda Alianza Solidaria desenvolvida no sul de Quito, trazendo elementos para o debate sobre a construção de alternativas desde o habitat para a promoção do buen vivir.

Diagnóstico da influência de áreas verdes urbanas na redução do rigor térmico em cidade de clima semiárido
Jéssica Daiane Santos Pereira ; Ricardo Victor Rodrigues Barbosa
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Nas últimas décadas, maior atenção tem sido dada às mudanças no comportamento climático da cidade ocasionado pela estrutura urbana. A presente pesquisa teve como objetivo analisar as áreas verdes e como sua presença influencia na redução do rigor térmico no meio urbano. Dessa forma, foram levantadas as áreas verdes urbanas da cidade, selecionadas as unidades amostrais para análise e coletados dados utilizando instrumentos de medição (dataloggers) para coleta dos dados de temperatura e umidade relativa do ar. Foram escolhidas cinco praças da cidade: Praça Luiz Pereira Lima, Praça José Bernardino dos Santos, Praça Marques da Silva, Largo Dom Fernando Gomes e Praça Pereira Magalhães. Apesar das diferenças terem sido pequenas, verificou-se que as praças que possuíam maiores espaços permeáveis e/ou maiores índices de cobertura vegetal, promovem maior amenização do rigor térmico do seu entorno se comparado com as praças mais impermeabilizadas e menos arborizadas.

ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS NO PERÍMETRO IRRIGADO NA CHAPADA DO APODI-RN
Jorge Luís de Oliveira Pinto Filho ; Anderson Rodrigo da Silva Lunes
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Este trabalho tem por objetivo identificar os impactos ambientais do perímetro irrigado na Chapada do Apodi-RN. Para a obtenção dos dados foram realizados levantamentos bibliográficos, visitas in loco e caracterização dos impactos com base nas etapas realizadas no processo produtivo dos empreendimentos implantados na região. Constatou-se que embora as atividades desenvolvidas pela agricultura irrigada na área proporcionam impactos positivos, como a geração de emprego e renda. Entretanto, evidenciaram-se impactos negativos, como: o comprometimento das atividades tradicionais das comunidades rurais, falsa expectativa de emprego, supressão vegetal, escassez hídrica, uso de agrotóxicos, danos à saúde da população, concentração de renda, alteração de microhabitats, alteração da paisagem natural, geração de resíduos sólidos e efluentes líquidos, aumento das emissões atmosféricas e êxodo rural. Portanto, infere-se que na área investigada necessitam de ações gestão ambiental para atenuar a problemática.

O PERÍMETRO IRRIGADO NA CHAPADA DO APODI-RN: Surgimento, descrição e governança
Jorge Luís de Oliveira Pinto Filho ; Anderson Rodrigo da Silva Lunes
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O modelo de desenvolvimento agrícola brasileiro atualmente concentra no agronegócio. Este trabalho tem por objetivo descrever a forma de estabelecimento do perímetro irrigado na Chapada do Apodi-RN e sua relação com a agricultura familiar. Como procedimentos metodológicos adotaram-se levantamento teórico, descrição da área de estudo e, caracterização dos empreendimentos agrícolas. Constatou-se que no Nordeste brasileiro, a política do agronegócio vem ocorrendo a partir da fruticultura para exportação com os perímetros irrigados. Observou-se que na Chapada do Apodi vem sendo desenvolvidos desde 2010 projetos com fins de agricultura irrigada, sistema adutor de irrigação, manejo florestal, assentamento agrário e, criação de animais de interesse dos órgão públicos, sociedade e, iniciativa privada. Evidenciou-se também que os empreendimentos agrícolas totalizam uma área de 10.507,0522 ha, sendo considerados, de médio porte e com potencial poluidor grande. Desta forma, afirma que a área de estudo atualmente vem vivenciando conflitos do agronegócio e agricultura familiar.

Parques urbanos em Belém do Pará, do urbanismo embelezador a preservação ambiental
José Júlio Ferreira Lima ; Flavia Tyele e Souza Souza
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O artigo tem como objetivo relacionar parques urbanos de Belém com a materialização dos princípios de embelezamento e de consciência ambiental no planejamento. Os parques urbanos, antes inscritos no processo de modernização decorrente do desenvolvimento econômico advindo da economia gomífera do final do século XIX e início do XX, passam a ser atrativos de marketing urbano e planejamento estratégico. O artigo enfoca a cidade de Belém como estudo de caso e busca articular a trajetória do planejamento urbano como parte da modernidade em planos diretores. Os primeiros parques urbanos foram criados mais pela paisagem que pela sua função ambiental, seria o caso do Bosque Rodrigues Alves e do Museu Emílio Goeldi com características paisagísticas “artificializadas” em contraposição ao Parque Gunnar Vingren de 2010 e ao Parque do Utinga, revitalizado em 2018. Os resultados permitem o entendimento da interrelação entre a paisagem embelezada e a emergência da consciência ambiental no tema.

Biodiversidade arbórea em áreas verdes urbanas: contribuições para a infraestrutura verde de São Paulo, SP
José Ulisses Bezerra França ; Maurício Lamano Ferreira
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Áreas verdes urbanas são fundamentais na prestação de serviços ambientais. Embora o desenvolvimento voltado para o capital tenha prevalecido no planejamento urbano da cidade de São Paulo ao longo do século XX, atualmente nota-se uma preocupação por parte dos órgão públicos em planejar ambientalmente a cidade, porém dados sobre as área verdes ainda são escassos. O presente trabalho investigou a biodiversidade arbórea de 13 praças públicas das zonas Leste e Oeste da cidade de São Paulo. Todas as árvores com diâmetro a altura do peito (DAP) > 5 cm foram identificadas por meio de coleta do ramo preferencialmente florido e tiveram o DAP e a altura mensuradas. Foram inventariados 1510 indivíduos, pertencendo a 29 famílias botânicas e 91 espécies diferentes. Deste total, 56,4% eram espécies exóticas, 45,3% nativas e 0,3% indeterminadas. A família botânica mais representativa deste estudo foi Fabaceae e em relação aos grupos funcionais 87% dos indivíduos eram árvores e 13% palmeiras. A partir destes resultados, espera-se contribuir para propostas e planos de manejo da arborização urbana da cidade de São Paulo, no que tange a criação de corredores ecológicos.

SANEAMENTO PARA QUEM? QUADRO DO SANEAMENTO BÁSICO NO LITORAL DE PERNAMBUCO
Josiane Nascimento Andrade ; Larissa de Fátima Santos da Silva ; Cristina Pereira de Araujo
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Este trabalho trata da relação entre o acesso ao saneamento básico e as camadas sociais que ocupam os municípios litorâneos do Estado de Pernambuco. Incluem-se no recorte os aspectos associados à segregação socioespacial, identificando os setores mais bem atendidos pelo serviço de saneamento e os mais carentes neste aspecto. Utilizam-se dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE sobre os setores censitários dos municípios de modo a compreender quais são as áreas ocupadas por cada camada social e qual sua relação com a provisão de infraestrutura urbana, mais especificamente saneamento básico, através da elaboração de mapas temáticos. Nota-se uma relação entre a proximidade com os centros e a faixa de renda na cobertura de saneamento nestes municípios, revelando que, concordando com os preceitos da produção capitalista, o saneamento no litoral de pernambucano não é para todos.

A PRAÇA E SUAS FUNÇÕES PARA O SANEAMENTO AMBIENTAL
JULIA MAYARA DA SILVA RODRIGUES ; FELIPE FERREIRA MONTEIRO
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As praças têm motivado atenção tanto em virtude da uniformidade das cidades, quanto em consequência das necessidades ambientais agravadas pela expansão urbana e problemas dela decorrentes, trata-se de uma temática que permite diferentes olhares e perspectivas de análise. As praças proporcionam inúmeros benefícios tanto para a qualidade do meio ambiente e o equilíbrio ambiental, quanto para saúde e bem-estar da população citadina. A vegetação necessita ser percebida além de sua função estética, como um elemento natural capaz de cumprir múltiplas funções no meio urbano. Muitos estudos apontam a vegetação intraurbana como importante indicador da qualidade ambiental nas cidades devido às funções ecológicas, estéticas e de lazer que ela pode exercer. Neste contexto, a vegetação urbana recebe diferentes nomenclaturas que são utilizadas indistintamente como sinônimos do termo áreas verdes, estas áreas são consideradas espaços livres, com predominância de vegetação arbórea, acessíveis ao uso direto da população. Neste artigo, procura-se criar reflexões acerca dos benefícios ao saneamento ambiental proporcionados pelas praças no espaço urbano e suas contribuições para a qualidade de vida da população. Vale ressaltar que a praça, enquanto espaço público, constitui, desde os seus primórdios, um referencial urbano marcado pela convivência humana e que evolui em suas funções com a inserção da vegetação em seu espaço. Partindo-se deste princípio, é de extrema relevância estudos que discutam a importância destas áreas, bem como reflexões acerca da importância do planejamento municipal e de políticas públicas, na construção de cidades ambientalmente saudáveis e sustentáveis.

MEIO AMBIENTE E COOPERAÇÃO INTERNACIONAL Considerações sobre o Fundo Amazônia e a atuação norueguesa no Brasil
Juliana Ferreira Romeiro
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O tema meio ambiente ganha destaque nas arenas públicas na atualidade e apesar de ser um conceito em disputa e apropriado de diferentes formas, prevalece no cenário internacional a concepção fundamentada na valoração da natureza. A preservação da floresta amazônica aparece como fundamental pelo grande estoque de biodiversidade, de recursos naturais e regulação do ciclo das águas e do clima. Seus serviços deveriam ser remunerados e a constituição do Fundo Amazônia dá-se neste contexto. Tendo a Noruega como principal financiador a iniciativa completou 10 anos em 2018 e é gerenciada no Brasil pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Este artigo busca compreender que discursos e práticas sobre o meio ambiente estruturaram esta cooperação e como se construiu um problema relacionado a preservação da Amazônia em escala internacional onde a solução (já posta) limita-se a financeirização da floresta, garantindo a continuidade de um modelo de acumulação predatória sem mudanças na forma de inserção da economia brasileira internacionalmente, desconcentração regional ou em promoção de justiça social e ambiental.

Desafios contemporâneos para governança democrática da água. O caso da Macrometrópole Paulista
Klaus Frey ; Ruth Cristina Ferreira Ramos ; Aldenisio Moraes ; Ginesio Justino de Gomes Sá
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Este artigo discute a complexa situação da gestão hídrica na Macrometrópole Paulista, com enfoque no papel dos Comitês de Bacias Hidrográficas enquanto arenas políticas de deliberação democrática na política ou governança da água. Apoiando-se em resultados de pesquisas recentes sobre (i) a situação da segurança hídrica na escala macrometropolitana; (ii) a gestão da crise hídrica na Região Metropolitana de São Paulo; e (iii) o atual estágio da participação social na implementação da Política Estadual de Recursos Hídricos, identificamos entraves nas práticas políticas de planejamento e gestão da água. Por fim, são apresentados alguns desafios centrais e possíveis caminhos de como avançar em direção a uma forma de governança mais democrática da água que busque contornar alguns dos obstáculos mencionados.

EFEITOS DA VARIABILIDADE CLIMÁTICA NO EMPREGO RURAL NÃO AGROPECUÁRIO
LARISSA GIARDINI SIMOES ; Gabriel Medeiros Abrahão
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Variabilidade climática é um fenômeno com vários efeitos descritos, como alterações na produtividade agrícola e alterações populacionais. Esse trabalho busca avaliar se, através da produtividade agrícola, anomalias climáticas podem alterar a ocupação de indivíduos nas regiões rurais em empregos não agropecuários (ERNA). Modelos espaciais para municípios brasileiros em 2010 apontaram que os desvios da média climatológica afetam positivamente a taxa de ERNA indicando que a busca de fontes secundárias de renda em outras áreas é mais proeminente do que as interligações e encadeamentos entre a agropecuária e os demais setores. Além disso, considerando que anos mais chuvosos são benéficos para a produtividade agrícola, existem diferenças entre os gêneros na resposta dos indivíduos de um município a anomalias climáticas. Notavelmente, o efeito de inserção no ERNA devido a queda de produtividade é maior entre mulheres e o relacionado a aumento de produtividade está mais presente entre homens.

UM OLHAR SOBRE A SUSTENTABILIDADE URBANA E OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO (RMRJ)
Leonardo Borges Lopes de Souza ; César Augusto Marques da Silva
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Este trabalho visa discutir a noção de sustentabilidade urbana nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), identificando e comparando possibilidades e restrições dos indicadores criados para seu monitoramento, especificamente para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ). Assume-se que o conceito da sustentabilidade é apresentado como algo ainda em construção, com diferentes percepções e contradições. O estudo se concentrou em analisar criticamente as metas e indicadores do ODS 11 – “Cidades e Comunidades Sustentáveis”, que é transversal a grande maioria dos ODS e concatena desenvolvimento urbano e melhores condições de vida para a população. Como conclusão, assinala-se um território metropolitano fragmentado onde são intensificadas as complexidades de questões envolvidas no ODS, da mesma forma que se acentuam as desigualdades e a segregação socioeconômica. No que tange as metas e indicadores, a aderência à região limitada neste trabalho ocorre de modo tênue e limitado. Prospectivamente, há vários elementos que indicam que são raras as metas que podem ser, de fato, cumpridas.

Georreferenciamento como ferramenta para o planejamento urbano e regional: Delimitação e requalificação de áreas contaminadas
Leonardo Ferreira da Silva ; Andreza Portella Ribeiro ; Amauri Luiz Ferrador ; Danilo Aparecido Rodrigues
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Este estudo, pautado em conceitos de território e territorialidade, teve como objetivo principal indicar possibilidades do uso de novas tecnologias para o gerenciamento de áreas contaminadas (GAC) por postos de combustível, como a modelagem geoestatística. Para tanto, o artigo apresenta uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa, fundamentada em protocolos de GAC, adotados no Brasil, EUA e Europa. Neste caso, foram utilizados dados secundários, da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, sobre contaminação química e sua influência sobre os compartimentos ambientais na cidade de São Paulo. A partir da localização geográfica dos postos contaminados, foram delimitadas áreas que estão sob forte influência das fontes emissoras; ou seja, apresentam alto potencial de danos aos ecossistemas naturais e, consequentemente, oferecem riscos ao bem-estar e à saúde pública.

A CIDADE E A SUSTENTABILIDADE: os critérios indicativos de uma cidade verde e sustentável
LETICIA DE SOUZA BARROSO
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O presente trabalho tem, como fio condutor, o tema sustentabilidade. Para tanto, visando investigar o conceito de sustentabilidade, elegemos o município de Sorocaba, cidade situada no interior do Estado de São Paulo, premiada em diversas categorias e que foi considerada uma das melhores cidades do Brasil. A hipótese inicial é que a elevação da cidade à categoria de cidade sustentável não expressa o que a população local entende por sustentabilidade. Buscamos identificar os indicadores e/ou temas que contribuíram para essas premiações e o seu reflexo na cidade e, de forma complementar, a percepção dos moradores a respeito dos assuntos abordados e seus posicionamentos sobre o que é uma cidade sustentável. O trabalho concluído apresenta resultados que confirmam a hipótese inicial, revelando, ainda, outros aspectos que merecem ser incorporados para se aferir uma cidade sustentável. Apresenta, ainda, diretrizes que devem guiar o planejamento ambiental com vistas à sustentabilidade.

Brasília, Ícone do Modernismo e de Ocupações Irregulares em Áreas de Proteção Ambiental
Letícia Pires Ferreira ; Gustavo Alexandre Cardoso Cantuária
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O objetivo deste artigo é analisar o planejamento urbanístico de Brasília e suas consequências sociais e ambientais, principalmente nas questões relativas a regularização fundiária e a proteção ao meio ambiente, levando-se em consideração sua importância enquanto patrimônio da humanidade, que localiza-se na savana mais rica em diversidade do mundo, o bioma cerrado, destacando assim a relevância de seus recursos hídricos, com recorte para duas áreas com ocupações distintas, mas com grande representatividade em termos de recursos hídricos, o Setor Habitacional Vicente Pires e a orla do Lago Paranoá. Para compreender o seu valor, sua história e forma de ocupação, inicia-se por uma breve descrição da cidade. Em seguida, aprecia-se os processos de segregação urbana, ocupações irregulares e clandestinas e na sequência traça-se um panorama das situações das áreas em estudo, Setor Habitacional Vicente Pires e a orla do Lago Paranoá.

OS LIMITES DA POLÍTICA HABITACIONAL NAS ÁREAS DE RECUPERAÇÃO E PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Lucas Daniel Ferreira ; Ligia Santi Lupo
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O presente artigo analisa os desafios da política habitacional nas Áreas de Recuperação e Proteção dos Mananciais (APRM) do Município de São Paulo. Após um breve exame da produção social do espaço urbano das cidades brasileiras em um cenário de urbanização desigual, examina-se a questão ambiental urbana e as consequências da presença da agenda ambiental que legitima os processos de reestruturação urbana nas áreas de mananciais da porção sul do Município de São Paulo. A seguir, identifica-se o histórico da atuação do poder público na política habitacional desde o Programa Guarapiranga até o Programa Mananciais, em sua terceira Fase, a partir da contribuição da experiência dos autores deste artigo. Os argumentos são apresentados na hipótese principal de que os processos de remoções de famílias, concentrados nas APRMs, ocorrem com violações de direitos. Ao final, destaca-se a importância da construção e implementação de uma política habitacional municipal que garanta, acima de tudo, o direito à moradia digna.

NOTAS SOBRE AS IMPLICAÇÕES POLÍTICAS E TERRITORIAIS DA CONSTRUÇÃO SOCIAL DA NATUREZA E DAS CHAMADAS “VOCAÇÕES REGIONAIS”
Luciano Félix Florit ; Diego da Silva Grava
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O artigo analisa a dimensão política da natureza socialmente construída. Argumenta que a mesma está associada aos interesses e à territorialidade dos atores participantes dessa construção, apresentando exemplos concretos que evidenciam os aspectos políticos inerentes à construção das paisagens, da definição das “vocações regionais” e da utilização política da natureza como aliada em projetos políticos específicos. Busca-se defender a relevância científica e política das abordagens construtivistas nas ciências sociais para a reflexão crítica sobre as chamadas “vocações regionais”.

REIDRATAÇÃO DA PAISAGEM COMO PRINCÍPIO INDUTOR DO DESENHO PARA UMA NOVA REALIDADE AMBIENTAL Parâmetros e estratégias para projetos sustentáveis e planejamento na Bacia do Rio do Peixe, no nordeste do Estado de São Paulo
Luis Octavio Pereira Lopes de Faria ; Sidney Carneiro de Mendonça Fernandes
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Este artigo apresenta questões e material levantados para servirem de base para uma pesquisa referente ao Rio do Peixe, afluente do Rio Mogi-Guaçu, que por sua vez deságua no Rio Pardo, afluente da margem esquerda do Rio Grande, divisa entre São Paulo e Minas Gerais, que é tributário do Rio Paraná. Faz, assim, parte da Bacia do Prata. Sua nascente está próxima a Munhoz, município mineiro na Serra da Mantiqueira (forma-se da união do Rio Fundo com o Rio Correntinha, sendo que ora uma das nascentes destes ora as duas são consideradas como o início do Rio do Peixe) e deságua no Rio Mogi Guaçu na altura de Itapira, município paulista. A pesquisa vai em busca de parâmetros para o planejamento da Bacia do Rio do Peixe em sintonia com experiências que têm como prerrogativa o pensamento multidisciplinar como ferramenta de reflexão e análise para planejamento, a ideia de planejamento holístico do uso do solo, por meio de uma visão sistêmica da paisagem.

ESTRATÉGIAS MUNICIPAIS PARA A MUDANÇA DO CLIMA: IPTU como instrumento de incentivo à melhoria da eficiência energética de edifícios urbanos
Luisa Aguilar Lopes ; Denis Alcides Rezende
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A adoção de estratégias e instrumentos para a redução de emissões de gases de efeito estufa é um dos componentes para que o desenvolvimento urbano ocorra de maneira sustentável. O objetivo foi verificar a regulamentação do IPTU e sua caracterização como instrumento de incentivo à melhoria da eficiência energética de edifícios urbanos. A metodologia de pesquisa compreendeu um estudo bibliográfico e documental nos cinco municípios mais populosos do Brasil, seguido de um estudo de caso no município de Salvador/BA. Apesar da tendência de inclusão da modulação de alíquotas do IPTU como modalidade de instrumento fiscal pelos municípios, Salvador é o único que atualmente contém um programa regulamentado e em execução em seu território. A conclusão reitera a possibilidade de aplicação do IPTU na implementação de estratégias municipais de mitigação às mudanças climáticas, e na contribuição para a promoção de um ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações.

PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL E CONSUMO CONSCIENTE DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS NA CHINA: Transformações nas formas de vida da população local e na produção agrícola global
Marcela Larissa Apolinário Mian
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Esse trabalho tem como objetivo apresentar os ganhos políticos e econômicos envolvidos nas medidas e políticas de produção sustentável e do consumo consciente de alimentos na China. Nossa hipótese é que tais políticas, implantadas recentemente, se distanciam do fato de ser apenas um benevolente sinal de preocupação ambiental, envolvendo também questões econômicas (como a redução de gastos e recursos), a preocupação do governo chinês em manter uma boa imagem pública, além da vontade de se inserir em novas frentes financeiras que tem associação direta com os investimentos globais focados na sustentabilidade. Esses fatores, em conjunto, causarão impactos nas formas de vida da população local e na produção agrícola global. São de suma importância para a pesquisa as particularidades de sua estrutura social e fundiária. Assim, consideraremos que se trata de um país cujas políticas públicas voltadas para o urbano e o rural foram historicamente discrepantes. Ademais, antes de analisar a sociedade e o meio ambiente a partir de uma relação de causa e consequência, consideraremos que tais setores sofreram impactos mútuos durante o processo.

ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE EM ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS: Experiências PAC Favelas na Metrópole de Curitiba
MÁRCIA FERREIRA PRESTES
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O presente artigo é parte dos resultados de pesquisa da tese de doutorado intitulada Requalificação Ambiental em Assentamentos Precários: o PAC Favelas na Franja Leste da Metrópole de Curitiba defendida pela FAUUSP, e tem como objetivo refletir sobre o tratamento urbanístico empregado em áreas de preservação permanente (APP), a partir de dois estudos de caso: PAC Iraí e PAC Guarituba. Na primeira parte, apresenta-se o quadro de precariedade socioambiental e os eixos estruturais das urbanizações, com ênfase no eixo de recuperação ambiental. A segunda parte analisa as ações realizadas e planejadas, ou seja, restituição da área física das APP e projetos de implantação de parques lineares. Constata-se que o escopo das urbanizações não foi de remoção mínima, mas de restituição máxima do espaço físico das áreas de restrição à ocupação dos fundos de vale. Porém, a produção habitacional antecede as ações de remoção, evitando que famílias sejam desalojadas em prol de uma agenda ambiental exclusivamente protecionista. O parque linear é revelado como resposta do programa de urbanização ao equilíbrio das funções urbanas e ambientais em espaços ribeirinhos. No entanto, a execução de dois dos três parques em estudo – Parque Linear Atuba, Parque Linear Palmital e Parque Linear Canal Paralelo Irai-Iguaçu –depende da revisão do projeto urbano paisagístico que apresentou falhas em aspectos de controle urbano, segurança e fragmentação de espaços coletivos. Por fim, apresenta-se impasses e avanços das experiências em curso, no sentido de contribuir no debate sobre as possibilidades e limitações da dimensão ambiental em assentamentos precários.

A INFLUÊNCIA DA FORMA URBANA NO AMBIENTE SONORO: Estudo comparativo entre a Favela Santa Marta e o Bairro de Botafogo – Rio de Janeiro / RJ
Marina Medeiros Cortês ; Maria Lygia Niemeyer
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Este artigo aborda a relação entre propagação sonora e forma urbana, diante de configurações urbanas localizadas próximas uma da outra e ao mesmo tempo tão distintas. O tecido orgânico da Favela Santa Marta, localizada no Bairro de Botafogo, sem circulação de veículos por causa da sua topografia acentuada, contrasta com o traçado retilíneo da via arterial e uma das principais do Bairro, a Rua São Clemente e também com a região da Rua Goethe, uma área residencial, praticamente sem circulação de veículos. Além disso, procura-se descrever os fenômenos sonoros urbanos não apenas como uma medição clássica de um incômodo inevitável, que segue uma abordagem quantitativa tradicional. Aborda, também, a dimensão sonora como um argumento qualitativo para gestão das cidades, verificando os atributos da forma urbana como um fator de grande influência no ambiente sonoro. O método utilizado para a pesquisa foi a do passeio sonoro, onde um itinerário apoiado em diferentes formas urbanas foi percorrido a pé pelos pesquisadores, realizando gravações sonoras e análises do espaço.

O descimento da Área de Proteção Ambiental de uso Sustentável da Região Metropolitana de Curitiba e o Princípio Implícito da Proibição de Retrocesso Ambiental
MARISTELA FREDERICO ; Dr. Rogerio Allon Duenhas
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As Áreas de Proteção Ambiental são Unidades de Conservação que tem por finalidade proteger e conservar a qualidade ambiental e os sistemas naturais existentes nesses espaços, com vistas a melhoria da qualidade de vida da população local e também a proteção dos ecossistemas regionais. O presente estudo busca apresentar e discutir as mudanças promovidas pela legislação Estadual na Unidade de Conservação da Área de Proteção Ambiental Estadual do Iraí, situada na Região Metropolitana de Curitiba – Paraná, em face do desenvolvimento sustentável e do princípio implícito da proibição de retrocesso ambiental. Para tanto, adota-se como metodologia a pesquisa de natureza exploratória e descritiva. Os resultados apurados demonstram que a legislação estadual alterou a parametrização do Zoneamento da Área de Proteção Ambiental Estadual do Iraí, permitindo outras formas de uso e ocupação.

POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA E O DESENHO AMBIENTAL DA CIDADE: CONTRIBUIÇÃO DE UM ESTUDO EM FLORESTAS URBANAS PARA O PLANEJAMENTO ECOLÓGICO DE SÃO PAULO, SP
Mauro Ramon ; Maurício Lamano Ferreira
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O plano diretor estratégico do município de São Paulo necessita de informações ecológicas para a sua elaboração e execução, no entanto, pouco esforço tem sido feito para aliar estudos ecológicos com o planejamento urbano. Este trabalho testou a hipótese de que poluentes atmosféricos na serapilheira estariam associado ao grau de influência das emissões veiculares e industriais nas áreas circundantes a parques urbanos, sendo esta uma importante informação para urbanistas e stakeholders. Os resultados indicaram decréscimo nas concentrações dos metais em relação ao eixo centro-periferia da cidade. Os dados indicaram o potencial de filtro biológico da vegetação dos parques. Com relação ao chumbo, observou-se que houve uma variação no meio de uma das áreas, indicando que pode haver contribuição do transporte aéreo na contaminação local. Em geral, conclui-se que quanto mais afastado do centro, menores são as concentrações dos metais presentes na serapilheira. Estes resultados destacam a importância de se ampliar os espaços verdes da cidade, na perspectiva de criar um local de atenuação da contaminação atmosférica emitida pela frota automotiva.

APA DO MARACANÃ: os conflitos socioambientais em virtude da instalação de empreendimentos imobiliários do programa minha casa minha vida
NADLOYDE DA CONCEIÇÃO PINHEIRO MORAES ; RUT'ABIGAIL VILAR ALVES ; BRENDA CALDAS SOUSA
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As Unidades de Conservação (UC) são áreas protegidas pela Legislação Brasileira, mas, especificamente pela Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que regulamenta a criação das áreas de proteção ambiental (APA), que fazem parte do grupo das UCs. Este trabalho tem entre seus objetivos, refletir sobre os conflitos socioambientais urbanos decorrentes da expansão urbana sobre as APAs e levantar os impactos causados pelos empreendimentos imobiliários na APA do Maracanã. A metodologia consistiu em pesquisa empírica com visitas na referida APA; entrevistas com moradores locais e a observação direta dos empreendimentos instalados e os impactos destes causados aos seus recursos naturais. O Maracanã é um bairro da zona rural de São Luís, que se caracteriza pela diversidade de atrativos naturais, culturais e históricos. Atualmente, a APA do Maracanã passa por um intenso processo de urbanização resultante do crescimento populacional em seu interior e no seu entorno.

UMA OBSERVAÇÃO CLIMATOLÓGICA DE ÁREA URBANA E RURAL
Natalia Hauenstein Eckert ; paula renata albrecht mantovani ; Júlia Calvaitis Padilha ; Bruna Giacomelli
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O modelo atual de urbanização acarretou um grande adensamento dos centros urbanos, o que acarretou em micro-climas distinto em diferentes zonas dentro do território urbano. O objetivo do trabalho é a identificação da variabilidade térmica entre o centro da cidade de Cruz Alta e o Campus Universitário, de modo a avaliar a ambiência urbana nesses diferentes recintos no período do outono. A metodologia foi realizada através de levantamentos de campo com equipamentos específicos, revisões e discussões dos conceitos e dados obtidos através das análises. Como resultado se identificou a influência da vegetação como regulador da temperatura e da umidade das áreas centrais e rurais do município, como meio de fornecimento de subsídios para que as gestões possam priorizar as áreas naturais, já que contribuem para um clima mais agradável nas áreas urbanas.

ICMS ECOLÓGICO EM ASSENTAMENTO NO ESTADO DO PARANÁ
NILTON BEZERRA GUEDES ; Antonio Gonçalves de Oliveira
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O presente artigo trata do potencial incremento de recursos por meio do ICMS Ecológico no município de Ortigueira/PR, ao transformar as áreas de Reserva Legal - RL dos Projetos de Assentamento de Reforma Agrária em Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN, uma modalidade de reserva ambiental. O ICMS Ecológico é disciplinado pela Constituição Federal e cada estado cria seu incentivo para o repasse de 5% aos municípios, que devem satisfazer critérios regidos por lei estadual. O tema é um incentivo aos municípios para a conservação e preservação dos recursos ambientais e foi observado um interessante incremento na arrecadação do município, que possui 09 Projetos de Assentamento, e uma considerável área destinados a Reserva Legal - RL. A conclusão é de que esta transformação de RL em RPPN agrega valor significativo na arrecadação e o recurso, apesar de não ter destinação determinada, poderia ser direcionado para o desenvolvimento socioeconômico dos Projetos de Assentamento ali implantados.

MOBILIDADE SUSTENTÁVEL NO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Nina Aureliano Apparicio da Silva
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Considerando o destaque do setor de transportes como campo potencial para mitigar impactos negativos das mudanças climáticas e o despontamento do discurso em torno da mobilidade sustentável, o trabalho busca identificar como o tema da sustentabilidade vem sendo incorporado na trajetória de desenvolvimento dos planos estratégicos da cidade do Rio de Janeiro a partir de 2009, naquilo que se refere à mobilidade urbana. Busca-se observar a direção conceitual de cada plano e as mudanças associadas em termos de diagnóstico e proposições, tendo como referência marcos legais e políticos e um conjunto de literatura pertinente. Após apresentar um breve contexto de construção da agenda da mobilidade urbana sustentável, os planos são analisados quanto às relações estabelecidas com o discurso da sustentabilidade. À luz de um referencial teórico, apresenta-se uma reflexão sobre como a narrativa da sustentabilidade vem sendo incorporada como mecanismo de legitimação política e de estratégia de marketing urbano, incidindo no esvaziamento do conceito de sustentabilidade e das intenções de fazerem dele um objetivo concreto e carregado de valor coletivo.

DECRETAÇÃO DE EMERGÊNCIA: três alertas diante a banalização de crises
Norma Valencio
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Esse estudo foca três pontos para a discussão dos desastres no Brasil. O primeiro são como práticas institucionais de decretação de emergência indicam o fracasso da gestão pública do espaço diante fatores ambientais conhecidos, normalizando formas excepcionais e menos transparentes de gestão. Isto é, uma vez dada a incapacidade pública para evitar efeitos adversos recorrentes, a narrativa oficial autoriza modos conflituosos de deliberação, desde intervenção sobre a base física até o modo de interação com os sujeitos afetados. Isso afronta princípios de boa administração e proteção à dignidade humana. O segundo ponto trata do viés autoritário dos mecanismos que são empregados na crise para validar processos de higienização social e restrição das possibilidades dialógicas de gestão. O terceiro aspecto é o esgarçamento do tecido social local devido às tensões que a crise gera. Tais aspectos são tratados a partir de pesquisa documental, pontuados com casos, fruto de pesquisa de campo.

PLANEJAMENTO URBANO E AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL EM ÁREAS DE PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO DE MANANCIAIS DA RMSP: Interfaces, conflitos e perspectivas
Paula Ciminelli Ramalho
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Este trabalho propõe uma análise exploratória sobre a relação entre o planejamento urbano e a avaliação de impacto ambiental nas áreas de proteção e recuperação de mananciais da RMSP. A partir de referências teóricas sobre as matrizes do planejamento e as influências das correntes racionalistas, discutimos a relação potencial entre a legislação aplicável às APRM, a AIA e o licenciamento ambiental. Destaca-se a diversidade de atores e instituições envolvidos na gestão destas áreas que compõe, no momento atual, uma rede complexa de governança. Observamos que, embora tenha havido um aparelhamento institucional relacionado à gestão dos mananciais, muitos instrumentos previstos não foram implantados, fazendo com que a AIA continue sendo aplicada de forma isolada e encontre um cenário carente de ações precursoras, o que pode prejudicar sua eficácia.

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE FREQUENTADORES SOBRE O PARQUE DA INDEPENDÊNCIA COMO FERRAMENTA PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Raphael Henrique Martins ; Ana Paula Branco do Nascimento ; Heidy Rodriguez Ramos
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O presente trabalho busca analisar a percepção ambiental, consciência e comportamento de frequentadores do Parque da Independência, localizado na região Sul da cidade de São Paulo. A coleta dos dados foi realizada por meio de 106 entrevistas que seguiram um roteiro estruturado a partir de questões relacionadas ao perfil do entrevistado e percepção sobre a estrutura presente no Parque da Independência. Dentre os principais resultados destacam-se que a infraestrutura do Parque da Independência é avaliada de forma regular pelos frequentadores. Alguns equipamentos e estruturas são classificados como ótimos e bons, porém, apresentando itens ruins e péssimos. Portanto, cuidados com manutenção e avaliações contínuas se mostram de extrema importância para decisões de gestores públicos. A qualidade das áreas verdes é percebida como boa e/ou muito boa pelos frequentadores do parque. No entanto, a segurança do parque e estacionamento, estão aquém das expectativas. Em suma, o parque de uma forma geral, se mostrou, por meio da percepção e relatos dos entrevistados, um parque que apresenta falhas em sua segurança, cuidados com a infraestrutura e manutenção dos mesmos. Como contribuições deste estudo destaca-se a percepção de frequentadores do espaço público urbano, a qual é fundamental para a manutenção e conservação desta área verde. Dessa forma, cabe aos gestores analisar as avaliações dos frequentadores entrevistados. Os resultados dessa análise poderão servir como ferramenta e instrumento para desenvolvimento de atividades e projetos de Educação Ambiental visando a melhoria para a gestão do parque e sociedade.

Conflitos entre a agenda habitacional e a ambiental na cidade de São Paulo: superar a leitura setorial a partir da perspectiva da Ecologia Política Urbana
Rayssa Saidel Cortez ; Vanessa Lucena Empinotti
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Em consideração a persistência das degradações ambientais e dos processos de injustiça social no meio ambiente urbano, as pesquisas em planejamento podem pautar a democratização do acesso à cidade sob aspectos territoriais, isto é, sociais e políticos. Neste sentido, a Ecologia Política propõe abrir perspectivas para as abordagens interdisciplinares, pois sugere a interpretação de conflitos espaciais sem separar os componentes humanos e não-humanos. O presente artigo consiste em uma síntese de revisão bibliográfica acerca do tema do meio ambiente e seus conflitos com o Direito à Moradia na cidade de São Paulo, além da apresentação do debate feito na agenda da Ecologia Política Urbana em outros contextos, para avançar nas análises da questão socioambiental no desenvolvimento urbano paulistano. Por fim, ao discutir esta perspectiva teórica e prática, o artigo se posiciona como uma proposta às pesquisas que busquem a efetivação de maior justiça socioambiental nas cidades brasileiras.

O Parque Nacional da Serra do Divisor/Acre: instrumentação preliminar em defesa da implantação de um instituto socioambiental como fortalecimento da Unidade Conservação
Rita de Cássia Barros Esteves ; Vera Santana Luz
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O Parque Nacional da Serra do Divisor (PNSD) foi criado pelo Decreto Federal n0 97.839, de junho de 1989 com o objetivo de proteger e preservar o ecossistema existente. Localizado a noroeste do Estado do Acre, o Parque ocupa uma área de aproximadamente 843.000 hectares, abrangendo as bacias do Rio Ucayali, no Peru e Juruá no Brasil, cuja vegetação é composta pelo bioma amazônico. Os povos tradicionais que já habitavam o território se dividem em índios, ribeirinhos, posseiros e descendentes de ex-seringueiros. Este artigo ressalta a importância da efetiva preservação ambiental e da manutenção dos povos locais, analisando o Plano de Manejo para uma possível implantação de um instituto socioambiental como alternativa de fortalecimento da proteção, pesquisa científica, educação ambiental e gestão da Unidade de Conservação.

O CONCEITO DE INFRAESTRUTURA E A GESTÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS. A aplicação do conceito de vazão de base em projetos da Região Metropolitana de São Paulo (Brasil)
Robson da Silva Moreno ; Sandra Irene Momm Schult
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A inédita concentração populacional em áreas urbanas nesse início de século e os problemas socioambientais correlatos demandam a busca de novos paradigmas que respondam ao suporte das diversas atividades urbanas. Ante a um quadro cada vez mais complexo, a revisão do padrão das infraestruturas, faz parte desse arcabouço. Desde o final do século XX, várias cidades do Norte Global vêm experimentando profundas revisões conceituais em infraestruturas, em especial, as de drenagem urbana. Assim, a Infraestrutura Verde (IV) emerge como um conceito amplamente divulgado, que vem sendo adotado para mitigar e compensar o quadro crescente de degradação ambiental e, ao mesmo tempo, contribuir na adaptação urbana frente as mudanças climáticas. No âmbito da IV, a gestão das águas pluviais é um dos elementos chave na reversão dos problemas hidroclimáticos e na melhoria da qualidade das águas no meio urbano. No entanto, a abordagem da IV ainda é pouco adotada nas cidades do Sul Global, especialmente na América Latina. Este artigo aborda a gestão de águas pluviais, especificamente a técnica da vazão de base, em projetos em São Paulo e Guarulhos, na Região Metropolitana da São Paulo. A partir das experiências é possível discutir a aplicação do conceito de IV em consonância com as peculiaridades das grandes cidades latino-americanas.

Proteção Ambiental e Conflitos Territoriais: reflexões a partir das bordas metropolitanas de Natal/RN
Ruth Maria Da Costa Ataide ; Nathalia Azevedo de Melo
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Desde meados da década de 1980, os temas relacionados ao planejamento ambiental e urbano e a garantia do direito à moradia têm ganhado destaque na agenda de debates da sociedade e da produção da politica urbana nas esferas de governo. O presente artigo discute as fragilidades socioambientais da Região Metropolitana de Natal, destacando os conflitos territoriais e normativos presentes nos limites dos municípios de Natal, São Gonçalo do Amarante, Parnamirim e Extremoz. Evidenciam-se as dificuldades de efetivação das normativas ambientais e urbanísticas aplicadas aos espaços protegidos contínuos das bordas desses municípios, assim como a ausência de gestão metropolitana. Essas constatações comprometem às determinações do Estatuto da Cidade incorporadas aos Planos Diretores municipais, assim como do Estatuto da Metrópole, que orientam para a garantia do direito à cidade e do equilíbrio socioambiental.

ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE URBANAS: O USO DE SOLO COMO ESPAÇO PÚBLICO COMO FORMA DE MITIGAÇÃO DOS CONFLITOS DA EXPANSÃO URBANA
Samantha Busnello ; Daniele Regina Pontes
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Em um cenário onde a qualidade de vida e sustentabilidade urbana estão entrelaçadas a fatores como desenvolvimento social e econômico, infraestrutura, meio ambiente e paisagem, a preservação ambiental dentro do meio urbano não pode ignorar as dimensões culturais e as relações de poder existentes perante as limitações ecologias. Quando os atributos ecológicos urbanos são utilizados seguindo a lógica capitalista das cidades brasileiras, a adaptação os interesses particulares, sobre tudo os econômicos, ao uso dos recursos ambientais os resultados do uso dos espaços das áreas de preservação nem sempre são democráticos. Nesse sentido com a inserção da questão urbano-ambiental dentro do planejamento urbano as APPs urbanas assumem o papel de espaços de preservação, conservação e ao mesmo tempo em que se apresentam como espaços ideais para mitigar os efeitos da expansão urbana aos moldes das dinâmicas capitalistas.

ÁREAS DE RISCOS: PONTOS DE INUNDAÇÕES Impactos no Processo de Urbanização em Campinas/SP
Simone Bandeira de Souza ; Camila Fernanda Ignácio ; Carina Giovana Cipriano Carvalho
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A intensificação do processo de urbanização da cidade de Campinas (1970) promoveu novas ocupações humanas, transformando a paisagem e as relações com os espaços dos cursos d’água, através do ambiente construído com seus equipamentos urbanos. O alto processo de urbanização verificado nas últimas décadas, em especial nas chamadas cidades médias, corroborou para que problemas ambientais urbanos se intensificassem de maneira generalizada. As variáveis apresentadas pelo fenômeno das inundações têm se constituído como uma das mais relevantes por acarretar danos nas esferas socioambientais. Neste sentido o presente artigo aborda as áreas de riscos, tendo como destaque, os pontos de inundações. Objetiva-se traçar um paralelo relacional entre o processo de urbanização e os pontos de inundações da sub-bacia hidrográfica do Tanquinho. Apresentam-se os pontos das áreas de risco que são altamente urbanizadas.

Drenagem de águas pluviais e sua relação com as práticas de urbanização: Estudo de caso do Ribeirão Grande em Ribeirão Pires/SP
Simone Rita Monteiro
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O intuito desta pesquisa é o de analisar as condições do sistema de drenagem urbana das águas pluviais no município de Ribeirão Pires/SP, tendo como foco trecho central do Ribeirão Grande, principal curso d'água do município, que sofreu ações de canalização por conta da urbanização da região central da cidade. A metodologia desta pesquisa é documental e se baseia em registros de documentos produzidos acerca do tema drenagem urbana, complementando os dados encontrados através de visitas realizadas em campo. Como proposta de intervenção, segue um breve estudo sobre a viabilidade de obra de drenagem e pavimentação do trecho seguinte ao analisado, o qual poderá beneficiar diretamente a população residente nas adjacências (aproximadamente 1.000 famílias), bem como todo o município. O interesse neste trabalho nasceu da necessidade de se realizar um estudo, ainda que de forma primária, das condições de drenagem do referido curso d'água, uma vez que até o momento não existem documentos acadêmicos produzidos sobre o tema no município de Ribeirão Pires. Portanto, o estudo poderá futuramente servir como um instrumento de apoio para a revisão do Plano Municipal de Drenagem Urbana, indicando os problemas encontrados, medidas para a mitigação dos mesmos e proposta de planejamento para as condições futuras.

A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO E A CONSTITUIÇÃO DE CONFLITOS, VULNERABILIDADES E RISCOS SOCIOAMBIENTAIS: Um olhar relacional para as cidades de Camboriú e Balneário Camboriú - SC
Stephanie Luise de Pinho ; Renata Rogowsky Pozzo
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Os conflitos territoriais urbanos resultam do embate entre modelos de valores da cidade, que podem ser divididos de forma abrangente entre valores de uso e de troca. O artigo demonstra como estes conflitos produzem vulnerabilidades e riscos socioambientais a partir do contexto de duas cidades catarinenses cuja história e tecido urbano estão entrelaçados: Camboriú e Balneário Camboriú. Os desastres socioambientais urbanos, costumam ter sua justificativa de causa e origem atrelados a ocupação irregular dos territórios por parte das classes populares, para desmistificar este discurso, o ensaio revela os processos que ocasionam a ocupação de territórios ambientalmente frágeis. Como resultado, tem-se que a desigualdade social é fator expositor de populações ao risco socioambiental e que o entendimento quanto às causas das tragédias ambientais frequentes no Brasil passa fundamentalmente pelo estudo social da urbanização brasileira.

CIDADE, SANEAMENTO E MEIO AMBIENTE
Társia Louane Batista da Silva
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O Brasil segue a tendência mundial de aumento da população nos territórios urbanos. Esse processo de urbanização é gerador de impactos sociais, econômicos e ambientais, mas seus danos podem ser mitigados pela adoção de medidas que contribuem para um desenvolvimento sustentável, como o saneamento ambiental. O presente trabalho teve como objetivo compreender de que formas o meio ambiente é afetado pela urbanização e como o saneamento ambiental ajuda a preservá-lo nesse contexto. Os métodos de pesquisa utilizados foram a análise documental de relatórios de institutos internacionais e nacionais, bem como a revisão bibliográfica de obras que abordam o tema. Concluiu-se que o saneamento ambiental é instrumento essencial para o desenvolvimento sustentável, especialmente para o meio ambiente, na medida em que preserva os recursos naturais diante da crescente demanda de produção de bens de consumo necessários para atender o modelo de vida das cidades.

What hinders implementation of Nature Based Solutions
Tomi Werner Heilala ; Tatiana Gadda
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Nature-Based Solutions (NBSs) are nature-inspired approaches aimed at solving environmental-, social- and economic issues, such as unsustainable living and climate change. Nature-Based Solutions (NBSs) are nature-inspired approaches aimed at providing solutions to intricate social, environmental and economic challenges, such as climate change, air quality, water flow control and unsustainable living. NBSs refer to methods such as restoration or creation of waterbodies or green systems that aim at, for example, climate change mitigation, air purification, water flow control and water treatment. In this study, deeper focus was set on green solutions (urban trees, green walls and green roofs). Currently the concept of NBS is at its development stage as it is relatively new and still loosely defined. Based on a literature review, we propose that NBS is used as an umbrella concept for similar concepts (e.g. green-blue infrastructure, ecological engineering), with the additional remark that it should have an instrumental value for solving current problems in a sustainable way. This requires validating and evaluating NBS results in order to assure their comparative efficiency/benefits in comparison to traditional approaches. This, however, is still to be developed and is today an important weak point of the approach, which prevents its spread. Although there are several reports claiming NBSs are efficient for multiple purposes, the results are generally not statistically valid. Among other factors, low number of replicates, lack of proper indicators for impact evaluation and lack of comparative studies between traditional and NBS-approaches are a cause of concern. Hereby, we conclude that there is a need for further studies on NBSs before they can be considered as practical solutions. In order to hasten future research, we identified the major weaknesses, knowledge gaps, impacts, impact mechanisms and the most influential factors that affect impact effectiveness regarding NBSs.

ANÁLISE DE EIAs PARA LICENCIAMENTO AMBIENTAL NA ÁREA DE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO
Vanderlei Lanças Gomes, ; Everton Tiago Sulato ; Stephanie de Freitas Schorcht ; Vinícius dos Santos
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The exploitation of petroleum is a strategic activity for the development of many countries (including Brazil), for its economic value and energy potential. The whole exploration and production system, from the acquisition of direct and indirect seismic data, test phases and pilot wells to the production phase, generates considerable environmental impacts. The requirement of an Environmental Impact Study (EIA) for such an undertaking, aims at a complete analysis of the environmental impact assessment, the mitigating and compensatory measures. The objective of this work is to present an overview of the legislative requirements for the environmental licensing of the petroleum area and to perform a comparative analysis of EIAs in different basins of the Brazilian territory. The EIAs presented from oil companies follow the general legal instruments of environmental licensing, as well as specific laws dealing with the exploration and production of petroleum in Brazil. Relevant differences were found due to the contracting company, either by the scope of the EIAs presented, or its structure and the way in which each company interprets the legislative and environmental requirements of the petroleum area, demonstrated in the evaluation of environmental programs and its mitigating measures.

‘‘TURISTA LICENCIADOR
VANESSA MARQUES DA SILVA MORAES ; Luciano Silva Guedes
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Com relevância jurídica, a questão ambiental, constitucionalizada e tutelada no Direito Ambiental Brasileiro, depende o seu uso de prévio consentimento do Poder Público, por meio do procedimento de licenciamento ambiental. Desta feita, a atividade de loteamento urbano, passível de licenciamento ambiental, deveria sinalizar conformidades com a legislação urbanística e ambiental, contudo, dificilmente é o que acontece. Neste sentido, a cidade de Araguaína, norte do Estado do Tocantins, protagonizou a proliferação de loteamentos urbanos residenciais nos últimos anos. Fruto da ânsia do mercado aquecido pelas políticas públicas habitacionais, portanto, ávido por empreender loteamentos. Este aquecimento do mercado sobre uma determinada atividade implica em pressão no licenciamento ambiental, aumenta a demanda de processos, diminui o tempo de verificação dos estudos ambientais e consequentemente acarreta impacto à comunidade da área diretamente afetada. Assim, este artigo busca traçar um paralelo com o licenciamento ambiental de loteamentos residenciais urbanos e o turista de Bauman, com fito à demonstrar a vulnerabilidade deste licenciamento ambiental e suas implicações no meio ambiente e sociedade.

ANÁLISE AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO TAMANDUÁ EM APARECIDA DE GOIÂNIA/GO
Wesley da Silva Belizario
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O objetivo desta pesquisa foi avaliar a condição ambiental da bacia hidrográfica do córrego Tamanduá, localizada na área urbana de Aparecida de Goiânia/GO. Foi elaborado um Protocolo de Avaliação Ambiental composto por 19 parâmetros específicos para análise de ambientes lóticos. Cada parâmetro recebeu valores 1, 3 ou 5 conforme o nível de degradação. A bacia hidrográfica foi dividida em 5 trechos onde aplicou-se o protocolo. Constatou-se 4 trechos de condição ambiental regular, com ambientes alterados e classificados como ecossistemas de Classe C. Somente 1 trecho enquadrou-se como ecossistema de Classe B, preservado e de boa condição ambiental. Nenhum trecho foi Classe A. De modo geral, a bacia hidrográfica foi enquadrada como ecossistema de Classe C, sendo um ambiente alterado e de condição ambiental regular. A metodologia utilizada foi capaz de proporcionar uma análise efetiva da bacia hidrográfica supracitada e incitar reflexões sobre possibilidades de ações positivas no ambiente.

Pescadores Artesanais e o COMPERJ -Discursos ambientais e disputas territoriais
Yana dos Santos Moyses
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O artigo analisa as disputas territoriais estabelecidas antes e depois do processo de implantação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ) no Município de Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro entre os anos de 2006 e 2015. Identifica-se nessa disputa o acionamento/construção de dois grandes discursos ambientais concorrentes. De um lado, os agentes do COMPERJ, a partir do uso da categoria de desenvolvimento sustentável, pautada no lócus de enunciação universal, constroem um discurso uno e global. Dentro desse discurso de cunho economicista, o território é compreendido apenas como recurso econômico, passível de negociação, e os pescadores artesanais, como improdutivos, sem conhecimento e degradantes. De outro lado, os pescadores artesanais constroem um discurso ambiental politizado, pautado na diferença, a partir de três categorias-chave: território, identidade e memória. Dentro desse discurso, o território é compreendido como patrimônio de existência e os pescadores artesanais, como sujeitos dotados de saberes e fazeres. Verifica-se que a disputa por discursos ambientais representa uma disputa territorial, bem como por projetos políticos para a Baía de Guanabara.

NOSSO DIREITO A CIDADES SUSTENTÁVEIS: a preservação, o acesso e o consumo da água em Brasília.
Yara Maciel Camelo ; Paulo Fernando Lisbôa de Vasconcelos ; Sávio Tadeu Guimarães
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Amparado em questões vinculadas à gestão do território e seus desdobramentos, o presente trabalho tem como objetivo contribuir com a discussão sobre os atuais desafios do direito à cidade no que se refere a seus recursos naturais. Para tanto, parte de um olhar crítico sobre o conceito de sustentabilidade, trazendo uma análise de aspectos sobre o direito de acesso à água potável como recorte investigado a partir de Brasília e do Distrito Federal. O pano de fundo de tais reflexões é a proteção do meio ambiente como um direito intergeracional, analisando-se parte da legislação e doutrina do campo em associação com referências bibliográficas e casos afins na atualidade.

ST 08 – Técnica,Tecnologia, Inovação e Mudanças Socioespaciais
Soluções tecnológicas na agricultura familiar: um método de sistematização e catalogação.
Alex Alexandre Mengel ; Silvia Lima de Aquino
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O presente trabalho é parte do resultado de uma pesquisa denominada "Análise do papel dos agricultores na produção de soluções tecnológicas para a agricultura familiar", que teve sua execução iniciada no ano de 2016. O objetivo desta pesquisa é apreender como acontecem os processos de criação de soluções tecnológicas na agricultura familiar, bem como, as razões que levam os agricultores familiares a desenvolverem soluções próprias para seus problemas produtivos. Tendo em vista o objetivo descrito, um desafio existente é localizar os indivíduos que desenvolveram alguma solução tecnológica, e, por conseguinte, as soluções desenvolvidas. Este trabalho objetiva apresentar o método que a equipe utilizou para localizar os indivíduos desenvolvedores de alguma solução tecnológica, bem como as soluções desenvolvidas por eles. Ademais, procurará apresentar os problemas enfrentados na definição deste método, assim como, os problemas enfrentados no processo de localização, catalogação e sistematização das soluções tecnológicas desenvolvidas pelos agricultores e demais atores da agricultura familiar.

“CAMPINA 2035”, CIDADE INTELIGENTE? UMA ANÁLISE DO PROCESSO DE REESTRUTURAÇÃO URBANO-REGIONAL DA RM DE CAMPINA GRANDE VIA “COMPLEXO ALUÍZIO CAMPOS”
ALEXANDRE SABINO DO NASCIMENTO
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Esse pesquisa exploratória objetivou inicialmente desnudar o discurso subjacente de agentes nacionais e internacionais ligados há uma urbanização neoliberal, somada a características da nova economia ligada ao desenvolvimento das TICs e da inovação, que aclama a necessidade da formação de sistemas regionais de inovação ou ecossistemas da inovação como panaceia que resolverá os problemas econômicos e sociais dos mais diferentes espaços urbano e regionais. A cidade de Campina Grande não fica de fora do desejo de se enquadrar nesse modelo de cidade inteligente encampado por uma nova agenda urbana global. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental que analisa a construção do Plano Estratégico de Desenvolvimento para Campina Grande 2035, que se apresenta como tentativa de materialização do desejo de inserção competitiva dessa cidade. Apontou-se algumas incongruências da implementação de certas ideais com a realidade concreta dos espaços de cidades periféricas do capitalismo global. Como a falta de adequação das cidades receptoras no tocante a estruturas físicas e virtuais, falta de mão de obra especializada. Observou-se a replicação de modelos ou “boas práticas” de forma incondicional pelas mais diferentes realidades espaço-temporais.

Mapeando os invisíveis: Desafios e importância em mapear as remoções na Região Metropolitana de São Paulo
Aluízio Marino
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O Observatório de Remoções é um projeto de pesquisa-ação que realiza, desde 2012, um mapeamento das remoções e ameaças de remoção na Região Metropolitana de São Paulo. O objeto do mapeamento abrange processos de remoção coletivos, que afetam grupos ou comunidades. O objetivo é compreender e dar visibilidade as remoções, bem como fortalecer os processos de resistência e de luta pelo direito à cidade. O mapeamento possui caráter colaborativo e conta com a participação de lideranças de movimentos de moradia, impactados ou ameaçados de remoção e profissionais que atuam pela garantia do direito à moradia. O artigo explora os desafios e a importância do mapeamento das remoções, especialmente do seu caráter colaborativo, analisando as potencialidades e limites no engajamento dos impactados e ameaçados de remoção.

Em que cesta colocar os ovos: A peleja do Porto Digital entre promoção do setor de software e valorização imobiliária no Recife Antigo
Ana Cristina de Almeida Fernandes ; Norma Lacerda
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Nosso artigo objetiva analisar o Projeto Porto Digital, compreendendo-o como iniciativa mobilizada por coalizão que vem se renovando ao longo dos 20 anos desde a criação do parque tecnológico focado em Tecnologia de Informação (TI). Suas ações vêm transformando a paisagem do Centro Histórico do Recife, expressando duas tendências: um desempenho econômico acanhado das empresas do setor, frente ao das principais capitais, e um vigoroso movimento de valorização imobiliária na sua área de abrangência, levantando hipótese de que prevaleceria um comportamento rentista sobre a promoção de inovação tecnológica. Resultados incluem caracterização da TI, trajetória das legislações federal e municipal para o setor, desempenho deste no Recife e em outras capitais selecionadas no período 2007-2017, usando RAIS/MTE, cotejando à evolução da valorização imobiliária ocorrida no período 2001-2017 na área de abrangência do PPD. Concluímos, indicando necessidade de revisão nas mencionadas normativas.

O território como tecnologia de mediação social: a customização territorial dos aplicativos móveis
Ana Lúcia Abrão Latrônico ; Marcos Antonio Mattedi
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As novas tecnologias de informação e comunicação vêm alterando o contexto em que vivemos nas mais variadas escalas. Por isso, se tornaram também uma importante ferramenta de gestão dos problemas contemporâneos, especialmente dentro do conceito de cidades inteligentes. Desta forma, o presente artigo tem como objetivo investigar as relações entre território e tecnologia, observando que a tecnologia é produtora de territórios, mas nem todo território produz a mesma tecnologia. Esta relação será explicada por meio da análise da customização territorial dos aplicativos móveis AlertaBlu (Blumenau/SC) e Onde Tem Tiroteio (Rio de Janeiro/RJ). Os resultados indicam que estes aplicativos são criadores de territórios, uma vez que demarcam os locais seguros e inseguros das cidades onde atuam. Estes territórios, por sua vez, atuam como uma ferramenta de mediação social, pois ajudam o usuário a monitorar sua vulnerabilidade em caso de desastres, ou a traçar rotas alternativas em caso de tiroteio.

INDICADORES DE SEGREGAÇÃO URBANA
Ana Luisa Maffini Machado
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A segregação urbana é fenômeno inerente às cidades. Analisada inicialmente de forma teórica, a segregação passou a ser medida na década de 1950 por indicadores quantitativos, mais tarde transformados em espaciais, até por fim chegarmos a modelos urbanos que analisam as propriedades espaciais da morfologia das cidades. A América Latina possui histórico de desenvolvimento das cidades diferente da Europa e América do Norte, e seus fenômenos urbanos não podem ser analisados da mesma forma. Nesse contexto, a população brasileira representa 50% da população da América do Sul, fazendo do Brasil um país representativo para a aplicação dos estudos de segregação. Estando na lista das 10 nações mais desiguais em renda do mundo, a principal forma de segregação no Brasil é de origem socioeconômica. O objetivo deste artigo é apresentar uma breve revisão de algumas medidas e indicadores de segregação e fazer uma aplicação empírica de algumas dessas medidas, permitindo a discussão das semelhanças e diferenças das medidas. As conclusões buscam ampliar as discussões frente os diferentes indicadores de segregação quando aplicados em cidades brasileiras.

CIDADES INTELIGENTES: PARA QUÊ E PARA QUEM?
ANA LUIZA MECA DE SOUZA TOFFANO
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As grandes transformações de ordem técnica trouxeram mudanças na organização das cidades e nas formas de cooperação para o trabalho. Surgem, então, as chamadas cidades inteligentes. Mas o que são cidades inteligentes e pra que servem? E, o mais importante: a quem servem? Esse artigo objetiva alcançar possíveis respostas a essas perguntas, pois há vários modelos de cidades inteligentes, porém não há um conceito definido. Faz se necessário verificar como a instrumentalização da tecnologia pode melhorar a qualidade de vida nas cidades. E, para que isso ocorra, é preciso permitir acessibilidade às informações, sempre levando em consideração o contexto de cada cidade, suas características culturais e diferenças locais, regionais e nacionais. É preciso, ainda haver um interesse individual em prol do coletivo. Assim, é fundamental que nos preocupemos em participar, planejar, senão corremos o risco de ter apenas cidades digitais, “feitas por poucos e para poucos” com serviços e tecnologias que “não interessam” a coletividade, não sendo, portanto, inteligentes de fato.

Políticas de Inovação na Região Metropolitana de Natal: um estudo sobre as tecnologias da informação e comunicação e suas áreas de atuação na porção funcional metropolitana potiguar
Cadmiel Mergulhão Onofre de Melo
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A partir da revolução informacional, a disseminação e uso de informação permitiu reestruturações econômicas, produtivas e socioespaciais a nível global, com o auxílio das novas tecnologias. Contudo, essa rede não apresenta semelhantes condições informacionais. O Brasil ainda encontra dificuldades na elaboração das políticas de inovação e no tratamento da questão. Esse tratamento replica-se nos demais territórios. No Rio Grande do Norte, tais políticas concentram-se na Região Metropolitana de Natal, em sua porção funcional. O presente trabalho visa apresentar as políticas de inovação atuantes na porção funcional desse recorte, focando na área das tecnologias da informação e comunicação (TICs). A metodologia consiste em uma abordagem qualitativa, utilizando pesquisa documental, bibliográfica e entrevistas semiestruturadas com os gestores dessas políticas. São encontradas no recorte políticas de inovação e TICs atuantes em várias áreas que munem o território com grandes potencialidades.

ASCENSÃO OU SEGREGAÇÃO DOS “TERRITÓRIOS CRIATIVOS”: reflexões sobre os desdobramentos e conflitos da economia criativa nos espaços urbanos.
Caio Cesar Marinho Rodrigues de Souza
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O artigo objetiva analisar os desdobramentos e conflitos da economia criativa no desenvolvimento dos territórios urbanos globalizados pós-modernos, que buscam dar novas dinâmicas para áreas de “vazios urbanos”, patrimônios e áreas de interesse de valorização por meio do neoliberalismo, sendo que muitas destas propostas buscam "maquiar" as realidades do entorno, seguindo os conceitos do economista norte-americano Richard Florida. Desta forma o artigo irá trabalhar dentro das diversas visões e aplicações da economia criativa, principalmente as de Florida, sobre as “classes criativas” e a busca das cidades pela incorporação dos “3 T’s” (Tecnologia, Talento e Tolerância), porém indagando e questionando onde se encontra o “I” de “Inclusão” dentro destas visões sobre os desdobramentos nos territórios urbanos, identificando por final, perspectivas e principalmente os embates/conflitos gerados.

ESTUDO DA MORFOLOGIA URBANA DE UM ASSENTAMENTO POPULAR A PARTIR DA CLASSIFICAÇÃO SUPERVISIONADA DE IMAGENS DE SATÉLITE
Davi Ramalho Rodrigues de Andrade ; Daniel Ribeiro Cardoso
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O presente trabalho busca investigar o potencial da modelagem da informação na compreensão de morfologia urbana de assentamentos populares urbanos. Objetiva-se aqui aprimorar o conteúdo do Banco de Dados (BD) em desenvolvimento no Laboratório de Experiências Digitais da Universidade Federal do Ceará (LED-UFC) através da implementação e interpretação de imagens orbitais adquiridas junto ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil (INPE). Com o apoio dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG), através do Processamento Digital de Imagens (PDI) matriciais geradas pelos sensores/satélites TM/Landsat 5, ETM+/Landsat 7 e OLI/Landsat 8, pretende-se fazer uma leitura das transformações urbanas observadas nos anos de 1985, 2002, 2013 e 2017 em um bairro da cidade de Fortaleza. Apesar da baixa resolução das imagens adquiridas percebeu-se uma clara expansão da massa urbanizada da região ao longo dos anos. Tal expansão veio acompanhada de uma redução na cobertura de vegetação e de água do território e, nos últimos anos, no surgimento de aglomerações industriais e institucionais que o levantamento disponibilizado pela gestão local não demonstrava.

ALTERNATIVAS A CRISE DA MOBILIDADE URBANA EM REGIÕES PERIFÉRICAS SEGREGADAS. O caso da JAUBRA na Brasilândia – São Paulo – Brasil
Dayana Brainer da Silva Furtado ; Jane da Cunha Calado ; Cristiano Capellani Quaresma
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A crise da mobilidade em São Paulo prejudica principalmente a população de menor renda, usuária do transporte coletivo. Os problemas de transporte e mobilidade que afetam áreas periféricas, implicam no aprofundamento das desigualdades sociais e prejudicam o desenvolvimento socioeconômico dessas regiões. Iniciativas que se utilizam de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s), como as Operadoras de Tecnologias de Transporte (OTTC’s), podem se tornar limitadoras e excludentes, pois vão contra as especificidades locais e as desigualdades sociais e espaciais de áreas urbanas segregadas. A partir da estratégia local desenvolvida na Brasilândia, em São Paulo, Brasil, frente a ausência de serviços de mobilidade fornecidos por táxis e tecnologias de transportes, realizou-se um estudo exploratório baseado em entrevistas com moradores locais e os responsáveis pela JAUBRA, levantamento bibliográfico, análise documental análise e estudo de caso.

CIDADANIA DIGITAL, CIDADES DIGITAIS E INCLUSÃO DIGITAL: OS NOVOS DESAFIOS PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL EM LAURO DE FREITAS-BA
DENISE LEFRANÇOIS ; Prof. Manoel Joaquim Fernandes de Barros, ; PROF. EDIVALDO MACHADO BOAVENTURA
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O objetivo principal desse artigo é demonstrar como a cidadania digital, o Programa Cidade Digital e a nova perspectiva de Inclusão Digital podem ser um vetor para o desenvolvimento regional. Sendo assim, a preocupação com o desenvolvimento regi-onal é um fator constante das políticas públicas atuais e ganha destaque, na medida em que se reconhecesse o direito ao desenvolvimento como direito fundamental, conferido ao Estado através da Constituição Federal. O desenvolvimento regional, além de objetivo fundamental e princípio jurídico, deve combater as disparidades so-ciais e econômicas. De natureza qualitativa e caráter analítico, esse artigo utilizou-se da pesquisa bibliografia e do método estudo de caso para a sua construção. O resul-tado esperado com o mesmo, foi compreender como a implantação do Programa Ci-dades Digitais, no município de Lauro de Freitas-Ba, pode ter contribuído para o de-senvolvimento, haja visto que solicita, da sua população, uma maior conscientização do seu papel de cidadão.

Economia de Pernambuco: dinâmica recente, transformações relevantes e desafios
Fabio Lucas Pimentel de Oliveira ; Leonardo Guimarães Neto
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O artigo examina a trajetória recente da economia pernambucana, apontando as principais transformações ocorridas nos últimos anos, bem como os impactos decorrentes da crise em curso. Articula, aos já tradicionais enfoques macroeconômico e setorial, considerações sobre os agentes empresariais que tomaram parte em dito processo, apontando as principais mudanças e permanências que constituem desafios futuros. Atribui especial ênfase às transformações técnicas que estiveram associadas à dinâmica econômica e empresarial no Estado, discutindo os desafios à definição de uma estratégia estadual de desenvolvimento em contexto de crise econômica e política, mas, sobretudo, de perda de capacidade de comando sobre a riqueza gerada em Pernambuco.

PREVISÃO DE MORBIDADE EM CIDADES Um estudo da poluição atmosférica e doenças respiratórias na Região Metropolitana de Curitiba (RMC)
Fabio Teodoro de Souza
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Nas últimas duas décadas, a urbanização se intensificou, e no Brasil, cerca de 90% da população agora vive em centros urbanos. Padrões atmosféricos têm mudou devido à alta taxa de crescimento das cidades, com consequências negativas para a saúde pública. Essa pesquisa visa elucidar os padrões espaciais da poluição atmosférica e doenças respiratórias. Um modelo baseado em dados para ajudar gestão urbana para melhorar as políticas de saúde pública sobre a poluição do ar é descrito. Um exemplo de preparação de dados e análise multivariada com inventários de diferentes cidades da Região Metropolitana de Curitiba foi estudado. Um modelo preditivo com excelente precisão na previsão de surtos foi desenvolvida. A previsão da morbidade é uma estratégia sustentável para minimizar os efeitos dos surtos dessas doenças, pois aumenta o período de preparação das equipes de saúde, permite a promoção de campanhas de prevenção, otimiza os custos médicos e hospitalares, e elucida os padrões de ocupação das cidades pertinentes à gestão urbana. Os resultados preliminares descrevem relações relevantes entre escalas de morbidade, níveis de poluição do ar e padrões sazonais. O conhecimento reunido aqui contribui ao debate sobre questões sociais e políticas públicas. Além disso, os resultados deste estudo de menor escala podem ser estendido às megacidades

Google Street View e a ressignificação do espaço urbano
Fernanda de Freitas Lima
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O propósito deste artigo é compreender como a falta do mapeamento virtual de determinados espaços, pelo Google Street View, é capaz de afetar o senso de pertencimento dos sujeitos que neles residem e o acesso à informação sobre esses espaços aos usuários, fazendo com que essas realidades fiquem à margem. Para isso, leva-se em consideração a relação entre cidade e cibercultura na reconfiguração e ressignificação do espaço urbano, que no caso da plataforma, ao simular espaços físicos tangíveis, não simula apenas suas imagens, mas as narrativas em seu entorno. Assim, propõe-se que, com a falta do mapeamento, é possível perceber o espacialmente excluído dentro da realidade virtual, que revela o socialmente excluído. Dentro de uma visão mais ampla a respeito do consumo, que engloba experienciar as coisas ao nosso redor, o presente artigo busca refletir de que maneira o consumir a cidade afeta o direito a ela.

Mudanças produtivas e socioespaciais: a formação de um complexo produtivo urbano e agroindustrial na porção sul de Goiás
Fernando Campos Mesquita
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De uma região onde até finais do século XIX apenas a pecuária despontava como atividade de maior rentabilidade, a porção Sul de Goiás se transformou em um dos principais polos do agronegócio nacional. Além da pecuária, a região se passou a se destacar na produção soja, milho, suinocultura, avicultura e de cana-de-açúcar. Essa não foi uma transformação simples, mas envolveu diferentes formas de organização da região. A partir do estudo da formação econômica do Sul de Goiás, o objetivo do artigo é analisar como que a combinação entre mudanças produtivas e socioespaciais transformaram uma região pouco dinâmica em um dos polos da agropecuária nacional. Para isso, foi feita uma divisão das mudanças produtivas do Sul de Goiás em quatro fases. As mudanças socioespaciais foram divididas em quatro possibilidades baseadas na intensidade que o sistema produtivo induz forças de fragmentação e integração. Utiliza-se a ideia de complexo produtivo urbano e agroindustrial (PAGE; WALKER, 1991) para levantar categorias de análise que permitam discutir as mudanças que o Sul de Goiás passou até atingir o patamar contemporâneo de crescimento agropecuário.

Organização espacial do setor terciário no contexto da economia compartilhada e das tecnologias disruptivas - Um estudo sobre a cidade de São Paulo
Fernando dos Santos Calvetti
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O trabalho propõe o estudo de possíveis mudanças causadas por novas relações sociais e econômicas na lógica espacial do setor terciário e na morfologia urbana. Para tanto, o trabalho, ainda em fase inicial, está estruturado da seguinte forma: inicia revisando a relação de causa e efeito entre cidade e comércio. Essa revisão leva ao conceito de lugar de consumo e consumo de lugar numa abordagem que discute as novas relações na sociedade contemporânea e o uso de novas ferramentas para elas, impulsionadas pelo uso da internet, como redes sociais. A lógica de relações descentralizadas é analisada sob o ponto de vista das novas relações econômicas e de prestação de serviços. Parte-se de uma análise da descentralização da oferta de serviços de hospedagem e hotelaria para finalmente discutir os impactos dessa nova realidade no uso do solo e na lógica locacional de todo o setor terciário na cidade. Neste contexto se analisa a cidade de São Paulo a partir de suas relações de uso.

O EMPREGO DA CARTA GEOTÉCNICA DE APTIDÃO À URBANIZAÇÃO. Debate sobre o licenciamento do Centro Logístico Campo Grande, Santo André, SP
Fernando Rocha Nogueira ; Silvia Helena Passarelli ; Rodolfo Moura ; Leonardo Santos Salles Varallo
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Carta Geotécnica de Aptidão à Urbanização (CGAU) é um importante instrumento para o planejamento do território, identificando restrições e potencialidade de uso da terra e apontando diretrizes para possíveis usos do solo em áreas ainda não ocupadas. O artigo apresenta como as diretrizes da CGAU serviram de suporte da discussão pública sobre os possíveis impactos da implantação do Centro Logístico Campo Grande, no Distrito de Paranapiacaba, município de Santo André, SP. Para tanto, apresenta a base conceitual metodológica que dá suporte à elaboração das cartas de aptidão à urbanização, descreve as principais características da CGAU de Santo André e discorre sobre os impactos ambientais identificados a partir da leitura da carta e de outros elementos sobre a região onde se pretende implantar o empreendimento.

PARQUES TECNOLÓGICOS E CENTRALIDADES URBANAS: O CASO DO TECNOPUC REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE
GHISSIA HAUSER ; Heleniza de Avila Campos ; Diogo Onofre do Souza ; Augusto Salvadoretti
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Na nova economia, as cidades retomam a função de centro produtivo que haviam perdido quando a produção em massa tornou-se o modelo produtivo dominante. De fato, a cidade é o melhor lugar para a produção da crescente demanda de serviços por parte das empresas de todas as indústrias. Nesse contexto, os parques tecnológicos são locais que oferecem condições vantajosas para abrigar filiais e sedes de empresas dos setores mais inovadores. Os parques tecnológicos, no entanto, possuem lógicas de relação com a cidade e a região em que estão instalados que não estão suficientemente estudadas. Este trabalho procura mostrar que as atividades produtivas das empresas dos parques tecnológicos geram inúmeros fluxos de informação com o espaço global. Por essa razão, são locais com alta densidade informacional, podendo configurar novas centralidades urbanas, baseadas na inovação tecnológica. Complementarmente, buscaram-se elementos para compreender se os parques tecnológicos transformam o seu território de entorno imediato e, como última questão, o artigo traz elementos de reflexão sobre como os trabalhadores da nova economia se relacionam com a cidade. O parque tecnológico Tecnopuc foi escolhido para o estudo de caso, por estar em Porto Alegre, capital da Região Metropolitana, e figurar entre os quatro mais importantes parques do Brasil.

TYPES OF ENTREPRENEURS IN POPULAR VIS-À-VIS CONVENTIONAL SHOPPING MALLS
Gilmar Chagas ; Anderson de Souza Sant'Anna ; Daniela Martins Diniz ; Reed Elliot Nelson
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This paper aims to present the results of a study oriented to investigate different economic, social, cultural and symbolic capitals mobilized by entrepreneurs in two shopping centers at Montes Claros (Brazil): a popular one – Quarteirão do Povo – , and the main town’s shopping mall. The goal is to understand the differences and similarities between these two modes of shopping centers regarding ventures and their entrepreneurs’ profiles. In order to this, a qualitative study was conducted using in-depth interviews with local entrepreneurs, touching on Bourdieusian concepts. The findings show a diversity of types of enterprises, as well as different levels of experience, education, origins and management profiles of the investigated entrepreneurs. The prevalence of two types of entrepreneurs can be observed: The Traditional and the Modern. In the case of the Quarteirão do Povo, those both types of entrepreneurs are present, and in the Shopping Mall, the Modern entrepreneur prevails.

ÍNDICE DE ACESSO À MORADIA DIGNA: Construção metodológica e resultados para o município de Santo André, SP
Guilherme Frizzi ; Carolina Moutinho Duque de Pinho
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A política e o modelo de produção habitacional adotados no Brasil vem apresentando consequências severas na supervalorização da terra urbana e dos imóveis, especulação imobiliária, periferização das cidades, aumento nos custos com infraestrutura e transportes e impacto no meio ambiente. Nesse contexto, o presente trabalho propõem a construção metodológica do Índice de acesso à Moradia Digna (IMD), um índice multidimensional que considera componentes complexos da inserção das famílias e domicílios no território à luz do conceito da moradia digna. O IMD foi construído e aplicado à realidade do município de Santo André. Os resultados mostram um baixo acesso à quase todas as dimensões da moradia digna em áreas de favelas, com exceção da dimensão Custo. Além disso, foram realizadas análises de clusters, sendo possível observar comunidades com acúmulos de vantagens e desvantagens. Essa pesquisa representa uma importante contribuição ao planejamento e gestão territorial, direcionamento e avaliação de políticas habitacionais, assim como para a representação espacial do acesso à moradia digna.

Simulando Cenários Urbanos Futuros: modelagem de dinâmicas do uso do solo como suporte ao planejamento urbano
Guilherme Kruger Dalcin ; André de Souza Silva
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Há um conflito entre a dinâmica das cidades contemporâneas e os instrumentos de ordenamento de seu território que existe, principalmente, porque as abordagens tradicionais de planejamento urbano não compreendem as cidades como sistemas complexos e auto organizados construídos a partir das interações de agentes locais. Para integrar tais conceitos à prática de planejamento, uma das opções é o uso de técnicas de modelagem que buscam prever a configuração futura do ambiente das cidades. Este trabalho procurou verificar se a utilização dessas ferramentas pode produzir resultados úteis à elaboração de planos e projetos. Para tanto, foram realizados estudos de casos de modelos das dinâmicas do uso do solo existentes na literatura e de suas aplicações, sendo as conclusões destas análises utilizadas para fundamentar uma proposta de método de tais recursos na prática de planejamento. Para verificar a viabilidade técnica de tal proposta, foi criado um protótipo computacional de um ambiente de modelagem. Ao fim, se verificou a utilidade dos instrumentos estudados em aspectos específicos do planejamento urbano.

HIPERLUGARES MÓVEIS: CONFIGURAÇÃO DAS FEIRAS LIVRES EM SÃO PAULO
HANIEL ISRAEL ; ISABELA GIANNELLA ; CLEMENTINE BRIAND ; VALTER CALDANA
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Hiperlugares móveis, conceito relativamente novo, se trata de uma pesquisa que intersecciona os campos das tecnologias, mobilidade e do urbanismo. Promovida pelo Institut pour la Ville en Mouvement, sediado na França, a pesquisa está sendo executada também em outros países. A equipe brasileira, adotou como objetivo deste trabalho a contextualização dos hiperlugares móveis com as feiras livres de São Paulo, sinalizando as mudanças de espaços ordinários de passagem para permanências prolongadas. Tendo como estudo de caso a Feira da Rua Martim Francisco, estabeleceu-se uma leitura analítica-descritiva com visitas e in-loco, paralelamente às revisões bibliográficas sobre o tema. O trabalho inicial serviu para elucidar a atualidade das feiras no contexto das tecnologias automotivas e para lidar com o desafio de conceituar o termo hiperlugares com a realidade local. Neste contexto, insere-se as argumentações sobre a atratividade e a resistência das feiras livres em São Paulo, com vistas a identificar o fenômeno da hipertextualidade e da hipermodernidade nos centros urbanos.

Mobilidade Urbana e Transporte Coletivo: Elementos e Técnicas para projetos de sistemas de Ônibus Intraurbanos
Heloisa dos Santos Pedroso ; Heloisa Valério Schweiss ; Thayná Mainardes Rocha ; Nisiane Madalozzo
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Considerado o contexto globalizado e crescentemente desigual das cidades, sobretudo as de países em desenvolvimento, a circulação tem tomado importância cada vez maior enquanto viabilizadora do acesso aos serviços urbanos e do cumprimento do direito à cidade. Entendendo o papel da mobilidade urbana enquanto política pública, considera-se que a mesma deve permitir identificar, analisar e avaliar os problemas urbanos, suas causas e consequências. Entende-se que soluções pontuais, que sejam dadas a questões especificamente relacionadas à circulação, terão, portanto, um alcance muito mais amplo do que apenas resolver um problema de tráfego: ao melhorar a circulação, melhora-se o acesso aos serviços como um todo, viabilizando o cumprimento do direito à cidade por todos os segmentos sociais. O objetivo Geral deste artigo é apresentar ferramentas e elementos de intervenção disponíveis para a viabilidade e eficientização do transporte coletivo, sobretudo pelo sistema de ônibus, nas cidades brasileiras. Foram analisadas normas e manuais disponíveis e recorrentemente utilizados para o planejamento de transporte coletivo nas cidades brasileiras, compilando práticas consideradas mais atuais e usualmente empregadas em sistemas de transporte coletivo urbano por ônibus. Assim, foram apresentadas as soluções encontradas, descrevendo sua execução e avaliando diferentes opções a fim de conferir sua viabilidade. Foram apresentados elementos de infraestrutura primária e secundária utilizados de forma corriqueira nos projetos de transporte coletivo intraurbano nas cidades brasileiras. Utilizando-se de tais elementos e das determinações das normas, legislações e manuais a respeito do tema, entende-se que é possível oferecer um sistema de transporte eficiente e que colabore enquanto política pública de mobilidade urbana.

DINÂMICA DA ESTRUTURA PRODUTIVA E INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO NAS REGIÕES BRASILEIRAS: A evolução das atividades por intensidade tecnológica entre 2000 e 2015
Humberto Martins ; Soraia Cardozo ; Cássio Garcia Ribeiro
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Este trabalho tem como objetivo analisar a evolução recente da dinâmica regional das atividades produtivas no Brasil, examinando conjuntamente as alterações na estrutura produtiva, bem como a importância e o perfil da indústria de transformação no âmbito das cinco macrorregiões do Brasil (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste). Com isso, são examinadas as mudanças ocorridas no peso da indústria de transformação e na intensidade tecnológica das atividades econômicas em nível regional, buscando-se avaliar seu significado para o processo de desenvolvimento econômico do Brasil.

FORMAS URBANAS E CENTRALIDADE REGIONAL: Um estudo comparativo
Izabele Colusso ; Raquel Werner de Vargas ; Manuela Hupper ; Isabelle Mangoni
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A maneira como hoje se aborda formas urbanas, cidades e região apresenta carência de conexão das influências entre as diferentes escalas e impactos. Assim, é proposta uma correlação entre a posição relativa da cidade no sistema regional – sua centralidade – e a forma urbana que a cidade assume. Foram utilizados os casos das regiões do entorno de Santa Maria e do entorno de Caxias do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, ambas sistemas regionais complexos; o primeiro, composto por 27 cidades, e o segundo por 13 cidades, em 3 períodos de tempo, tornando possível a comparação das formas urbanas e seu respectivo crescimento. Os instrumentos desenvolvidos para obtenção de resultados nesta investigação fornecem uma ferramenta útil para estudar a influência dos efeitos espaciais sobre a agregação de modelos de interação espacial e o quanto podem contribuir de diversas maneiras para realizações substanciais em estudos econométricos espaciais. Além disso, podem sugerir ferramentas estatísticas que inferem o valor, intensidade e hierarquia provável de fluxos médios a certos níveis de agregação de variáveis disponíveis reais e estimadas.

ANÁLISE DOS RUÍDOS GERADOS POR AEROGERADORES NO COMPLEXO EÓLICO CANOAS E LAGOAS
LEOHANDSON SANTOS DA SILVA ; RAFAEL DE CARVALHO COSTA ABRANTES
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Nos últimos anos, registou-se um aumento no crescimento da potência instalada de energia limpa em todo o mundo, uma das componentes que tem contribuído para esse crescimento é a energia eólica. Desta forma, um dos aspetos a ter em conta na instalação de um aerogerador é o ruído causado por seu funcionamento. Logo, fica exposta a relevância de verificar os níveis de ruídos que este sistema emite. Nos aerogeradores, os ruídos podem ter três fontes: aerodinâmico, estrutural e o mecânico. O objetivo desse trabalho é analisar os ruídos gerados por aerogeradores instalados no Complexo Eólico Canoas e Lagoas. A metodologia utilizada neste trabalho baseia-se na obtenção de dados in loco, pesquisa e revisão bibliográfica em fontes primárias e secundárias; utilizou-se equipamento denominado de “decibelímetro”, da marca INSTRUTEMP modelo ITEDC 4000, em seguida, foram geradas informações de caráter qualitativo e quantitativo, assim, a pesquisa possibilitou investigar e caracterizar os ruídos provocados por aerogeradores do Complexo Eólico mencionado, que está situado entre os municípios de Santa Luzia, São José do Sabugi e Junco do Seridó, no estado da Paraíba.

ADEQUAÇÃO SOCIOTÉCNICA PARA PROJETOS DE URBANISMO PARTICIPATIVO DO GRUPO DE PESQUISA E EXTENSÃO PERIFÉRICO: Táticas urbanas como tecnologia social, dimensões da sustentabilidade, padrões espaciais e de acontecimentos e construção de cenários.
Liza Maria Souza de Andrade ; Natália da Silva Lemos ; Maria Emilia Monteiro Silva ; Vânia Teles Loureiro
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Este artigo tem como objetivo apresentar caminhos para abordagem de adequação sociotécnica para o urbanismo participativo tendo como objeto de estudo o processo de projeto do Grupo de Pesquisa e Extensão “Periférico, trabalhos emergentes”da FAU-UnB, integrando a discussão sobre táticas urbanas como tecnologia social. Considerando o conceito de adequação sociotécnica – AST (NEDER, 2013) no âmbito CTS, no qual os sujeitos do conhecimento científico compartilham seus códigos técnicos com os sujeitos sociais organizados, gerando o conceito de “interacionismo pedagógico e sociotécnico”, foi realizada uma avaliação do processo de projeto do grupo sob a ótica da adequação sociotécnica baseada nas modalidades heurísticas desenvolvidas por Neder (2016). Neste sentido, o desempenho do grupo Periférico para projetos de urbanismo participativo tem sido satisfatório devido a sua capacidade de adequação sociotécnica de métodos e técnicas utilizados em diferentes comunidades e territórios.

ANÁLISE DA FORMA URBANA DA CIDADE DE ICÓ, CEARÁ, BRASIL, POR INTERMÉDIO DA SINTAXE ESPACIAL
Lucas Rodrigues Moreira ; Alexandre Castro
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A forma como se dá o crescimento das cidades brasileiras, em especial das de cunho histórico, segue um modelo desordenado e que não condiz com a escala humana. É o caso da cidade de Icó, no estado do Ceará, localizada no centro-sul, à 375km da capital Fortaleza. Terceira vila instalada no estado, com seu sitio arquitetônico datado do século XVIII, segue esse modelo desordenado de crescimento, e que, assim como outras cidades brasileiras, possuem poucos, ou até mesmo nenhum estudo a respeito da morfologia urbana. O presente estudo busca desenvolver análises dos padrões espaciais da cidade de Icó/CE, quantificáveis e mensuráveis, utilizando instrumentos de análise da sintaxe espacial. Para produção desse estudo, foi realizado pesquisas a respeito do tema, em artigos, periódicos, anais, etc., e do histórico da cidade, para em seguida iniciar-se a elaboração dos mapas e sua análise. De resultados foi realizado a modelagem dos mapas de conectividade, comprimento de segmentos, integração, escolha, e de acessibilidade, em seguida pode-se analisar que, devido a presença do Rio Salgado, a porção oeste da cidade se torna a mais segregada e menos conectada da área central. Encontra-se ainda valores de segmentos pequenos, devido ao seu tamanho e a forma da sua malha urbana. E existem dois trechos que são as Avenidas Joséfa Nogueira, ligada a Av. do Cruzeiro, e a Av. Monsenhor Frota, as quais chamam a atenção por possuírem maior valor de integração e maior potencial de escolha.

Atributos e Oportunidades do Sistema Mineiro de Inovação: um estudo a partir de análise multivariada
Maria Isabel Batista D G Baptista ; João Pedro Figueira Amorim Parga
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Esse artigo busca formular grupos (clusters) de microrregiões mineiras de forma a identificar capacidades inovativas locais. A relevância desse tema é eminente na literatura schumpeteriana e de geografia da inovação, que considera avanços tecnológicos o motor do desenvolvimento socioeconômico. A partir dos métodos de Análise de Componentes Principais (ACP) e Análise de Cluster, é proposta uma representação do arranjo das microrregiões de Minas Gerais de modo a esclarecer o estudo de seu emergente Sistema Regional de Inovação. Foram utilizados dados do ano 2010 para construir indicadores que captam as dimensões científica, tecnológica, urbana e social. Na conclusão do trabalho são identificadas regiões promissoras para alavancarem o desenvolvimento tecnológico no estado.

Aplicação do conceito smart city em Manaus - Amazonas
Mariana Gurgacz ; Andressa Carolina Ruschel
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Fundamentado sobre os conceitos de planejamento urbano, desenvolvimento urbano e smart city, o presente trabalho abordou o contexto histórico da cidade Manaus – Amazonas, juntamente com informações que abrangem o estado em que a mesma se encontra. O tema é o planejamento urbano e o assunto se refere à aplicação do conceito smart city na cidade Manaus. Assim, a problemática da pesquisa foi desenvolvida com base nos seguintes questionamentos: como aplicar o conceito de smart city na cidade de Manaus – AM? E qual a sua influência para o desenvolvimento urbano da cidade, tendo em vista o contexto em que a mesma está inserida? Com isso, pressupõe-se que seja necessário adaptar o planejamento municipal de Manaus aos conceitos smart, levando em consideração seus aspectos sociais, econômicos, ambientais e políticos. Para a realização desse trabalho, a metodologia utilizada foi a indução, fundamentada no levantamento e nas pesquisas bibliográficas juntamente com um estudo de caso, pesquisa à campo através do método observacional e um levantamento fotográfico. De tal modo, chegou-se à conclusão de que com a aplicação do conceito smart city no planejamento e desenvolvimento urbano da cidade em questão, haverá um aprimoramento nos aspectos que a envolvem, e consequentemente acarretará em uma melhor qualidade de vida à população manauara.

DENSIDADE E FORMA URBANA: O CASO DAS ZEIS EM CAMPINA GRANDE
Mauro Normando Macêdo Barros Filho ; Yara Synthia Araújo Silva ; Caroline de Paula Galvão Madruga
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As Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) são assentamentos humanos de baixa renda, predominantemente residenciais, com precariedade ou ausência de infraestrutura básica. Essas zonas são reconhecidas na legislação municipal, sendo objeto de regularização urbanística e fundiária pelo Estado. Planos urbanísticos em ZEIS devem propor equipamentos, infraestrutura e serviços urbanos, mas preservar suas características morfológicas e sociais. Neste sentido, o presente artigo visa compreender a forma urbana das ZEIS de Campina Grande por meio da análise de índices de densidade em células mais representativas de cada uma delas. Os resultados revelam que as ZEIS da Campina Grande estão associadas à cinco classes morfológicas correlacionadas com a sua localização na cidade.

TECNOLOGIAS EMERGENTES, SUAS CONTROVÉRSIAS E CONFIGURAÇÕES SOCIOTÉCNICAS. O caso do sistema de transporte BRT Transmilenio em Bogotá, Colômbia
Nicolás Garzón Rodríguez ; Angelica Moreno Calderon
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Esse trabalho procura fazer uma análise da configuração de tecnologias emergentes no espaço urbano a través do caso do BRT Transmilenio de Bogotá na Colômbia. Sob as categorias dos Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia (ESCT) é estudado o processo de escolha da tecnologia e suas controvérsias, assim como as configurações deste modo de transporte urbano no sistema socio-técnico da cidade. Ressalta-se a natureza relacional da infraestrutura, a fim de determinar como foi desenvolvido o processo de criação e implementação dessas infraestruturas urbanas, e como os atores e os imaginários socio-técnicos apoiaram a emergência e consolidação do BRT em Bogotá e suas atuais controvérsias? Essa perspectiva é relevante porque permite estudar o processo da inovação na transformação urbana, e o papel das controvérsias na emergência, consolidação e declive de um sistema sócio-técnico de transporte urbano, especificamente, desde a dimensão político-institucional.

ANÁLISE DO DESEMPENHO TÉRMICO DOS MATERIAIS SUPERFICIAIS DO CONTEXTO URBANO DO SIA/ DF
Paulo César Rodrigues de Andrade ; Marta Adriana Bustos Romero
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Este trabalho investiga o desempenho térmico dos materiais superficiais que compõem o contexto urbano do Setor de Industrias e Abastecimento – SIA em Brasília - DF, analisando a influência no ambiente. A escolha da área de estudo se deu pela diversificação de usos que a região apresenta, sua destinação inicial sofreu grandes modificações até o projeto urbano final executado na localidade. Neste sentido, o objetivo deste artigo é contribuir com estudos que auxiliam o desenho urbano sustentável, visto que, o acelerado processo de crescimento desordenado das cidades, provocam problemas urbanos de ordem ambiental. Diante disso, o método de trabalho é sustentado pela literatura especializada, na observação de temperaturas superficiais com a utilização de imagens orbitais do satélite Landsat 8, e por fim, na realização de simulações computacionais com o software ENVI-MET versão 4.3.2, utilizando o índice de conforto térmico urbano PMV - Voto Médio Predito de Fanger (1970), assumindo para este estudo o período quente-seco. Para isso, foram selecionados no SIA, pontos com diferentes relações W/H, segundo classificação de Romero (2011). Como resultado, destaca-se a evidência de microclimas distintos dependendo da conformação de uso e ocupação do solo na área de estudo, e assim foi possível concluir diante das análises comparativas dos recortes da área, que os materiais superficiais e a vegetação, contribuem de forma concreta para oferecer benefícios climáticos ao microclima local.

Planejamento Urbano e Gestão de Risco de Desastres: O tempo das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TICS)
Rafaela Vieira ; Giane Roberta Jansen ; Camila Kamp ; Gabriela Silvério
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O objetivo geral da pesquisa foi analisar a contribuição das TICs no processo de planejamento urbano articulado à gestão de riscos de desastres naturais, enquanto ferramentas que devem estar a serviço das estratégias de comunicação, potencializando a participação dos distintos grupos sociais. A pesquisa é do tipo descritiva e explicativa, de caráter qualitativo e abordagem sistêmica. Foram identificadas estratégias inovadoras com TICs em cinco cidades nacionais e três internacionais. As TICs utilizadas no 10o Fórum Permanente de prevenção de riscos na Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí (BHRI) (2017) foram avaliadas pelos participantes e verificou-se a acessibilidade aos sítios eletrônicos das Defesas Civis dos municípios da BHRI. Resultados sugerem a utilização de drones (custo reduzido devido à facilidade de acesso as áreas de risco), o uso de cartilha digital e a potencialização do uso de plataforma digital que integre as ações dos distintos setores na GRD.

Informações sobre riscos e desastres: contribuições para a gestão urbana no controle riscos urbanos na RMSP
Renata Maria Pinto Moreira
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O artigo analisa o contexto da produção de informação sobre riscos e desastres no cenário nacional e, especificamente, da Região Metropolitana de São Paulo. Propõe método analítico e apresenta análise quantitativa inédita para dados de registros de ocorrência de desastres nos últimos 10 anos na Região Metropolitana de São Paulo. O estudo foi feito com base nos registros de ocorrência do Cadastro Geral de Ocorrências do Instituto Geológico do Estado de São Paulo, sem privilegiar uma única categoria, mas avaliando as diversas categorias de ameaças a desastres naturais. O objetivo da análise foi identificar, em termos de impactos urbanos: anos críticos, localidades críticas e dias críticos. Entende-se que este é o primeiro passo para o desenvolvimento posterior de análises mais detalhadas do campo dos estudos urbanos sobre os efeitos complexos em situações urbanas e metropolitanas de maior risco.

BASE CARTOGRÁFICA MUNICIPAL PARA CADASTRO IMOBILIÁRIO: UM INSTRUMENTO DE EMANCIPAÇÃO ECONÔMICA PARA OS MUNICÍPIOS DO TOCANTINS
Roberta Mara de oliveira Vergara ; Rodolfo Alves da Luz
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A necessidade da emancipação econômica municipal, defronta-se com um problema crucial: a falta de uma base cartográfica confiável, uma vez que essa mesma base dará subsídios para o cadastro imobiliário, que garantirá o registro de todas as parcelas de imóveis. São nessas parcelas que o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) são tributados, sendo um eficiente instrumento de política urbana e habitacional para o município, bem como contribuir na distribuição de renda e captura de “mais-valia” decorrente de valorização imobiliária gerada fundamentalmente por investimentos públicos. O presente artigo faz um levantamento da situação cadastral dos municípios do estado do Tocantins, foram levantadas as informações referentes ao cadastro imobiliário implantado, embora os dados revelem que há uma grande quantidade de municípios com cadastro imobiliário implantado, eles não revelam a fragilidade e a falta de tecnologia desses cadastros. Um dos motivos é o fato do Estado do Tocantins possuir uma história cadastral recente. A falta de precisão na descrição dos imóveis está relacionada com o modelo de ocupação do próprio Estado, recebendo a herança de cidades do Estado de Goiás com informações desatualizadas

CARTOGRAFIA SOCIAL E GESTÃO TERRITORIAL: A regularização fundiária como instrumento de democratização do espaco
Ronaldo Augusto Campos Pessoa ; Sílvio Jacks dos Anjos Garnés ; Maria de Lourdes de Aquino Macedo Goncalves
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A pesquisa investiga a contribuição da cartografia social na gestão territorial resultante do processo de regularização fundiária em núcleos urbanos. Apresenta-se reflexões sobre a cartografia social como ferramenta de integração entre a gestão do uso do solo e a democratização do espaço através do envolvimento dos beneficiários nas ações de regularização fundiária. Os instrumentos de intervenção da cartografia social na regularização fundiária promovem o ordenamento territorial a partir de soluções georreferenciadas para os desafios urbanos, ambientais e sociopolíticos. No Estado de Pernambuco experiências ilustram este quadro e apontam a importância dos dados georreferenciados nas intervenções de regularização fundiária garantindo a democratização do espaço e a qualidade de vida na cidade. Resultados ressonantes dependem da vulnerabilidade da dinâmica espacial, da diversidade de interesses dos atores envolvidos e dos processos decisórios da política local e nacional.

Modelagem da Informação para a Qualidade do Espaço Público
Sílvia Filipe ; José Almir Farias Filho ; Daniel Cardoso ; José N. Beirão
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O artigo propõe um procedimento metodológico para a elaboração de protótipos computacionais que permitam aferir a qualidade do espaço público, através de parâmetros e indicadores operacionais elencados na literatura, aptos para lidar, de modo coerente, com o quadro de problemas e dinâmicas multidisciplinares presentes em diferentes contextos urbanos. Estes modelos associam um Sistema de Informação Geográfica com ferramentas paramétricas, e designa-se por CIM: City Information Modeling (Modelagem da Informação da Cidade). Recorre-se à Sintaxe Espacial (HILLIER e HANSON, 1984) para caracterizar a morfologia urbana, onde estudos apontam que a aferição correlacionada dos indicadores acessibilidade, densidade e diversidade traduz o valor da forma urbana em capital espacial (MARCUS, 2007) e, assim, aferem a sua qualidade e permitem a sua avaliação. Os resultados preliminares apontam para a sua aplicação generalizada, sugerindo, a viabilidade da sua utilização a realidades urbanas distintas.

ESTRUTURAS FÍSICAS E INTELECTUAIS IMPULSIONADORAS DA CONSTRUÇÃO DE INTERAÇÕES ENTRE UNIVERSIDADES/ICT E EMPRESAS: O CASO DO SISTEMA PERNAMBUCANO DE INOVAÇÃO
Sunamita Iris Rodrigues Borges da Costa ; Ana Cristina de Almeida Fernandes
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O presente artigo tem o objetivo de identificar como o Sistema Pernambucano de Inovação se caracteriza quanto à presença de estruturas físicas e intelectuais estimuladoras de interações entre Universidades/ICTs e Empresas. O objeto, ora proposto, se destaca posto que C,T&I passaram a definir em que medida e sob que circunstâncias um território está propenso a participar da economia do aprendizado. Visto que produção, apropriação, difusão e uso da C,T&I com fins socioeconômicos não ocorre de maneira uniforme e indistinta, mas responde a presença de fatores que estimulam o comportamento inovativo no Território, definir a presença de tais componentes mostra-se essencial às estratégias de desenvolvimento. Para tal o artigo apresenta um conjunto de indicadores sobre a disponibilidade e distribuição de infraestrutura e competências em Pernambuco, seu panorama econômico e o conjunto de interações que ele mobiliza demonstrando sua concentração territorial e organizacional.

Política pública de informações e abertura de dados: qual o limite para a privacidade de dados cadastrais nas “cidades inteligentes”?
Tomás Wissenbach
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O trabalho procura debater os impactos das mudanças relacionadas à informação urbana sobre o acesso à informação na gestão das cidades. Defendendo que o crescente monopólio das gigantes multinacionais da informação aponta para um abismo informacional entre sociedade e capital, aponta para o caminho das Infraestruturas de dados espaciais como um mecanismo de garantia de maior democratização dos dados. Por meio do exemplo da construção do GeoSampa, na cidade de São Paulo, mostra como projetos dessa natureza podem ajudar a construir um contraponto ao monopólio da informação. O acesso aos dados abertos, no entanto, esbarra nas questões de privacidade dos dados pessoais. O trabalho, dessa forma, utiliza como a abertura dos dados do IPTU municipal traz a questão da democratização das informações x privacidade. Finalmente, procura demonstrar que abrir dados sobre os imóveis urbanos permite leituras inéditas sobre as dinâmicas e desigualdades na cidade e, portanto, devem ser divulgadas.

A UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO PELO COMÉRCIO VAREJISTA: A ESPACIALIZAÇÃO DAS LOJAS RIACHUELO NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO - RJ
Vinícius Ferreira Pinto Vasconcelos ; Livia de Araujo Rodrigues ; Janaína Conceição Silva ; Amanda Thereza Orozco Morais de Souza
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O presente trabalho pretende compreender como o conhecimento geográfico vem sendo apropriado pelas grandes empresas do comércio varejista no Brasil em suas estratégias locacionais com objetivo de potencializar a acumulação de capital, em seu processo dominação econômica do espaço geográfico, no contexto das práticas mercantis na atual fase do capitalismo. Direcionaremos o nosso olhar para algumas ferramentas tecnológicas utilizadas como vantagens competitivas, bem como instrumento de leitura do território no âmbito da economia urbana atrelado ao terceiro setor. A rede de lojas Riachuelo será objeto de maior ênfase por ter elaborado o seu planejamento decisório de expansão de lojas físicas se valendo dos benefícios das geotecnologias, assim como a capitação de clientes para sua rede própria de cartões fidelizados. Nesse sentido, o artigo busca salientar e analisar criticamente tais comportamentos mercadológicos por entender que o domínio do capital informacional e tecnológico propicia a concentração de riquezas, assim como amplia as desigualdades no espaço.

Modelagem Geoinformacional do Território: Processos para representação do patrimônio ambiental da Prainha no QGIS
Vitor de Toledo Nascimento ; Bruno Amaral de Andrade ; Jaqueline Pugnal da Silva
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Sobre representações das camadas ambientais, cidades são planejadas e geridas, o que revela a importância do ato de representar com precisão. Nesse sentido, o geoprocessamento surge como ferramenta de potencial aproveitável tanto nos Planos Diretores, quanto no ensino em Arquitetura e Urbanismo. Objetiva-se, assim, a elaboração de modelos ambientais da Prainha, sítio histórico em Vila Velha - ES, e a democratização do conhecimento por meio de tutoriais de geoprocessamento na modelagem digital do ambiente. O estudo segue uma abordagem abrangente (territorial), e uma abordagem endógena (sustentabilidade e desenvolvimento local), utilizando metodologia e técnica de representação de valores ambientais. Os produtos abrangem a elaboração de tutorial com o uso do QGIS, software livre de geoprocessamento, e o desenvolvimento de mapas das camadas ambientais da Prainha, confirmando o potencial do tutorial na aprendizagem, e a síntese do patrimônio ambiental favorecendo sua geovisualização.

A Metrópole de Curitiba na Geografia da Inovação
Wilhelm Eduard Milward de Azevedo Meiners ; Olga Lúcia Castreghini de Freitas Firkowski
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A inovação, compreendida como um importante fator de desenvolvimento regional tem sido alvo, em diferentes países e metrópoles, de políticas específicas para promoção de sistemas regionais e ecossistemas de inovação. Segundo a economia e a geografia evolucionária, a inovação não é um fenômeno disperso: a concentração espacial e proximidades de agentes (produtores e instituições) facilita o intercâmbio de informações e o compartilhamento de conhecimentos. E sua distribuição territorial também não é aleatória, mas resultado de políticas públicas e ações privadas de uma articulação local favorável ao ambiente inovador. Desde o início dos anos 1990, Curitiba busca pela produção de espaços de inovação, como o Parque de Software (1996), o Tecnoparque (2007) e o Vale do Pinhão (2017), uma resposta ao esgotamento do crescimento industrial e sua inserção na “nova economia”. Este artigo tem como propósito tecer considerações dos limites e potencialidades de Curitiba em desenvolver tais projetos, avaliando os rebatimentos espaciais e ocupacionais das transformações produtivas.

ST 09 - Extensão Universitária e Assistência Técnica no Campo e na Cidade
A EXPERIÊNCIA DA CURRICULARIZAÇÃO DE ATIVIDADES DE EXTENSÃO COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA: O ATELIER DE HABITAÇÃO SOCIAL - UNISINOS / PMSL / COMUNIDADE
Adalberto da Rocha Heck ; Débora Becker ; Angela Maria Müller
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Este artigo descreve a experiência extensionista do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, buscando demonstrar como a inserção em exercícios reais de projeto pode contribuir para o aprendizado e promover a reflexão a partir da ação, além de aproximar a academia da realidade de nossas cidades. A experiência relatada trabalha com o tema da habitação de interesse social, a partir da participação dos estudantes em projetos locais desenvolvidos pela Secretaria de Habitação da Prefeitura Municipal de São Leopoldo/RS para populações em condição de vulnerabilidade social. A metodologia aplicada foi baseada em um processo participativo e colaborativo entre os agentes envolvidos na construção de alternativas para moradia das famílias atendidas, oportunizando aos alunos o aprendizado na ação, através da aliança da teoria à prática, contribuindo com o atendimento à demanda atual por projetos sociais, e evidenciando a importância de projetos extensionistas.

OCUPAÇÕES EM EDIFICAÇÕES ANTIGAS E A LUTA PELO DIREITO À CIDADE E À MORADIA. O CASARÃO N°18 NA LADEIRA DA PRAÇA, CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR (BA)
Ana Luíza Teixeira Silva
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O presente artigo tem como temática a preservação do patrimônio edificado em face aos processos de produção do espaço em andamento nas cidades, mais especificamente, em como esse processo se dá em Salvador (BA), propondo uma discussão do conceito de patrimônio, memória, lugar de disputa e direito à cidade. Aborda sobre movimentos sociais e associações que ocupam edificações de valor patrimonial em áreas centrais como estratégia para fazer valer a função social da propriedade e suprir o déficit por moradia. Essas ocupações tem em comum o fato de estarem situadas em edificações antes abandonadas (de propriedade pública ou privada), sobretudo, nas localidades mais consolidadas da cidade, que oferecem boa qualidade de infraestrutura e oportunidade de trabalhos (em grande parte informal). A estratégia de ocupar edifícios centrais tem se pautado numa luta que vai além do direito à moradia digna, mas numa perspectiva mais ampla, a do direito à cidade que engloba o acesso a serviços básicos, a infraestrutura urbana, a equipamentos urbanos, a mobilidade e transporte público, a cultura e lazer, a memória, entre outros aspectos, e o centro é um local capaz de reunir todos esses atributos. Apresenta um exemplo dessas ocupações no Centro Histórico de Salvador, a ocupação do Movimento em Defesa da Moradia e do Trabalho (MDMT) em um Casarão do século XVII situado na Ladeira da Praça. Entende-se ser fundamental estudos que investiguem como essa população lida com o patrimônio edificado em sua materialidade, pois, pode apontar possíveis caminhos de como tratar o patrimônio nas grandes cidades contemporâneas, como também, de como abordar a temática da moradia central. Dessa forma, espera-se ressaltar que as práticas atuais de preservação estabelecidas pelos órgãos públicos, devem se aproximar da dinâmica da cidade e das realidades sociais.

A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E O DESENVOLVIMENTO SOCIOESPACIAL: A EXPERIÊNCIA DO GRUPO DE PESQUISA NÚCLEO AVANÇADO DE URBANISMO NO SEMIÁRIDO NORDESTINO
Antonio Alexsandro Neves ; Bruno Fernandes Costa ; Antonio Carlos Leite Barbosa
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O trabalho tem como objetivo discutir sobre a extensão universitária a partir da experiência do Grupo de Pesquisa Núcleo Avançado de Urbanismo (NAU) e suas proposições extensionistas no campo do planejamento urbano como proposta de desenvolvimento socioespacial nas cidades do semiárido nordestino. Desse modo evidencia as contribuições para a sociedade e para formação profissional pelo processo de ensino aprendizagem entre comunidade acadêmica, colaboradores e sociedade civil, haja vista o implemento dos assuntos ministradas em sala de aula e sua atuação direta da cidadania. O trabalho teve como suporte teórico, na área do Urbanismo, Corrêa (2001) e da extensão universitária com base em Jenize (2004), para concretizar os resultados esperados. O NAU age diretamente na região semiárida nordestina com ações que promovem o desenvolvimento socioespacial das cidades por meio de cooperação técnica entre a Universidade Federal Rural do Semi-Árido e gestões municipais. Por fim, é nítido a importância das atividades extencionistas para propagação do desenvolvimento urbano e principalmente, para melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

Extensão em uma xícara de chá
Bruno Cesar Euphrasio de Mello ; Gabriela Rosa Nodari ; Inês Martina Lersch ; João Farias Rovati
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O artigo relata as ações do projeto Práticas Urbanas Emergentes (PUE), criado para ser um espaço de interlocução entre alunos e professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pessoas ou coletivos promotores de novas práticas urbanas contra-hegemônicas. Realizado em Porto Alegre, essa atividade desenvolve experiências de "infusão" que, na visão dos autores, deveriam balizar não só as ações de Extensão, também as práticas de Ensino e Pesquisa hoje hegemônicas na Universidade Pública. São apresentados aqui os resultados de vivências e oficinas realizadas junto aos protagonistas do Sítio Horta Alegre, da Vila Nazaré e do PF das Ruas.

ASSISTÊNCIA AOS MOVIMENTOS SOCIAIS EM TEMPOS DE INCERTEZAS: Os efeitos na parceria da CIAPA (MDU/UFPE) com a ocupação da Vila Sul
Bruno de Albuquerque Ferreira Lima ; Thalita Alves Silva Ribeiro
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Neste artigo apresentamos a experiência de assistência técnica da Comunidade Interdisciplinar de Ação, Pesquisa e Aprendizagem (CIAPA-MDU/UFPE) na realização do projeto de urbanização da comunidade Vila Sul, ocupação em terreno da União, mobilizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). A associação de movimentos sociais com instituições de extensão tem se mostrado uma importante ferramenta para atender exigências para acessar canais oficiais de financiamento que minimizem o déficit habitacional que temos no Brasil. Por estar em área de frente de água, central e próxima de grandes empreendimentos, a comunidade sofre contínua pressão contra sua consolidação. O cenário incerto de desconstrução do planejamento federal das questões urbanas, de destinação do patrimônio da união para fins de política fiscal, e o discurso de criminalização de movimentos sociais, tornam urgentes o esforço de criar baluartes contra possíveis retrocessos de conquistas arduamente obtidas

ASSESSORIA TÉCNICA PARA PAISAGEM E ESPAÇO EXTERIOR DOMÉSTICO VOLTADOS À HABITAÇÃO, SOBERANIA ALIMENTAR E REGENERAÇÃO AMBIENTAL: Aldeia Itamarã, Escola Indígena Araju Porã e Ocupação Bubas - Paraná
Céline Veríssimo ; Mercedes Ibañez
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Este trabalho tem como objetivo recorrer à interdisciplinaridade entre a arquitetura e o paisagismo, para juntas poder debater os direitos à habitação, à alimentação e ao médio ambiente, através da popularização das implicações do Espaço Exterior Doméstico (EED), e dos seus jardins terapêuticos, hortas e pomares domésticos, arborização e negócios domésticos, de tal maneira que promova a soberania e segurança alimentar, e se possa gerar a autonomia e empoderamento de comunidades mais vulneráveis. Para tal, a metodologia combina dados secundários obtidos da literatura, com dados primários obtidos no terreno, no âmbito de projeto de extensão universitária na UNILA. O levantamento de demandas para a assessoria técnica para o paisagismo comestível e espaço exterior doméstico (EED) (Veríssimo, 2013), permitiu fazer um mapeamento de diferentes realidades socioeconômicas e ambientais ao nível de soberania alimentar, qualidade habitacional e regeneração ambiental a partir de dois estudos de caso: A Aldeia Indígena Itamarã em Diamante do Oeste (PR) e a maior ocupação urbana no estado do Paraná, a ocupação Bubas, em Foz do Iguaçu. Os resultados preliminares de pesquisa de campo demonstraram que para conseguir a soberania e segurança alimentar e nutricional, as comunidades praticam o paisagismo comestível, ritualístico e de cura e de negócios domésticos, a partir do Espaço Exterior Doméstico. Resultados preliminares sugerem que através da auto-organização comunitária e do bioconhecimento, o EED desempenha um papel determinante no melhoramento da habitação, no direito à alimentação e o direito à integridade com o meio ambiente. Deste modo, o desenvolvimento destas práticas a partir do EED conduz à valorização cultural, identidade local e empoderamento de comunidades marginalizadas, proporcionando assim as condições necessárias para estabilidade socioambiental.

AÇÕES DE EXTENSÃO COMO INTERVENÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA DO NEGAF/UNISC-RS
CIDONEA MACHADO DEPONTI ; ROSANE BERNARRDETE BROCHIER KIST ; SILVIO CEZAR AREND
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O objetivo deste artigo é relatar a experiência desenvolvida pela equipe interdisciplinar do Núcleo de Extensão Tecnológica e de Gestão Rural para a Agricultura Familiar (NEGAF). O Núcleo conta com a parceria de diversas instituições, dentre elas: a EMATER/ASCAR-RS, as Secretarias de Agricultura, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais. O objetivo geral do Núcleo é receber demandas de agricultores familiares relacionadas à gestão rural, buscando desenvolver sistemas adequados às necessidades dos agricultores familiares. Algumas considerações podem ser feitas, tais como a aproximação dos agricultores com a universidade e a possibilidade de de construção de um conhecimento híbrido, obtido através da interface social entre o conhecimento científico dos professores, dos alunos e dos parceiros envolvidos no processo. Assim, concluiu-se que o referido Núcleo possui uma relevância social à medida que possibilita através da articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão, a produção do conhecimento e a contribuição do programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional da UNISC com o desenvolvimento do Vale do Caí e da região de Sobradinho, através do envolvimento de alunos e de professores da graduação da pós-graduação, da comunidade local, de organizações sociais.

Lumes – Lugares de Urbanidade Metropolitana - Planejamento compartilhado e extensão universitária na Região Metropolitana de Belo Horizonte
Clarice de Assis Libanio
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O Programa Lugares de urbanidade metropolitana (Lumes) consiste na constituição de espaços – físicos e virtuais - para o planejamento compartilhado e vem sendo implementado pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais, a partir das diretrizes do Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Consolidando-se como programa de extensão universitária da UFMG, o programa busca envolver de maneira efetiva os moradores no planejamento das ações no território. Ademais, almeja contribuir para a geração de autonomias, a redução da disparidade na tomada de decisões, o enfrentamento da pseudoparticipação nas políticas públicas, a geração de aprendizado social, a ampliação do sentimento de pertencimento ao território e a formação da cidadania metropolitana na região.

OS SEM ENDEREÇO: A desinformação urbanística na ZEIS Bom Jardim e novas possibilidades de construção da cidadania urbanística
Clarissa Figueiredo Sampaio Freitas ; Mariana Quezado Costa Lima ; Rogério da Costa Araújo
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A despeito de garantias constitucionais desde 1988, o espaço periférico brasileiro permanece sendo produzido sob a lógica do clientelismo, onde os serviços urbanos são apresentados como um favor pelos representantes políticos para uma população, vista ainda predominantemente como moradores ilegais. Este artigo discute os desafios de implementação do projeto emancipador contido no marco legal brasileiro do direito à cidade nas periferias urbanas brasileiras. Dentre os inúmeros desafios políticos e institucionais que se apresentam para tal implementação, será aprofundado o contexto de desinformação urbanística persistente no espaço periférico. A pesquisa tem como estudo de caso uma periferia urbana representativa da realidade das cidades brasileiras: o território do Grande Bom Jardim situado no limite sudoeste de Fortaleza. Aborda a dimensão técnica do fenômeno da informalidade, mediante mensuração do grau de distanciamento da normativa vigente com a cidade existente, realizada por meio de análises espaciais de dados georreferenciados, e a dimensão comunitária, por meio do diálogo com os moradores em atividades de extensão universitária. A atuação neste território revelou a dimensão — pouco discutida na literatura brasileira — do desconhecimento da sociedade brasileira sobre como a periferia metropolitana é de fato produzida.

Assessoria técnica e extensão universitária, rompimentos temporais: o caso da Gamboa de Baixo
Daniel Marostegan e Carneiro ; Iago Albuquerque Barros ; Léo Silviano Bahia Filho ; Erika Barbosa de Oliveira Souza
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Este artigo discute algumas complexidades na relação entre a universidade e os territórios urbanos a partir de ações e projetos que relacionam assessoria técnica e extensão universitária, que são muitas vezes condicionadas pelos tempos pré estabelecidos dos ciclos de interação extensionista, previstos a priori nos projetos ou ações de extensão. Para discutir essas questões o texto dedica o olhar sobre o caso da Gamboa de Baixo em Salvador – BA, que pode ser caracterizado como um bairro popular consolidado inserido em uma zona urbana central à beira da baia de todos os santos, com localização bastante privilegiada e que recebeu ao longo do tempo diversas ações extensionistas. A ocupação da Gamboa se caracteriza tanto pela permanência popular em uma área urbana muito valorizada, quanto pela predominância de pescadores negros que tem sua subsistência muito pautada pela relação com o mar. Por fim, o texto apresenta reflexões sobre as interações extensionistas das universidades com a Gamboa de Baixo analisando a problemática dos ciclos de tempo pré-definidos, com início meio e fim muitas vezes herméticos e de baixo retorno real ao território, o que aponta para as perspectivas de rompimentos temporais entre os ciclos, de forma a se tornarem mais cumulativos.

Ação extensionista e a produção de interfaces sócio-espaciais
Débora Andrade Gomes Moura ; Camila Oddi Duran ; Jean Felipe Oliveira Dias
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O presente artigo analisa o conceito de extensão universitária e sua prática e apresenta um projeto de extensão em processo, que parte de uma crítica à assistência técnica e dedica-se à elaboração de um método de assessoria técnica em arquitetura e urbanismo. A experiência em curso no distrito de Glaura, em Ouro Preto (MG), explora a relação dialógica e o uso de interfaces sócio-espaciais para desenvolvimento do método. Além de ampliar a discussão ao trazer o papel do técnico na assistência técnica, o artigo aponta ainda diretrizes para uma atuação reflexiva e que não vise a definição dos problemas das comunidades, mas que preste assessoria, oferecendo o suporte técnico necessário para a materialização das ações definidas pelos próprios assessorados.

DA BRICOLAGEM AO DESENHO DO POSSÍVEL
Dmetryus Targino Marques de Souza ; Amadja Henrique Borges
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A atuação do arquiteto e urbanista não alcança, de maneira geral, as camadas populares no Brasil. Diante disso, observa-se construções que dependem dos conhecimentos empíricos e/ou técnicas difundidos em determinado grupo. Os assentamentos Rurais, fruto das Política Nacional de Reforma Agrária se incluem nesse contexto. Essas unidades são construídas sem fiscalização, apresentando, após algum tempo, problemas estruturais, como foi o caso do Assentamento Rosário. O INCRA estabelece normas que destinam créditos voltados para a recuperação dessas casas. Em 2007, o Grupo de Estudos em Reforma Agrária e Habitat atuou oferecendo assessoria técnica para os assentados, realizando reformas e ampliações nas suas casas. Partindo do referencial teórico com base na obra de Henri Lefebvre, estudou-se as melhorias por auto-empreendimento e assessoria técnica no Assentamento Rosário. Tendo como objeto de estudo o processo de construção e consolidação do assentamento do Rosário, a pesquisa tem como principal objetivo, expor teoricamente os conflitos entre as concepções da casa por parte dos assentados e por parte dos técnicos do GERAH.

PLANEJAMENTO URBANO POPULAR NA VILA DIQUE: Construindo um diagnóstico coletivo
Douglas Silveira Martini ; Bárbara Kayser dos Santos ; Pedro Henrique Ayete Silveira ; Ana Aguirre Silveira da Rosa
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O artigo estrutura-se em 3 partes. A primeira aborda brevemente o contexto histórico de luta da Vila Dique, localizada na Zona Norte do município de Porto Alegre. A segunda trata de esquematizar um panorama atual dos processos de planejamento urbano e de canais de participação existentes, como o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e ambiental (CMDUA) e o Orçamento Participativo (OP), buscando relacionar esses canais com o processo ocorrendo na comunidade e contextualizar sobre como surgiu a demanda do Plano Popular da Vila Dique, que está sendo elaborado pela comunidade com o apoio do escritório modelo EMAV - Práticas Participativas Populares, da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, junto a outros apoiadores. Nessa parte, discorremos sobre o que entendemos ser um planejamento urbano participativo ou excludente e sobre organização e registros em projetos de extensão. A última parte aborda a construção de uma metodologia adotada para elaborar a primeira etapa do Plano, que consiste de um diagnóstico para o entendimento coletivo da comunidade, descrevendo os passos e as abordagens pedagógicas utilizadas com o objetivo de tornar as dinâmicas participativas mais inclusivas e representativas.

Assistência e assessoria técnica: Entre o discurso e a prática
Fernanda Simon Cardoso ; João Marcos de Almeida Lopes
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Propomos um diálogo entre as noções de assessoria e assistência técnica para habitação de interesse social (ATHIS), partindo de um ponto em comum - a atividade do profissional arquiteto e urbanista. Passamos pelo histórico de ações voltadas para essa área e por recentes debates e atividades realizados após a aprovação da Lei 11.888/2008, promovidos sobretudo por entidades representativas dos arquitetos e urbanistas. Tal diálogo, acreditamos, poderia fomentar a construção de um novo ideário profissional e uma agenda que delimite mais claramente o que poderia se constituir como campo de atuação dos profissionais dedicados à ATHIS. Desde a sanção da Lei Federal 11.888/2008, há uma certa efervescência de debates entre arquitetos e urbanistas sobre o assunto, mas sem um consenso sedimentado sobre qual deve ser o formato técnico e político das ações de ATHIS. Enquanto seguem as disputas em torno do tema, a falta de clareza abre brechas para o surgimento de propostas controversas e discussões que não contribuem para introduzir mudanças estruturais na forma de se assessorar ou mesmo produzir a moradia popular.


Gisele Marques Carraro Machado ; Isabela Resende Barreto ; Margarete Maria de Araújo Silva ; Tiago Castelo Branco Lourenço
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Este trabalho apresenta o processo de assessoria técnica desenvolvida na Ocupação Vicentão, evento urbano que ocorre no centro da cidade de Belo Horizonte/MG desde janeiro de 2018. Esta assessoria tem ocorrido com profissionais e estudantes de Arquitetura e Urbanismo associados com profissionais e estudantes de outras áreas do conhecimento, como: Ciências Sociais, Direito, Geografia, História e Pedagogia. Serão apresentados os desafios ocorridos durante as discussões de apropriação de um edifício de 10 pavimentos por sem casa e vendedores ambulantes, as interfaces utilizadas para buscar o engajamento de todos os envolvidos com as questões que envolvem a ocupação de um edifício de grande porte dentro de um centro urbano complexo e dinâmico como é Belo Horizonte. Este relato é importante para a reflexão dos processos que ocorrem na Ocupação Vicentão e para outros casos de ocupações de prédios que tem ocorrido em várias cidades brasileiras nas lutas pelo direito à cidade.

Extensão Universitária no contexto da Reforma Agrária: reflexões acerca das políticas públicas, assessoria técnica e formação profissional no campo
Iara Pezzuti dos Santos ; André Siqueira de Mendonça ; Raul Pacheco Lemos dos Santos ; Margarete Maria de Araújo Silva
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Este artigo é desdobramento da experiência de Extensão Universitária em trabalho colaborativo entre a Universidade Federal de Minas Gerais, a Associação de Produção Agropecuária Ho Chi Minh e a Associação Arquitetas Sem Fronteiras, no contexto de um assentamento da Reforma Agrária do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Partimos das percepções das dificuldades enfrentadas pelos assentados na consolidação de sua vida no campo para investigar as complexidades existentes em seu cotidiano, sobretudo as lacunas institucionais presentes no processo de assentamento. A partir daí, apresentamos o relato da nossa experiência em campo a fim de apontar possibilidades sinalizadas pela Extensão Universitária, tanto no campo profissional da assessoria técnica e na formação de profissionais capacitados e mais conectados a essa complexa realidade, quanto no papel da universidade pública no aprimoramento das políticas no contexto da Reforma Agrária.

Implementação da coleta seletiva em Pau dos Ferros-RN: Concepções baseadas a partir do Bairro Nações Unidas
Isis dos Santos Costa ; Cláwsio Rogério Cruz de Sousa
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O município de Pau dos Ferros-RN, vem constantemente se desenvolvendo, e associado a ausência de planejamento urbano, surgem problemáticas socioambientais, como a progressiva geração de resíduos sólidos, e seu mal gerenciamento. A coleta seletiva se insere a partir desse contexto como instrumento de gestão, que por lei é obrigação dos municípios. Tendo em vista a execução de projetos relativos que minimizem os impactos ambientais e melhore a qualidade de vida da população, a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA – Campus Pau dos Ferros) a partir do projeto de extensão Empreendedorismo Social e Negócio de Impacto Social (ESNIS) em parceria com a Prefeitura Municipal da cidade, desenvolveu pesquisas em campo com a população a respeito de suas percepções do assunto. O objetivo desse trabalho é averiguar o potencial do Bairro Nações Unidas deste município para servir de local pioneiro para inserção da coleta seletiva, neste contexto, o ESNIS encontra-se elaborando um plano para implantação desse sistema, com a finalidade do gerenciamento correto dos resíduos sólidos urbanos do município e consequente melhoria da qualidade de vida da população.

DEBATENDO SOBRE GESTÃO E PLANEJAMENTO NA ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL Um olhar sobre o Litoral Norte Gaúcho
Jaqueline Mallmann Haas ; Jairo Alfredo Genz Bolter
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O objetivo do trabalho foi analisar as ações e a atuação dos agentes envolvidos na Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER no âmbito da temática da gestão e planejamento. Especificamente, a análise ocorreu no Litoral Norte do estado do Rio Grande do Sul. Foram utilizadas, como técnicas de levantamento de dados, a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo, a partir da realidade de 17 municípios. Tratou-se de pesquisa qualitativa e descritiva. Como resultados principais, a pesquisa evidenciou que, na percepção dos entrevistados, as ações de extensão rural não dão o devido suporte a realidade heterogênea da região, especialmente considerando a temática da gestão e planejamento das unidades de produção. Auxilia, entretanto, no acesso as políticas públicas, sobretudo no que tange as questões burocráticas dos processos. Conclui-se, que as atividades de extensão desempenhadas, notadamente, pela EMATER/RS, embora não suficientes, possuem um papel muito relevante no desenvolvimento regional do Litoral Norte Gaúcho.

Curtas Urbanos: o uso do audiovisual para debater questões urbanas
Jayne Lucas Pereira ; Elisa Gianvenuti ; Nathalia Azevedo de Melo ; Amíria Bezerra Brasil
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O artigo aborda a contribuição do audiovisual na esfera do ensino de Arquitetura e Urbanismo através da análise do projeto de extensão Curtas Urbanos, que promoveu eventos de exibição de curtas-metragens com temáticas relacionadas aos estudos urbanos. Foi realizada uma investigação teórica a respeito da utilização do audiovisual como instrumento de debate e representação de processos urbanos e antropológicos a partir dos trabalhos de Olivieri (2007) e Tavares (2017). Em seguida, analisaram-se as temáticas levantadas pelos curtas-metragens e as discussões realizadas a partir das exibições. As sessões resultaram em ricas discussões acerca dos temas retratados, além do êxito no alcance à um público diverso, integrando professores, estudantes e público externo. Assim, se identificou o valor do audiovisual como uma potente ferramenta para levantar reflexões e questionamentos à respeito de questões urbanas, apresentando contextos desconhecidos ao meio acadêmico em seus moldes convencionais.

Extensão universitária na Ilha do Bororé: o território como instrumento pedagógico
Jorge Bassani ; Flávia Tadim Massimetti ; Marla Rodrigues
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Partindo-se da compreensão do território como elemento transformador e formador do sujeito, entende-se a necessidade da discussão da territorialização como uma ferramenta pedagógica e política. No entanto, quando se expande esses limites disciplinares e alcança-se outros espaços e agentes, como escolas, por exemplo, a discussão apresenta um grande potencial transformador. Quando tal potencialidade é associada ao conhecimento técnico produzido nas universidades, os resultados gerados podem impactar a sociedade produzindo reais transformações sociais naquele determinado território. Esse processo pode ser notado em projetos de extensão universitária. O objetivo do artigo é apresentar uma reflexão sobre os desdobramentos da relação sociedade-universidade que visam repensar as formas de produção do espaço e ressignificar a relação do sujeito com seu território, a partir das experiências do projeto “Revisitando o território: novas percepções sobre o Grajaú”, realizado pelo GeMAP da FAUUSP.

ABRACE O PORTO DO CAPIM. REQUALIFICAÇÃO URBANA E DIREITO À CIDADE. Uma experiência de extensão universidade-comunidade.
Jovanka Baracuhy Cavalcanti Scocuglia
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Este artigo trata de uma experiência de extensão universitária, o Proext/MEC-Sesu - Requalificação Urbana, Ambiental e Patrimonial do Porto do Capim em João Pessoa – PB (Proext Abrace o Porto), desenvolvido no âmbito da UFPB, entre 2015 e 2016, atuando junto à Comunidade Porto do Capim e aos movimentos sociais urbanos insurgentes. Os métodos e as formas de participação que marcaram esta experiência visaram, inicialmente, abrir a discussão ampla sobre a problemática inserindo a comunidade, os movimentos sociais e a universidade no processo de questionamento de um projeto de requalificação urbana para o Centro Histórico da Cidade de João Pessoa realizado pela Prefeitura Municipal. A partir da extensão universidade-comunidade reunimos subsídios para refletir sobre projetos urbanísticos participativos, valorizando as ações articuladas entre diversos agentes pelo Direito à cidade. Essas ações foram marcadas pelo pensamento crítico sobre a cidade, seus agentes e a prática do urbanismo.

APROXIMAÇÕES: UM CONVITE A PRÁTICA DO ACOLHIMENTO NOS ESPAÇOS INFRAESTRUTURAIS DA CIDADE
Julian Grub
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Preocupado em aproximar extensão e graduação, infraestrutura e hospitalidade, universidade e realidade da cidade, esse trabalho pretende combinar ensino de graduação com práticas criativas numa espécie de ensino ativo ou praticado. Assim, através de um breve relato retoma-se a disciplina de projeto de graduação da faculdade de arquitetura da UFRGS sob coordenação do professor Fernando Fuão. Esta experiência através da vivência do espaço buscou o diálogo de diferentes realidades – alunos, professores, alunos da pós-graduação e principalmente da comunidade local. Foi usado como estudo de caso a estação de trem trensurb Niterói-Rio Branco no município de Canoas. Num processo de abertura e ressignificação, as instalações experienciadas pelos alunos e pela comunidade na estação entre os anos de 2014 e 2016 objetivaram não apenas a requalificação, mas principalmente estimular a importância do acolhimento na arquitetura e a reflexão sobre a qualidade dos espaços da cidade através da realidade partilhada com o outro. A experiência dos encontros torna-se, portanto, matéria prima desse relato e uma importante forma de conhecimento e reflexão. Para além das “paredes” da universidade os exercícios de forma ativa como instalações artísticas, festas e equipamentos provisórios, expressam a preocupação com a realidade cotidianamente vivida pelos comerciantes locais e também apontam a forma autoritária (e disciplinadora) do fazer arquitetural. Portanto, o ensaio se propõe a uma reflexão sobre a importância da aproximação efetiva do aluno da graduação com a população, do contato da sala de aula com a realidade, e ao mesmo tempo, procura destacar a questão ética que envolve o pensar arquitetônico, principalmente voltadas as arquiteturas infraestruturais da cidade.

A MORADIA AUTOCONSTRUÍDA COMO PROCESSO DE MORAR DA POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA: Um olhar para além da precariedade.
Juliana de Faria Linhares
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Este artigo propõe o debate acerca da associação entre a autoconstrução e a precariedade. Esta proposta parte da inquietação a respeito da generalização do conceito de precariedade na medida em que esta característica seja conferida à totalidade de edificações autoconstruídas pela população de baixa renda e majoritariamente fundamentada pelo julgamento da sua forma final física. Nesta conceituação, entende-se esta arquitetura – dita precária – como algo que deve ser substituído, sem que esta caracterização seja resultante de uma investigação efetiva de suas condicionantes. Sugere-se, assim, uma análise a respeito do que dizem as moradias autoconstruídas sobre o processo de morar da população de baixa renda, desconstruindo os critérios de análise fixos, estanques e imagéticos vinculados ao morar do pobre. Entende-se a moradia como um processo de morar e de habitar a cidade, sendo sua materialidade um produto das relações pessoais, da estrutura social e histórica do morador e de seu mundo de vida.

A EXTENSÃO EM CONSTRUÇÃO: Uma experiência de 'imersão' em Raposos/MG
Junia Maria Ferrari de Lima ; Hernan Espinoza Riera ; Lucas Yuri Alves Zanatta
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A extensão traz em sua bagagem um longo histórico de experimentações, constituído por ações de cunho assistencialista ou paternalista, mas também por formas mais compartilhadas e horizontais de trabalho, fruto de parcerias firmadas entre a universidade e a sociedade civil. Influenciadas por aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais, essas ações adquirem um caráter bastante dinâmico e heterogêneo. Este trabalho discute a extensão com recorte específico em uma modalidade de ação propiciada pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais. Trata-se de uma experiência em construção, viabilizada a partir de uma parceria entre a universidade e parte da comunidade do município de Raposos-MG que, além de permitir a participação de discentes matriculados em todos os cursos da UFMG tem propiciado oportunidades mais ampliadas de contato com a população local, a partir de imersões no município parceiro.

Assessoria e Assistência Técnica pelo direito à moradia e à cidade: A contribuição da Taramela para a consolidação de um campo de atuação profissional em Fortaleza, Ceará.
Lucas Golignac Lessa ; Natália Maria Moura Medeiros ; Marcela Monteiro dos Santos
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A Lei de Assistência Técnica (11.888/2008) completa 10 anos desde sua promulgação, apesar de pouco implementada, ela tem contribuído para (re)ampliar o debate e estimular o surgimento de novos grupos em torno da consolidação de um campo profissional. A lei foi uma vitória dentro de um processo histórico, onde diversos profissionais, destaque para arquitetos urbanistas, junto a movimentos sociais disputam a construção de uma cidade mais democrática. Recentemente emergem questões que buscam conceituar o que seria o trabalho de assessoria, ligado a esse histórico de ações próximo aos movimentos e a assistência técnica tal qual foi conquistada pela lei. Este artigo busca debater essas questões históricas e teóricas, que se construíram principalmente no sul e sudeste do país, e dialogar com a experiência prática da Taramela, um novo grupo sediado em Fortaleza que foi criado na busca de se consolidar uma atuação profissional com assessoria e assistência técnica no Ceará.

VIVÊNCIAS, TROCA DE SABERES E FORMAÇÃO CIDADÃ PARA O DIREITO À CIDADE: EXPERIÊNCIAS DO PROJETO MOTYRUM - UFRN, DE EDUCAÇÃO POPULAR EM DIREITOS HUMANOS, NA COMUNIDADE DO JACÓ, EM NATAL/RN
Maria Dulce Picanço Bentes Sobrinha ; Marise Costa de Souza Duarte ; Reinaldo Lima Souza de Lélis ; Marcello Uchoa Wanderley
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O presente artigo tem como objetivo refletir sobre o aprofundamento do processo de efetivação do Direito à Cidade, a partir de experiências acadêmicas desenvolvidas em processo dialógico, com articulação entre ensino, pesquisa e extensão. Para tanto, toma como referência as pesquisas realizadas no âmbito dos Trabalhos Final de Graduação “Bom dia, Jacó: plano urbanístico de ideias para e com a Comunidade do Jacó, no Bairro das Rocas, em Natal/RN” e “Entre muros: vida escondida na Comunidade do Jacó – caminhos para a efetivação do direito à moradia na AEIS São José do Jacó em Natal/RN”, desenvolvidos por estudantes dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, e de Direito, respectivamente, da UFRN, em articulação com o Projeto Motyrum Urbano. A realização desse Projeto tem estimulado estudantes, professores, moradores da comunidade e técnicos do setor público a contribuir com ações concretas de implementação de direitos humanos e particularmente do Direito à Cidade, reafirmando o compromisso com a formação profissional cidadã e com a construção de uma cidade de direitos.

A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA FORMAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO ATRAVÉS DOS EMAUs: Estudo de caso sobre os cinco anos de atuação do Abricó como EMAU da UFRJ
Maria Eduarda Sant' Anna Lessa ; Erick Santos de Mouros ; Bruna Garritano Ferreira
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Os Escritórios Modelo, iniciativa estudantil fomentada pela Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo (FeNEA), buscam cumprir a tarefa de pôr em prática a tríade Ensino-Pesquisa-Extensão nas Universidades através da assessoria a comunidades organizadas e em situação de vulnerabilidade política, econômica e social. Mas o que os caracteriza enquanto EMAUs? De que forma sua atuação pode influenciar para uma formação crítica de profissionais? Para responder a essas questões, o presente trabalho analisa a atuação do EMAU da UFRJ, Abricó, nos cinco primeiros anos após sua recriação. Através de levantamento bibliográfico, de banco de dados e coleta de testemunhos sobre as diretrizes dos EMAUs e o histórico do Abricó, o presente artigo irá sistematizar as informações e confrontar as ações do Abricó com os princípios dos EMAUs, avaliando os impactos da atuação de um Escritório Modelo dentro da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ.

Co-criando a cidade com crianças e adolescentes: articulações e reflexões a partir de experiências em espaços educativos
Mariana Ribeiro Pardo ; Ana Clara Oliveira de Araújo ; Davi Lima Bastos ; Maria Luiza Freitas Rocha
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A discussão em torno da participação de crianças e adolescentes no planejamento urbano tem sido frequente no campo da Arquitetura e Urbanismo, considerando importante a inclusão desses agentes sociais nos processos de produção e de planejamento urbano, entendendo-os não apenas enquanto usuários, mas também enquanto agentes de transformação, criação e proposição da cidade. Nesse sentido, o CURIAR – Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo, da Faculdade de Arquitetura da UFBA, vem desenvolvendo projetos de extensão universitária em colaboração com dois espaços educativos de Salvador: a Escola Comunitária Nossa Senhora de Escada, na região do Subúrbio Ferroviário; e o Centro Municipal de Educação Infantil União Boca do Rio, no bairro da Boca do Rio. As atividades que vêm sendo realizadas, configuram-se como continuidade de ações que já eram praticadas anteriormente pelas coordenações pedagógicas desses locais, voltadas para a interação com a comunidade em que se inserem, assim como com os demais agentes sociais e culturais presentes nesses territórios.

Assistência Técnica em Arquitetura e Urbanismo via Extensão Universitária: a experiência do ATAU-UNIFAP
Melissa Matsunaga ; Marcelle Vilar da Silva ; Patricia Takamatsu
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O artigo objetiva abordar a experiência do Projeto de Extensão Universitária ‘Assistência Técnica em Arquitetura e Urbanismo’ da UNIFAP (ATAU) que tem como área de intervenção o Conjunto Habitacional Mestre Oscar Santos (CHMOS) localizado na zona norte de Macapá-AP. O CHMOS corresponde a um conjunto de 528 UH térreas do PMCMV e foi entregue em 2013 pelo Poder Público Municipal. Tendo em vista que a área construída da UH apresenta-se insuficiente para a maioria dos perfis familiares, o ATAU visa, num primeiro eixo de atuação, assistir dez famílias moradoras do Conjunto elaborando – em diálogo com as mesmas –, o projeto de reforma e adequação das residências às suas necessidades e desejos. O segundo eixo foca a elaboração de projeto para as áreas públicas do CHMOS, através da discussão e acordo coletivos sobre usos pretendidos para tais áreas. O ATAU mobiliza a Lei Federal No. 11.888/2008 –– que “assegura às famílias de baixa renda assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social” como parte do direito social à moradia, conforme Art. 6º da Constituição Brasileira. Pretende-se discorrer sobre a metodologia empregada, o histórico do CHMOS, além de analisar o potencial que a atividade extensionista possui em pautar as atividades de ensino e pesquisa, reforçando o caráter crítico e compromissado à realidade social local dos egressos do curso de arquitetura e urbanismo da UNIFAP.

DIAGNÓSTICO SÓCIO-URBANÍSTICO PELA PRÁTICA DO DESENTENDIMENTO E O COMUM - Reflexão teórica sobre o planejamento urbano ao nível da sociedade
NORBERTO MILTON PAIVA KNEBEL
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O objetivo é trazer uma reflexão bibliográfica e teórica sob o planejamento urbano, tendo o objetivo de esclarecer o papel possível do desentendimento e do comum. O método utilizado é da revisão blibliográfica sob abordagem dialética. Ainda, essa pesquisa busca trabalhar a hipótese da extensão universitária promover a tradução técnica dos manifestos de desentendimento, em que a assistência técnica andaria no sentido da igualdade radical ao aceitar a possibilidade de que os agentes sociais trabalhem conceitos e concepções para além dos fechamentos teóricos. O alinhamento entre sociedade e universidade se dá no nível de igualdade necessário para conceber a partilha do sensível e a política que enxergue o insurgente, numa formação de planejadores urbanos ao mesmo tempo acadêmica como ao nível da sociedade.

O papel da Universidade na Gestão de Risco de Desastres
Rafaela Vieira ; Kátia Ragnini Scherer ; Giane Roberta Jansen
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Dentre as várias ações que contribuem para o fortalecimento da Gestão de Riscos de Desastres (GRD) na Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí, busca-se relatar a experiência vivenciada por meio de uma ação de extensão, que são os ‘Fóruns Permanentes de Prevenção aos Riscos de Desastres na Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí’. O relato é do tipo descritivo, de caráter qualitativo e pautado na abordagem sistêmica. Os fóruns tem sido um espaço-tempo de caráter inovador, continuado e que tem permitido a integração de distintos steakholders, congregando o poder público, por meio de gestores e técnicos, comunidade acadêmica e comunidade em geral. Destaca-se, o papel da universidade como articuladora desses distintos grupos de interesse. As edições dos fóruns têm contemplado distintas temáticas e processos relacionados à GRD. Portanto, constitui-se como uma importante ferramenta de mediação que permite uma discussão ampla, participativa e continuada da GRD.

AUTONOMIA, RESISTÊNCIA E ENFRENTAMENTO: CAMINHOS DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA. Contribuições para extensão universitária socialmente referenciada
Regina Bienenstein ; Cynthia Gorham ; Glauco Bienenstein ; Daniel Mendes Mesquita de Sousa
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Este artigo trata da assistência técnica gratuita na área de arquitetura, urbanismo e engenharia, voltada para a habitação, examinando a contribuição da universidade pública, por meio de suas principais e indissociáveis atividades, ensino, pesquisa e extensão, e discutindo desafios quanto à formação de profissionais críticos e capacitados para colaborar na construção de cidades sócio e espacialmente justas e inclusivas e contribuir para o fortalecimento dos movimentos populares que lutam pelo direito à moradia. Está organizado em cinco partes, além da introdução. A primeira contextualiza o processo e o arcabouço jurídico da assistência técnica no Brasil; a segunda resgata a luta pela assistência técnica gratuita, e a Lei de Assistência Técnica; a terceira aborda diferentes enfoques e formas, limites e possibilidades da assistência; a quarta apresenta breve avaliação das dificuldades e possíveis contribuições de uma ação de extensão universitária, seguida de considerações finais.

Assessoria técnica para moradias autoconstruídas no sertão central cearense
Rérisson Máximo
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As necessidades habitacionais brasileiras são geralmente classificadas em dois componentes: déficit habitacional e inadequação habitacional. Esta considera moradias autoconstruídas, que não proporcionam condições desejáveis de habitação e que representam 3/4 das moradias produzidas. Quixadá, que abriga importante campus do IFCE, não difere da realidade de outras cidades cearenses de pequeno e médio porte, apresentando déficit habitacional cujo destaque é a inadequação habitacional. Diante deste quadro, implantou-se o Escritório Modelo de Assessoria Técnica em Construção Civil, projeto de extensão que atende grupos sociais ou organizações com dificuldades de acesso a profissionais na área de construção civil. O projeto possibilita que população de baixa renda reforme ou construa suas residências contando com assessoria técnica gratuita, baseando-se na chamada Lei da Assistência Técnica. Além de beneficiar essa população, possibilita aos alunos experiência prática voltada para questões sociais. Dentre os resultados alcançados destaca-se o desenvolvimento de desenhos e orientações técnicas para duas comunidades na periferia de Quixadá.

A OCUPAÇÃO DE UM ESPAÇO PÚBLICO COM CRIANÇAS
SAMY LANSKY
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Este texto é um relato de atividades integradas de pesquisa, extensão universitária e ensino que adotam como temática a criança, o espaço público e a cidade. São abordadas as relações de vizinhança e a presença de crianças nos arredores do Mercado do Cruzeiro - uma fronteira social numa das regiões mais desiguais do município de Belo Horizonte, Brasil. O objetivo é criar subsídios para a elaboração de planos e projetos urbanos com foco nas crianças, além de desenvolver formas colaborativas de pensar e intervir nos espaços públicos. Como resultado deste processo, ocupamos um pequeno espaço para as brincadeiras infantis, utilizado anteriormente para estacionamento de motocicletas, e realizamos um projeto para intervenções no espaço de forma colaborativa que aos poucos está sendo implantado, incluindo um grafite que envolve uma tela de cinema no muro adjacente, bancos e um brinquedo escorregador-escalador. Este espaço foi afinal reconhecido oficialmente pela gestão municipal como espaço de lazer e denominado “Nossa Pracinha”, denominação inicialmente adotada pelos que participavam das atividades.

Observatório do reassentamento: [r]existir - um jogo de memória, afeto e visibilidade, para cartografar modos de vida
TATIANA RIBEIRO DE SOUZA ; Karine Gonçalves Carneiro ; Túlio Colombo Corrêa
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No presente artigo apresentamos o desenvolvimento do jogo “[r]existir – um jogo de memória, afeto e visibilidade”, como resultado da experiência extensionista do Grupo de Estudos e Pesquisas Socioambientais (GEPSA), por meio do “Observatório do Reassentamento – Rede de apoio e ações aos atingidos de Mariana e Barra Longa”. Trata-se de trabalho desenvolvido desde 2016, sob o método cartográfico, junto às pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, mais especificamente junto às comunidades vítimas do deslocamento forçado que se encontram sujeitas ao reassentamento. A partir de uma demanda da Cáritas Regional Brasil, na qualidade de assessoria técnica das pessoas atingidas no município de Mariana, o GEPSA desenvolveu uma tecnologia social, baseada na cartografia dos modos de vida das pessoas atingidas, que pudesse ser reproduzida e utilizada pela Cáritas não apenas em Mariana, mas ao longo da Bacia do Rio Doce e até em outras situações de vulnerabilidades semelhantes àquelas vividas pelas pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão.

Construindo pontes: um lugar de vida na Zona do Cemitério
Terezinha de Oliveira Buchebuan ; Luiza Signori
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O presente texto constitui-se de relato de experiência de uma ação extensionista do TaliesEM - Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Caxias do Sul, em um território autoproduzido de Caxias do Sul, RS, o Euzébio Beltrão de Queiróz. O objetivo é construir reflexões afim de compreender as atividades realizadas, servindo de suporte para ações futuras. Os procedimentos metodológicos envolveram o retrato da formação da cidade; a constituição histórica dos seus territórios autoproduzidos; a contextualização do Euzébio Beltrão de Queiróz nesse cenário; e, o relato da experiência do TaliesEM na comunidade. A reflexão analítica dos resultados se dá a partir dos conceitos de espaço e lugar (Tuan, 1983) e de fronteira (Certeau, 1998). As ações na comunidade culminaram na requalificação da Praça da Esperança através de uma abordagem colaborativa, horizontal e miniaturizada de intervir no espaço. A praça transformou-se em lugar construindo-se pontes.

CURSO A PRODUÇÃO CAPITALISTA DA CIDADE: A legitimação da Universidade Pública pela Pesquisa-ação com os movimentos sociais urbanos
Valeria Pinheiro
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A criação, o desenvolvimento e os desdobramentos do Curso "A produção capitalista da cidade: poderes, conflitos e resistências" são objeto deste artigo, inserido num processo de pesquisa-ação do Laboratório de pesquisas da Habitação (LEHAB/UFC), na busca por compreender melhor nosso compromisso intelectual e político, enquanto parte da Universidade Pública, perante os movimentos sociais urbanos. O curso considera premente a socialização do debate sobre as parcerias público-privadas como forma de gestão e planejamento das cidades, e a construção coletiva de alternativas a este modelo de cidade. Considerando o atual cenário de ameaças aos direitos nos mais diversos campos, estratégias que permitam o fortalecimento da articulação e da capacidade de intervenção propositiva de segmentos populares legitima a existência da Universidade e reforça a necessidade de sua autonomia.

AVALIAÇÃO PÓS OCUPAÇÃO DA PRAÇA SÓ ALEGRIA: PROCESSO, PROJETO E EXTENSÃO
Vítor Soares Miceli ; Mayara Barbosa de Almeida
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O trabalho buscou fazer uma análise processual e uma Análise Pós Ocupação (APO), da praça Joaquim Agostinho Zeferino, Só Alegria, localizado na Zona Oeste da Cidade de São Paulo na favela Jardim Jaqueline. O projeto, nasce em 2013 como um matéria do curso de graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, passando para um projeto de extensão em 2015 e em 2016 como um projeto da entidade autogerida FAU Social. O texto busca analisar esses processos fazendo luz ao conceito de “extensão”, para assim entender como o local foi construído e como é utilizado, valendo-se da APO.

ASSESSORIA TÉCNICA A OCUPAÇÕES URBANAS: relação não alienada entre homem e natureza
Viviane Zerlotini da Silva ; Luiz Felipe Velloso Leal
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Este artigo busca identificar mediações de primeira ordem entre o homem e a natureza, no modo de autoprodução do espaço pelas ocupações urbanas. Apresenta-se o recorte de quatro anos de pesquisa e extensão realizadas nas ocupações de Izidora, a partir da fricção entre a experiência dos moradores e outras técnicas de gestão e de urbanização do território. As relações com a natureza e modos de vida; a terra (recurso e apropriação, padrão de consumo da terra e estruturação do espaço intra-urbano, função social da terra e da propriedade, direito à cidade); o sítio (elementos pré-existentes, capacidade de suporte e potencial, a formação geológica, o relevo, a paisagem, as fontes e os caminhos das águas, o sol e os ventos); processos de autoprodução e gestão comum do espaço (técnica, organização social e divisão do trabalho) mostraram que a cidade autoproduzida guarda potenciais para a produção menos degradante e desigual do espaço.

Projeto Civis: Uma experiência pedagógica de assistência técnica
William Mog ; Lívia Salomão Piccinini ; Renata de Figueiredo ; Beatriz da Fé Reis
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O artigo aborda uma experiência de assistência técnica na área habitacional em Porto Alegre/RS a partir da atuação de uma Organização Não Governamental (ONG) intitulada Associação Saúde Criança (ASC). Esta ONG possui como principal objetivo o atendido de crianças enfermas em condições de vulnerabilidade social através de uma estrutura interdisciplinar. Apresenta-se primeiramente um panorama teórico e histórico de formação da sociedade de classes brasileira e sua relação com o espaço urbano profundamente desigual para em seguida abordar a atuação da ONG neste contexto de desigualdade a partir do Projeto Civis, um espaço de diálogo entre os arquitetos do Pilar Moradia e o público atendido pela instituição. Entende-se que esta atuação viabiliza não apenas a solução de problemas habitacionais de uma população vulnerável socialmente, mas a abertura pedagógica de um espaço de autonomia que promove uma mudança social a partir do processo de resolução de problemas espaciais.

O ornitorrinco de papel: universidade, cidade e extensão universitária
Wrana Panizzi
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Os anos passam, a vida segue, mas algumas coisas não mudam. Talvez o maior desafio de todos aqueles que se ocupam da gestão da universidade, das cidades e da própria relação da primeira como a segunda através das atividades de extensão, seja os impedimentos burocráticos e o excesso de processos e protocolos a serem seguidos de modo que na maioria das vezes as leis acabam não saindo do papel. Neste sentido, no presente texto busco através de uma inflexão sobre meus trabalhos e estudos, repensar e ressignificar o modo como a universidade, a cidade e a extensão universitária é pensada, sobretudo, do ponto de vista de sua tangibilidade e incidência social. Para isto, realizo no decorrer do texto, uma breve digressão a partir da qual proponho um reviravolta epistêmica com vistas a pensar tanto a cidade como a universidade a partir de uma dupla dicotomia entre a universidade tangível (das pessoas) e a intangível (das agências de fomento, do Estado), quanto da cidade tangível (daqueles que moram nela) e a intangível (daqueles que pensam sobre ela).

ST 10 - Questão Metropolitana e Cidades em Rede
A METRÓPOLE E O IMOBILIÁRIO LOGÍSTICO O CASO DE CAJAMAR
Alexandre yassu
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Este artigo busca apresentar a atuação, de uma parte, do setor imobiliário logístico no município em Cajamar na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Inicialmente se faz uma abordagem do que seria este novo ramo do setor imobiliário e seus impactos sobre a produção do espaço metropolitano. Em seguida é feita a apresentação dos principais agentes envolvidos no caso estudado e por fim a apresentação do caso e a conclusão. No distrito de Jordanésia, em Cajamar, foram implantados, nos últimos nove anos, monstruosos Centros de Logística de propriedade de grandes grupos econômicos, para fazer a operação logística de grandes varejistas, principalmente do setor de e-commerce (DHL, Amazon, B2W, Marabraz, Netshoes, Samsumg, etc). Os dois agentes pioneiros, e de certa maneira principais, deste setor são: o grupo nacional Marabraz de lojas de departamento e também de e-commerce e o grupo internacional Prologis. O grupo Marabraz foi pioneiro chegando na região em 2006, em seguida, em 2008, um grande projeto de parceria entre a Cyrela Comercial Properties e a norte americana AMB Property Corporation, hoje Prologis, o maior grupo de plantas industriais de logística do mundo. Depois desse gatilho inicial a velocidade de implantação de novos centros é agressiva, e a demanda por terra na escala dos milhões de metros quadrados. Jordanésia, o distrito aonde existe forte dinâmica imobiliária do setor de logística, conta, como já colocado, com a presença também dos Abdalla e da Pillar Empreendimentos. Em levantamentos preliminares foi possível identificar que foram consumidos mais de 5 milhões de m2 de solo somente pelo setor logístico nos últimos 9 anos, uma área equivalente a todo o Porto Maravilha, operação urbana da área portuária da cidade do Rio de Janeiro. Um fato que é um forte indício de uma articulação multiescalar em torno do circuito logístico no município, é a instalação do centro de operações para e-commerce do Correios no distrito de Jordanésia, o centro mais moderno do país e de maior capacidade, voltado totalmente para o setor privado. Este empreendimento é parte de um novo serviço do Correios, o Correio Log, que é um serviço de estocagem e logística para pequenas e médias empresas do setor de e-commerce. A tentativa de compreensão deste setor e desta coalizão em torno do imobiliário logístico no município de Cajamar é parte do esforço de compreender questões contemporâneas do processo de produção do espaço Metropolitano, envolvendo agentes financeiros globais, fundos de pensão, fundo público e órgãos de classe.

DE NOVO, AS ESCALAS: O Estatuto das Metrópoles entre o Local e o Regional
ALEXSANDRO FERREIRA CARDOSO DA SILVA
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Desde o Estatuto da Metrópole, o tema metropolitano ainda não encontrou um eixo pautado nos novos desafios abertos às cidades brasileiras, neste conturbado período pós 2015. Neste trabalho exploramos a política escalar, ou melhor, questões envolvendo o papel das escalas de ação e de política, como chaves interpretativas desses desafios. Buscamos formas de leitura da ação e da análise conjuntas, isto é, construir um indicador de avaliação dos efeitos do Estatuto da Metrópole na sua real capacidade de gerar efeitos escalares ou reações políticas na escala metropolitana. De modo mais direto, acreditamos que o Plano de Desenvolvimento Integrado (como documento orientador do Planejamento Regional), não se constitui apenas como ferramenta de intervenção na metrópole, mas também como o próprio definidor dessa escala, a partir de quanto é reconhecida como ativo (e efetivo) instrumento de intervenção territorial.

O ÔNUS E O BÔNUS DE SE VIVER AO LADO DA CAPITAL DO AGRESTE: Desigualdades socioespaciais e dinâmicas da Rede Caruaru
ANDRÉ GUSTAVO OLIVEIRA ; RAQUEL OLIVEIRA MAGALHÃES
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Caruaru é a primeira cidade no Agreste/Sertão de Pernambuco, e permanece em posição de destaque na atualidade, sendo a maior cidade pernambucana fora da Região Metropolitana do Recife. Caruaru mantém taxas de crescimento econômico e populacional acima das médias para o estado e país. Sua localização geográfica privilegiada também afirma a vocação da cidade às atividades terciárias, e seus bens e serviços atendem diretamente a um raio de vinte e cinco municípios, conforme a CONDEPE/FIDEM (2012), constituindo a Rede Caruaru. A presente pesquisa se apropria parcialmente da estrutura das disciplinas de Sistema de Análise Urbana e Intervenção Urbana Regional, do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIFAVIP/WYDEN, por meio de indicações bibliográficas e ferramentais, utilizando-se o programa QGIS para geoprocessamento. A aplicação destes instrumentos, na leitura de fenômenos urbanos e regionais, é de grande relevância na fundamentação de diagnósticos e proposições. Neste caminho, aborda-se aqui, numa pesquisa exploratória, a Rede Caruaru em suas especificidades e padrões, por categorias relacionadas à economia, população e localização das cidades da rede.

PERFIL DO JOVEM ‘NEM NEM’ NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE
Antonia Jaine da Silva Pereira ; Silvana Nunes de Queiroz ; Paulo Victor Maciel da Costa
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Este artigo tem como principal objetivo traçar o perfil do jovem nem nem residente na Região Metropolitana do Recife (RMR) e estimar a probabilidade de estarem em tal condição. Por se tratar de um tema recente, a maioria dos estudos realizados são para o Brasil, não havendo trabalhos específicos para as metrópoles, espaços com concentração populacional e elevado desemprego e subemprego, principalmente entre os jovens. Ademais, o estudo descreve alguns investimentos em educação e programas para o primeiro emprego no Pernambuco. Além da contribuição acadêmica, espera-se que os resultados auxiliem na focalização de políticas públicas para o combate à evasão escolar e ao desemprego juvenil, e para a saída da condição de nem nem. A principal fonte de informações foi a PNAD de 2015, cujo tratamento dos dados foi feito com o SPSS e o STATA. Os resultados captaram as principais características no perfil do jovem nem nem, sendo destaques o baixo rendimento e a elevada participação feminina.

REFLEXÕES SOBRE A REGIÃO METROPOLITANA DE MACEIÓ
BRUNA ROCHA TENÓRIO DE GAUW ; CID OLIVAL FEITOSA
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O referido trabalho tem como objetivo analisar o processo de urbanização de Alagoas, especificamente da sua capital, Maceió, no período de 2000 a 2015. Para tanto, irá recuperar historicamente alguns elementos da economia alagoana e analisar os impactos desta estrutura produtiva sobre o desenvolvimento urbano do estado. Será feita uma ampla revisão da literatura e o levantamento de dados secundários visando fundamentar as transformações pelas quais passou a cidade de Maceió ao longo desses anos. Conclui-se que o baixo dinamismo da economia alagoana, aliado a intensa concentração fundiária e baixa diversificação produtiva resultaram em uma urbanização bastante perversa, com elevada concentração em Maceió e grande dependência do setor público e de serviços com baixa remuneração.

DESAFIOS À IMPLEMENTAÇÃO DO ESTATUTO DA METRÓPOLE: O Caso da Região Metropolitana de Natal/RN
Brunno Costa do Nascimento Silva ; Raquel Maria da Costa Silveira ; Lindijane de Souza Bento Almeida
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O Estado brasileiro vem buscando, nos últimos anos, consolidar um arranjo institucional que colabore com respostas aos desafios intrínsecos à questão metropolitana. Nesse sentido, em 2015, foi promulgado o Estatuto da Metrópole (Lei nº 13.089) enquanto marco regulatório que deveria ser capaz de orientar a discussão a respeito da temática. Diante desse contexto, o presente estudo objetivou compreender quais foram as ações efetivadas pelo Governo do estado do Rio Grande do Norte (RN) visando à implementação do Estatuto da Metrópole na Região Metropolitana de Natal, a partir da relação estabelecida com os municípios metropolitanos e a sociedade civil. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com o representante do ente estadual e dos municípios. Os resultados da pesquisa destacam uma forte atuação do município de Natal (polo metropolitano) e ausência de ações por parte do Governo estadual do RN em implementar o Estatuto da Metrópole.

PRECARIEDADE HABITACIONAL NA MACROMETRÓPOLE PAULISTA: um primeiro olhar a partir dos Níveis de Integração
Camila D'Ottaviano ; Suzana Pasternak ; Ângela Luppi Barbon
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Este artigo parte de duas inquietações iniciais: em primeiro lugar a percepção de que várias das dinâmicas identificadas historicamente como típicas da Região Metropolitana de São Paulo ultrapassaram seus limites e são perceptíveis em municípios e mesmo regiões contiguas; e a necessidade de um olhar para além da metrópole tradicional para a compreensão dessas novas dinâmicas. E de uma questão central: como se comporta a precariedade habitacional nesse novo território? A partir dessas inquietações propomos aqui uma análise sobre uma ampla porção do território cuja dinâmica recente ainda carece de análise: a Macrometrópole Paulista. O artigo procura investigar o comportamento da precariedade habitacional nesse novo território macrometropolitano, procurando identificar novas formas de desigualdade territorial. Para isso, serão analisadas as principais características dos espaços favelados presentes nesse território a partir da análise dos censos demográficos de 2000 e 2010 e de sua relação com os níveis de integração à dinâmica da metropolização dos municípios que a compõem.

O que une, separa: Questão metropolitana e paradoxos da transformação socioespacial em contexto regional paulista
Cilene Gomes ; Daniel José de Andrade ; Micael Henrique da Silva Santos
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A questão metropolitana estará em foco sob o ponto de vista histórico e teórico e, em aproximação empírica, será relacionada ao sistema metropolitano paulista e aos eixos de integração territorial e cidades em rede no contexto regional do Vale do Paraíba e Litoral Norte. O desenvolvimento assim previsto será levado a considerações sobre a premissa do espaço que une e separa, a partir de contradições socioespaciais inerentes às relações entre o que é global e local, com base nas lógicas paradoxais de racionalidades unificadoras que promovem, simultaneamente, a fragmentação socioespacial, para evidenciar, em última instância, que este espaço é o mesmo espaço que poderá engendrar, a seu tempo e modo, possibilidades de transformação, e mesmo, transformações.

O MOVIMENTO PENDULAR DE GOVERNADOR CELSO RAMOS – SC: Uma análise a partir dos dados censitários
Daner Rosskamp Ferreira ; Stephanie Luise de Pinho
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O movimento pendular se diferencia de outras migrações pela possibilidade das pessoas se manterem no seu local de moradia e se deslocarem diariamente para outra localidade a trabalho, estudo ou em busca de outros serviços não garantidos na localidade de origem, tornando os meios de transporte uma importante ferramenta para sua concretização. O presente estudo pretende analisar o movimento pendular do município de Governador Celso Ramos/SC a partir dos dados do Censo Demográfico de 2010 (IBGE). Os dados mostraram que 41% dos trabalhadores residentes no município, trabalhavam em outro município, com tempo médio de deslocamento até o local de trabalho de mais de meia hora até 2 horas. Os dados também revelaram que cerca de 28% dos estudantes residentes, estudavam em outro município. Os dados censitários se mostraram uma importante fonte para a análise do movimento pendular e suas implicações no desenvolvimento do município.

CIDADES EM REDE: Estrutura espacial e movimentação metropolitana
Débora Ferreira da Cunha
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O processo de urbanização tem produzido alterações e transformações nas cidades, e em suas inter-relações funcionais e sociais, ocasionando a formação de complexas estruturas urbanas no espaço. A complexidade funcional é distinta entre os centros urbanos e depende do grau de articulações entre eles. No sistema urbano brasileiro manifestam-se estruturas geográficas de concentração populacional e econômica, como as metropolitanas. Para interpretar e analisar a estrutura espacial e a movimentação metropolitana, tomou-se por base as tipologias de estruturas territoriais de áreas metropolitanas em Pujadas e Font (1998) e de padrões de interações espaciais em redes geográficas de Corrêa (1997), aplicadas com os dados dos deslocamentos diários para estudo/trabalho entre municípios da Região Metropolitana de Goiânia (RMG), dos Censos Demográficos (IBGE, 2000/2010). A análise do subsistema de cidades RMG apresentou uma rede complexa, mais densa e com mais conexões em 2010, cujo o centro principal é a metrópole Goiânia, que recebe pessoas de todos os municípios metropolitanos, com fluxos mais intensos. A pendularidade na RMG é alta, as intensidades delimitam no território anéis metropolitanos, concentrados ao redor de Goiânia, onde as ligações são mais fortes. Assim, a estrutura espacial da RMG, analisada pela movimentação pendular das cidades em rede, apresenta redes geográficas com padrão de interações espaciais fortemente regionais, com evolução espaço-temporal (2000-2010), formando uma rede com estrutura multi-hierárquica e semi-reticular, com múltiplas e intensas conexões, multidirecionais, ao mesmo tempo um modelo polarizado por Goiânia, mas também com inter-relações multilaterais entre os municípios, semi-reticular, redefinindo as hierarquias e forma do subsistema.

MOTIVOS DE VIAGEM: O potencial de mais um simples indicador de transporte
Ernesto Pereira Galindo ; Maria Luiza Bastos da Silva e Galindo
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O fluxo de pessoas é considerado uma chave para identificação da integração entre cidades. Essa conclusão é válida na análise de uma região metropolitana e em outros arranjos como apontado pelo IBGE e IPEA. As motivações dessas viagens poderiam servir de base para definição de funções compartilhadas entre esses municípios? As chamadas Funções Públicas de Interesse Comum (FPICs) são políticas ou ações públicas inviáveis isoladamente por um município ou impactantes a municípios vizinhos e, apesar de se referirem a regiões metropolitanas (RMs) e aglomerações urbanas, são consideradas válidas para outras relações interurbanas. Serviriam os motivos de viagem como identificadores dessas FPICs? Esses motivos poderiam também descrever municípios e arranjos? Utilizando como estudo de caso a RM de Salvador e sua pesquisa de Origem e Destino propõe-se ensaiar essa pretensa utilidade dos motivos de viagem à luz da sustentabilidade (resiliência de Holling e viabilidade de Matus).

O PDDI-RMBH e as possibilidades de um desenvolvimento endógeno desencadeado pela economia popular mineira
Evandro Luis Alves ; Sibelle Diniz ; Bruno Siqueira Fernandes
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O Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Belo Horizonte – PDDI-RMBH, aprovado em 2011, apresentou como um dos objetivos do planejamento metropolitano a indução do desenvolvimento de uma “novíssima economia mineira”. Em especial, na sua referência ao universo de produção de pequena escala, chama atenção o fato de o Plano tomar a tese da economia popular solidária como pressuposto de planejamento para o desenvolvimento. A partir desse fato, o presente trabalho propõe uma análise da economia popular de Minas Gerais e do potencial desta economia desencadear um processo de desenvolvimento endógeno, entendido na perspectiva do desenvolvimento solidário.

GOVERNANÇA METROPOLITANA E FPICs: Possibilidades e desafios na Região Metropolitana do Cariri - CE
Francisco Raniere Moreira da Silva ; Diego Coelho do Nascimento
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O presente texto discute o processo de institucionalização da Região Metropolitana do Cariri face às transformações recentes na política metropolitana decorrentes do Estatuto da Metrópole. O objetivo é analisar a forma como se constroem os arranjos institucionais para a governança metropolitana envolvendo a cooperação entre diferentes atores governamentais, e o modo como são definidas e executadas as funções públicas de interesse comum. Trata-se de um estudo de caráter exploratório descritivo, de caráter qualitativo e abordagem de estudo de caso único. Como procedimentos de coleta de dados, utilizou-se de pesquisa bibliográfica envolvendo os temas da metropolização, governança interfederativa e funções públicas de interesse comum, e pesquisa documental em leis, relatórios técnicos, atas de reuniões e outros documentos disponibilizados em bases públicas ou fornecidos pela Secretaria das Cidades do Estado do Ceará. A partir das análises realizadas, afirma-se que a RM Cariri encontra-se em processo de institucionalização recente, enfrentando uma série de dificuldades à sua consolidação enquanto efetivo instrumento de desenvolvimento territorial. Todavia, o fato de ser recém-criada abre caminhos também para a estruturação de arranjos inovadores de gestão e governança metropolitana, o que inaugura importantes possibilidades em termos de pesquisa e desenvolvimento. A análise do processo de institucionalização e definição de instrumentos de gestão que está em curso na RM Cariri pode ser útil à outras experiências metropolitanas brasileiras, sobretudo tendo em vista o imperativo de adequação aos dispositivos decorrentes do Estatuto das Metrópoles.

INSEGURANÇA DA POSSE DA TERRA VERSUS ARROMBAMENTOS DE DOMICÍLIOS URBANOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE
Frederico Poley Martins Ferreira
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Tendo por base vertentes teóricas que procuram vincular o comportamento criminoso ao espaço e utilizando dados da Pesquisa por Amostra de Domicílios do Estado de Minas Gerais, Brasil –2013, foi possível, cruzar informações sobre a irregularidade da posse da terra urbana na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com o fato do domicílio ter sido invadido pelo menos uma vez. Os resultados indicam uma associação positiva entre irregularidade da propriedade da terra e arrombamentos, nos municípios da região metropolitana e ao contrário, uma relação negativa no município de Belo Horizonte. Entre as explicações aventadas, estaria o fato de que na capital as áreas irregulares, já mais consolidadas, teriam um conjunto de relações sociais de caráter informal, como redes de conhecidos, de amizade, de familiares, o que lhes garantiriam maior confiança entre seus pares e também segurança, inclusive, da posse da terra e do patrimônio.

MOVIMENTO PENDULAR NA RIDE DA GRANDE TERESINA: UMA ANÁLISE DA DINÂMICA NO AGLOMERADO URBANO
Gabriel Rodrigues da Silva ; Rodolfo Finatti ; Maria do Livramento Miranda Clementino
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Este artigo pretendeu analisar como funciona a dinâmica da Ride da Grande Teresina, a partir dos fluxos dos movimentos pendulares. Identificando a individualidade de cada município e a sua participação no contexto regional. Nesse contexto, foi realizado pesquisas bibliográficas que tratassem da temática dos movimentos pendulares nos aglomerados urbanos brasileiros, posteriormente foi utilizado o software estatístico SPPS para a criação de tabelas matriciais sobre as variáveis de estudo e trabalho. Como resultados, observou-se uma sinalização de uma possível desconcentração, como também uma tendência a uma possível formação de um arranjo urbano e regional. Por fim, o município polo (Teresina), apresentou-se como o município que possuí a maior concentração diante de todos os municípios da Ride da Grande Teresina, considerando a força dos fluxos pendulares em busca de seu destino.

MOBILIDADE EM REDE: Análise da migração e do movimento pendular na Região Metropolitana de Belo Horizonte
Gabriela Lima Diniz ; Ana Márcia Moreira Alvim
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Este artigo tem como objetivo analisar os movimentos migratórios e pendulares na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Parte-se do pressuposto que estes possuem forte relação no contexto metropolitano. Para tanto, foram coletados dados dos Censos Demográficos de 2000 e 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística que permitiram analisar paralelamente os movimentos migratórios e os pendulares por motivo de trabalho, ocorridos no âmbito intrametropolitano. A migração, os fluxos para fins de fixação residencial, e a pendularidade por motivo de trabalho, ocorrem por vários motivos, dentre eles: i) posição geográfica do município e de seus espaços urbanos que está associada à estrutura rodoviária e ii) estrutura morfológico-funcional. Geograficamente acaba-se por perceber que os movimentos seguem ora uma estrutura (direção) centro-periferia (migrações), ora periferia-centro-periferia (pendularidade), constituindo uma verdadeira rede.

O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO ALAGOANA (1933-1988): Os motivos do movimento tardio
Guilherme Carneiro Leão de Albuquerque Lopes
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O referido artigo tem como objetivo analisar os motivos e causas do processo de urbanização tardio de Alagoas no período de 1933 a 1988. Para tanto, o trabalho utiliza do método histórico-estrutural aplicado à análise regional, por meio de pesquisa qualitativa através de revisão bibliográfica acerca de alguns autores clássicos que tratam da economia alagoana, e pesquisa quantitativa com uso de estatística descritiva utilizando algumas fontes de dados secundários e informações disponíveis nos censos demográficos, agropecuários, industriais, todos do IBGE, e outras instituições cujas informações foram aplicadas ao objeto de estudo como a SUDENE, IPEA, Banco do Nordeste, Governo do Estado de Alagoas, entre outros. Com base nas análises realizadas, podemos concluir que o declínio do setor têxtil concomitantemente com a predominância da cana-de-açúcar na estrutura produtiva local e nos campos agrícola, a partir de 1933, estruturada sob uma intensa concentração da renda e da terra, provocou a especialização produtiva em açúcar e álcool e consequentemente um ritmo lento ao concentrado processo de urbanização alagoano, tardio em relação ao Brasil e ao Nordeste, visto o baixo dinamismo da divisão social de trabalho e das parcas forças capitalistas de produção em Alagoas.

POLICENTRALIDADE E REDE URBANA METROPOLITANA: LEITURAS A PARTIR DO RIO GRANDE DO SUL
HELENIZA AVILA CAMPOS ; GEISA ZANINI RORATO ; Carolina Chassot Wawzeniak ; Douglas Silveira Martini
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A crescente especialização econômica do território reflete a atuação da intensa e diversa mobilidade do capital em suas diversas formas (mercadorias, informações, pessoas), definindo, ampliando ou alterando as diferenças entre cidades em seus contextos regionais e na rede urbana. Nesses contextos, é possível identificar distintos papéis dessas cidades, com maior ou menor grau de centralidade em um recorte regional. A noção de policentrismo relaciona-se à existência de centros urbanos articulados em rede, com diferentes funções econômicas e de gestão, bem como com distintas capacidades e condições de centralidade urbana. O artigo integra parte de pesquisa atualmente em curso e apresenta reflexões sobre as relações estratégicas de centralidades especificamente na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), no Rio Grande do Sul.

REESTRUTURAÇÃO ECONÔMICO-ESPACIAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS (2000-2017): descentralização socioeconômica e concentração socioespacial
Humberto Miranda ; Thais Virga
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Nosso objetivo é discutir a reestruturação econômico-espacial da Região Metropolitana de Campinas, considerando os processos socioeconômicos vinculados às principais transformações nos padrões de uso e ocupação do solo. Analisam-se, em especial, os tipos investimentos anunciados e confirmados no período 2000-2017 nos 20 municípios da RM-Campinas, a partir dos dados divulgados pela Fundação SEADE-SP. Com base neles, contrastamos os objetivos da descentralização econômica com o sentido da concentração espacial dos investimentos. Conclui-se houve a formação de um Complexo Territorial-Setorial de maior significação para a dinâmica econômica urbana que para a dinâmica industrial na RM-Campinas.

Narrativas escalares de um instrumento urbanístico: o processo de elaboração do Projeto de Intervenção Urbana Vila Leopoldina - Villa Lobos em São Paulo
Isadora Marchi de Almeida ; Paula Freire Santoro
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O trabalho analisa os Projetos de Intervenção Urbana (PIUs) criados pelo PDE de São Paulo em 2014, examinando-os como instrumento urbanístico de coordenação e à luz da definição do projeto urbano como mecanismo de articulação política. Desenvolve estudo de caso do processo de elaboração do PIU Vila Leopoldina – Villa Lobos (PIU VL-VL) com o objetivo de identificar algumas dentre as diversas narrativas escalares possíveis de um projeto urbano e contribuir para o debate sobre o recente instrumento do PIU. Apresenta panorama geral dos PIUs em desenvolvimento, aborda seu caráter metropolitano e sua aproximação fragmentária do território. Elabora descrição crítica do PIU VL-VL a partir da análise de documentos de seu processo de elaboração, buscando compreender escalas de articulação política e projetual envolvidas e sistematizando questões sobre a transformação urbana pretendida, suas formas de financiamento e implantação, bem como os interesses e riscos públicos e privados.

Planejamento Metropolitano e Grandes Projetos Urbanos: Concepção e descaminhos da política de novas centralidades metropolitanas na RMBH
João Bosco Moura Tonucci Filho ; Daniel Medeiros de Freitas
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Nas duas últimas décadas, dois processos caracterizaram a política e a dinâmica urbana da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH): o planejamento metropolitano, pioneiro no país, por meio da elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI-RMBH) e do Macrozoneamento Metropolitano (MZ-RMBH); e a maior intensidade de grandes projetos urbanos (GPUs). O objetivo deste trabalho é discutir criticamente as relações entre o planejamento metropolitano, os grandes projetos urbanos e os projetos para novas centralidades na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Mais especificamente, busca-se investigar o modo como um conjunto de Grande Projetos Urbanos executados e/ou idealizados entre 2000 e 2018, especificamente no vetor norte e vetor sul da RMBH, atravessa, altera ou se apropria nesta última década do processo de planejamento em construção. Por fim, levantam-se algumas conclusões preliminares acerca da aproximação e/ou contradição entre o planejamento metropolitano, o Governo do Estado e o capital (principalmente fundiário e imobiliário) quanto à política de criação de novas centralidades metropolitanas, assim como acerca dos desdobramentos sócio-espaciais das decisões públicas e privadas quanto à reestruturação territorial metropolitana. De modo mais geral, trata-se de contribuir para, passados mais de dez anos do novo arranjo de gestão e planejamento metropolitanos, avaliar criticamente seus avanços e limites.

Indústrias criativas no Brasil: mapeamento de aglomerações produtivas potenciais e sua contribuição para o desenvolvimento local
Julia Maria Novaes Dias ; Ana Carolina da Cruz Lima
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Partindo-se do pressuposto de que a criatividade é um recurso chave em uma economia baseada no conhecimento, o presente trabalho teve como objetivo a identificação de áreas com sinais potenciais de aglomerações produtivas relacionadas ao setor criativo no Brasil e sua provável contribuição para o desenvolvimento local. Utilizou-se o método de análise multivariada de agrupamentos para a estimação de grupos de municípios aproximadamente homogêneos em termos de dinamismo e criatividade, empregando-se os microdados dos Censos Demográficos do IBGE, para os anos 2000 e 2010. Foram encontrados três grupamentos principais classificados, respectivamente, como grande "polo criativo nacional", "polo criativo nacional" e "polo criativo regional", demonstrando um potencial para formação de aglomerados produtivos do setor. As cidades que formaram tais grupamentos se destacam devido à sua infraestrutura urbana; robustez institucional; governança; presença de mão de obra especializada; posição na hierarquia urbana e proximidade ao eixo mais dinâmico do país. A contribuição do estudo para a pauta de políticas públicas se dá devido à importância que o setor criativo possui no desencadeamento de efeitos econômicos positivos nas suas respectivas localidades, além de apontar uma agenda de estudos futuros relacionada à análise da efetividade de existência de tais aglomerados produtivos, cujo potencial de crescimento foi identificado.

Mercado como Construção Social e Campo: reflexões sobre a economia
Juliana Aguiar de Melo
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Este é um breve ensaio sobre o pensamento de Pierre Bourdieu a partir da obra “As Estruturas Sociais da Economia.” O objetivo é pincelar algumas reflexões que o autor traz em sua obra contrapondo as suposições minimizadoras da economia e suas implicações para explicação do mercado. Vamos apresentar, como o sistema de conceitos e a estrutura metodológica do autor são utilizados para explicar o mercado da casa. Como pano de fundo, Bourdieu faz uma crítica a explicação do mercado pela economia neoclássica com seus postulados e seu instrumental metodológico, pensando a economia como um mundo fora da sociedade, que funciona a partir de suas próprias leis. Nesta obra apresenta sua pesquisa na França e utiliza seus trabalhos sobre a Argélia para explicar a elaboração de alguns de seus conceitos e ao mesmo tempo fazer com que o leitor perceba que determinados mecanismos econômicos não são universais e que há muitos detalhes a serem analisados por uma perspectiva econômica não isolacionista.

DESIGUALDADES NA OFERTA DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS NA RMN: Um olhar sobre a infraestrutura das escolas
Karoline de Oliveira ; Matheus Oliveira de Santana
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As desigualdades de acesso a oportunidades educacionais podem ser apresentadas na literatura por diversos fatores como o nível socioeconômico dos pais e alunos, a segregação urbana ou a capacidade das escolas de oferecerem estruturas escolares básicas. A análise da infraestrutura das escolas na Região Metropolitana de Natal objetiva compreender se a distribuição desigual de equipamentos públicos é um dos fatores que contribuem para a hegemonia do núcleo. Para tanto, este estudo foi realizado com base na metodologia quantitativa com análise de dados secundários provenientes do Censo Escolar da Educação Básica (2017), utilizando variáveis ligadas ao espaço, a exemplo da dependência administrativa, tipo de localização e infraestrutura. Além disso, foram utilizados dados populacionais e socioeconômicos do Censo Populacional de 2010. Os resultados mostram que pode-se confirmar que as melhores infraestruturas escolares estão localizadas em municípios que compõem o núcleo da RMN, com destaque para Parnamirim que supera Natal na oferta de instalações e do espaço físico escolar. Ainda assim, os dados apresentados mostram que mesmo nos municípios com as melhores médias, os indicadores ainda são insatisfatórios, uma vez que os resultados revelam que existem grandes desigualdades intra e inter municípios.

URBANIZAÇÃO NÃO-METROPOLITANA NO NORDESTE PAULISTA: A reprodução do espaço intra-urbano em pequenas cidades contíguas à Rodovia Anhanguera
KAUÊ FELIPE PAIVA
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O presenta trabalho busca analisar o processo de reprodução dos espaços intra-urbanos de seis pequenas cidades da região conhecida como Alta Mogiana, na região nordeste do estado de São Paulo. Avaliamos os espaços urbanos de Orlândia, São Joaquim da Barra, Guará, Ituverava, Aramina e Igarapava. Os municípios estudados figuram em um contexto não-metropolitano e são considerados de pequeno porte – até 50 mil habitantes cada –, são limítrofes e têm suas malhas urbanas histórica e fisicamente conectadas ao eixo rodoferroviário (Via Anhanguera) que liga a Alta Mogiana (nordeste paulista) ao Triângulo Mineiro (extremo oeste mineiro). Nossa investigação avaliou: a implantação de áreas industriais contíguas ao eixo de comunicação e transportes modernizado, o processo de expansão e fragmentação dos tecidos urbanos e a implantação de conjuntos habitacionais horizontais em cada uma destas seis cidades.

TEMPO DESLOCADO - Uma leitura sobre a dinâmica dos movimentos pendulares metropolitanos no Rio de Janeiro
Larissa de Almeida Monteiro ; Ariane Pereira da Silva ; Cauê Costa Capillé
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O presente artigo busca desenvolver uma análise dos movimentos pendulares na metrópole do Rio de Janeiro a partir dos dados de tempo de deslocamento. A dinâmica metropolitana faz com que o ato de percorrer grandes distâncias faça parte do cotidiano de muitos dos dos habitantes de regiões periféricas. Isso é legitimado pela lógica de planejamento e de acessibilidade aos recursos das centralidades a partir da formulação de infraestruturas de transporte. O que se configura pelo tempo nesses percursos metropolitanos ultrapassa a análise das distâncias físicas, mas demonstra o reflexo da espacialização das atividades metropolitanas segregadas em uma estrutura centro-periferia. Por isso, a análise permite argumentar sobre os limites da mobilidade acerca da questão do acesso à cidade.

GRANDES UNIVERSIDADES ESTRANGEIRAS NO CAMPO DO URBANISMO NO BRASIL: Universidades “por Projetos” e Governança do Território
Leandro de Sousa Cruz
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O debate que se propõe realizar está centrado na produção contemporânea do Urbanismo no Brasil, mais especificamente, em situações onde universidades estrangeiras se constituem como um dos seus agentes, em parceria com instituições brasileiras, realizando atividades de pesquisa aplicada, ensino, projeto, oficinas ou consultoria. A apresentação de casos que envolvem grandes universidades estrangeiras – Harvard University, Columbia University e University College London – apontam para a necessidade de se problematizar a própria natureza das colaborações transnacionais e os efeitos sobre o território destas atividades. Entende-se que a atuação destas grandes universidades é orientada pela lógica de justificação da “Cidade por Projetos”, como definida por Luc Boltanski e Ève Chiapello em "O Novo Espírito do Capitalismo"; e reflete-se, ainda, sobre como estes projetos acabam por se constituir como dispositivos de governança do território, em função dos interesses das empresas financiadoras, do Estado ou de agências internacionais.

DESENHO INSTITUCIONAL, CAPACIDADE FISCAL-FINANCEIRA E ASSOCIATIVISMO NA RM NATAL: há governança metropolitana?
Lindijane de Souza Bento Almeida ; Terezinha Cabral de Albuquerque Neta Barros ; Richardson Leonardi Moura da Câmara ; Raquel Maria da Costa Silveira
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O objetivo deste artigo é investigar a capacidade institucional dos municípios da Região Metropolitana de Natal para a implementação da governança metropolitana a partir de três elementos: político-institucional; financeiro (no que se refere à dinâmica fiscal) e de organização social. Metodologicamente, a pesquisa se baseou nos estudos de Garson e Ribeiro (2005, 2012), visando a análise da capacidade de investimento e endividamento dos municípios. Para caracterizar o associativismo, foi utilizado o banco de dados do IPEA, analisado à luz de Lüchmann (2016). Por fim, analisamos a capacidade político-eleitoral, utilizando o banco de dados político-eleitoral do TSE. Ao final, foi possível concluir a ausência da governança metropolitana na RMN, devido à inexistência da coordenação por parte do ente estadual e de cooperação entre os entes municipais, ao baixo associativismo relacionado à implementação de uma agenda metropolitana e à fragilidade financeira dos municípios.

A mobilidade nas cidades da metrópole: uma questão de gênero
Lua Almeida Bittencourt Gonçalves ; Mariana Braga Albuquerque
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Que mobilidades conectam a cidade? Qual a teia de deslocamentos que forja a vida metropolitana? Os corpos transitam da mesma forma pelos fluxos urbanos? Que fronteiras são cruzadas por quem? O direito à cidade, como todo direito (e sobretudo os críticos) é um conceito em disputa. Disputá-lo junto – ou a partir – da categoria gênero é outra face desta empreitada. Ao tratarmos aqui de mobilidade nas cidades, mostramos que o presente trabalho pretende trazer à tona aspectos de gênero ao debater a construção da mobilidade urbana de mulheres em uma metrópole. Com o objetivo final de perceber um pouco mais afundo as relações e imbricações das camadas sociais praticadas e inerentes ao cotidiano das grandes cidades, tecemos aqui uma discussão que aborda as diferentes dimensões da construção da cidade, do direito à cidade e do transitar e vivenciar nesse espaço metropolitano, todas sob a ótica da diferenciação de gênero.

Entre praias, montanhas, indústrias e portos as continuidades e especificidades do processo de produção do espaço urbano da Baixada Santista/SP nos anos 2000.
Luiz Antonio Chaves de Farias ; Leandro Blanque Becceneri ; José Marcos Pinto da Cunha
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O presente estudo objetiva analisar a produção do espaço urbano na Baixada Santista nos últimos 20 anos. Ao lado disso, serão estudados quais foram os agentes modeladores e condicionantes envolvidos, haja vista seu caráter social e historicamente construído. O sistema capitalista em apresentando mudanças em sua relação com o espaço urbano nos anos 2000, onde largas parcelas de capital excedente geradas em seus ciclos de reprodução ampliada são agora reinvestidas no setor imobiliário, impondo uma nova dinâmica de produção do espaço. A Baixada Santista reproduz o cenário descrito anteriormente em uma peculiar configuração físico-territorial, na qual atividades econômicas aparentemente díspares (industrial, portuária e turística) convivem em uma restrita, e já saturada à ocupação, faixa de território. Como principais resultados, destaca-se a seletividade social na produção do ambiente construído na região, privilegiando-se os grupos sociais de maior poder aquisitivo, com quais se pode extrair maior renda da terra.

Air Transport and the Network of Metropolitan Areas in Brazil: an Update of the Latest IBGE REGIC Study Considering Connectivity and Route's Density
Luiz Henrique Werneck de Oliveira
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The Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) published systematic studies of the network of cities in Brazil since 1972. With increasing methodological sophistication, the latest version of 2008 used air transport data from 2004 as one of the factors defining network relationships between cities. Brazilian air transport grew quite dramatically since then, and the network relationship between the country's largest cities may have changed as well. This article proposes an evaluation of the networking of Brazilian metropolises by air transport, examining connectivity and route's densities between the country's largest cities. It develops a baseline for 2004 and updates the rationale for 2014 (after ten years of intense growth) and 2017 (after three years of economic recession), to highlight the changes that air transport may have caused in the networking relationships of Brazilian metropolises, increasing route's densities, but reducing connectivity.

O CIRCUITO ESPACIAL PRODUTIVO DO AÇAÍ: A configuração atual na Região Metropolitana de Belém
LUZ MARINA LOPES DE ALMEIDA ; Danilo Araújo Fernandes ; Ana Carolina Campos de Melo ; Francisco Monticeli Valias Neto
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Como ponto de partida a urbanização da Amazônia Oriental discute-se sobre as estruturas de organização da vida econômica no subdesenvolvimento, tendo como enfoque a economia do açaí na Região Metropolitana de Belém. Neste panorama, identificou-se o arranjo de três eixos que integram os dois circuitos da economia urbana de Belém, incluindo a produção agroextrativista e de cultivo, o mercado informal de comercialização do fruto, e o mercado de processamento e exportação do açaí, os quais estariam compondo a estrutura da vida econômica de uma região subdesenvolvida, e configurando o que denominamos de circuito espacial produtivo da economia do açaí.

LIMITES E DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DA POLÍTICA URBANA NA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA
Marcela Ruggeri Meneses ; Benny Schvarsberg
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Este artigo tem como objetivo principal contextualizar o cenário da política metropolitana no processo de elaboração do Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana de Goiânia – PDUIRMG. Além disso, objetivou-se identificar o processo de metropolização de Goiânia e discutir os agentes no processo de participação sociopolítica na construção do PDUIRMG. Como metodologia foram utilizados os dados quantitativos do processo de participação, especificamente das oficinas e audiências públicas, para identificar as limitações e os desafios no processo de implementação do Estatuto da Metrópole. A análise destes dados demonstrou que os processos de construção e de implementação necessitam de diferentes estratégias para a consolidação das políticas metropolitanas, considerando, o evidente distanciamento do cidadão da realidade e da lógica metropolitana existente.

AS METRÓPOLES BRASILEIRAS NA DIVISÃO SÓCIO-ESPACIAL DO TRABALHO
Marcelo Gomes Ribeiro ; Juciano Martins Rodrigues
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Este trabalho busca compreender a posição econômica que as metrópoles brasileiras possuem na divisão sócio-espacial do trabalho das regiões do país, considerando, principalmente a crise econômica experimentada pelo Brasil nos últimos anos. Postula-se que essa crise, tanto decorrente de mudanças na conjuntura econômica internacional quanto de mudanças ocorridas na própria condução da política econômica governamental, reflete na divisão sócio-espacial do trabalho no país. Dessa forma, pretende-se refletir sobre suas condições anteriores, de modo a compreender o quadro atual do desenvolvimento regional e, de forma particular, do modo como se dá a inserção de cada metrópole no seu contexto regional. Para a análise desenvolvida adota-se a definição de metrópole definidas pelo estudo Regiões de Influência das Cidades (REGIC) e as regiões definidas pela Divisão Urbano-Regional do Brasil, ambos do IBGE. Os dados utilizados são o PIB Municipal e dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).

TERRITÓRIOS-REDE DO CRIME ORGANIZADO NO RIO DE JANEIRO
Maria Salet Ferreira Novellino ; Luiz Augusto Vieira de Oliveira
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O presente artigo objetiva identificar motivos da territorialização violenta das Organizações Criminosas que majoritariamente exploram o tráfico de drogas no Estado do Rio de Janeiro. Sabe-se que tais Organizações ocupam aglomerados humanos de exclusão (favelas, conjuntos habitacionais, bairros pobres etc.) dominando o comércio de drogas ilícitas, e vulnerabilizando a desassistida população local. Tais Facções estruturam-se em uma complexa rede no Estado do Rio de Janeiro, resiliente o suficiente para que as ações estatais contra tais facções sejam pouco eficazes. O mapeamento das redes criminosas de 2007, 2012 e 2017 evidenciam como o território-rede criminal se modificou em decorrência do Programa de Governo de Pacificação (Unidades de Polícias Pacificadoras), ampliando sua atuação para outras regiões do Estado.

REGIÕES METROPOLITANAS SOB A ÓTICA DO PLANEJAMENTO TERRITORIAL: Uma reflexão do caso de Natal
Matheus Graciosi Pinto ; Gabriel Marques da Silva ; Giulia Farran Matteo ; Tamara Portis Tobias
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Considerando o histórico de formação das regiões metropolitanas brasileiras, objetiva-se refletir criticamente a respeito da utilização de critérios técnico-políticos capazes de subsidiar a institucionalização das mesmas, dado o atual contexto de enfraquecimento do Estatuto da Metrópole, a partir das mais recentes alterações legislativas. Para tanto, foi realizada uma revisão histórica dos possíveis critérios a serem utilizados, assim como um diagnóstico socioterritorial das dinâmicas de integração regional da Região Metropolitana de Natal. Observou-se que há expressiva fragilidade institucional na organização política e de governança da Região Metropolitana de Natal, além da mesma não atender a todos os critérios previamente estipulados. Ressalta-se a importância de novos olhares, perspectivas e ações, aliadas a uma análise territorial das integrações e dinâmicas regionais, a partir de estudos interdisciplinares, tal como o planejamento territorial.

POLÍTICAS URBANAS METROPOLITANAS E LOCAIS Mundos paralelos ou um diálogo possível?
Natalia Aguiar Mol ; Sophia Guarnieri ; Barbara Lucia Pinheiro de Oliveira França ; Jordan Oliveira Ferreira
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A questão metropolitana tem ascendido com vigor nos debates acadêmicos desde o início dos anos 2000 no Brasil. Muito tem-se estudado acerca da retomada da gestão metropolitana, mas pouco investigou-se sobre a realidade local dos municípios metropolitanos, sua inserção, fragilidades e limites para responder à gestão compartilhada. Diante da realidade institucional, econômica e fiscal desses municípios e de todo o rol de políticas metropolitanas implementadas, busca-se analisar o seu rebatimento na escala municipal. Propõe-se, neste trabalho, a investigação das implicações e da efetividade das políticas metropolitanas instituídas no âmbito da RMBH, com foco nos municípios que integram o Vetor Norte. A metodologia constituiu-se de análises documentais e de dados e de entrevistas com secretários de planejamento urbano dos municípios em estudo, buscando-se compreender o contexto das políticas na esfera local e avaliar os limites e possibilidades de interlocução com a escala metropolitana.

PLANEJAMENTO, ESCALA E CONFLITOS AMBIENTAIS NA METRÓPOLE EXPANDIDA: dois casos na Macrometrópole Paulista.
Pedro Henrique Torres ; Ruth Ferreira Ramos
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A escala regional de planejamento tem sido apontada pela literatura especializada como pertinente para o enfrentamento dos problemas urbanos, ambientais e sociais que caracterizam as grandes. Analisaremos dois casos de conflitos ambientais relacionados às propostas para o desenvolvimento da Macrometrópole Paulista. O primeiro se refere a ampliação do Porto de São Sebastião. O segundo sobre a implantação de um centro logístico de grande porte na vila histórica de Paranapiacaba, na Região Metropolitana de São Paulo. A escala de planejamento regional está associada às transformações no âmbito econômico, no qual a globalização e os processos de reescalonamento são fundamentais para se compreender o desenvolvimento desigual (BRENNER, 2010; SOUZA, 2016). Por conseguinte, ela também está associada às contradições sócio-espaciais e ambientais da produção do espaço urbano (KLINK, 2014). Partindo do pressupostos de que conflitos ambientais como expressão de tensões no processo de reprodução dos modelos de desenvolvimento (Acselrad, 2004) os casos elencados trazem elementos empíricos para a discussão do processo de produção capitalista do espaço.

Os efeitos da desigualdade nas metrópoles brasileiras
Raphael Villela ; César Marques
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Apesar dos avanços recentes na redução da pobreza, as disparidades de renda entre os mais ricos e os mais pobres ainda persiste no Brasil. Estas desigualdades se reproduzem no espaço urbano (metropolitano) e podem ser observadas por meio das diferenças existentes entre os grupos sociais no acesso à(ao): educação, emprego, saúde, segurança, saneamento, moradia digna, mobilidade urbana, lazer, amenidades ambientais e etc. O objetivo deste trabalho consiste em analisar os efeitos das desigualdades de renda nas nove Regiões Metropolitanas (RMs) contempladas pela PNAD, além do Distrito Federal (DF), sobre as condições de vida dos seus habitantes. Os resultados obtidos para as variáveis de interesse foram relacionados com a desigualdade, cuja medida utilizada foi a Razão 10+/10-, que corresponde a razão entre as parcelas da massa dos rendimentos que são apropriadas pelos décimos superior e inferior da distribuição da renda. Ao final, identificamos evidências que apontam para a existência de associação da desigualdade com as condições de vida nas metrópoles analisadas.

A metropolização e seus aspectos territoriais e jurídicos: Primeiros apontamentos a partir das centralidades da Baixada Fluminense
Raul Rosa de Oliveira Junior ; Tatiana Cotta Gonçalves Pereira
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O presente artigo se destina a analisar o surgimento e a relação entre novas centralidades urbanas, observando como a metropolização do espaço tem se caracterizado nos grandes adensamentos urbanos brasileiros. Para isso, o trabalho buscou analisar as concepções de centralidade urbana; metropolização do espaço; a relação entre Rio de Janeiro, Nova Iguaçu e Belford Roxo, todos municípios integrantes da região metropolitana do Rio de Janeiro; e as normas jurídicas que regulamentam a política urbana e metropolitana no Brasil.

A mobilidade na Ilha do Maranhão: uma análise sobre o movimento pendular
Rebeca Gomes de Oliveira Batista ; Juliana de Kássia Siqueira Pinheiro
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Este trabalho tem como objetivo principal analisar o movimento pendular na ilha do Maranhão. Os dados levantados são voltados a refletir sobre o contexto de reestruturação da Região Metropolitana da Grande São Luis (RMGSL) que apresenta um histórico de governança inexistente. Apesar da RMGSL possuir 13 municípios integrantes, este estudo faz o recorte na Ilha do Maranhão, que funciona como núcleo e possui maior índice de integração, englobando os municípios de São Luís, Raposa, Paço do Lumiar e São José de Ribamar. É possível perceber que a população que realiza pendularidade na Ilha do Maranhão enfrenta dificuldades com a ausência de estudos mais completos que possam refletir em ações estratégicas a fim de planejar melhor o futuro, em que a mobilidade seja pensada em nível regional, em vez da esfera municipal.

A METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA E OS CENTROS LINEARES O caso da Avenida Paulista
Renata Priore Lima
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Na sociedade atual, as conexões em rede estão cada vez mais presentes nas atividades cotidianas e acabam se materializando no espaço urbano, inclusive nas áreas centrais. Estas áreas, que se caracterizam pela concentração, mistura e vida urbana, costumam organizar-se a partir de redes hierarquizadas e tendem a se desenvolverem ao longo de eixos territoriais. Tomando como estudo de caso a Avenida Paulista em São Paulo, este artigo procura entender o processo histórico de evolução da avenida e explicar, do ponto de vista morfológico e sociológico, sua conformação como eixo estruturador da área metropolitana. A metodologia adotada inclui revisão da literatura, levantamento de documentos como plantas, projetos, leis e imagens de satélite, além do mapeamento, realizado in locu, das atividades e configuração dos térreos dos edifícios da avenida. Através da análise gráfica, procura-se evidenciar as principais ideias e leituras realizadas em diferentes escalas.

DO NÚCLEO PARA A PERIFERIA: A PERMANÊNCIA NA METRÓPOLE A importância do acesso à moradia e ao financiamento habitacional para localização na RMRJ: o caso de Maricá.
rita de cassia da costa rocha ; bruno costa marins ; livia de jesus goltara
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O objetivo do artigo é analisar como o relacionamento de cidades no ambiente metropolitano, combinado com o acesso ao crédito para obtenção da casa própria vem influenciando na localização das pessoas dentro da metrópole. Para isto será utilizado um estudo de caso: o município de Maricá, que pertence à periferia da Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro. Com população estimada em aproximadamente 160 mil pessoas, segundo dados do IBGE para 2018, Maricá está localizada a apenas sessenta quilômetros da capital e apresenta elevada taxa de crescimento populacional, via intenso processo de mobilidade espacial da população. O estudo busca demonstrar que o fortalecimento do crédito destinado à aquisição da casa própria, juntamente com as relações de complementariedade funcional, proximidade com a capital e com o fator urbanização , são determinantes para a localização das pessoas na metrópole. A abordagem utilizada no artigo prioriza as dimensões da mobilidade espacial da população e da urbanização para entender a questão metropolitana, seu crescimento demográfico e a espacialização da população no espaço intraurbano na periferia, que são notadamente influenciados pelas relações de complementariedade e proximidade com a capital, a cidade do Rio de Janeiro. Se demonstra que as áreas da cidade que mais crescem demograficamente, via migração, são os distritos imediatamente próximos à franja metropolitana. Adicionalmente, grande parte da população que se muda da capital para a periferia metropolitana o faz para acessar o imóvel próprio, em função dos preços mais acessíveis, mas sem cortar os laços com a capital. Ou seja, muitos mudam o local de residência, contudo se deslocam diariamente para a cidade do Rio de Janeiro.

CIDADES MÉDIAS DO INTERIOR DO NORDESTE: RUMOS E RELEVÂNCIA NA ATRAÇÃO DE MIGRANTES
SILVANA NUNES DE QUEIROZ ; RICARDO OJIMA ; JÁRVIS CAMPOS ; WILSON FUSCO
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No Brasil o debate sobre cidades médias ganha destaque quando a população urbana suplanta a rural nos anos 1970 e as metrópoles começam a desconcentrar a população e redistribuí-la pelo entorno metropolitano e interior dos estados a partir da década de 1980. Assim, esse trabalho objetiva saber quantas são, onde estão localizadas no interior do Nordeste e a relevância dessas cidades na atração de migrantes. Foram utilizados os microdados do Censo Demográfico 2010, precisamente o quesito data fixa que pergunta ao migrante o lugar de residência cinco anos antes da data de referência da pesquisa. Os resultados mostram que apesar maioria das cidades apresentarem perda populacional para os rumos distantes (inter-regional), grande parte é relevante na atração intrarregional e, notadamente, intraestadual, que exercem o papel de desconcentrar a população das metrópoles. Os principais rumos dos migrantes foram Caruaru (PE), Petrolina (PE) e Mossoró (RN). Por outro lado, as cidades que apresentaram maiores saldos migratórios negativos foram Imperatriz (MA), Itabuna (BA) e Ilhéus (BA). Ademais, através da revisão da literatura e dos dados levantados pelo estudo, constata-se que a definição de cidade média baseada no critério tamanho populacional não é o mais indicado para um país com dimensões continentais e em distintos estágios de desenvolvimento.

AÇÃO DOS AGENTES MODELADORES DO ESPAÇO NO PROCESSO DE METROPOLIZAÇÃO: ESTUDO DE CASO DOS MUNICÍPIOS DE IRANDUBA E MANACAPURU-AM
Thalissa Beatrice Fernandes Soares ; Marcos Castro de Lima
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Os agentes Modeladores segundo Corrêa (2002) se articulam, produzem e reproduzem o espaço urbano. Nesse sentido o entendimento da ação articulada desses agentes é importante na medida em que permite a compreensão do tecido socioespacial no contexto urbano. Segundo o autor os agentes modeladores são: proprietários dos meios de produção, proprietários fundiários, promotores imobiliários, Estado e grupos sociais excluídos. Cada um destes, dentro de seu próprio interesse ou articulado ao interesse de outro, confere expressão espacial urbana e metropolitana aos lugares. No contexto da Região Metropolitana de Manaus – RMM, a ação dos agentes modeladores pode ser entendida a partir das ações combinadas ou divergentes, permitindo o processo de metropolização do espaço. Como exemplo da ação dos agentes e do consequente processo de metropolização podem ser citados a duplicação da rodovia AM070 que liga Manaus aos municípios de Iranduba e Manacapuru, a construção da cidade universitária da Universidade do Estado do Amazonas a construção Centro Educacional de Tempo Integral (CETI). Cabe ressaltar que essas ações são induzidas pelo estado. Outro exemplo pode ser constatado por meio da ação do setor imobiliário com a incorporação e produção de habitacionais. A comercialização de terrenos, por sua vez, revela a ação dos proprietários fundiários, interessados na conversão de terra rural em terra urbana, bem como sua consequente valorização. Há ainda, nesse processo de metropolização do espaço a ação dos grupos sociais excluídos, cuja expressão espacial está nas aéreas ocupadas de forma irregular.

OS SUBÚRBIOS E PERIFERIAS NAS METRÓPOLES: um estudo sistêmico aplicado à Região Metropolitana de Goiânia
Yordana Dias das Neves Naciff ; Erika Cristine Kneib
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A partir do século XX, a urbanização extensiva e desordenada das cidades culminou em processos de segregação socioespacial, caracterizados pelos subúrbios e periferias urbanas. Com isso, o trabalho objetiva compreender como a urbanização extensiva das cidades gera processos de segregação socioespacial e busca caracterizar a diferença entre subúrbios e periferias, a fim de identificar os tipos de segregação urbana existentes em um estudo de caso metropolitano: a Região Metropolitana de Goiânia. Adota-se o uso da abordagem sistêmica aplicada ao urbanismo através do uso de análises espaciais georreferenciadas. Foi adotado um modelo inferencial de autocorrelação espacial, construído a partir de uma análise exploratória para identificação de localizações atípicas (outliers) e padrões de associação espacial (clusters). Como resultado da pesquisa, um procedimento metodológico sistêmico foi desenvolvido, admitindo a identificação dos subúrbios e periferias de forma espacial na Região Metropolitana de Goiânia.

ST 11 - Planejamento e Gestão Urbana e do Território
Plano Diretor Municipal: uma análise sobre a interlocução existente entre o poder público e a sociedade
Adriana de Cássia Barbosa ; Carlos Guilherme Souza ; Daniele Ornaghi SANT ANNA ; Geraldo Lúcio TIAGO FILHO
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Compreender as dimensões do processo de participação da sociedade e gestão pública é o que se pretende com esse artigo. Nele, será realizado uma reflexão entre a real participação da sociedade e poder público municipal na elaboração dos Planos Diretores (PD), de forma a promover um desenvolvimento sustentável. O tema se faz relevante frente a caótica formação das cidades no Brasil, pós Revolução Industrial, que coloca a gestão pública municipal diante de uma série de novos problemas de ordem social e ambiental. Metodologicamente, apresenta-se uma caracterização do que é o Plano Diretor, bem como sua importância para estimular o desenvolvimento local, aliando a questão social e ambiental com crescimento econômico; em seguida apresenta-se a questão do Poder Público versus participação popular na aplicação do Plano Diretor Municipal. Por fim, tem-se as possíveis considerações deste trabalho. Um dos resultados encontrados foi que a participação, de modo geral, tanto ao que tange a população para com os instrumentos democráticos municipais, quanto a abertura e incentivo do poder público em promover esse diálogo é um caminho de duas vias.

TERRITÓRIO EDUCATIVO E POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCATIVAS MECANISMOS ESTRUTURANTES DAS CIDADES ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO
Alain Flandes ; Julio Moreira
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Este trabalho pretende espacializar e analisar os dados referentes à educação pública fundamental do município do Rio de Janeiro a partir de projeções feitas na pesquisa “Do espaço escolar ao Território Educativo: o lugar da arquitetura na conversa da escola de educação integral com a cidade” baseadas nos dados populacionais referentes a faixa etária de 0-10 do Censo 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do ano 2010, na matrícula infantil da rede pública da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e no Índice de desenvolvimento da educação básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Apontar-se-ão problemáticas referentes ao déficit estrutural de equipamentos educativos, à qualidade dos ambientes educativos e à mobilidade infantil "casa - escola". O reconhecimento de territórios educativos em conjunto com o sistema de espaços livres busca sustentar a premissa de entendimento das políticas públicas de viés educativo como possíveis mecanismos estruturantes das cidades e a gestão urbana.

Planos Diretores dos municípios fluminenses: do “ter ou não ter” à avaliação das experiências
Alex Ferreira Magalhães ; Tarcyla Fidalgo Ribeiro ; Thamara Francisconi Vieira Pereira ; Daiane Maria de Sousa Santos
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A elaboração dos Planos Diretores se tornou ponto relevante da política urbana municipal a partir do Estatuto da Cidade. Passados os primeiros 10 anos de vigência dos Planos elaborados após a campanha realizada pelo Ministério das Cidades, a avaliação de seus impactos torna-se essencial. Este artigo apresenta um estudo de 15 municípios fluminenses, numa primeira aproximação do panorama da aplicação dos Planos Diretores no estado do Rio de Janeiro. Os dados empíricos iniciais sugerem um cenário de baixo grau de aplicação dos instrumentos previstos nos Planos, e a partir deles se busca debater as possíveis hipóteses explicativas desse cenário, bem como propor algumas questões para reflexão a respeito da política urbana no país. Embora o universo da pesquisa se restrinja a municípios fluminenses, a percepção é de que tais desafios estão postos para um grande número de municípios do país, ainda que em diferentes graus.

A REPRESENTATIVIDADE DE SANTA CATARINA NAS DINÂMICAS POPULACIONAIS CONTEMPORÂNEAS
ALINE ALMEIDA DA SILVA ; GLÁUCIA DE OLIVEIRA ASSIS
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As migrações da contemporaneidade têm se constituído em importante fenômeno para a gestão e planejamento territorial. Os fenômenos de crise econômica, desemprego, conflitos globais afetam países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Nesse sentido as migrações sul-sul global são um fenômeno recente em função de alternativas do desenvolvimento de países emergentes e dos novos modos de produção que possibilitam novas relações e possibilidades. Nesse contexto o porte das cidades e polos de desenvolvimento econômico se diversificam nas intenções de migração. No Brasil a região Sul figura com destaque nos fluxos e destinos de migração, especialmente o estado de Santa Catarina. Este trabalho apresenta um panorama destes novos fenômenos e alguns indicadores de demandas populacionais, bem como de fatores de atração e ou possibilidade de melhor condição de vida nos novos polos de interesse e consolidação de migrações contemporâneas.

ANÁLISE DO RECADASTRAMENTO IMOBILIÁRIO DE PORTO ALEGRE
ALINE ALMEIDA DA SILVA ; EVERTON DA SILVA
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O presente artigo resulta de pesquisa desenvolvida para dissertação de Mestrado em Gestão Territorial cujo objeto de estudo são informações existentes na base de recadastramento imobiliário, correspondente ao período de 2010 a 2015, realizado pela Prefeitura de Porto Alegre, sob coordenação da Secretaria da Fazenda Municipal. A pesquisa tem como pressuposto a irregularidade urbanística dos imóveis recadastrados (pelo menos parte destes), em termos de aprovação de projetos e/ou existência de carta de habite-se, já que foram detectados pelo recadastramento. Nesse sentido, o presente artigo analisa e demostra aspectos e situações para a utilização do Cadastro Técnico Multifinalitário enquanto ferramenta importante no controle de irregularidades e no desenvolvimento de políticas e práticas para gestão do uso do solo pelo poder municipal.

A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO LOTEAMENTO DE ACESSO CONTROLADO PELA LEI FEDERAL 13.465/2017: Motivações e lacunas que perpassam as esferas municipal e federal
Amanda Maria Gavioli ; Simone Aparecida Polli
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Os “loteamentos fechados” são realidade nas cidades brasileiras, e representavam uma das demandas do mercado de revisão do referencial normativo de parcelamento do solo, que fecharia o ciclo de novas políticas urbanas, junto a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Cidade. Uma longa discussão a esse respeito estabeleceu-se, a partir de 2000, em torno do projeto de Lei 3.057. No entanto, em 2017, a Lei 13.465, convertida de uma Medida Provisória, com enfoque em regularização fundiária, instituiu a figura jurídica “loteamento de acesso controlado” de maneira genérica, sem observações claras quanto ao impacto deste no planejamento urbano, mantendo uma lógica de mercantilização e aprofundamento de uma tendência a fragmentação do território urbano. Nesse sentido, este artigo tem como objetivo identificar as motivações e problemáticas quanto a essa tipologia de parcelamento do solo para as cidades e avaliar as respostas dadas pela a nova legislação em âmbito federal.

O PARQUE AUGUSTA E O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO DO POTENCIAL CONSTRUTIVO: O caso das doações de imóveis para implantação de Parques Municipais no PDE-SP de 2014.
Amanda Paulista de Souza ; Flavia Taliberti Peretto ; He Nem Kim Seo
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O presente artigo trata da Transferência do Direito de Construir (TDC) no âmbito do Município de São Paulo, dando ênfase à modalidade que envolve a doação de imóvel ao Poder Público para implantação de Parques Municipais, que será tratada a partir do famoso imbróglio do Parque Augusta, em São Paulo. Destacaremos como o mecanismo formulado para a efetivação de tal modalidade promove uma multiplicação significativa do potencial construtivo transferível quando comparado ao potencial construtivo que poderia ser, de fato, exercido no imóvel - multiplicação esta inexistente nas demais modalidades de TDC e que implica em uma rentabilidade expressiva de potencial e, consequentemente, de metros quadrados (m²) alienáveis. Por fim, teceremos breves considerações sobre os efeitos que esta modalidade de TDC pode acarretar no mercado de compra e venda de potencial construtivo.

A EXPERIÊNCIA DE LUTA CONTRA A APROVAÇÃO DA “OUC–CENTRO” EM NITERÓI/RJ
Amanda Thereza Orozco Morais de Souza ; Lucas Tavares Honorato
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O presente artigo tem o objetivo de estabelecer um percurso a partir de nossa experiência no processo de aprovação do Projeto de Lei da Operação Urbana Consorciada da Área Central de Niterói/RJ, entendendo este como ilustrativo do caráter contraditório, privativo e excludente de algumas estratégias de reestruturação urbanas capitaneadas pelo Estado corporativo. Contudo, cabe ressaltar que não se espera encerrar aqui os debates acerca das contradições estruturais que fundamentam as Operações Urbanas Consorciadas (OUC’s), em vistas a maleabilidade e a complexidade que giram em torno das mesmas e o caráter de sua aplicação dependente da maneira como estas estarão previstas e detalhadas no Plano Diretor Municipal, fazendo com que cada uma OUC absorva especificidades e complexidade próprias. Nesse sentido, esta pesquisa vem no sentido de problematizar e reforçar as discussões acerca das possíveis contribuições dos pesquisadores, como profissionais ou intelectuais, nas disputas pela condução de um planejamento urbano social espacialmente justo e democrático.

TRANSFERÊNCIA DO POTENCIAL CONSTRUTIVO NÃO UTILIZADO: A EXPERIÊNCIA DA LOCALIDADE DR. FÁBIO II - CUIABÁ/MT.
Amay Souza Buenos Aires ; Catarina Gonçalves de Almeida
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Esse artigo tem o objetivo de apresentar a experiência da aplicação da Transferência do Potencial Construtivo não Utilizado na localidade do Dr. Fábio II, Zona Especial de Interesse Social-I do município de Cuiabá, como alternativa à desapropriação de uma área particular, com a finalidade de promover a regularização fundiária. Com a emissão da Lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano de 2011, o município passou a disponibilizar o instrumento urbanístico aos proprietários que doassem à municipalidade seus imóveis, e assim, foram expedidas certidões de potencial construtivo para a Localidade de Dr. Fábio II. Em 2015, o município recebeu a Notificação Recomendatória do Ministério Público para suspender todos os processos que visavam a transferência e ainda, que fossem elaborados estudos técnicos sobre a situação apresentada. O relatório técnico identificou graves prejuízos tanto na ordem econômica como na ordem urbanística.

DIAGNÓSTIO DA SITUAÇÃO DOS PLANOS MUNICIPAIS DE SANEMANETO BÁSICO NAS CIDADES DO RIO GRANDE DO NORTE
Ana Carolina Vieira da Silva ; Vanessa Karen Pereira de Lima ; Gabriela Nogueira Cunha ; Almir Mariano de Souza Junior
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O Rio Grande do Norte é um estado marcado por um cenário que necessita de prestação de serviço básico de qualidade para a sociedade, tarefas estas que já começaram a ser desenvolvidas em alguns centros urbanos, mas o intuito maior é interiorização e expansão da qualidade de vida. Veremos que o nível de vulnerabilidade vai influenciar de acordo com sua localidade.O ideal seria que os municípios tivessem Saneamento Básico e por meio dele ser assegurado para que se cumpra o que está na Constituição, onde a Lei Federal n° 11.445 de 2007, estabelece que "conjunto de serviços, infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo de águas pluviais urbanas". Sendo o melhor instrumento para planejar e efetuar os serviços é por meio de planejamento por isso a necessidade do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB).Tendo em vista a necessidade de PMSB nos municípios, o atual trabalho busca classificar quais são os cenários dos locais estudados, no caso vai ser classificado de acordo com a existência ou não do mesmo e quais são os parâmetros levados em consideração na elaboração.

O desafio das Cidades Sustentáveis: prós e contras de uma proposta para o desenvolvimento urbano
Ana Célia Baía Araújo ; Zoraide Souza Pessoa
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É possível um desenvolvimento urbano sustentável? Os problemas ambientais e socioeconômicos nas cidades acabam sendo reforçados no desenvolvimento urbano, por meio de uma racionalidade econômica que permeia o planejamento e a gestão urbanas, sendo de certa forma antagônico às preocupações ambientais. Nesse aspectos, as discussões ambientais e urbanas vêm adotando a proposta de Cidades Sustentáveis (CS) como uma alternativa ao modelo atual de desenvolvimento urbano, inclusive com o endosso das agendas das Nações Unidas. Contudo, as CS ainda são uma proposta que, conceitualmente, dialoga com a sustentabilidade urbana e o desenvolvimento sustentável mas contestada por todas as suas contradições. Assim, o objetivo deste trabalho é analisar os prós e contras de uma proposta para o desenvolvimento urbano baseada nas CS, a partir de revisão bibliográfica, observando os contextos das cidades, suas desigualdades, riscos e como os discursos da sustentabilidade urbana e do desenvolvimento sustentável.

FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E IMÓVEIS OCIOSOS NO CENTRO DE SÃO PAULO: os estacionamentos rotativos e os proprietários de imóveis
Ana Gabriela Akaishi ; Ana Flávia Lima da Silveira
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O presente artigo se propõe a identificar o perfil dos proprietários de imóveis ociosos utilizados como estacionamentos rotativos no centro urbano de São Paulo, bastante significativos nesta região da cidade. Questão que contribui para entender mais profundamente os entraves e conflitos em torno da efetivação da função social da propriedade nesta área estratégica da metrópole. A análise partirá dos proprietários de imóveis utilizados como estacionamentos rotativos notificados para o Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórias (PEUC) entre 2014 e 2016, localizados na região da Subprefeitura Sé, como contribuição para aplicação dos dispositivos do Estatuto da Cidade ou explicação das dificuldades para sua aplicação. Pretende-se, por meio da investigação proposta, ampliar o conhecimento sobre os proprietários de imóveis ociosos, até então pouco explorado. A pesquisa poderá contribuir para uma avaliação, aprimoramento e propostas para novos meios de efetivação da função social da propriedade no centro de São Paulo.

QUEM SÃO OS DONOS DA TERRA URBANA? Belo Horizonte e seu Eixo Norte
Ana Luiza Nabuco
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Este artigo analisa a estrutura da propriedade da terra nua de Belo Horizonte e no Eixo Norte da cidade, área objeto de Grandes Projetos Urbanos. O trabalho é inédito e tem acesso a dados cadastrais de imóveis da Secretaria Municipal da Fazenda, Prefeitura de Belo Horizonte, para o período de 2009 a 2017. Apesar da extensa literatura sobre políticas fundiárias, há uma ausência, nacional e internacional, de estudos empíricos sobre os proprietários da terra urbana e seu grau de concentração, paradoxalmente à importância do tema. O artigo quantifica os terrenos públicos e privados, estes últimos subdivididos em empresas e pessoas físicas. No caso das “empresas”, os dados do cadastro imobiliário são cruzados com o Cadastro Municipal Mobiliário, para obter sua principal atividade econômica. Este cruzamento permite verificar os setores econômicos que concentram a propriedade do solo urbano. Ao final, constrói-se indicadores de desigualdade para a propriedade da terra urbana, os Coeficientes de Gini, as Curvas de Lorenz e análise de centis. Os resultados apontam para uma elevadíssima concentração da propriedade da terra urbana, a qual vem acentuando-se nos últimos dez anos, assim como para a centralidade do setor privado na produção da cidade.

POLÍTICAS PÚBLICAS EM TERRITÓRIOS ESTIGMATIZADOS
André Almeida de Abreu
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No Rio de Janeiro, os moradores de favela tiveram historicamente que conviver com sua própria estigmatização perante a cidade formal. As políticas públicas em favelas, embebidas nessa representação negativa do favelado, costumam carregar consigo a dimensão da tutela da favela pelo Estado. Este, por sua vez, atua por meio tanto da coerção como do consenso, buscando o controle da favela e, ao mesmo tempo, legitimando-se perante a sociedade. É essa relação entre Estado e favela, especialmente no Rio de Janeiro, que este artigo pretende esmiuçar. Tenta-se entender também como o território é mobilizado pelos atores envolvidos na produção das políticas públicas.

Planejamento Urbano e os novos arranjos populacionais: O caso da aglomeração transfronteiriça de Foz do Iguaçu (BR), Ciudad del Este (PY) e Puerto Iguazú (AR)
Andre da Soler ; Gislene de Fátima Pereira
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O presente trabalho reflete sobre questões de Planejamento Urbano e Regional frente às novas configurações espaciais, onde divisas tradicionais são relativizadas, inclusive fronteiras nacionais. Para tanto, foca-se sobre uma tipologia específica, as aglomerações transfronteiriças, por considerar que nestes locais alguns destes desafios se fazem mais evidentes. O recorte espacial definido foi a aglomeração de Foz do Iguaçu (BR), Ciudad del Este (PY), e Puerto Iguazú (AR), também conhecida como Tríplice Fronteira. A pesquisa desenvolveu-se a partir da compreensão das articulações urbanas transfronteiriças existentes nesta localidade e seus reflexos sobre a materialidade, de modo a analisar a atuação do planejamento urbano nestes processos e seus impactos na produção do espaço transfronteiriço. Percebeu-se que as iniciativas de planejamento locais contribuíram na formação de uma configuração desarticulada e desuniforme. Assim, devem ser buscadas alternativas mais abrangentes de atuação do planejamento nas áreas de fronteira, capazes de reconhecer diferentes morfologias espaciais e de apreender seus processos, suas dinâmicas e suas demandas.

A DINÂMICA DA VALORIZAÇÃO DO CAPITAL IMOBILIÁRIO E OS IMPACTOS NO IPTU: A questão da recuperação da mais-valias fundiárias e atualização do cadastro territorial e planta genérica de valores
Andrea Oliveira Queiroz ; Carolina Maria Pozzi de Castro ; Luiz Antonio Nigro Falcoski ; Ricardo Augusto Souza Fernandes
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A diversidade de características socioeconômicas retrata as cidades brasileiras, assim como suas práticas tributárias, este universo heterógeno se reflete em oportunidades de ampliação das receitas fiscais. Comparado aos países da América Latina, os governos locais brasileiros são os únicos com a atribuição e a responsabilidade para exercer com autonomia a administração o IPTU. Assim, compreender as particularidades da sua tributação é importante, em igual medida é elementar o entendimento da dinâmica da valorização do capital imobiliário. Desta perspectiva, o presente artigo pretende estudar o IPTU contextualizando suas particularidades – alíquotas, extrafiscalidade, recuperação de mais-valias fundiárias, cadastro e planta genérica de valores. Para então, elaborar um estudo de caso sobre o IPTU nas cidades do ABC Paulista analisando as receitas obtidas por meio da arrecadação deste imposto relacionando à renda da população e à valorização imobiliária; as alíquotas praticadas, e ainda; a situação da atualização dos cadastro e plantas genéricas de valores.

INVESTIMENTOS PÚBLICOS EM FLORIANÓPOLIS: O papel do Estado na produção do espaço urbano
Anicoli Romanini ; Adriana Marques Rossetto
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Apresenta-se neste artigo parte da pesquisa de doutorado, em desenvolvimento, que em uma primeira análise, buscou identificar como a implantação dos investimentos públicos realizados pelo Estado em suas três esferas de poder interfere na produção do espaço urbano, considerando este como um espaço geográfico, social e histórico. O estudo, de cunho fenomenológico, desenvolveu-se em Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina – Brasil, teve objetivo exploratório e utilizou uma abordagem quali-quantitativa. As variáveis consideradas na análise incluíram o montante de investimentos e sua localização por zona da cidade, no recorte temporal de 2000 a 2017, a esfera de poder responsável, e as características da distribuição demográfica e de renda da população. Concluiu-se que o Estado, a partir da localização de seus investimentos, modifica as condições dos processo de acumulação, dominação e reprodução das classes sociais, favorecendo as mais privilegiadas.

REALIDADES INVISÍVEIS: UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO SANITÁRIA DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE (MG)
Barbara Marques Sales ; Denise Marques Sales
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Vários avanços em termos de legislação sobre políticas públicas intersetoriais ocorreram no Brasil nos últimos anos, entretanto, ainda não foram suficientes para resolver na prática problemas existentes e emergentes nas cidades. O processo de urbanização que ocorreu na metade do século passado foi pautado em uma distribuição desigual das riquezas e do acesso não equitativo a serviços básicos. A população urbana passou a viver em um espaço marcado pela insuficiência de infraestrutura e crescente degradação ambiental. Distante deste contexto esse artigo visa confrontar questões sanitárias da capital mineira, com seu histórico de realizar ações de planejamento, evidenciando alguns pontos de segregação, e instrumentos utilizados para orientar a universalização das ações e serviços de saneamento. Belo Horizonte apresenta índices elevados de atendimento pelos serviços de saneamento, quando comparados à realidade nacional, porém, a situação ainda não se mostra satisfatória. O município apresenta algumas manchas de vulnerabilidade que não são muito bem desvendadas, e que coincidem com zonas de vilas e favelas distribuídas ao longo de seu território.

Geoprocessamento no mapeamento e análise do esvaziamento urbano: estudos na Região Administrativa 01 de Maceió, Alagoas
Brian Falcão Farias ; Rafael Simões Sampaio ; Juciela Cristina dos Santos
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As cidades brasileiras são caracterizadas pelo seu espraiamento imbricado de vazios urbanos, bem como pela privação de grande parcela da população das condições básicas de urbanidade e de direito à cidade. Neste sentido, busca-se discutir sobre a peculiaridade dos vazios urbanos, sobretudo com relação aos métodos de enfrentamento, trazendo enfoque a importância da dimensão espacial. Para tanto, o uso do Geoprocessamento, englobando desde a coleta de dados a partir do Cadastro Territorial Multifinalitário (CTM) até sua modelagem computacional através de Sistemas de Informações Geográficas (SIG), apresenta-se como meio singular utilizado na busca por uma representação e interpretação do espaço real que viabilize sua melhor compreensão e consequente intervenção. Como demonstração, mapearam-se os vazios da Região Administrativa 01 de Maceió de forma a atestar sua importância como uma ferramenta base para a aplicação de instrumentos urbanísticos previstos pelo Estatuto da Cidade.

EQUIPAR E DEMOCRATIZAR: Regulando a instância pública
Bruna da Cunha Kronenberger ; Frederico Rosa Borges de Holanda
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A disputa por localização privilegiada, intimamente ligada à acessibilidade e a disponibilidade de infraestrutura urbana e de serviços públicos, incide diretamente na produção de um espaço urbano desigual. A localização de equipamentos e espaços públicos pode desempenhar um importante papel na democratização do acesso à infraestrutura e a serviços públicos para toda população e, consequentemente, na redução das desigualdades socioeconômicas e da segregação socioespacial. Discutimos o tema no que diz respeito ao desequilíbrio na distribuição dos equipamentos e espaços públicos no território. Para esse artigo, focamos no discurso apresentado pelo planejamento urbano, aprofundando o estudo a partir do marco regulatório aplicado, principalmente, ao Distrito Federal – DF. Verificamos que a preocupação existe, mas uma regulamentação atualizada mais específica e mais detalhada, que compreenda a integração da escala local com a global do planejamento urbano, precisa ser elaborada.

ASPECTOS INSTITUCIONAIS: O caso de implementação dos instrumentos da função social da propriedade na cidade de São Paulo
Camila Nastari Fernandes ; Marcela Alonso Ferreira
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São poucas as experiências de aplicação dos instrumentos urbanísticos relacionados à função social da propriedade nas cidades brasileiras e, especialmente, em grandes municípios. Na cidade de São Paulo a implementação destes instrumentos foi iniciada em 2014, de forma conjunta com a aprovação do Plano Diretor Estratégico e resultou em mais de 1.300 imóveis notificados. Tal volume de notificações foi resultado de um processo de estruturação de uma política urbana que não possuía precedentes na cidade até então. Diversos estudos analisaram suas implicações legais e fundiárias, mas são escassas análises sobre os aspectos de construção do aparato institucional e burocrático. O presente trabalho objetiva descrever os principais elementos de gestão que estruturaram a implementação dos instrumentos na capital paulista, a partir de um levantamento dos dados oficiais de forma a contribuir para o debate acerca dos processos de institucionalização de políticas urbanas.

TERRITORIALIZAÇÃO DA NORMA: UMA ANÁLISE A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO DOS LOTEAMENTOS CERCADOS E CONDOMÍNIOS FECHADOS NA CIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL - RS
Camila Pohl Frohlich ; Vinícius Oliveira Braz Deprá ; Ana Flávia Marques
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A constante inovação das ofertas imobiliárias visando maior agregação de valor apresenta os loteamentos cercados e condomínios fechados como um dos novos produtos imobiliários deste mercado. Nestes termos, a problemática buscou analisar o contexto histórico das estratégias e mecanismos de ação utilizados pelos principais atores no processo de urbanização da cidade de Santa Cruz do Sul, que foi pontuado por quatro fases distintas. Em linhas gerais, a consolidação destes produtos imobiliários é percebida em nível global, com reflexos muito semelhantes para a pluralidade das sociedades. Desta maneira, atreve-se mencionar que o estudo realizado pode, em certa medida, trazer aspectos singulares e universais acerca de como norma e território se relacionam neste contexto. Percebe-se que a constituição destes produtos compreende uma forma de urbanização através de legitimação com base em dispositivos legais que não lhe servem de fundamento, principalmente por se apresentarem diversos à função social da propriedade.

DIRETRIZES PARA TODOS, BENEFÍCIOS PARA POUCOS: ANÁLISE DO PLANO DIRETOR DE UM MUNICÍPIO SUL MINEIRO
Carlos Guilherme de Souza ; Elisa Zwick ; Daniele Ornaghi Sant'Anna
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O Presente estudo tem como objetivo investigar a formulação e aplicação do Plano Diretor da cidade de Varginha-MG, e identificar quais são os atores sociais que ele beneficia, ressaltando, de forma singular, a interface público-privada. Como objetivos específicos, destaca-se: (i) verificar quais são as áreas priorizadas pelo Plano Diretor; (ii) levantar a quais interesses as ações estão voltadas; e (iii) avaliar criticamente a que perspectiva ideológica corresponde a aplicação do Plano Diretor. A pesquisa foi delineada metodologicamente a partir de três etapas: contato com o campo empírico, elaboração de questionário semiestruturado a partir de categorias apresentadas na legislação municipal, e coleta de dados primários. Observou-se que mesmo sendo um instrumento de interesse público, o Plano Diretor tem sido utilizado estrategicamente para potencializar interesses privados, aliado a ideologia neoliberal. Ao estabelecer diretrizes para todos e benefícios para poucos, é um instrumento que reproduz as desigualdades e favorece o sistema econômico atual.

PROGRAMA FAVELA-BAIRRO E PROJETO “RÉUNIR VÉNISSIEUX”: reflexões sobre projetos urbanísticos que pretendem promover a integração socioespacial, no Rio de Janeiro e em Lyon
Carolina Rezende Kroff ; Gerônimo Emílio Almeida Leitão
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O artigo em questão analisa programas de intervenções urbanas promovidos pelo Estado, com objetivo de estimular a integração socioespacial. Nesse sentido, são abordados dois estudos de caso, no Brasil e na França, que traduzem experiências que, apesar de singulares, apresentam semelhanças, no que diz respeito aos objetivos das políticas públicas implantadas. A partir das visões de técnicos dos setores público e privado, bem como de liderança comunitária da área objeto de estudo – o Parque Royal – , obtidas através de entrevistas e de documentos publicados, pretende-se promover uma reflexão, no caso brasileiro, sobre a questão da “integração da favela à cidade oficial”, proposta como diretriz principal no maior dos programas de urbanização de assentamentos informais no nosso país – o Programa Favela-Bairro, implementado entre 1994, pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. No caso francês, abordamos o Projeto “Réunir Vénissieux”, localizado na região metropolitana de Lyon, cuja implementação ocorrerá entre 2015 e 2020, analisando as intervenções de requalificação em um complexo habitacional – Les Minguettes –, construído segundo os parâmetros do urbanismo modernista, no final da década de 1950. Neste trabalho, realizamos uma reflexão sobre o efetivo alcance das intervenções urbanísticas realizadas, no que diz respeito à pretendida integração de grupos sociais distintos, apresentando, ainda, algumas considerações sobre os limites e possibilidades desses programas públicos.

DIÁLOGOS ENTRE LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA E PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO. CONSELHEIRO LAFAIETE COMO ESTUDO DE CASO
CECÍLIA MIRANDA SILVA ; TIAGO AUGUSTO DA CUNHA ; VICTOR BARROSO ROSADO
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Direta ou indiretamente, as leis de ordenamento territorial repercutem no aspecto físico das cidades e nas singularidades de localização espacial da população. Destarte, nos interessa investigar a correlação entre legislação urbanística e predisposição locacional dos arranjos domiciliares em função dos seus estágios do ciclo de vida familiar (ICV). Elegemos, portanto, um conjunto de ruas e setores censitários de Conselheiro Lafaiete entre os Censos Demográficos 2000 e 2010, que experimentaram as maiores alterações em suas legislações urbanísticas. Nos valemos da técnica estatística do ponto bisserial para aquilatarmos a correspondência entre a variável categórica (legislação) e a discreta (ICV). Repetimos o procedimento, correlacionando a legislação com as variações de rendimento nominal mensal por setor censitário. Os resultados sugerem que determinados perfis populacionais, famílias “jovens” e economicamente mais abastadas, apresentam singulares preferências locacionais.

Sociedade em Movimento: por uma gestão social dos sistemas tecnológicos de mobilidade
Cédrick Cunha Gomes da Silva ; Jaime Cavalcanti de Souza Júnior
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Este artigo objetiva explanar criticamente sobre as relações antagônicas em políticas públicas de mobilidade urbana, assim como, as lutas por uma gestão social que inclua demandas antes marginalizadas. Partindo da análise de discurso foucaultiana, procurou-se identificar a pluralidade de enunciados envolvidos na formação discursiva do Programa Estadual de Mobilidade Urbana, desenvolvido pelo governo do estado de Pernambuco. Tendo como arcabouço teórico a Teoria Crítica da Tecnologia de Andrew Feenberg, foi possível explanar em torno da ausência de uma gestão que proporcione melhor diálogo e participação de sujeitos sociais no processo de tomada de decisão de sistemas tecnológicos de mobilidade. São levantados neste estudo, diversos questionamentos e apreciações sobre governança urbana e aspectos políticos da mobilidade de modo a repensar sobre as políticas de intervenção urbana nas cidades brasileiras. A perspectiva da democratização da tecnologia passa, neste sentido, a alimentar as reflexões sobre o que consideramos como governo da mobilidade. Alguns dos resultados apontam para a necessidade de repensar os modelos de participação social em políticas de mobilidade, assim como, (re)significar o conceito de eficiência de modo a incluir sentidos e vocabulários antes silenciados.

CRIMES VIOLENTOS E CONDICIONANTES SOCIOECONÔMICOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE
Cristina Maria dos Reis Martins
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O objetivo deste estudo foi a análise da distribuição espacial dos crimes violentos, comparada as condições socioeconômicas, nos municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre, por meio da confrontação entre os índices de criminalidade e os índices de desenvolvimento humano e de vulnerabilidade social. Para tanto foram desenvolvidos os índices de incidência e prevalência de crimes. O uso de índices ponderados, permitiu atribuir um maior peso aos delitos considerados mais violentos e graves e, possibilitou uma hierarquização e comparação da criminalidade entre os municípios metropolitanos. Os resultados apontaram que os crimes tendem a prevalecer nos municípios com maior população e densidade demográfica e, os municípios que, em 2017, apresentaram uma tendência de maior incidência criminal foram aqueles que, em 2010, registravam os menores indicadores de desenvolvimento humano. Os crimes tendem a concentração nos municípios de maior porte, que mesmo com maiores índices de desenvolvimento humano, ainda registram alta vulnerabilidade social.

A LEI DO SANEAMENTO BÁSICO E SEU IMPACTO NOS ÍNDICES DE ACESSO AOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO BÁSICO
Damares Lopes Afonso ; Eduardo Simões de Almeida
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O Brasil ainda enfrenta desafios quanto ao oferecimento dos serviços de saneamento básico à população. Em busca da universalização destes serviços, o governo federal promulgou a Lei nº 11.445, a chamada Lei do Saneamento Básico de 2007. Dentre as diretrizes fundamentadas pela Lei, encontra-se a elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB) por parte de todos os municípios brasileiros. O presente trabalho propõe avaliar o impacto da Lei do Saneamento Básico sobre os índices de acesso aos serviços de saneamento básico relacionados ao abastecimento de água, coleta de lixo e esgotamento sanitário dos municípios. Utiliza-se o método de Diferenças em Diferenças com pareamento, tendo como tratamento o fato dos municípios terem elaborado seus PMSB, ou seja, estarem em conformidade com a Lei. Os resultados indicam que a aplicação da Lei teve impacto positivo e significativo nos índices de acesso aos serviços de saneamento básico.

Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios (PEUC): o que as experiências de aplicação revelam sobre a efetividade (ou o alcance) desse instrumento?
Dânia Brajato
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O presente artigo objetiva contribuir para o debate sobre o impasse que cerca o avanço da Reforma Urbana, abordando uma das questões relacionadas a esse impasse: a efetividade (ou o alcance) dos instrumentos do Estatuto da Cidade, quando aplicados. A partir da análise dos casos de aplicação do Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios (PEUC), buscou se conhecer as finalidades (ou lógicas) associadas à utilização do instrumento e verificar em que medida se aproximam ou se afastam do ideário da Reforma Urbana. As experiências revelaram diferentes sentidos de aplicação do PEUC e evidenciaram que, mesmo nos casos de diálogo com o ideário reformista, o potencial de alcance do instrumento pode estar comprometido seja pela existência de reduzido estoque de imóveis ociosos, pela dificuldade de manutenção de pactos socioterritoriais locais, ou pelo seu ‘esvaziamento’ em decorrência de alternância administrativa, como ocorreu no Município de São Paulo a partir de 2017.

REPENSANDO A MOBILIDADE URBANA A PARTIR DA PERSPECTIVA DE GÊNERO
Daniela Abritta Cota
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Se mobilidade urbana significa não apenas como as pessoas se locomovem, mas também por onde, em que circunstâncias e com quais objetivos, pensar essa política significa repensar a forma como nossas cidades são ocupadas pelas diferentes pessoas, o uso que fazem dela e o tempo que despendem em seus deslocamentos. Ou seja, devemos reconhecer que as soluções para o espaço urbano não podem ser homogêneas e universais, mas devem estar articuladas e integradas visando o bem-comum. É neste contexto que defendemos a necessidade de incluir a perspectiva de gênero como temática transversal que deve permear as políticas que versam sobre o território. Assim, este trabalho busca refletir sobre a relação entre gênero, mobilidade e política urbana transversal a partir da ênfase sobre papel das mulheres na cidade e seus deslocamentos cotidianos. O trabalho denuncia os principais problemas vivenciados pelas mulheres e como, a partir do reconhecimento e da visibilidade de suas demandas, podemos propor ações integradas de modo a construir uma mobilidade urbana sustentável, alinhada aos princípios do direito à cidade.

Plano de Adaptação às Mudanças Climáticas e Programas de Revitalização de Córregos Urbanos. Discutindo a Integração de Políticas Públicas Ambientais e Urbanas.
Daniella Aparecida de Mattos de Oliveira Rolo ; Amarilis Lucia Casteli Figueiredo Gallardo ; Cláudia Terezinha Kniess ; Débora Mendonça Monteiro Machado
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As políticas públicas para enfrentamento de problemas ambientais e urbanos devem buscar uma agenda integradora que visa maximizar os benefícios mútuos. Nas cidades, os córregos urbanos são submetidos a processos de degradação e sofrem os efeitos das mudanças climáticas. Para esta pesquisa estabeleceu-se como objetivo geral a realização de um diagnóstico sobre quais medidas de Adaptação baseada em Ecossistemas (AbE), previstas no Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA), podem ser identificadas em projetos de revitalização de córregos urbanos. Utilizou-se como objeto de estudo um caso pioneiro e emblemático, a revitalização do córrego do Sapé, por meio de pesquisa qualitativa. Os resultados demonstram que mesmo sem terem sido estabelecidas de modo convergente, as medidas de revitalização do córrego Sapé dialogam com as propostas instituídas no marco nacional de adaptação às mudanças climáticas. Os dados encontrados trazem uma contribuição para o alcance de programas públicos que visam reverter o quadro de degradação atual dos rios urbanos e enfrentamento das mudanças climáticas em cidades.

MAPEAMENTO DAS PRAÇAS PÚBLICAS UTILIZANDO FERRAMENTAS SIG
Dayane Jhoany Candido Gomes ; Juciela Cristina Santos ; Gabriel Rosemberg Sobrinho de Oliveira ; Valdeny Caroline de Vasconcelos Lima
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As praças públicas possuem funções e usos que sofrem significativa mudança na contemporaneidade, servindo como espaços livres e públicos voltados para qualidade ambiental e social, possuindo relevância no que diz respeito à dinâmica das cidades. O levantamento de um inventário sobre as praças públicas e a incorporação dessas informações a um Sistema de Informações Geográficas (SIG) contribui para a análise do indicador de qualidade que pode auxiliar na tomada de decisões na governança e nas políticas públicas nessas áreas. Neste contexto, estudou-se a Região Administrativa - 01 (RA-01) do município de Maceió, que possui 38 praças distribuídas em sete bairros, realizando a caracterização da situação física e visual desses espaços e incorporando-os a um SIG, de forma a melhorar a gestão territorial dessas áreas.

Um olhar a partir das estruturas de provisão sobre o Setor Sul de Ribeirão Preto/SP
DEBORA PRADO ZAMBONI
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Esse trabalho analisa a produção do espaço urbano do Setor Sul da cidade de Ribeirão Preto, apoiando-se na metodologia de Michael Ball sobre as “estruturas de provisão”, que propõe observar a relação entre agentes sociais, tipos de capitais envolvidos e papel do estado na produção do espaço urbano. Ribeirão Preto é marcado por segregação socioespacial desde sua fundação, com histórica valorização do seu eixo sul de expansão imobiliária. A partir de 1980, soma-se a esse cenário a constituição de novas formas de habitat urbano com o aparecimento dos “Espaços Residenciais Fechados”. Foi possível identificar duas ‘estruturas de provisão’: a primeira, caracteriza-se pela transformação do uso da terra rural em terra urbana; o segundo, representa a construção da edificação e a incorporação imobiliária. O estudo da produção urbana utilizando a metodologia das estruturas de provisão proporcionou uma diferenciação importante entre os “Espaços Residenciais Fechados” no que diz respeito à sua forma de fazer. Entende-se queé necessário observar a relação entre agentes, emprego de diferentes capitais e o papel do estado nos estudos sobre a produção urbana.

INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO URBANO NA DEMOCATRIZAÇÃO DO ACESSO À TERRA E MORADIA
Denise dos Santos ; Sidney Piochi Bernardini
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No âmago da desigualdade socioespacial, encontra-se a questão do acesso à propriedade da terra. A partir da década de 1980, novos paradigmas foram instaurados, submetendo o direito à propriedade da terra ao cumprimento de sua função social. Este artigo pretende elucidar, através de uma abordagem quantitativa, se as Zonas Especiais de Interesse Social estão sendo previstas na segunda geração dos planos diretores pós-Estatuto da Cidade na Região Metropolitana de Campinas. A hipótese é que os municípios, inseridos em uma nova reestruturação capitalista e no empreendedorismo urbano, estejam abandonando alguns princípios da Reforma Urbana, deixando de prever este instrumento de acesso à terra urbanizada. A pesquisa traz à luz esse abandono em alguns municípios da Região Metropolitana de Campinas, em especial, em Campinas. A análise também revela aspectos positivos, por exemplo, a manutenção em Americana, Santa Bárbara d’Oeste e Itatiba, demonstrando que este não foi totalmente abandonado.

O DESCOMPASSO ENTRE OS PARÂMETROS URBANÍSTICOS E A PAISAGEM: UM ESTUDO SOBRE FACHADAS NO CENTRO DE NITERÓI/RJ
Diego Souza Caetano ; Roberto Bressan Nacif ; Ana Beatriz Jardim Alves ; Tayanna Regina Abrahao Cordeiro Lemos
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As fachadas são elementos que constituem a imagem da cidade, sendo por vezes os limites que configuram a paisagem, como Kevin Lynch retrata em suas análises da cidade de Boston no livro “A Imagem da Cidade” (1960), por exemplo. Esses planos de enquadramento da paisagem são caracterizados por elementos como janelas, varandas, materiais, cheios e vazios. Essas características físicas que tornam a paisagem mais dinâmica ou monótona são reguladas por parâmetros urbanísticos diversos e subjetivos a cada município, respeitando as diretrizes estaduais e nacionais presentes na legislação. Entretanto, observa-se que não é levado em conta frequentemente na discussão destes parâmetros o viés do conforto ambiental e interrelação das soluções de fachada, do conforto ambiental com os parâmetros urbanísticos e a paisagem. A relação entre medidas passivas de arquitetura no controle térmico e lumínico das fachadas, as legislações urbanísticas e a paisagem tem sido debatidas de forma distanciada. Assim, o presente trabalho, fruto de uma investigação a respeito das condições da envoltória de edifícios não-residenciais no bairro do Centro de Niterói, RJ, visa discutir a relevância das fachadas como importantes configuradores do meio urbano e de proteção da edificação, de forma que estes devem fazer parte das preocupações dos planejadores urbanos.

DINÂMICA METROPOLITANA E SUA INTERFACE COM A ADAPTAÇÃO CLIMÁTICA
Edilza Paula Queiroz Alves ; Zoraide Souza Pessoa
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Os impactos territoriais da dinâmica metropolitana, causados pela ocupação em áreas de fragilidade ambiental e habitações impróprias em zonas de risco, podem exercer grandes influencias sobre as alterações da dinâmica do clima, que são somadas pela urbanização crescente, desordenada e pela distribuição socioespacial. Posto isso, o artigo tem por objetivo analisar os desafios da dinâmica metropolitana e a relação desses fatores metropolitanos quanto a sua organização socioespacial que pode proporcionar impactos no solo e interferir no contexto das mudanças climáticas. Trata-se de uma pesquisa teórica, relatando a realidade contemporânea e sua confluência com a organização do território metropolitano e os impactos aos efeitos das mudanças climáticas. Para a construção da presente pesquisa os procedimentos metodológicos, segue a orientação de uma abordagem qualitativa, com revisões bibliográficas e documentais. Dessa forma, o exercício para ordenar e organizar o território, para a redução da vulnerabilidade e da exposição ao risco ambiental, se manifesta a necessidade integrar planos de adaptação climática que apresentam elementos essenciais para a qualidade de vida do meio ambiente e da sociedade.

As condições institucionais das ZEIS nas Metrópoles e Capitais Regionais Brasileiras
Eldson Fernandes de Oliveira ; Demóstenes Morais ; Lívia Izabel Bezerra de Miranda
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Este artigo possui o objetivo de analisar os aparatos legais referente as Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) nas Metrópoles e Capitais Regionais brasileiras visando avaliar as condições institucionais para subsidiar as políticas urbanas para os assentamentos de interesse social. O foco da pesquisa esteve direcionado em verificar a adequação dos instrumentos legais municipais referente a ZEIS às diretrizes previstas nas principais leis e instrumentos federais de política urbana. Foi utilizado um conjunto de métodos para elaboração da pesquisa, onde se destaca a análise das leis, parâmetros e instrumentos urbanísticos referentes aos diversos tipos de ZEIS, identificação de legislações municipais referente as ZEIS e caracterização, sistematização e classificação dos aparatos legais e institucionais das ZEIS. Foram também aplicados questionários aos técnicos responsáveis pelas ZEIS nos Municípios. Com o resultado das análises, foi possível organizar um banco de dados interativo que contém fichas com a sistematização de parâmetros urbanísticos para regulação urbanística, instrumentos disponíveis para políticas públicas de regularização urbanística e fundiárias e mecanismos para gestão das ZEIS. Contém ainda uma classificação do nível de adequação institucional em cada município.

Percepção da paisagem em Foz do Iguaçu
Elisiana Alves Kleinschmitt ; Letícia Peret Antunes Hardt
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A paisagem tem sido considerada uma variável indispensável para a gestão urbana, para o planejamento territorial e para o projeto urbanístico. Além de indicadora de condições de desenvolvimento de determinada sociedade, é interpretada pelas suas manifestações de valores naturais, culturais, históricos, sociais e econômicos, dentre outros. Todavia, é notável a sua progressiva deterioração em várias cidades brasileiras. Sob essa ótica, o objetivo geral da pesquisa é avaliar a qualidade paisagística, com adoção do estudo de caso em Foz do Iguaçu, Paraná, elencando-se subsídios à minimização dos seus impactos do passado e à ampliação da sua capacidade futura. Com natureza aplicada, abordagem qualitativa e sistema múltiplo de métodos, a investigação foi elaborada com base em quatro referenciais principais: técnico, compreendendo o recorte metodológico de ensaio peculiar; teórico, englobando o recorte temático para delimitação de conceito próprio; empírico, comportando o recorte geográfico para aplicação prática dos procedimentos anteriores; e crítico, envolvendo o recorte propositivo, derivado da integração das informações analisadas. Os resultados de caracterização paisagística da área de estudo revelam dois marcantes momentos históricos – antes e após a construção da usina de Itaipu –, partindo de um processo lento para um crescimento acentuado, associado à má gestão municipal e ao consequente desordenamento urbano. Os dados da classificação perceptual evidenciam que a maioria da população indica maior incidência da classe média baixa para os cenários avaliados. A comprovação da hipótese de que alguns parâmetros e componentes urbanísticos propiciam a qualidade da paisagem das cidades, tornando possível, pela sua redefinição, a redução de interferências pretéritas e a expansão de potencialidades futuras, conduz à indicação da necessidade de elaboração de projetos de valorização paisagística no âmbito dos planos diretores municipais.

PRÁTICAS INSURGENTES NO PLANEJAMENTO URBANO MUNICIPAL: A experiência do Campeche em Florianópolis-SC
Elson Manoel Pereira ; Luis Felipe Cunha
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Após 2001, experiências participativas passaram a compor os processos de elaboração de políticas municipais. Com a institucionalização da participação, os planos diretores passaram a ser ancorados na realização de audiências públicas e na conformação de núcleos gestores, seguindo um tipo de desenho institucional qualificado como “ratificação pública” (AVRITZER, 2008). Florianópolis deu início à revisão de seu Plano Diretor em 2006. Em um de seus bairros, o Campeche, encontramos ativismos e movimentos sociais que protagonizaram resistências aos planos da prefeitura para a região, desde os anos 1980. As articulações formadas em torno desta resistência desempenharam um papel ativo na definição do desenho institucional de elaboração desses Planos. O planejamento urbano, suas relações de poder e seus processos são alterados pelas práticas sociais locais auto-organizadas que se apresentaram como alternativa ao planejamento institucional. Neste artigo, é abordada uma experiência da resistência local, a partir dos estudos sobre o conceito de “planejamento insurgente”.

Desenho Institucional, Planejamento urbano e participação em Florianópolis: entre interesses do capital e o espaço banal
Elson Manoel Pereira
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A cidade é o lugar do conflito e o planejamento participativo pode dar divisibilidade aos atores que disputam o território; muitos dos conflitos existentes nas cidades são explicados pela escala local, mas podemos afirmar também que outros só podem ser compreendidos pela disputa entre interesses interescalares. O estudo de caso analisado mostrou que Florianópolis é um território em disputa; os atores ligados à construção civil, ao capital imobiliário e turístico vem desenvolvendo estratégias para o investimento do chamado capital excedente nacional e internacional. Num espaço onde amenidades estão fortemente presentes é de se esperar que o capital imobiliário almeje que ele seja preparado para o investimento destinado à alta renda, de capitais nacionais e mesmo internacionais. Mas, neste processo, atores locais, não ligados ao capital, reagem e criam horizontalidades que, se não conseguem impedir o prosseguimento do curso da flecha da globalização, ao menos entortam sua direção.

Áreas Inaptas à Urbanização :um estudo de tipologia e gestão no ABC Paulista
Eric Augusto Caravaggio da Costa ; Fernando Rocha Nogueira
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Com a promulgação da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) em 2012, a carta geotécnica se tornou instrumento obrigatório a ser considerado no planejamento urbano de municípios suscetíveis a desastres naturais, indicando áreas inaptas à urbanização. A indicação da inaptidão, porém, precisa ser acompanhada de indicações do uso e ocupação que se pretende estimular, e de estratégias para gestão das áreas inaptas, voltadas a inibir sua ocupação inadequada. Conectada a essa problemática, esta pesquisa tem como objetivo contribuir para um melhor tratamento e gestão das áreas inaptas à urbanização, no âmbito do planejamento e gestão das cidades, tipificando essas áreas, delimitadas pela Carta Geotécnica de Aptidão à Urbanização Frente a Desastres Naturais do município de São Bernardo do Campo. Analisando-se possibilidades de uso e ocupação para diferentes tipologias de áreas inaptas identificadas na região, procura contribuir para a melhoria da regulação, uso, gestão e fiscalização das áreas inaptas à urbanização. Tomando como pressuposto inicial a existência de cinco fatores-chave para essa tipificação (titularidade; forma e tamanho da área; presença, área de cobertura e tipo de vegetação; proximidade de área já urbanizada; e tipo de inaptidão), sua ratificação foi factível através de entrevistas com gestores ligados à temática. Dessa forma, foi possível produzir um conjunto de tipologia e diretrizes para essas áreas, divididas em oito classes para as áreas públicas municipais e quatro classes para as áreas de posse privada. Como conclusão, esse trabalho aponta caminhos para uma melhor gestão das áreas inaptas à urbanização, em especial à possibilidades de sua utilização dentro do panorama da Região Metropolitana de São Paulo, indicando também melhorias e possibilidades de aperfeiçoamento do instrumento proposto.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E TECNOLOGIAS SOCIAIS: adaptação ao contexto do semiárido
ERIC MATEUS SOARES DIAS ; ZORAIDE SOUZA PESSOA
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A inserção de tecnologias adequadas para o semiárido está cada vez mais ganhando espaço nas agendas científicas, governamentais e de movimentos sociais, pela emergência do avanço dos processos de desertificação e dos problemas da escassez hídrica. No entanto, essa necessidade é reforçada pelos efeitos das mudanças climáticas, que aumentam a frequência e intensidade de extremos climáticos de secas nas regiões semiáridas. Por isso, as tecnologias simples e adaptadas às realidades locais ganharam mais espaço nas discussões sobre o desenvolvimento regional sustentável, mostrando formas opcionais de um manejo mais adequado dos recursos escassos, dando prioridade para a água. Diante disso, são lançados os seguintes questionamentos: Quanto à possibilidade de maior ocorrência e intensificação das secas com o avanço das mudanças climáticas, do que dispõem a população para se adaptar? De qual forma as políticas públicas, particularmente, as políticas regionais, atuam para reduzir o quadro de vulnerabilidade em relação a seca? Qual a importância de tecnologias adaptadas as condições locais para enfrentamento das mudanças climáticas? Face ao exposto, este artigo pretende discutir e avaliar, em que medida as tecnologias sociais podem contribuir com os novos desafios nas regiões semiáridas, considerando os cenários de mudanças climáticas. O artigo contribui com o debate da adaptação climática e a importância das tecnologias sociais desenvolvidas para a convivência com o Semiárido como estratégias para melhorar a capacidade da população em conviver com as mudanças do clima, para isso adotou-se uma metodologia qualitativa com a revisão bibliográfica e documental. Foi possível avaliar que as tecnologias sociais surgem como um modelo alternativo de desenvolvimento apropriado para o Semiárido, desempenhando um papel importante no Semiárido brasileiro não apenas para o enfrentamento à problemática social e ambiental local, mas também para a minimização dos efeitos das mudanças climáticas. Isso pode ser visualizado no quadro em que mostra algumas tecnologias sociais que podem contribuir para adaptação climática.

O (não) diálogo entre os instrumentos de política pública e a (não) garantia da infraestrutura urbana para todos - análise do subsistema de políticas públicas de esgotamento sanitário de Ubatuba-SP
Estela Macedo Alves
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Os objetivos do estudo são: delimitar subsistema de políticas públicas de esgotamento sanitário do município de Ubatuba, considerando-se leis e planos e analisar resultado da implementação dos instrumentos que as compõem. O conceito de subsistema baseia-se no Modelo de Coalizão de Defesa para análise de políticas públicas. A hipótese é que a sobreposição de diretrizes de diversos níveis de gestão referentes ao esgotamento sanitário, não são eficientes. Metodologia baseia-se em análise de dados primários de entrevistas semi-estruturadas e no acompanhamento de fóruns de discussões sobre a temática do saneamento no município; sistematização e análise dos dados graficamente. Como resultado, obteve-se o Diagrama de Fluxos do Subsistema de Esgotamento Sanitário de Ubatuba discutindo-se cada um dos elementos que o estruturam. Analisam-se as instituições atuantes no subsistema, apontando pontos críticos em relação ao atendimento da demanda por esgotamento sanitário, também com base em análise urbanística sobre distribuição de redes de coleta e sistemas de tratamento de esgoto, que prioriza o setor turístico em detrimento do habitacional.

CARACTERIZAÇÃO DA GOVERNANÇA TERRITORIAL NA DINÂMICA DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Fabiane Frois Weiler ; Grazielle B Brandt ; Silvio Arend
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RESUMO: A sociedade é reflexo de constante incerteza, mudança e agentes que planejam suas estruturas de ordenamento. Concorda-se com a concepção de que o território deve ser entendido no seu sentido de uso onde se materializam as relações entre os indivíduos e grupos sociais constituindo-se como lócus de poder. O objetivo geral deste ensaio é caracterizar, por meio de revisão bibliográfica, a importância da estrutura da governança territorial para o desenvolvimento regional. Conclui-se que a governança projeta-se como mecanismo para qualificar as organizações públicas, privadas e sociais presentes no território e o modo como cooperam. Quanto mais local a escala demonstra-se que a governança colaborativa se torna mais apropriada aos indivíduos. A governança colaborativa é uma ferramenta, um mecanismo, a resposta concreta para o ordenamento e planejamento territorial que articula atores públicos e privados, sociedade civil aos processos decisórios.

PLANEJAMENTO E GESTÃO URBANA: APLICAÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE COARACI, BAHIA
Fábio da Silva Santos ; Manoel Joaquim Fernandes de Barros ; Leonardo Batista Duarte
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O presente estudo tem como objetivo central analisar a gestão e o planejamento do setor público da saúde no município de Coaraci, utilizando, como referência, o seu Plano Municipal de Saúde com vigência 2014 a 2017. O estudo realiza uma pesquisa qualitativa, com apoio da técnica de Análise Documental. A análise foi realizada com base nos elementos teóricos advindos da revisão bibliográfica efetuada. Como instrumento de gestão, o Plano Municipal de Saúde elaborado atende aos preceitos legais que regem o Sistema Único de Saúde, em sua constituição e apresentação dos itens essenciais. Como instrumento de planejamento em saúde, o plano apresenta a análise situacional com descrição detalhada da situação geral do município, realiza análise crítica de seus dados epidemiológicos e aponta os seus principais problemas e soluções. Por outro lado, o plano não destaca a receita financeira aplicada à saúde com estimativas de gastos por metas.

Operações Urbanas Consorciadas e Indicadores de Governo Aberto: subsídios aos mecanismos de governança pública e controle social
Fábio José Ferraz ; Denio Munia Benfatti ; Jonathas Magalhães Pereira da Silva
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Operações Urbanas Consorciadas (OUCs) são instrumentos de planejamento, produção e gestão do espaço urbano – notadamente de áreas de reconversão – que têm as articulações público-privadas como principal meio de viabilização econômico-financeira. Apesar de alguns exemplos considerados exitosos, tal instrumento, ao ser aplicado, tem se mostrado ineficaz na garantia do direito à cidade a parcelas mais amplas da população privilegiando interesses privados em detrimento de interesses genuinamente públicos. O artigo revisa as OUCs paulistanas vigentes e enfatiza a pertinência do estabelecimento de critérios e indicadores de Governo Aberto como subsídio à governança pública e necessária gestão participativa desse instrumento para a consecução de seus objetivos de desenvolvimento urbano, econômico e social. Na análise, se considera que os processos de planejamento e gestão das OUCs devem seguir os preceitos de participação democrática e do direito à cidade estabelecidos pelo Estatuto da Cidade, bem como a emergência da agenda de Governo Aberto que institui um novo paradigma de gestão pública ao contemplar práticas de transparência, participação e accountability.

PLANEJANDO CONTRA A CORRENTE O caso do Plano Popular das Vargens, Rio de Janeiro, RJ
Fabricio Leal de Oliveira ; Giselle Tanaka, Paula Cardoso Moreira, Fernanda S. Santos ; Renato Cosentino, Caroline Santana ; Poliana Monteiro, Mariana Medeiros
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Na década de 2010, uma série de iniciativas de planejamento lideradas por movimentos sociais, associações de moradores e outras articulações sociais ganharam visibilidade como formas de disputa pela produção e apropriação do espaço urbano. Resistências contra grandes projetos incluídos na pauta da Copa do Mundo 2014 e das Olimpíadas 2016 e movimentos de ocupação de prédios e terrenos ociosos se destacam entre muitas ações de iniciativa de moradores e movimentos sociais em grandes cidades brasileiras. Neste artigo, após uma breve apresentação das principais questões relativas à região das “Vargens”, na periferia oeste do Município do Rio de Janeiro, discute-se o Plano Popular das Vargens (PPVA), seu processo de elaboração e seu papel como instrumento de luta em torno da legislação urbanística e dos projetos governamentais para a área. O PPVA traz novos insumos críticos para a discussão sobre o planejamento urbano e a implementação de operações urbanas consorciadas no Brasil, panaceia que resiste apesar dos recorrentes fracassos financeiros e sociais de grandes projetos elaborados por meio de parcerias público-privadas.

Planejando contra moradores de ZEIS no centro de São Paulo
Felipe Villela de Miranda ; Raquel Rolnik ; Regina Dulce Lins ; Renato Abramowicz Santos
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A disputa sobre princípios e objetivos do planejamento urbano passa por novo episódio na cidade de São Paulo com a Parceria Público-Privada (PPP) Habitacional na área central. A proposta do governo do estado implementada em convênio com a prefeitura remove moradores de Zona Especial de Interesse Social (ZEIS), oferece alternativas de atendimento desconectadas das necessidades dos atingidos pelas obras, e fragiliza direitos sociais com a flexibilização de normas urbanísticas. Mesmo assim, a PPP incorpora o discurso de promoção de moradia social em área central, demanda histórica de movimentos sociais. Baseado em pesquisa de campo iniciada em maio de 2017, este artigo relata como propostas de “requalificação urbana” são implementadas na “Cracolândia”, e apresenta aspectos da insegurança habitacional e da transitoriedade permanente dos atingidos por múltiplos processos de despossessão, para mostrar como o poder público contribui para a reprodução da precariedade dos moradores de ZEIS.

IMÓVEIS DA UNIÃO COM BENFEITORIAS PRECÁRIAS: DIAGNÓSTICO PRELIMINAR
Flavia Pedrosa Pereira ; Djinne Reagan ; Thiago Betim Flores
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O desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, após um incêndio ocorrido em maio de 2018 no centro de São Paulo, chamou a atenção para um problema com dimensões desconhecidas: a precariedade de parte dos imóveis públicos da União, ocupados e desocupados. O artigo aborda a metodologia adotada pela Coordenação-Geral de Fiscalização e Controle de Utilização do Patrimônio (CGFIS), da Secretaria do Patrimônio da União, com o objetivo de conhecer o universo dos imóveis da União que apresentam características precárias ou situação de risco. Pretende-se, através de um diagnóstico preliminar cujos resultados são apontados neste trabalho, subsidiar iniciativas que intentem mitigar a possibilidade de um novo desastre como o ocorrido no edifício em São Paulo.

Tempo urbano sobre o espaço natural, aproximações entre tempos
Flavio Almansa Baumbach ; Valentina Machado ; Mauricio Couto Polidori
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Este trabalho aborda o homem e a natureza sobre a perspectiva do tempo. Primeiro demonstramos como a desconexão entre os tempos do homem e da Terra provoca um estresse nas dinâmicas e modos de funcionamento dos processos naturais. Também apontamos que o crescimento populacional e as preocupações ambientais demandam planejamento para a distribuição das atividades humanas sobre a superfície terrestre, com propósito de minimizar os efeitos negativos que nossas atividades geram sobre os sistemas de funcionamento do planeta. Apresentamos então projetos de planejamento urbano em diferentes escalas que se apropriam e utilizam ferramentas metodológicas que auxiliam o desenvolvimento de estratégias projetuais que busquem alternativas para a mitigação dos danos ambientais. Desta maneira, demonstramos que há possibilidade para uma urbanização mais consciente e que promova a manutenção dos sistemas urbanos e naturais, de modo a estimular um desenvolvimento social e ambiental.

UM ESTUDO SOBRE A VINCULAÇÃO DO IPTU ÀS MELHORIAS ESTABELECIDAS NO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL: Um Estudo de caso em um Município Potiguar.
Francisco Jean Carlos de Souza Sampaio ; Norma Lacerda
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A pesquisa analisa o valor do IPTU arrecadado pelo município de Pau dos Ferros – RN e o seu destino durante o PPA de 2014 a 2017, na perspectiva de verificar a vinculação com as melhorias estabelecidas no § 1º do Art. 32 do CTN. A pesquisa classifica-se como aplicada, explicativa, bibliográfica, estudo de caso, documental e de predominância qualitativa. Aplicou-se o questionário com os Secretários de Tributação, Finanças, Infraestrutura, Saúde e Educação e os fiscais de tributos deste município, e com o Diretor da CAERN que responde pelo município de Pau dos Ferros – RN. A pesquisa demonstrou que durante o PPA de 2014 a 2017 o valor do IPTU arrecadado foi crescente, não existe vinculação deste imposto quanto ao seu destino, mas que existe destino de recursos para as melhorias citadas no § 1º do Art. 32 do CTN, embora não sejam suficientes para que possam conceder os serviços de infraestrutura, de saúde e educacional necessários a todos os cidadãos pauferrenses.

Planejamento Urbano e Pós-Modernidade: Desafios Contemporâneos
Gabriel Braga Zarth ; Franciele Bonoldi ; Viviane Santos Garcia
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O artigo pretende examinar as condições de produção das cidades na contemporaneidade à luz de uma inquirição acerca dos desafios, responsabilidades e perspectivas que as conformam e conduzem. Procura-se ensejar, na esteira dessa investigação, políticas públicas e modos de vida capazes de balizar a ação, no âmbito do planejamento urbano, dentro de uma perspectiva cujo horizonte é a reinvenção permanente do urbano sob o prisma da sustentabilidade, da justiça social e de uma educação emancipadora. Com o aporte de conceitos como os de pós-modernidade (HARVEY, 1989), modernidade líquida (BAUMAN, 2001) e globalização (SANTOS, 2000), parte-se de um panorama global a considerações focadas na realidade brasileira e no contexto do planejamento urbano em Porto Alegre. Embora o estudo não se proponha ao esgotamento de suas questões, vislumbra delinear um panorama geral de problemas e desafios relacionados às cidades do nosso tempo, sem ignorar a complexidade que lhes é indissociável.

UM NOVO PLANEJAMENTO? As operações urbanas consorciadas como principal instrumento de gestão e produção das metrópoles brasileiras – o Rio de Janeiro
Glauco Bienenstein ; Daniel Mendes Mesquita de Sousa ; Regina Bienenstein
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O capitalismo atual tem se caracterizado pela predominância da dimensão financeira no processo de acumulação. Tal padrão se orienta pela paradoxal articulação do setor industrial com o setor financeiro. Essa dinâmica tem afetado diversas dimensões do mundo e da vida, aí incluídas as cidades. O artigo trata, de forma preliminar, das recentes transformações experimentadas pelo atual processo urbano brasileiro, com ênfase na região metropolitana do Rio de Janeiro. Para tanto, focaliza os casos das Operações Urbanas Consorciadas, OUC: Porto Maravilha e Av. Presidente Vargas, no centro da metrópole, o PEU das Vargens e a OUC de Rio das Pedras na região oeste do Rio de Janeiro, assim como a OUC do centro de Niterói. Tal movimento busca desvelar suas ordens de justificação, assim como a tendência relativa à utilização das OUC como instrumento de um tipo de urbanismo que tem privilegiado o projeto em detrimento do plano, como o instrumento regulador e orientador do desenvolvimento das cidades.

CIDADES MÉDIAS E GESTÃO TERRITORIAL: ANÁLISE DOS FLUXOS DE GESTÃO PÚBLICA E PRIVADA NA REGIÃO DOS VALES – RS
Grazielle Betina Brandt ; Nicolas Billig de Giacometti ; Carolina Rezende Faccin ; Débora Frantz Krug
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Aborda-se a centralidade e a capacidade de gestão territorial das cidades médias de Santa Cruz do Sul e Lajeado em suas regiões de influência, utilizando como recorte de estudo a Região dos Vales-RS. Revisa-se os conceitos de cidade média e gestão territorial e analisa-se os fluxos de gestão pública e de gestão empresarial, bem como seus reflexos na dinâmica da rede urbana e no processo de desenvolvimento regional. Na análise, utilizou-se os dados secundários da base estatística da RAIS (2014) que nos dá informações referentes ao número de estabelecimentos instalados nos municípios e número de empregados dos mesmos,Censo Demográfico (200 e 2010) e dos estudos REGIC (2007) e Gestão do Território (2014), levantados pelo IBGE, e referentes às formas com que o Estado e o Mercado organizam o espaço regional. O conjunto de fluxos de gestão pública e empresarial, que alcança e se desenvolve no território regional, tem contribuído para aprofundar a urbanização, complexificar as funções urbanas, ampliar a centralidade e o papel de comando dessas cidades médias na região. Foram levantados também dados primários acerca da gestão pública estadual que descrevem a questões estratégicas dada a localização.

A MOBILIDADE POR BICICLETAS NA RMBH: UMA ANÁLISE SOBRE AS (NÃO) POLÍTICAS DE BELO HORIZONTE, CONTAGEM E PEDRO LEOPOLDO
Guilherme Lara Camargos Tampieri ; Diego Pessoa Santos
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As políticas de transporte adotadas durante o século XX não priorizaram os transporte coletivos e ativos, trazendo consequências indesejáveis às cidades. O presente artigo analisa o uso da bicicleta em três municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a partir de análises e caracterização dos dados das Pesquisas Origem/Destino e outros levantamentos. Belo Horizonte Contagem, baseado no conceito de "Sistema da Bicicleta" e no modelo Presto, caracterizam-se como cidades Iniciantes e Pedro Leopoldo como Aspirante. Do ponto de vista metropolitano, ainda não há clareza como as políticas poderiam estimular o uso da bicicleta. Com os dados investigados e a ausência de outros, entende-se que há necessidade de investimentos em infraestrutura, mas também em medidas suaves, coordenadas nos níveis municiais e metropolitanos, cuja compreensão se expanda para além dos setores de transportes.

REGIÕES VERNACULARES Um novo modelo cívico para as pequenas cidades amazônicas
Gustavo R M Montoia ; Sandra Maria Fonseca da Costa
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As pequenas cidades ribeirinhas da Amazônia possuem particularidades em seu processo de formação socioespacial, o que lhes confere desafios na execução de políticas públicas. Neste sentido, este artigo se debruça sobre as cidades de Afuá e Ponta de Pedras, no estado do Pará e Mazagão, no estado do Amapá; cidades atendidas pelo Programa de Aceleração do Crescimento e que se tornaram palcos de obras atrasadas, inacabadas ou abandonadas, fruto de uma implementação distorcida, que não considerou um conjunto de variáveis essenciais, como: distâncias geográficas, dependência dos municípios e suas cidades do Governo Federal, vida econômica no circuito inferior da economia, política conservadora aos modos do coronelismo político e falta de fiscalização das obras públicas. A necessidade de compreender a identidade destes locais é fator primordial para a aplicação de serviços públicos que, desde sua aprovação à sua construção, as realidades intrínsecas destas cidades-rio não podem ser negligenciadas. Pesquisa de campo, entrevistas com agentes públicos, análise de dados secundários e uma revisão de literatura que procurou compreender a urbanodiversidade da Região foram elementos relevantes para concluir, que se faz urgente, um novo modelo cívico para o Brasil que reconheça as regiões vernaculares do país em busca de desenvolvimento social e respeito à alteridade espacial.

Escala, escalonamento e a legislação urbanística: a questão da escala no planejamento urbano
Helterson Ribeiro da Silva Leite
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Este trabalho tem como objetivo compreender a noção de escala enquanto resultados temporários dos processos de escalonamento e reescalonamento, tal como defendida por Neil Brenner e cotejá-la frente ao entendimento da legislação urbanística como instrumento de planejamento das cidades. Portanto, o objeto da análise é, primeiramente, a noção de multiescalaridade como contraposto à noção de escala fixa e, posteriormente, o cotejo de tal noção frente à ideia de legislação urbanística. O problema aqui posto define-se na relação entre a noção de escala definida enquanto processos de escalonamento e reescalonamento e a legislação urbanística definida a partir da noção de uma escala fixa, a saber, a cidade. Assim, coloca-se a seguinte questão: se a escala deve ser compreendida enquanto processos de escalonamento e reescalonamento, como que a legislação urbanística, que parte de uma escala fixa a priori definida, pode ser um instrumento de regulação, ordenamento e planejamento das cidades?

Entre a regulação e a arrecadação: o fator de interesse social no cálculo da Outorga Onerosa do Direito de Construir
Helterson Ribeiro da Silva Leite
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Este trabalho objetiva discutir o impacto do fator de interesse social no cálculo da contrapartida da Outorga Onerosa do Direito de Construir - OODC. Para tanto, focar-se-á na análise do município de São Paulo que adotou este fator de interesse social como forma de fomentar determinados usos e/ou não criar óbices econômicos para outros. Neste artigo dar-se-á completa atenção para um uso representativo: a produção de Habitação de Mercado Popular – HMP, a qual se beneficia de isenções e descontos na contrapartida da OODC por intermédio do fator de interesse social. Nesta pesquisa concluiu-se que o montante que o município de São Paulo deixou de arrecadar em decorrência do fator de interesse social corresponde a somente 0,61% do total arrecadado com todas as contrapartidas. Por outro lado, os dados sobre o Valor Geral de Venda dos empreendimentos não permitem afirmar que o fator de interesse social seja efetivo no fomento à produção de HMP.

O IDEÁRIO DOS PROJETOS URBANOS PARA AS FAVELAS CARIOCAS
Henrique Amorim Soares
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Houve uma ruptura no urbanismo carioca nos anos 1990, quando novos modelos renovaram o debate e fomentaram o retorno à prática de arquitetos externos à administração pública, destacando-se o projeto pontual em detrimento do plano de larga escala e a urbanização como resposta ao “problema-favela”. Através de revisão da literatura corrente e de projetos apresentados em concursos de metodologia, este trabalho contextualiza essa inflexão e analisa as principais noções empregadas por arquitetos para refletir e intervir na cidade informal. Observamos a disposição para apreender o espaço a partir de seu aspecto visual e a suposição de que seria possível promover alterações socioeconômicas controladas por meio de modificações físicas na cidade.

PLANOS DIRETORES E ÁREAS RURAIS: Notas sobre competências do Município e referências para concepção de macrozoneamento
Henrique Barandier ; Eduardo Domingues ; Hélio Beiroz
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O presente artigo tem por objetivo contribuir para a reflexão teórica sobre o papel do Município na gestão territorial, em especial, no que diz respeito ao tratamento das áreas não urbanas nos planos diretores. A compreensão do território municipal de forma mais integrada, envolvendo o entendimento das relações entre espaços urbanos e rurais, dos meios de produção no ambiente rural, dos ativos ambientais, da sociobiodiversidade no município, mostra-se cada vez mais essencial para definição de estratégias de desenvolvimento local que devem pautar e estar expressas nos planos diretores municipais. Numa primeira parte, trata da competência do Município para intervir na área rural. Em seguida, aborda aspectos técnicos e metodológicos para leitura do território rural em processos de elaboração ou revisão de planos diretores. Por fim, apresenta a proposta de macrozoneamento desenvolvida para um município do Sul de Minas Gerais.

PRODUÇÃO DO ESPAÇO, PLANEJAMENTO E GESTÃO URBANA E TERRITORIAL E POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA: A Operação Segurança Presente na cidade do Rio de Janeiro
Horacio Nogueira Pizzolante
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O processo de metropolização do espaço é característico do presente momento histórico do capitalismo, em sua fase neoliberal. Nesse contexto, a produção do espaço assume novas formas de dominação e controle da vida cotidiana nunca antes imaginadas. A criação de novos setores da economia e a importância crescente do terceiro setor da economia inauguram esta nova fase da economia mundial, agora dependente da reprodução espacial. Dessa maneira, decorrem do processo de metropolização do espaço outros processos subsidiários, como é o caso do processo de militarização do espaço, que pode ser constatado nas mais distintas áreas urbanas do planeta, sendo reforçado pelas técnicas contemporâneas de planejamento e gestão urbana e do território. Na cidade do Rio de Janeiro, apresentam-se diferentes aspectos de ambos os processos, e um deles é a Operação Segurança Presente. A operação é resultado da associação da Fecomércio-RJ (Federação de comércio de bens, serviços e turismo no Estado do Rio de Janeiro) e, no caso específico do Centro, com a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. A colaboração entre estes atores sociais para a promoção de segurança pública para algumas localidades da cidade do Rio de Janeiro é, sob muitos aspectos, um caso inédito, o que o torna consideravelmente relevante. Denota uma característica importante do capitalismo neoliberal contemporâneo, da indefinição entre público e privado, além de evidenciar novas formas de vigilância e controle da vida cotidiana reforçadas na gestão territorial do espaço urbano.

LAZER E PLANEJAMENTO URBANO: Potencialidades a partir de indicadores baseados em Sistemas de Monitoramento de Qualidade de Vida Urbana
Isabela Veloso Lopes Versiani ; Anete Marília Pereira
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O tema da qualidade de vida urbana tem sido uma problemática emergente que interfere no presente e futuro das cidades, legitimado pela crescente sistematização de indicadores que buscam mensurar aspectos e auxiliar no direcionamento de ações de planejamento urbano e de políticas públicas, inclusive no campo do Lazer. Embora reconhecido como um direito social por diversos documentos, o Lazer tem seu efetivo exercício democrático ainda distante de se realizar em consonância com as Políticas Urbanas, sobretudo na provisão de equipamentos públicos. De natureza exploratória, o presente trabalho busca evidenciar como o Lazer tem se inserido em alguns Sistemas de monitoramento de qualidade de vida urbana, a partir de quais indicadores e possíveis contribuições. Dentre os resultados, evidencia-se o potencial dos indicadores levantados em auxiliar o direcionamento de ações mais efetivas de planejamento urbano e de políticas públicas na busca por uma maior democratização do Lazer nas cidades.

PARTICIPAÇÃO POPULAR NA ELABORAÇÃO DO “PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO - CAMPINA GRANDE 2035”
ISABELLE KELLEN SILVA MONTEIRO ; LÍVIA IZABEL BEZERRA DE MIRANDA
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No ano de 2017, em um cenário de crise política e econômica no Brasil, a gestão municipal de Campina Grande, segunda cidade mais populosa do estado da Paraíba, adotou o “Plano Estratégico de Desenvolvimento – Campina Grande 2035” e o propôs como projeto de lei para incorporá-lo ao ordenamento jurídico do município. Este artigo tem como objetivo fazer uma análise qualitativa da participação popular na elaboração do PED-CG2035, através do estudo documental dos Relatórios Sínteses de Pesquisas que foram aplicadas na etapa de diagnóstico e utilizando os conceitos teórico-metodológicos de Políticas Públicas. Verificou-se que foram realizados três tipos de pesquisa com atores públicos e privados: entrevistas presenciais; entrevistas em “grupos focais”; e pesquisa via internet. Concluiu-se que, dadas as características dessas pesquisas, a quantidade e especificidade dos atores envolvidos e a utilização dos resultados obtidos, o documento pode ser considerado uma política pública com irrelevante participação democrática em sua formulação.

Cidade Competitiva e Apavorada: uma análise sobre segurança pública e planejamento urbano em Fortaleza (CE)
Janaína Carneiro Americano de Brito
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Este artigo trata das correlações entre segurança pública e planejamento urbano na cidade de Fortaleza, Ceará (CE), tendo como principal objetivo compreender como as atuais políticas de segurança, baseadas na territorialização de infraestruturas e no patrulhamento policial, articulam-se com o desenvolvimento urbano estratégico da cidade, responsável por consolidar Fortaleza como o “paraíso das flexibilizações”. Assim, a partir da análise dos programas de segurança “Pacto por um Ceará Pacífico” e “Plano Municipal de Proteção Urbana” (PMPU), respectivamente à nível estadual e municipal, será possível evidenciar como, em alguns bairros, a melhoria na segurança pública influencia no desenvolvimento de um ambiente capaz de impulsionar os setores imobiliário e turístico, enquanto em outros bairros, e principalmente nos assentamentos precários, é responsável pelo controle social e acirramento das vulnerabilidades sociais.

PATRIMÔNIO IMOBILIÁRIO PÚBLICO: uma análise da Gestão e da Função Social dos Imóveis Públicos do Governo do Rio Grande do Norte
Jéssica Morais de Moura
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O trabalho se insere na discussão acerca da gestão do espaço, concentrando-se na análise do patrimônio imobiliário público do Rio Grande do Norte e a sua relação com a dinâmica urbana e com a função social da propriedade. A pesquisa enfoca os terrenos e edificações da administração estadual e tem como objetivo principal refletir sobre o quantitativo e a situação desses imóveis, discutindo aspectos sobre o abandono, a cessão e a alienação desse patrimônio. Relativo à função social da propriedade pública evidencia-se que os preceitos normativos exigem o bom uso da propriedade pública, sendo fundamental o cumprimento das diretrizes firmadas pela política de desenvolvimento urbano. Contudo, conforme se intenciona demonstrar, a realidade é desafiadora para as administrações públicas que devem promover um melhor uso desses bens e, nem sempre, possuem o controle do seu patrimônio, existindo terrenos e prédios públicos que estão irregulares e sem função social. Numa outra ótica, existem imóveis bem localizados que encontram-se cedidos, enquanto o poder público também loca imóveis para funcionamento de suas atividades administrativas.

(DES)ARTICULAÇÃO ENTRE POLÍTICAS URBANAS EM UMA CIDADE PEQUENA: O caso de Pinhalzinho/SC
João Pablo dos Santos ; Maria Soares de Almeida
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As novas dinâmicas das cidades brasileiras causadas pela expansão das mesmas, resultaram em diversos efeitos em seu território, principalmente ao que tange o planejamento urbano. Problemas de acesso a equipamentos e serviços básicos são assuntos corriqueiros em discussões acadêmicas por todo o Brasil. Este trabalho foca na problemática das políticas que procuram amparar este setor e, consequentemente, retardar estes agravantes nas cidades. Tem-se por objetivo discorrer sobre as desarticulações das políticas urbanas ao que tange o espaço urbano, onde legislações acabam por segregar áreas fragilizadas e marginalizadas na cidade, abordando este caso particular na cidade de Pinhalzinho - SC, uma cidade pequena que apresentou esta problemática como resultado da desarticulação entre essas políticas que implicam diretamente no desenvolvimento e expansão urbanos. O efeito disso foi o direcionamento do crescimento dessa cidade delimitado pelo Plano Diretor Municipal para uma área distante do tecido urbano consolidado às margens de uma importante rodovia federal, a BR 282 e com ocupação predominantemente rural, possuindo uma diversidade de condicionantes naturais, tal como arroios, nascentes e também áreas de preservação de vegetação nativa.

O CAPITAL SOCIAL COMO FATOR PRIMORDIAL NA CONSTRUÇÃO DE INSTRUMENTOS DE GESTÃO DE UMA CIDADE DE FRONTEIRA O caso da cidade Oiapoque (AP)
JOSE ALBERTO TOSTES ; ALICE WEISER
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O presente artigo trata de um tema muito relevante, a discussão do capital social como fator primordial na construção de instrumentos de políticas públicas. A construção do Plano Diretor do Município de Oiapoque serviu de referência para esse artigo. As questões enfatizadas são a partir da discussão da categoria de capital social que descreve os princípios que envolvem o grau de organização de uma sociedade. O método aplicado é o dialético e técnicas de aplicação quali-quantitativo. A importância do trabalho está na relevância da compreensão da formação das redes sociais e os desdobramentos para efetivar mudanças e transformações no cenário de uma cidade de fronteira.

A EVOLUÇÃO DO ENSINO SUPERIOR NO RIO GRANDE DO SUL PELA PERSPECTIVA DOS POLOS DE CRESCIMENTO. Uma análise da espacialidade das Instituições de Ensino Superior gaúchas entre a década de 1960 e 2018
Joseli Andrades Maia ; Tânia Marques Strohaecker
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Desde a sua criação, a função das Instituições de Ensino Superior (IES) tem evoluído: de uma instituição de ensino formal a uma agente criadora e modeladora de espaços. Como um espaço de produção científica, a IES também pode atrair a população não acadêmica para o seu entorno, auxiliando na produção e orientação do uso do solo no qual está inserida. Logo, a relação cidade e universidade tem ganhado cada vez mais atenção no cenário urbano e regional. A presente pesquisa está fundamentada na Teoria dos Polos de Crescimento, dada a aglutinação de atividades econômicas baseadas na capacidade de atração, influência e polarização de equipamentos em uma determinada localidade, dinamizando a economia e o desenvolvimento social no seu entorno. Para tal, objetivou-se analisar a expansão geográfica das IES no Rio Grande do Sul, para identificá-las como polos de crescimento externos à Porto Alegre, por meio do mapeamento de todas as 273 instituições gaúchas, criadas entre 1960 e 2018.

CONTRAPARTIDAS URBANÍSTICAS PARA PRODUÇÃO IMOBILIÁRIA EM SÃO PAULO: DISPUTAS NA IMPLEMENTAÇÃO E GESTÃO DO NOVO MARCO REGULATÓRIO MUNICIPAL
Joyce Reis Ferreira da Silva
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De 2013 a 2016 o município de São Paulo passou por um amplo processo de discussão pública para revisar os principais normativos da política urbana, tendo como resultado a aprovação do Plano Diretor em 2014 (Lei 16.050/2014) e da Lei de Zoneamento em 2016 (Lei 16.402/2016). Para enfrentar os desafios do novo paradigma do desenvolvimento urbano foram previstas contrapartidas urbanísticas definidas através de uma visão sistêmica e de qualificação da escala local. No entanto, as inovações requerem, para além da consolidação em lei, um processo contínuo de aprimoramento da jurisprudência urbanística. A fragilidade da implementação da nova legislação surge menos de dois anos depois, no contexto de troca de gestão municipal, pela tentativa de revisão do Zoneamento, cuja justificativa é atrelada a crise econômica e a dificuldade de aplicação da lei por parte do corpo técnico. O presente artigo procura expor a conjuntura de disputa sobre o ordenamento territorial municipal, assim como trazer reflexões sobre velhos problemas e novos desafios que normativos urbanísticos necessitam enfrentar no âmbito da gestão pública municipal.

As relações de desigualdade nas centralidades em Brasília: impactos das políticas urbanas de zoneamento e de uso e ocupação da terra urbana na configuração do espaço
Juliana Machado Coelho ; Valério Augusto Soares de Medeiros
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O artigo explora as relações entre as políticas urbanas – expressas, principalmente em seis planos diretores desenvolvidos entre 1977 e 2009 – e a demarcação de centralidades em Brasília a partir da leitura configuracional do sistema urbano. Investigam-se comparativamente os planos diretores (PEOT/1977, POT/1985, POUSO/1986, PDOT/1992, PDOT/1997 e PDOT/2009) e a forma urbana diacrônica do assentamento (1964, 1977, 1986, 2009, 2015) a partir da leitura configuracional, amparada pela Sintaxe Espacial. Após a leitura diacrônica, explora-se a interdependência entre as perspectivas configuracional, socioeconômica e funcional na dinâmica urbana vinculada às centralidades no estudo de caso. Deste modo, a investigação dos padrões de expansão da cidade planejada aponta para relações entre a forma urbana e a sociedade de modo a indicar que segregação socioespacial associa-se à segregação configuracional e as centralidades funcionais conectam-se às centralidades configuracionais. O cenário revela um processo complexo no qual a forma urbana e as dinâmicas socioeconômicas estão relacionadas: o uso e a ocupação do território materializam a inequidade.

A IMIGRAÇÃO JAPONESA E AS POLÍTICAS DE COLONIZAÇÃO: Um estudo sobre a gestão e produção do espaço dos assentamentos de colonização de imigrantes
Karina Hatsue Shiiki
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Este estudo objetiva investigar a gestão e produção do espaço nos assentamentos de colonização de imigrantes japoneses. Para isso, é feita, em um primeiro momento, uma revisão da literatura visando a criação de um embasamento teórico-metodológico que abarca uma revisão sobre os conceitos de espaço, como ele é produzido e os fundamentos do direito à cidade, com base principalmente nos pensamentos de Henri Lefebvre e Milton Santos; adentra-se também na discussão sobre os agentes produtores do espaço, tomando como principais referências Roberto Lobato Corrêa e Ana Fani Alessandri Carlos. Com isso, o estudo então passa seu enfoque para a abordagem do papel de um agente social específico de grande importância para a produção do espaço, especialmente no contexto desta pesquisa: o Estado e seu papel de gestor na organização do território. A partir disso, nos aprofundamos nas Políticas de Colonização, isto é, estratégia do Estado para fixação de mão de obra, nacional ou estrangeira, no campo, contexto no qual se insere o processo de imigração japonesa para o Rio Grande do Norte, durante as décadas de 1950 e 1960. Nesta etapa, é feita a revisão das legislações referentes a estas políticas e consulta aos autores Dryden Arezzo e Raymundo Laranjeiras em um esforço para compreender como era prevista e realizada a organização dos territórios, bem como a gestão destas colônias pelos órgãos oficiais. Posteriormente, em um segundo momento, passamos a focar na imigração japonesa para o Brasil, fazendo um breve panorama nacional sobre os primeiros núcleos coloniais de imigrantes japoneses instalados no país, como eram organizados, geridos e quais as demandas socioculturais trazidas pelos novos habitantes. Em seguida, nos debruçamos sobre as produções existentes sobre os núcleos coloniais de imigrantes japoneses que existiram no Rio Grande do Norte: Pium, em Nísia Floresta, e Punaú, em Maxaranguape.

A densidade populacional nas incorporações imobiliárias em Natal/RN com base no Plano Diretor de 2007: valores alcançados sob o parâmetro do coeficiente de aproveitamento.
Karitana Maria de Souza Santos ; Luiz Alessandro Pinheiro da Câmara de Queiroz
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O presente artigo trata sobre adensamento urbano e tem por objetivo demonstrar quais as densidades líquidas médias praticadas nos lotes nas incorporações imobiliárias residenciais e mistos de residencial e flat, a partir dos limites de coeficiente de aproveitamento máximo estabelecidos no atual Plano Diretor de Natal (Lei Complementar N° 082/2007), agrupando os dados por bairros e comparando-os com as densidades líquidas máximas permitidas e as alcançadas a partir do Plano Diretor anterior (Lei Complementar N° 07/94) e suas atualizações, a fim de verificar se as densidades praticadas sob os atuais parâmetros (controle do coeficiente de aproveitamento) são maiores que os limites estabelecidos na legislação anterior. Constatou-se que, mesmo com a redução dos valores dos coeficientes de aproveitamento por bairros na revisão do Plano Diretor, os empreendimentos entre 2008 e 2016 alcançaram, nos lotes, densidades líquidas maiores em relação ao controle de densidade máxima do plano anterior.

GESTÃO DE RISCOS E DESASTRES E A ARTICULAÇÃO COM O PLANO DE DESENVOLVIMENTO URBANO INTEGRADO: AÇÕES PARA UMA GOVERNANÇA DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO
Kátia Canil ; Mariana Yamamoto Martins ; Ronaldo Malheiros Figueira ; Letícia Roberta Amaro Trombeta
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A Política Nacional de Proteção e Defesa (Lei 12.608/12) abrange as ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação voltadas à proteção e defesa civil. Foi aprovada após os desastres por inundações e deslizamentos ocorridos na região do Vale do Itajaí (SC) em 2008; Angra dos Reis em 2010 e Serra Fluminense em 2011 (RJ) e significou um avanço na política nacional de gestão de riscos, reforçando as medidas preventivas, de planejamento e ordenamento do território. No atual cenário brasileiro, as desigualdades socioeconômicas, a vulnerabilidade das populações, e o aumento da frequência de eventos extremos geram situações de riscos e desastres e apontam para um dos maiores desafios da governança metropolitana. Esse artigo aborda a integração entre o Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado – PDUI, como um dos instrumentos do Estatuto da Metrópole (Lei 13.089/15) e as ações e programas do Plano Metropolitano de Gestão de Riscos (em elaboração pela Câmara Temática Metropolitana para Gestão de Riscos Ambientais – CTM-GRA). Esta é uma das estratégias proposta no PDUI para a consolidação da gestão dos riscos ambientais, para a Região Metropolitana de São Paulo.

O conceito de urbanidade e o uso do SIG no planejamento urbano local Construção de metodologia de escolha dos locais de aplicação da terceira fase do Programa Centro Aberto da SPUrbanismo no município de São Paulo
Katia Canova
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Este trabalho tem sua origem na produção acadêmica aplicada no âmbito da SP Urbanismo, empresa mista ligada à prefeitura municipal de São Paulo, em especial junto ao Programa Centro Aberto. Explora as possibilidades de aplicação do conhecimento desenvolvido no âmbito acadêmico nas práticas públicas e ativado dentro dos conceitos defendidos pela Nova Agenda Urbana da ONU-Habitat. Iniciado pela experiência de intervenções em espaços públicos realizada pela equipe de Jan Gehl em São Paulo, complementado pela abordagem da NACTO de Nova Iorque e desenvolvida dentro da SP Urbanismo com intervenções no centro histórico e bairros centrais, afirma forte ação de ativação da cidade para o pedestre, da escala de relações humanas e do urbanismo baseado em demandas locais. O conceito de urbanidade aplicado em SIG e aliado a ferramenta matemática de processo analítico hierárquico sobre base territorial UDHm permitiu focar as buscas por novos lugares potencialmente propícios, colaborando nas decisões políticas de escolha desses novos lugares.

GEOTECNOLOGIAS COMO AUXÍLIO NO PLANEJAMENTO URBANO - O uso do Google Earth como ferramenta de visualização espacial para o planejamento urbano.
LEOHANDSON SANTOS DA SILVA ; ISIS DOS SANTOS COSTA ; ALEXANDRE AUGUSTO BEZERRA DA CUNHA CASTRO
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Os mapas são utilizados para visualizações espaciais, auxiliando no entendimento das relações com o espaço e tomadas de decisões. Atualmente é possível a obtenção de imagens com resolução que permita vetorização de dados e formação de mapas usando softwares. A exemplo desses instrumentos da geotecnologia, pode-se mencionar o Google Earth Pro que é uma maneira rápida de criar mapas para visualização espacial, podendo caracterizar informações relevantes para o planejamento urbano. O objetivo desta pesquisa é mostrar como o Google Earth pode contribuir de forma positiva no planejamento urbano. O método empregue para a elaboração deste trabalho foi a pesquisa e revisão bibliográfica em fontes primárias e secundárias. Para elaboração dos mapas temáticos, foi utilizado o Google Earth Pro, logo, foram gerados mapas temáticos de um terreno e aspectos do seu entorno localizado no município de Patos-PB e também mapas do bairro “Centro” do município de Santa Luzia-PB. Logo, viu-se na pesquisa abordada, que as geotecnologias aplicadas ao caráter urbano surgiram para aprimorar as formas de avaliar espaços físicos dos mais variados aspectos.

Análise de espaço público visando mobilidade ativa utilizando ferramentas de avaliação pós ocupacional (apo): O cenário da Pracinha da Litorânea – mobilidade ativa conforme Avaliação Pós Ocupacional (APO) em espaços públicos abertos
Letícia Lopes de Sousa Pereira ; Marcella Simões Viégas
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A Análise Pós Ocupacional (APO) é entendida como um conjunto de métodos e técnicas que tem como função definir o desempenho de edificações arquitetônicas e espaços abertos, tanto do ponto de vista profissional quanto dos seus respectivos usuários. Este trabalho tem como objetivo demonstrar em um primeiro momento sobre uma análise do espaço a ser estudado, ou seja, através das visitas periódicas, discorrer sobre o cenário da Pracinha da Litorânea e o entorno em que está inserida, destacando os principais problemas e potencialidades da área e o desenho urbano da localidade e seu impacto para com o espaço construído, fazendo, assim, uma análise prévia da área. Posteriormente foram definidas e aplicadas progressivamente em campo as Ferramentas de Análise Pós-Ocupacional (APO), questionários/entrevistas, mapas comportamentais e o poema de desejos. Através desta experiência foi possível obter um conhecimento mais maduro acerca da área estudada, quais as áreas mais ocupadas, qual o uso predominante, se o espaço é eficiente, e, desta forma, tendo resultados mais concretos para posteriormente compilar os dados, tendo sempre como base as diretrizes projetuais pesquisadas. O assunto será explanado e as orientações estudadas serão aplicadas de forma prática, com finalidade de comprovar tudo o que foi estudado durante o processo.

Descentralização às avessas: o federalismo, a gestão urbana, a questão metropolitana e as dinâmicas do setor imobiliário residencial na metrópole paulistana nos anos 2000
Letícia Moreira Sígolo
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O presente artigo buscou analisar os desafios colocados pela estrutura federativa brasileira à gestão urbana face à abertura de novas frentes de reprodução do capital globalizado e financeirizado articuladas com o setor imobiliário e ao surgimento de novos arranjos produtivos, arcabouços regulatórios e estruturas de financiamento que caminham no sentido da financeirização imobiliária e mercantilização das cidades. Evidencia-se, diante de um quadro de “descentralização tutelada” e de federalismo competitivo, em que os governos locais apresentam capacidade reduzida de planejamento e gestão de seus territórios e apostam na dinamização dos circuitos imobiliários para o enfrentamento de sua crise fiscal, a necessidade de construção de uma governança interfederativa e mecanismos mais efetivos de participação e controle social sobre as intervenções que transbordam os limites municipais, a partir de uma abordagem política, institucional e financeira transescalar.

CRESCIMENTO URBANO A PARTIR DE OCUPAÇÕES RURAIS: O CASO DA ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL DE BASE –OTB TACOPOCA NA REGIÃO METROPOLITANA DE COCHABAMBA-BOLIVIA
Lilyan Rosmery Luizaga de Monteiro ; Margoth Atahuachi Burgos ; : Deusine Cristianne Borges Aguiar Mendes ; Bruno Lopes Pereira
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A Participação Popular na Bolívia é um processo de empoderamento das comunidades fragilizadas de camponeses e juntas de vizinhos, como estratégia governamental de proporcionar autonomia na gestão de desenvolvimento do território destes pequenos grupos. Assim, objetivamos analisar o processo de crescimento urbano na OTB Tacopoca, Região Metropolitana de Cochabamba, para conhecer os elementos preponderantes no processo de urbanização de uma zona agrícola. A pesquisa tem uma abordagem qualiquantitativa, com levantamentos espaço-temporais, infográficos e aplicação de questionários. Observamos a densificação urbana da OTB num curto espaço de tempo, insuficiente para a preparação politico-organizacional dos moradores, que adquiriram suas melhoras em base a lutas e constantes reuniões. Conclui-se que é necessário fortalecer este processo de empoderamento inserindo nas capacitações não somente aos dirigentes, mas também à toda a população da OTB. São necessárias à aplicação de estratégias que qualifiquem os vizinhos quanto à importância do meio ambiente na sua qualidade de vida.

LEGISLAÇÃO E CLIMATOLOGIA URBANA, o caso dos espaços livres de Maceió/ AL
Lina Martins de Carvalho
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Diante do acelerado crescimento urbano das regiões metropolitanas brasileiras, os espaços livres vêm sofrendo, cada vez mais, reduções em seus tamanhos, cuja maior consequência é a densidade populacional e a escassez de espaços disponíveis para o desenvolvimento social, cultural, ambiental, etc. da sociedade citadina. A cidade de Maceió/ AL tem passado nos últimos anos por um crescente processo de urbanização, cujas áreas periféricas vêm sendo cada vez mais ocupadas por conjuntos habitacionais populares, desprovidos de áreas de lazer, com espaços livres carentes de infraestrutura. A legislação urbana não estabelece critérios específicos sobre a regulamentação destes espaços quanto às condições de conforto ambiental. Possuindo um clima quente e úmido, a cidade de Maceió poderia utilizar-se de boas estratégias de climatologia urbana em seus espaços livres. Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo conhecer os espaços livres da cidade de Maceió, a partir daquilo que vem sendo estabelecido pelas legislações urbanísticas, seja a nível local, estadual ou nacional. Como método de trabalho, utilizou-se basicamente de pesquisa teórica para a análise bibliográfica e documental, e de pesquisa in loco para a análise espacial.

ESPRAIAMENTO E MERCANTILIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO EM CAMPINA GRANDE: O CASO DO COMPLEXO ALUÍZIO CAMPOS
Lívia Izabel Bezerra de Miranda ; Demóstenes Andrade de Moraes ; Jobson Brunno da Silva Lima ; Twane Maria Cordeiro Xavier
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O Artigo pretende caracterizar e discutir os impactos socioterritoriais gerados pela implantação do complexo Multimodal (industrial-logístico e habitacional) Aluízio Campos no Município de Campina Grande, Paraíba. A avaliação se deu reconhecendo as interdependências entre os arranjos espaciais Recife-João Pessoa-Campina Grande e as influências dos setores econômicos e políticos dominantes locais para a consolidação de uma agenda urbana empreendedorista e pró-mercado. Observou-se que essa agenda vem reforçando processos de dispersão urbana e de pressão sobre áreas ambientalmente frágeis. Ao se analisar o papel dos agentes na produção do empreendimento, pôde-se constatar que o governo municipal vem assumindo um papel subsidiário nas decisões e, ao mesmo tempo, fundamental na realização de obras de infraestruturas e serviços urbanos de suporte para o empreendimento. Constatou-se, também, que os empreendimentos públicos e privados que vêm viabilizando a implantação do Complexo, consolidará uma nova frente de expansão periférica que gerará uma série de impactos negativos considerando a pouca aplicação de políticas de regulação do uso e ocupação do solo, a ausência de políticas fundiárias, a inobservância das políticas ambientais e as fortes associações de interesses clientelistas entre agentes públicos e privados.

NÍVEIS DE DENSIDADE POPULACIONAL: Uma proposta de classificação para Goiânia – GO, aplicação no Setor Central
Lívia Maria Pereira da Silva Moreira ; Gabriela Cavalcante Lemos Vieira ; Karlla Emanuela Ribeiro Hora ; Luana Miranda Espera Kallas
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A densidade populacional e habitacional são importantes ferramentas de planejamento urbano, utilizadas em diversos Planos Diretores (PD) brasileiros. No município de Goiânia/GO, tanto o PD vigente (2007), quanto a proposta de Minuta do PDG 2018, dividem as Áreas em Adensáveis, de Adensamento Básico e de Desaceleração de Adensamento. Ambas suscitam níveis de baixa, média e alta densidade, porém, esses níveis não são estabelecidos em nenhum dos Planos. Considerando esse problema, o objetivo geral desse artigo foi definir parâmetros de níveis de densidade populacional para Goiânia. A metodologia compreendeu em levantamento teórico e estudo de caso que resultou na definição de 5 parâmetros de densidade demográfica (habitantes/hectare): <15 muito baixa, de 16 a 50 baixa, de 51 a 150 média, de 151 a 350 alta e > 350 muito alta. O artigo apresenta ainda, a aplicação desses parâmetros no Setor Central de Goiânia e algumas considerações sobre as alterações previstas na Minuta do PDG 2018.

Elementos da cultura do planejamento: uma breve análise do planejamento urbano no Brasil de 1930 a 1990
Livia Stefânia Rosseto
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O planejamento do território não é algo estático e meramente formal-legal, mas sim um processo com um conjunto dominante de práticas que refletem estilo, prioridades de grupos sociais e dos atores das instituições do planejamento. Conforme destacado na literatura, o mesmo território está sujeito a diferentes visões, práticas e entendimentos do planejamento e o contexto cultural em que os planos estão inseridos influenciam tanto na permanência como na transformação dos sistemas de planejamento. A partir do histórico do planejamento urbano brasileiro no período de 1930 a 1990, o presente estudo busca identificar elementos que reflitam a cultura do planejamento no país.

A influência da verticalização no comportamento microclimático em cidade de clima semiárido
Luana Karla de Vasconcelos Brandão ; Armyson Rafael ; RICARDO VICTOR RODRIGUES BARBOSA
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O processo de urbanização nas cidades brasileiras, em sua maioria, não é norteado por um Planejamento Urbano, gerando um microclima urbano caracterizado pelas ilhas de calor. A Climatologia Urbana apresenta estratégias e diretrizes com potencial de orientar uma melhor adequação do clima local com a configuração e uso do espaço urbano. Diante deste cenário, o presente trabalho teve como objeto de estudo a cidade de Arapiraca/AL, cujo processo de urbanização está em fase inicial de verticalização, todavia sua legislação urbanística não apresenta parâmetros urbanísticos equivalentes a este desenvolvimento urbano. Assim, buscou-se: entender como o clima regional, o semiárido, comporta-se com a morfologia urbana já existente; e analisar possíveis cenários urbanos futuros, com os parâmetros urbanísticos em vigor e os propostos pela pesquisa. Isso foi possível por meio de simulações computacionais com o software ENVI-met. Como resultado, comprovou-se a necessidade de novos parâmetros urbanísticos serem incorporados no atual Código de Edificações, e evidencia a importância da Climatologia Urbana como ferramenta para o Planejamento Urbano.

Discursos do poder público quanto à sua atuação nas ocupações informais em áreas úmidas na cidade de Macapá
Luana Rocha de Souza
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O presente artigo objetiva descrever os discursos do poder público quanto à sua atuação nas ocupações informais em áreas úmidas na cidade de Macapá (AP), para descortinar as controvérsias de suas práticas e para inferir se, atualmente, há legitimidade das ocupações informais. Como aporte teórico metodológico, aplicamos a noção de questão de interesse do filósofo Latour (2012). Para tanto, utilizamos planos diretores, legislações e mídia digital nos sites da prefeitura e jornais locais. Constata-se que as controvérsias do poder público perpassam entre divergências de instrumentos de planejamento e sua pouca aplicabilidade, dificuldades em fiscalização, ações pontuais de urbanização, reassentamento, preservação e omissão. Além do mais, há mudanças nos discursos, pois, atualmente, as ocupações informais possuem um baixo grau de legitimidade.

MOBILIDADE URBANA EM NITERÓI DO SÉCULO XXI: O movimento pela cidade como estratégia de valorização imobiliária.
Lucas Gomes Maia ; Simone Antunes Ferreira ; Célio Fidelis Quintanilha
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Nesse início de século, a cidade de Niterói vem recebendo um conjunto de intervenções de mobilidade urbana. A maioria dessas intervenções encontram-se em áreas de valorização imobiliária ou nos eixos potenciais e complementares de produção imobiliária da cidade. No atual momento, onde a sociedade urbana se generaliza sob a pauta do capitalismo financeiro, as cidades tornam-se mercadorias a serem reproduzidas conforme os interesses da acumulação do capital. O urbano, anteriormente induzido pela industrialização encontra-se agora no movimento de superação da realidade industrial, num movimento de financeirização do espaço e outras atividades ligadas aos serviços, além do aparecimento de outros setores econômicos como o turismo e o lazer (CARLOS, 2017). Esse movimento é a efetivação da mundialização do capitalismo sob a lógica financeira que reorganiza os espaços e os papéis que cada um exerce no funcionamento do processo de acumulação. Desta forma, vive-se a metropolização do espaço, a reprodução do urbano através de uma hierarquização sob a lógica da produção e do consumo (BARBOSA, 2016). O capital encontra no espaço a possibilidade de valorização e reprodução. Contudo, para os sujeitos, o espaço é condição e meio da vida, do trabalho, do lazer, do lúdico, do gozo, da festa. Dessa perspectiva, a mobilidade urbana surge nas grandes cidades como uma necessidade e um direito, porém submetida pela lógica da acumulação. Barbosa (2016) nos diz que as questões sobre a mobilidade urbana devem incorporar, para além da dimensão econômica e técnica, as dimensões políticas, pois o manejo das escalas de mobilidade no atual período de compressão de espaço-tempo torna-se um trunfo de poder para todos os agentes que produzem a cidade. A questão da mobilidade ganha relevo à medida que a cidade se expande num movimento de diferenciação e hierarquização dos lugares, onde a classe trabalhadora mais pobre é jogada para as periferias cada vez mais distantes dos centros mais dinâmicos. É a ampliação desmesurada do tempo imposto (LEFEBVRE, 2016) que recai sobre os corpos da classe de renda mais baixa que permite a unidade do espaço conjunto-disjunto que a metropolização capitalista produz. O espaço urbano, com suas desigualdades produzidas, centralidades históricas, privações de acesso e apropriação devido a lógica da propriedade privada se torna uma nova raridade (LEFEBVRE, 2016). Carlos (2017) nos diz que o fenômeno da raridade une de maneira sempre indissociável três elementos: a existência e realização da propriedade privada do solo urbano, a centralidade do capital e novas atividades econômicas e o grau de ocupação do espaço urbano. A medida que o espaço urbano se expande fragmentando-se e hierarquizando-se, se amplia e aprofunda as relações mediadas pelo valor de troca. O espaço, enquanto mercadoria, é preenchido por investimentos que o qualificam, mas tende se tornar mais restrito devido ao custo tornando-se mais exclusivo e mais valorizado. As raridades espaciais, sejam elas produzidas socialmente ou transformadas em raridades pela apropriação simbólica, como é o caso da natureza, envolve a ideia de escassez, por isso, rara e valiosa. Como o espaço passa a integrar o ciclo econômico e é reproduzido na lógica do lucro, é necessário criar mecanismos que minimizem o fato da raridade espacial para que possa se restabelecer as condições de crescimento (CARLOS, 2017). Nesse sentido, analisaremos um conjunto de intervenções de mobilidade urbana promovidas na cidade de Niterói nesse início de século propondo uma reflexão que nos direcione para os interesses e sentidos envolvidos nessas obras de infraestrutura. Nossa hipótese é que, dentro do contexto de metropolização do espaço, essas intervenções se explicam pela necessidade de minimizar os efeitos da raridade espacial, reconfigurando o espaço urbano sob a lógica da valorização imobiliária do espaço urbano. Nossa perspectiva é contribuir, através da reflexão crítica dessas obras públicas de mobilidade urbana, com elementos para a produção teórico-metodológica que analisa o movimento das cidades e a produção do espaço urbano. Nesse momento, buscamos captar na dinâmica da cidade de Niterói os reais interesses que orientam a produção de infraestruturas de mobilidade em seu espaço urbano. Percebe-se que é na escala da cidade que dinâmicas de escalas mais amplas se configuram e passam a orientar os ritmos e as práticas espaciais. Desta forma, a não inclusão e reconhecimento de novos atores e sujeitos políticos nos âmbitos decisórios da cidade, corrobora com o aumento das desigualdades e a legitimação de perversidades, como a ampliação do tempo imposto (LEFEBVRE, 2016), àqueles com menor poder de enfrentamento diante aos interesses do capital e da classe política interna. Como nos ensina Barbosa (2016), a mobilidade é um trunfo de poder, logo, torna-se determinante para a qualidade da cidade que se produz.

Os desafios à gestão democrática das cidades frente à atual crise da democracia no Brasil
Luciano Vieira Dutra ; Suely Maria Ribeiro Leal
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A democracia no Brasil se caracteriza por alternâncias entre períodos de avanços e períodos de regressão democrática, como num movimento pendular (AVRITZER, 2018). O atual momento democrático apresenta sinais de recrudescimento. Assim, a tensão entre os paradigmas da cidade mercado e o da cidade democrática, tende a apresentar um movimento de avanço do primeiro em relação ao segundo. Assim, esse artigo objetiva analisar as razões de tal processo. Para isso, analisaremos quatro fragilidades do nosso sistema democrático, de acordo com Miguel (2017). O nosso trabalho, de caráter teórico, se baseou na revisão de textos que versam sobre os temáticas aqui abordadas. Os resultados do trabalho mostram que o país passa por um momento de regressão democrática, processo com resultados ainda não bem definidos, mas com potencial de causar sérios danos à consolidação da democracia no Brasil, tanto no aspecto dos direitos e garantias, quanto no tocante à gestão das cidades.

PLANEJANDO A DENSIDADE: ESTUDO SOBRE OS LOTES MULTIFAMILIARES EM PALMAS-TO
Lucimara Albieri de Oliveira ; Raíssa Sousa e Silva
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O artigo visa estudar as implicações da alteração de uso e ocupação dos lotes multifamiliares na densidade demográfica na capital do mais novo estado brasileiro, Palmas-TO. Fundada em 1989, a cidade nasce de um projeto urbanístico que determinou sua densidade, seu traçado, seu zoneamento e suas diretrizes de ocupação visando abrigar paulatinamente uma população de, a priori, 1.200.000 habitantes, podendo atingir 3.000.000 de habitantes quando consideradas as áreas de expansão. Porém, sua ocupação não ocorreu como fora planejado, pois foi ditada por interesses capitalistas, e atualmente Palmas possui uma densidade populacional muito abaixo da prevista, apresentando um quadro de forte especulação imobiliária e segregação socioespacial, grandes vazios urbanos, alto custo de urbanização e espraiamento precoce e expressivo. O processo de verticalização de Palmas se dá de forma peculiar, com o interesse do capital atuando nas frestas de um plano técnico. A pesquisa demonstra quantitativamente a ocupação abaixo do planejado dos lotes multifamiliares, vinculando seus resultados ao processo de ocupação de Palmas e à falta de controle do poder público frente ao planejamento.

Afinando os Instrumentos fiscais urbanísticos do Estatuto da Cidade: um passo para além do “copiar e colar” na experiência de 11 planos diretores da RMBH.
Luiz Felype Almeida
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A previsão nos planos diretores municipais dos instrumentos fiscais urbanísticos obrigatórios contidos no Estatuto da Cidade – lei federal 10.257/2001 – bem como sua execução prática têm sido objeto de diferentes estudos e análises. O presente artigo busca, a partir de uma experiência de planejamento concreta, discutir de que modo os “instrumentos” da legislação podem passar por um processo de “afinação” de modo tanto a promover uma melhor integração entre eles e as demais ferramentas regulatórias existentes no plano diretor como sua maior autoaplicabilidade. Para isso realiza-se a análise do processo de revisão de 11 planos diretores de municípios da RMBH. Apesar dos percalços encontrados ao longo do desenvolvimento dos trabalhos, reais avanços na temática podem ser notados. O primeiro deles diz respeito às bases utilizadas para entendimento do mercado imobiliário local na fase de diagnósticos. O segundo refere-se diretamente aos concretos incrementos trazidos na regulação final de tais ferramentas, os quais excederam em boa medida a prática comum de apenas se “copiar e colar” o conteúdo presente no Estatuto da Cidade.

A EXPERIÊNCIA NA ELABORAÇÃO E NA PARTICIPAÇÃO SOCIAL DO PLANO DIRETOR DE CAMPO GRANDE/MS
LUSIANNE DE AZAMOR TORRES ; ÂNGELO MARCOS VIEIRA DE ARRUDA ; LAIS CAROLINE BERTOLINO DE ALMEIDA ; REGINA MARIA O. SCATENA SILVA
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Este artigo discorre sobre a experiência na elaboração e nos processos participativos do plano diretor de Campo Grande/MS, com o objetivo de demonstrar a metodologia da participação social com diversos atores sociais, diante os aspectos urbanístico, ambiental, social, cultural, econômico e administrativo do município. Diversos segmentos foram envolvidos, através de reuniões da equipe técnica, leitura comunitária nos bairros, audiências públicas nas regiões urbanas, nos distritos e na Câmara Municipal. Ao longo deste processo foram colhidos subsídios de cartas enviadas às entidades, pelo site da Prefeitura municipal e questionários, além das reuniões com diversos segmentos obtendo os anseios e perspectivas sobre a cidade, que resultaram no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Campo Grande/MS com conceitos de cidade compacta, sustentável, democrática, igualitária e inteligente, orientando o Poder Público Municipal com ações, políticas e planejamento urbano e ambiental para os próximos 30 anos, com revisões periódicas e gestão democrática.

DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS NO ESPAÇO URBANO: Estado como agente na segregação socioespacial na cidade de Fortaleza
Marcela Monteiro dos Santos ; Renam Magalhães da Silva
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O espaço urbano é construído a partir de ações dos diferentes agentes na cidade. Contudo, o Estado, como um desses agentes, tem função substantiva na articulação com os outros, o que suscita um constante conflito de interesses, principalmente a partir de uma das suas principais ferramentas de planejamento: o orçamento. Assim, nesse contexto de disputa orçamentária, o presente artigo procura trazer os aspectos socioespaciais da cidade de Fortaleza, no Ceará, e fazer uma análise da destinação de recursos públicos municipais a partir do orçamento executado nas divisões administrativas da cidade, as secretarias regionais. Com isso, procura-se visualizar o descompasso de investimentos e prioridades, a partir da análise entre a realidade de desigualdade socioespacial e a seletividade na destinação de recursos públicos.

Planejamento sem preservação urbana: A transformação induzida à paisagem de Fortaleza pelos instrumentos de uso e ocupação do solo
Marcelo Mota Capasso ; Luis Renato Bezerra Pequeno
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O Plano Diretor Participativo (PDP) de Fortaleza, Brasil, foi aprovado em 2009, ainda carecendo de regulamentação definitiva o conjunto dos seus instrumentos de promoção de acesso à terra urbana bem localizada, ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e à preservação dos seus lugares, edifícios e paisagens de interesse cultural. Por outro lado, houve um crescimento significativo, no mesmo período, dos instrumentos de promoção do mercado imobiliário, relativos ao aumento do direito de construir, tanto pela criação de áreas de operação urbana consorciada, quanto pela outorga onerosa do potencial construtivo acima do máximo definido em lei do PDP, ou mesmo pelo desenho de um novo zoneamento, abrupto, para cerca de 12% de todo o território municipal. No marco das recentes revisões da legislação urbanística empreendidas pela Prefeitura Municipal de Fortaleza, foi emblemática a da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (LPUOS), entre 2014 e 2017, que aliviou rapidamente restrições impostas ao direito de construir na cidade. Além disso, um projeto de lei de modificação do atual PDP está por ser enviado à Câmara Municipal, se colocando como necessária a reflexão sobre o recorte histórico de sua vigência, mediante a avaliação dos seus instrumentos regulamentados, dos não regulamentados, e das decorrências sobre o cotidiano da cidade. Nesse sentido, propõe-se neste artigo um primeiro movimento sobre os impactos sobre a paisagem fortalezense, mais precisamente a que envolve monumentos históricos. Dessa maneira, a abordagem foca na transformação morfológica induzida pelo Plano e seus impactos na apreensão dos elementos materiais da memória urbana.

De crise e escalas: o novo municipalismo e as políticas públicas na contemporaneidade líquida
Marco Aurélio Costa
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Tendo como pano de fundo o debate sobre a contemporaneidade, o texto aborda a proposta do municipalismo do bem comum, caracterizado, sobretudo, pelas experiências observadas na Catalunha. Faz-se uma reflexão sobre seu potencial, obstáculos e desafios, buscando apontar, de forma embrionária, as possibilidades de um municipalismo com essas feições no Brasil. O texto traz os desafios para o novo municipalismo em cinco eixos analíticos e de atuação de políticas públicas e práticas cidadãs, a saber, democracia participativa, economia cooperativa, direitos sociais e autonomia, cotidianidade sustentável e vínculos de solidariedade. Defende-se que o desenvolvimento do municipalismo do bem comum constitui um desafio que deve ser construído em cada contexto histórico e geográfico. No Brasil contemporâneo, somam-se aos desafios apresentados no texto a necessidade de se defender e aprofundar a democracia participativa e a agenda de redução das desigualdades socioespaciais.

A EXPANSÃO RECENTE DO METRÔ DE SÃO PAULO E A SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL
Marcos Kiyoto de Tani e Isoda ; Klara Kaiser Mori
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Este artigo visa analisar a expansão da rede da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) ao longo dos últimos 10 anos (2008 a 2018) em relação à distribuição espacial das novas linhas e estações em relação à aglomeração urbana da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). A fragilidade dos sistemas de transporte (e a consequente baixa mobilidade da população) é um dos principais entraves ao uso e desenvolvimento do espaço urbano. Junto de outros obstáculos – espaciais, institucionais, ideológicos – reforça a manutenção do estado de crescimento intermitente e limita a possibilidade de mudança na estrutura socioeconômica. A conclusão é que, apesar de melhorias muito significativas na estruturação da rede de Metrô (e da rede de alta capacidade como um todo), a expansão realizada no período ainda reforça a diferenciação espacial existente.

O registro público da propriedade imóvel urbana no Brasil: construção de uma agenda de pesquisa para as áreas de urbanização consolidada
Maria Aparecida Azevedo Abreu
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Os registros públicos de imóveis urbanos receberam bastante atenção nos últimos anos, redundando em uma área profícua de pesquisa no Brasil, com reconhecimento internacional. Simultaneamente, estudos internacionais sobre a desigualdade vêm apontando a insuficiência dos estudos sobre desigualdade de renda. Para ficar apenas com o estudo mais conhecido, de T. Piketty, as desigualdades, em todo o mundo tendem a se acentuar e adquirirem os padrões de séculos anteriores, em que a desigualdade patrimonial será predominante em relação às desigualdades de renda. Nos séculos anteriores, a herança era a principal fonte da desigualdade. Atualmente, a herança, e a financeirização do capital, inclusive fundiário, são novas formas de um indivíduo obter privilégios de nascença inalcançáveis por outro que não tiver a mesma sorte de nascimento. Buscando produzir conhecimento sobre a propriedade imóvel urbana, objeto de especulação e de acumulação que traz problemas não somente de justiça distributiva, mas também urbanos, este artigo propõe uma agenda de pesquisa, buscando analisar como o registro imobiliário se constitui elemento importante para a legitimação e a opacidade das desigualdades originadas a partir do patrimônio fundiário.

A UTILIZAÇÃO DE VANT EM LEVANTAMENTOS CADASTRAIS PARA FINS DE ATUALIZAÇÃO DO CADASTRO IMOBILIÁRIO: Estudo de caso no município de Pau dos Ferros/RN
Maria Carina Maia Bezerra ; Pedro David Rodrigues Lima ; Augusto César Chaves Cavalcante ; Almir Mariano de Sousa Junior
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O crescimento urbano acelerado ocasionou mudanças de diferentes formas na sociedade, tornando difícil o processo apropriado de implantação e estruturação do planejamento e gestão urbana dos municípios. Desta forma, mostra-se de grande relevância o estudo do cadastro imobiliário e o cadastramento territorial multifinalitário, visto que a sua implementação tornou-se medida empregada por diversos municípios. Diante disso, e do custo benefício proporcionado pelos VANT’S quando comparados aos outros métodos, justifica-se o emprego da tecnologia emergente composta pela utilização de Veículos Aéreos não tripulados para obtenção dos dados. Desta forma, o referente trabalho tem como objetivo analisar qualitativamente a atualização do cadastramento imobiliário do bairro centro de Pau dos Ferros/RN, oriundo de levantamento aerofotogramétrico georreferenciado. Através disso, efetuou-se a construção de ortomosaíco, no qual, a partir dele, fez-se a vetorização dos elementos urbanísticos de interesse e a caracterização dos imóveis. Entretanto, embora tenham-se tido dificuldades no levantamento e processamento dos dados, pois o uso desta tecnologia requer elevada capacidade de processamento de máquinas potentes, foi possível obter produtos com alta qualidade e grau de detalhamento. Portanto, a aplicação da metodologia utilizada e o uso de VANT para a finalidade estudada mostrou-se uma ferramenta eficiente e útil no processo de atualização dos cadastros.

Operações Urbanas Consorciadas e Eixos de Estruturação da Transformação Urbana: Uma análise a partir do caso Água Espraiada
Mariana Corrêa Hyppolito
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A Operação Urbana Consorciada Água Espraiada (Lei 13.260/2001) foi a primeira a ser aprovada após a regulação do instrumento pelo Estatuto da Cidade (Lei Federal 10.257/2001). Apesar de já haver extensa produção acadêmica sobre esse estudo de caso, o Plano Diretor Estratégico de 2014 cria novos dispositivos que devem ser incorporados a essa análise. É o caso dos Eixos de Estruturação da Transformação Urbana, cujas áreas de influência usufruem de regulação urbanística diferenciada com o propósito de atrair empreendimentos imobiliários e promover maior densidade demográfica junto ao transporte coletivo. Ainda que tais parâmetros urbanísticos não sejam aplicáveis dentro do perímetro das Operações Urbanas, estudar as condições atuais na região da OUCAE exige que se considere essa situação, identificando possíveis interferências entre o disposto para a Operação Urbana e para os Eixos que lhe são adjacentes. São dois modelos de regulação e gestão que, embora estejam apoiados na desregulamentação do solo urbano e criação de condições diferenciadas para atrair a iniciativa privada, possuem propostas urbanísticas e impactos distintos.

Espaços livres públicos: Uma análise urbana no Bairro de Gramame em João Pessoa - PB
Mariana Vasconcelos Vidal de Negreiros ; Jovanka Baracuhy Cavalcanti Scocuglia
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Os espaços livres públicos de lazer vêm perdendo importância nas cidades contemporâneas, e têm a situação agravada ao voltar-se para os bairros das bordas. O Bairro de Gramame, situado na borda Sul de João Pessoa, mostra-se carente de planejamento urbano, com um crescimento urbano desordenado e ausência de espaços livres públicos qualificados, seja para mobilidade ou para lazer e contemplação dos usuários e moradores. Gramame dispõe de apenas três espaços livres públicos de lazer – duas praças e um parque – além disso, a malha urbana é composta por 37% de vazios urbanos, que possibilitam a conversão de alguns destes em áreas verdes. Diante disto, é apresentado um conjunto de informações de ordem teóricas e práticas com base em metodologias específicas como o “Safári Urbano” adaptado para aplicação em espaços públicos, dentre outros. Por fim, apresenta-se uma proposta de requalificação para o Bairro com um sistema de espaços livres públicos.

MAPA DE RUÍDO COMO FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO SONORA: situação atual e prospecção do efeito da verticalização no Bairro de Petrópolis, Natal/RN.
Marina Medeiros Cortês ; Maria Lygia Niemeyer
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A poluição sonora degrada a qualidade do meio ambiente e se apresenta como um dos maiores problemas das grandes cidades. A variação do nível sonoro está relacionada com as características morfológicas do campo de propagação como tecido urbano aberto ou fechado, presença de áreas verdes, materialidade, entre outros. Assim, como o processo de verticalização modifica a forma do espaço urbano, resulta também no aumento do nível de ruído devido às reflexões sobre as fachadas e ao aporte do tráfego. Em Natal-RN, esse processo está se desencadeando de forma muito rápida. Então, o objetivo do trabalho é analisar a situação acústica atual do bairro de Petrópolis e discutir o impacto sonoro futuro, resultante da verticalização. O estudo foi baseado na metodologia de mapa de ruído, através de modelos com cenário atual e futuro, cujas situações hipotéticas seguiram as diretrizes estabelecidas pelo Plano Diretor vigente. Além disto, os resultados são apresentados a partir de cálculos previsionais ou calibrados com medições in loco.

Regeneração Urbana e espaços públicos locais: a Praça Roosevelt em São Paulo
Marlon Paiva ; Maria Cristina da Silva Schicchi
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Este artigo apresenta considerações sobre a definição do conceito de regeneração urbana. Inicia com uma revisão da literatura sobre a origem do conceito, situando-o diante dos restantes fenômenos e processos decorrentes no espaço urbano, como a renovação, reabilitação, requalificação. Num segundo ponto, serão discutidos alguns pressupostos e características do processo da regeneração urbana e que são simultaneamente princípios que orientam a teoria e a prática do planeamento urbano. Busca-se organizar as principais características e princípios do processo da regeneração urbana, tais como abrangência, interação, estratégia, flexibilidade, apoio em parcerias e relação aos requisitos de sustentabilidade e resiliência como pontos que norteiam a teoria e a prática deste processo no planejamento urbano. Por fim, o trabalho busca ilustrar tais conceitos a partir da análise de um caso exemplar específico - as intervenções recentes na Praça Roosevelt (2000-2012) – de modo a verificar os desdobramentos de tais processos na lógica de produção de espaços públicos locais.

PARA ONDE CAMINHA A FLEXIBILIZAÇÃO CURITIBANA: Uma análise das alterações do planejamento urbano de Curitiba
Matheus Mafra
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Envolta em um discurso de que seu planejamento se trata de um modelo a ser seguido pelas demais capitais brasileiras, Curitiba não se afasta do restante dos municípios brasileiros quando detentora de uma legislação urbanística aplicada de maneira desigual e muitas vezes envolta de relações de poder que levam a sua aplicação ocorrer de maneira distinta para cada grupo social, de modo que se torne flexível para alguns, rígida para outros. Tal característica é evidenciada quando observado a maneira como a legislação urbanística é alterada para a garantia de implantação de grandes empreendimentos, principalmente shopping centers. Com tal objetivo em mente, o presente artigo se debruça sobre os processos de liberação de alvará para a construção de quatro shopping centers de Curitiba, planejados nas décadas de 1990 a 2000. Adotando metodologia documental de análise, observou-se como muitas obras são aceitas pela administração pública sob uma argumentação de que as mesmas garantiriam uma maior arrecadação fiscal ao município e geração de empregos para a cidade, além de que o argumento de que a implantação de medidas compensatórias afastariam qualquer impacto das obras sob o planejamento posto. Porém tal postura não é adotada para obras menores, que devem seguir de maneira rígida a legislação estabelecida. Conclui-se acerca da necessidade de que tanto a aprovação de obras de grande impacto, quanto a adoção de medida compensatórias, devem sofrer um maior índice de fiscalização, garantindo uma efetiva distribuição dos ônus e benefícios do processo de urbanização.

O papel das gestões municipais na neoliberalização do espaço urbano: os espaços públicos nas últimas gestões da cidade de São Paulo
Milena Cristina Sartori
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O neoliberalismo pode ser entendido enquanto uma racionalidade capaz de estruturar a todas as esferas da vida, baseada na forma empresa e na lógica concorrencial. Incluem-se nessa racionalidade os próprios sujeitos, vistos como ativos, assim como o Estado, cujo papel altera-se radicalmente nesse contexto, deixando de atuar como defensor e provedor dos interesses sociais e coletivos e passando ao papel de coordenador da atuação dos diversos agentes que atuam no mercado. Desse modo, o neoliberalismo atua na redefinição de um novo quadro social, moral e político que seja compatível com a nova estrutura econômica do mercado. As cidades também sofrem significativas alterações, de modo que a produção do espaço urbano passa a ser condicionada sobre a lógica da competição e da (re)produção do capital. Como atuam as gestões municipais nessas circunstâncias em que as transformações do espaço urbano não são pautadas por questões urbanísticas? A resposta se dá em cenários diversos, como se vê nas recentes gestões da Prefeitura Municipal de São Paulo, de Haddad (2013-2016), representante da esquerda moderna, e de Doria (2017-2018), de extrema direita e defensor neoliberal.

PALMAS: A cidade planejada e a violência como método
Olivia de Campos Maia Pereira ; Marcos Antonio dos Santos ; Giuliano Orsi Marques de Carvalho
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A violência é uma característica da cidade de Palmas e que assim como em outras cidades, pode ser experimentada de diversas formas, tanto no campo simbólico, como físico. O objetivo deste artigo é discutir o que fez da mais nova capital do país uma produtora e reprodutora de diversas dimensões de violência. Serão abordadas as formas de estruturação do espaço urbano, desde sua concepção urbanística – expressa sob a forma de discurso e desenho – até a implementação física de suas ideias, que atestam uma lógica estruturante segregacionista, calcada na clássica aliança estado-mercado, somada às mais novas experiências neoliberais. Estruturado em três partes, o trabalho procura desvendar o papel da violência na cidade, desde o projeto urbanístico de 1989, enfocando a contradição discurso e prática; depois, o processo de produção da cidade planejada pelo poder público; e, por fim, a relativa autonomia do mercado imobiliário frente às características do plano original.

Principais características do processo de fragmentação do espaço no Recife/PE
Otávio Augusto Alves dos Santos
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O objetivo do presente trabalho é apontar as nuances da fragmentação do espaço no Recife/PE. As conclusões aqui apresentadas são resultado do esforço de três anos de pesquisas, realizadas no âmbito da tese de doutoramento do autor. Procurou-se, assim, oferecer uma interpretação crítica desta realidade urbana, partindo da ideia segunda a qual o caráter geomorfológico insular sobre o qual esta cidade inicialmente se edificou acabou permanecendo no transcurso do processo histórico de produção de seu espaço, assumindo atualmente o que o autor tem chamado de “insularidade social”. Correspondente a manifestação local do processo de fragmentação, esta condição tem afetado negativamente o espaço púbico, para cuja pulverização tem contribuído sistematicamente o planejamento e a gestão urbanos, propiciando também a recente irrupção de formas apolíticas de gestão urbana neoliberais.

Habitação e regulação na tessitura do espaço: reflexões sobre uma (des)costura na expansão urbana do vetor norte da metrópole belo-horizontina
Patrícia Silva Gomes
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O artigo tem por objetivo refletir, a partir do levantamento de dados quali-quantitativos da expansão de parcelamentos do solo, conjuntos habitacionais e assentamentos precários em oito municípios do vetor norte da metrópole belo-horizontina, sobre a lógica de produção da habitação e a sua forma de regulação urbana, buscando uma melhor costura desses processos. O fortalecimento do Plano Diretor, do Plano Local de Habitação e do controle social é a alternativa regulatória apresentada para priorizar o uso do estoque habitacional disponível, sobretudo com ganho de escala quali-quantitativo da regularização fundiária-urbanística, e para que a cobrança de contrapartidas dos empreendimentos elitizados seja utilizada, de forma cruzada, na disponibilização de cotas habitacionais e/ou subsídios de implantação de infraestrutura nos parcelamentos populares.

POLÍTICAS DE FOMENTO AO ADENSAMENTO POPULACIONAL EM EIXOS ESTRATÉGICOS
Paula Burgarelli Corrente
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O presente artigo propõe avaliar a influência dos instrumentos de política urbana, implementados pelas legislações vigentes, para o adensamento populacional via empreendimentos do setor imobiliário privado que demandaram área adicional computável via contribuição financeira entre 2014 e setembro de 2018. Desde a revisão do Plano diretor Estratégico em 2014 (Lei nº 16.050/2014), incentivos vinculados aos eixos propostos pretendiam promover edificações nestes lotes envolvidos. Tal prerrogativa já se mostra sensível com os licenciamentos residenciais, principalmente os denominados Habitação de Mercado Popular, e os não residenciais. Busca-se, desta forma, identificar e analisar de forma espacial e qualitativa, os tipos de empreendimentos licenciados pela prefeitura do município de São Paulo e seus respectivos locais, verificando se os mesmos lançamentos foram de fato influenciados pelos incentivos propostos pelos chamados EETU no PDE e, mais tarde através das Zonas Eixo de Estruturação da Transformação urbana, pela Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (Lei nº 16.402/2016).

O CEU na Integração da Periferia
Paula Custódio de Oliveira ; Maria Lucia Refinetti Martins
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O artigo apresenta e avalia a política pública desenvolvida pela implantação dos Centros Educacionais Unificados (CEUs), em São Paulo. Os CEUs, a partir de uma abordagem educacional, ampliam a discussão da inclusão social para o âmbito urbano ao propor seus espaços de uso público e múltiplo na periferia da cidade, estruturando-se como elemento de fomento a uma sociedade mais integrada. O artigo discute o papel e resultados desses equipamentos na qualificação urbana e na melhoria das condições de vida e acesso a oportunidades para a população local, e pontua a relevância no atual momento das intervenções de menor porte, em rede, que constituam Projetos Urbanos de Interesse Social, como contraponto a um contexto que vem tornando a cidade um investimento financeiro e ampliando as desigualdades territoriais.

DESAFIOS DOS 18 ANOS O Estatuto da Cidade e a Outorga Onerosa do Direito de Construir em São José dos Campos SP
Pedro Ribeiro Moreira Neto ; Soraya de Paula Rosário
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As leis de uma sociedade revelam sua cultura e história, fatos e recortes que demandam análises complexas. Assim, a proximidade dos 18 anos do Estatuto da Cidade confrontada ao momento político atual exige profundas e justificadas reflexões. Com uma sociedade tão díspar como a brasileira, não há nada que se aplique de forma homogênea ao seu conjunto onde lei e planos repercutem de forma diferente a cada caso. Este artigo pretende discutir a aplicação da OODC em São José dos Campos, cidade que se relaciona a um processo mais amplo, encontrado em diferentes cidades do país. Além da pesquisa bibliográfica e documental, o artigo traz a experiência de seus autores, vivida na prática do trabalho cotidiano com o planejamento urbano nas instituições de governo, nas discussões e reuniões com entidades locais e movimentos populares na tentativa de implantação naquele município de uma legislação urbanística coerente com a regulamentação constitucional e os objetivos do Estatuto da Cidade.

A exceção tornando-se regra: Regimes de exceção como forma de produzir o espaço urbano em Fortaleza.
Pedro Vitor Monte Rabelo ; Carla Camila Girão Albuquerque
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Tendo como base o atual cenário de desregulamentação, onde investe-se nos regimes de exceção, flexibilizando os parâmetros urbanísticos explorar cada vez mais a terra como mercadoria, este trabalho realiza uma análise crítica deste cenário no qual zonas com viés de flexibilização sobrepostas abrangem uma porção majoritária do território de Fortaleza.

O MARKETING URBANO NOS JOGOS OLÍMPICOS DE 2016: Estudo do discurso de legado no entorno do Complexo Esportivo de Deodoro, Rio de Janeiro
Rafael Alves Corradi
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Este artigo pretende investigar e analisar as ações de marketing urbano no discurso de legado olímpico, vinculado aos jogos olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, em particular o caso do Complexo Esportivo de Deodoro e suas infraestruturas de suporte. Pretende-se ainda, comparar as análises realizadas com as reais transformações no entorno do complexo e, assim, discutir as intenções dessas ações de marketing. Deodoro é uma região singular, quando se trata do seu vínculo com os megaeventos esportivos, devido a sua situação periférica, desacolhida pelo sistema de infraestruturas urbanas, marginalizada, a presença 1ª Divisão do Exército Brasileiro e, principalmente, a transferência da influência/poder que normalmente se encontra no setor econômico para o militar nas áreas degradadas que se vinculam a tais eventos. Com este fim, utiliza-se de referências bibliográficas de destaque no campo para embasar o debate e investiga-se em materiais oficiais do governo, sejam documentos, sites, vídeos e outros materiais de divulgação utilizados pela administração municipal, como os documentos da Autoridade Pública Olímpica e canais do governo nas redes sociais.

Uma analise das vantagens da verticalizacao urbana
Rafael Andre Sebbenn ; Andressa Carolina Ruschel
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O presente trabalho desenvolve-se a partir do planejamento urbano, mais precisamente do período marcado pela Revolução Industrial, onde instala-se um caos urbano em razão da grande concentração da massa operária nas cidades insalubres e sem condições mínimas de saúde e higiene para habitar. O mérito do presente trabalho está direcionado para o crescimento vertical das cidades, quais os benefícios que podem ser aproveitados por meio da verticalização e compactação das cidades, as vantagens econômicas tanto para o poder público quanto para seus moradores. Também é possível reduzir as distâncias a serem percorridas, estimulando caminhadas e uso de transportes alternativos, promovendo áreas verdes e maior integração entre os habitantes, pois a compactação das cidades de certa forma força um convívio entre estes. Na aplicação do tema delimitado, optou-se por estudar as seguintes cidades: Paris, São Paulo e Xangai, tal justificativa dá-se em razão destas cidades possuírem grande adensamento populacional e grande crescimento vertical, embora estas sejam de períodos extremamente diferentes, o que permite uma análise temporal da verticalização urbana.

Bolsões residenciais: o redesenho da rua enquanto lugar público de apropriação, permanência e convívio no município de São Paulo
Rafael Pollastrini Murolo ; Helena Aparecida Ayoub Silva
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O artigo apresenta uma leitura crítica dos projetos urbanos do programa Bolsões Residenciais, proposto pela Prefeitura do Município de São Paulo em 1989, desenvolvido pela EMURB, CET e Administrações Regionais. São analisadas as estratégias de desenho urbano propostas em duas implantações desse projeto, a do Jardim Rizzo e a do Conjunto Residencial Butantã, ambas situadas na parte oeste da cidade. Busca-se relacionar essa iniciativa do poder público com correntes teóricas urbanísticas, com outras iniciativas similares previamente propostas pela administração, assim como verificar a sua relevância atual, por meio de análise de legislação específica, publicações e material iconográfico obtido em acervo municipal.

O FINANCIAMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO: O Turismo do Ceará no centro do arranjo entre o Estado, o Capital e os Bancos Multilaterais de Desenvolvimento
Raquel Dantas do Amaral
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Este artigo objetiva compreender como o financiamento multilateral para o desenvolvimento influencia o planejamento territorial, a partir do caso do Ceará. O conceito de desenvolvimento em toda sua história foi construído e disseminado pelas grandes instituições multilaterais, permeado por influências políticas e econômicas principalmente norte-americanas. Dentre essas instituições, destacam-se os Bancos Multilaterais de Desenvolvimento por carregarem, além de ideias – ou ideologias, vultosos pacotes financeiros que facilitam a consecução do seu próprio entendimento de desenvolvimento. Ao longo do século XX, o Estado brasileiro, a partir da sua função precípua de planejar o território e de prover a base para o desenvolvimento capitalista, ora absorveu o conceito predominante internacional de desenvolvimento, ora buscou oferecer novas saídas para um país da periferia capitalista. O Ceará, um estado com mais da metade da sua população entre vulneráveis a pobreza, pobres e extremamente pobres (Censo de 2010), 16º estado no ranking nacional do PIB, é o terceiro maior mutuário do Brasil em crédito externo, atrás de São Paulo e Rio de Janeiro. Esses dados conectados em uma mesma frase indicam que há algo fora do lugar, que valeria a pena ser desvelado. Como um estado pobre consegue tomar tanto empréstimo internacional? Como esses financiamentos compõem a política de desenvolvimento do Estado do Ceará? Qual é o modelo de desenvolvimento que vem sendo implementado pelo Governo do Estado do Ceará desde o Governo das Mudanças (1987-2006)?

Unidade de conservação no Plano Diretor Participativo: Análise Crítica de sua aplicação no município de Campos dos Goytacazes - RJ
Raquel Figueira Bastos
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As Unidades de Conservação (UCs) são criadas pelo Poder Público no qual seu domínio pode ser tanto público quanto privado e podendo ter ou não proteção integral de seus recursos naturais. Muitas destas unidades apresentam problemas em seus processos de legalização ou preservação, devido, principalmente, à falta de gerenciamento após sua criação. Além disso, o estabelecimento de um sistema representativo de unidades de conservação são um dos mecanismos mais tradicionais utilizados no mundo para a conservação de biodiversidade, geralmente na forma de parques e reservas, acrescidos de áreas sob outras categorias de manejo, protegendo frações de ecossistemas naturais sem a interferência do homem. O Plano Diretor é um documento que legitima basicamente a implantação de políticas de desenvolvimento urbano com objetivos e prazos estabelecidos em suas diretrizes, entre elas a gestão ambiental de um município. Neste trabalho discute-se a forma pela qual a política de gestão ambiental é conduzida pelo poder público local campista, com base no Plano Diretor do Município de Campos dos Goytacazes, partindo da caracterização do município, sobretudo no que tange aos aspectos referentes à gestão ambiental e as unidades de conservação. Elegeu-se, especificamente neste trabalho, a análise da implantação (ou não) das Unidades de Conservação (UCs) previstas pelo Plano Diretor vigente, Lei 7.972/2008. Destacou-se as Unidades de Conservação e demais áreas que devem ser priorizadas para conservação no município de Campos dos Goytacazes. Para isso, foi realizada uma investigação a fim de se obter informações referentes a situação atual das UCs, considerando à importância de tais áreas para manutenção da biodiversidade, além da atuação das políticas públicas durante o processo de criação e implementação das mesmas. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas realizadas com professores, pesquisadores e representantes do poder público que discutem o mesmo em suas análises, além de terem participação na elaboração do plano; trabalho de campo e análise de legislação e trabalhos publicados na área. Os resultados desta pesquisa indicam que as políticas públicas existentes no Município de Campos dos Goytacazes precisam ser efetivadas, a fim de assegurar a manutenção das Unidades de Conservação já existentes, e permitir que outras sejam criadas, contribuindo assim, para a preservação dos relevantes ecossistemas que ainda restam. Além disso, a função social e ambiental atribuída às possíveis áreas verdes de unidades de conservação previstas pelo Plano Diretor ainda precisa ser construída e conquistada. Instrumentos de regularização urbanística não faltam nas disposições do Plano Diretor Participativo, mas é importante que as mesmas de fato sejam revistas, quando necessário, e efetivamente implementadas. Somente assim o Plano Diretor será fiel às reais necessidades da realidade local, no seu conjunto.

O bem público como mercadoria e capital fixo: desestatizações aeroportuárias e as transformações no valor de uso das propriedades públicas urbanas
Reginaldo Braga Silva Junior
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Este artigo busca relacionar os processos de desestatização ocorridos nos últimos anos no Brasil com a ideia de valor de uso das propriedades públicas. Essa relação e os impactos socioespaciais dos diversos níveis de privatização de propriedades públicas no espaço urbano serão discutidos a partir dos projetos imobiliários e econômicos pensados para complexos aeroportuários sob regime de concessão. O trabalho ainda discute como as desestatizações influenciam transformações no valor de uso das propriedades públicas e como podem representar as formas mais agudas de negação de um uso social desses imóveis, através de sua transformação em mercadoria ou capital fixo. O artigo conclui destacando as contradições que envolvem a utilização de propriedades públicas, não diretamente relacionadas a prestação de serviço de transporte aéreo, pelas concessionárias para fins econômicos diversos, no que diz respeito a um seu valor de uso não voltado ao interesse de toda a população.

O DEPUTADO CAIO PRADO JÚNIOR NA DISCUSSÃO EM TORNO DOS MUNICÍPIOS QUALIFICADOS COMO ESTÂNCIAS HIDROMINERAIS NATURAIS NA CONSTITUINTE PAULISTA DE 1947
Renata Bastos Da Silva ; Ricardo José de Azevedo Marinho
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O trabalho investiga a proposta de emenda ao projeto de constituição do estado de São Paulo em 1947, compreendendo as estâncias hidrominerais no ordenamento democrático feito sob a orientação do constituinte Caio Prado Júnior e outros constituintes. Ao estabelecer paralelo entre as estâncias hidrominerais e os demais municípios paulistas, busca reconhecer seu enquadramento isonômico no que tange aos procedimentos eleitorais para a escolha do Poder Executivo dessas municipalidades; bem como observar a inserção das estâncias hidrominerais paulistas como potenciais balneários tal como os construídos no país entre 1920 e 1940, período de introdução e adaptação de ideias a respeito dessa modalidade citadina em termos internacionais e de debate sobre a feição moderna das cidades no Brasil.

Atuar na interface: Contribuições de método para a gestão metropolitana de riscos urbanos
Renata Maria Pinto Moreira
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O artigo sistematiza conceitos e métodos de pesquisa que buscou compreender a incorporação de princípios de gestão de riscos a instrumentos de planejamento e gestão urbanas no contexto nacional e internacional. A pesquisa analisou efeitos e impactos de desastres em funções infra estruturais metropolitanas, problema que exige organização preventiva de grande escala e abordagem regional. Isto foi feito por meio de estudos de caso que revelam impactos sentidos e vivenciados mais amplamente não apenas pelo caráter extremo das ameaças, mas pela decorrência de efeitos das ameaças sobre infraestruturas, e de variadas interdependências entre diversos sistemas de infraestrutura urbana. Os casos estudados foram: 1. inundações recorrentes e duradouras na região Leste da metrópole e Jardim Pantanal, 2. inundações no município de Franco da Rocha, agravadas pelas manobras necessárias no reservatório Paiva Castro, do Sistema Cantareira; 3. efeitos diferidos da crise hídrica pelo rio Tietê no município de Salto, com grande mortandade de peixes, e a relação com o sistema hidráulico metropolitano para de controle de inundações e geração de energia. Ao se atingir dispositivos de infraestruturas e suas interfaces, os efeitos dos impactos são cruzados, somados, amplificados e irradiados. No artigo, são trabalhados os conceitos sobre riscos, abordados, primeiramente, de um ponto de vista objetivo. Posteriormente, é analisada a norma ISO 31000: abrangente e genérica, adaptável a contextos e sistemas diversos. Explorar os princípios desta norma e seus limites, rumo a abordagens transversais nas análises de riscos, mostrou-se relevante à área de estudos urbanos, sobretudo para se alcançar o propósito de gerenciar riscos cruzados, e na interface entre sistemas setoriais. Finalmente, são levantados pontos de uma agenda de pesquisas e gestão urbana que podem conferir relevância específica à contribuição dos urbanistas no tema da gestão de riscos.

RIO 2016 E A CONSOLIDAÇÃO DE UMA NOVA FORMA DE PLANEJAR A CIDADE: Operações Urbanas Consorciadas na Baixada de Jacarepaguá no Rio de Janeiro Pós-Olímpico
Renato Cosentino Vianna Guimarães
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A Olimpíada Rio 2016 consolida no Rio de Janeiro uma lógica privada de planejar o território em áreas da cidade de interesse do mercado imobiliário. O marco legal criado para a viabilização do Porto Maravilha – requalificação urbana na região portuária no contexto de preparação da cidade para os Jogos Olímpicos – deu as bases para as propostas de Operações Urbanas Consorciadas (OUCs) na Baixada de Jacarepaguá, onde se localizam os bairros da região administrativa da Barra da Tijuca, principal frente de expansão do mercado imobiliário de alta renda e que concentrou os investimentos e as intervenções urbanas justificadas pelo megaevento esportivo. Há duas OUCs propostas para a região: a OUC das Vargens, ou Vargens Maravilha, e a OUC de Rio das Pedras, que pretende remover por completo esta que é uma das três maiores favelas do Brasil.

Efeitos territoriais de políticas educacionais: a recente expansão e interiorização do ensino federal em cidades não-metropolitanas no Ceará
Rérisson Máximo
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A recente expansão do ensino federal superior e técnico que caracteriza as políticas educacionais em nível nacional a partir da virada do século XXI se baseia em um duplo processo de democratização e interiorização. Ao mesmo tempo que possibilitou ao setor público recuperar certo protagonismo no atendimento da demanda por aquelas modalidades de ensino, essa expansão representou impactos significativos principalmente para municípios de pequeno ou médio portes, na medida em que os complexos educacionais implantados interferiram na dinâmica e na estrutura intraurbana daquelas cidades. O texto apresenta e discute, a partir da realidade cearense, aspectos sobre a dimensão territorial do processo de expansão do ensino federal para cidades não-metropolitanas, e argumenta que a implantação de novos campi está associada com a flexibilização da legislação urbanística, com o aumento da demanda por mobilidade urbana, com a dinamização do mercado imobiliário e com o incremento do comércio e dos serviços.

O Programa Minha Casa Minha Vida no desenvolvimento sustentável das cidades
Ricardo Fiuza Lima ; Edson Leite Ribeiro
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O trabalho teve como objetivo avaliar o Programa MCMV sob o aspecto da sua contribuição para o desenvolvimento sustentável das cidades. Realizou-se estudo do tema de desenvolvimento sustentável e cidades sustentáveis para estabelecer um modelo de cidade desejada, do ponto de vista da racionalidade do espaço urbano, uso e ocupação do solo. No desenvolvimento do trabalho, considerou-se informações político-institucionais e de contexto histórico sobre a construção do Programa, suas regras e diretrizes com relação às suas regulamentações urbanísticas. Realizou-se a avaliação, com base em informações capturadas por meio de revisão na literatura sobre estudos de caso feitos a respeito da implementação do Programa. Além disso, analisou-se os normativos do Programa para verificar se suas diretrizes apresentavam coerência com a visão sobre a cidade que se deseja. A pesquisa concluiu que o PMCMV Empresas tem gerado um grande impacto negativo no desenvolvimento sustentável das cidades e seus normativos influenciaram na forma de execução dos projetos e nas inadequadas características de suas implantações.

ARTICULAÇÃO ENTRE PLANEJAMENTO URBANO E DE TRANSPORTES NO DISTRITO FEDERAL
Rodrigo Augusto Marar Menezes da Silva ; Jose Ricardo Marar ; Monica Fiuza Gondim ; Valerio Augusto Soares de Medeiros
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O artigo analisa a articulação entre as políticas de uso e ocupação e de transportes no Distrito Federal - DF. Os focos da pesquisa são as atuais e futuras condições de densidade de ocupação do solo no entorno da linha metroviária. Este estudo confronta os planos diretores locais com o conceito de Transit-Oriented Development - TOD, que tem como premissa a articulação do planejamento urbano com o sistema de transportes de massa para o aproveitamento da capacidade do sistema.

Da mitigação à mitigação adaptativa: os (des)caminhos da aplicação recente do Estudo de Impacto de Vizinhança na RMBH
Rogério Palhares Zschaber de Araújo ; Emilia Teixeira Mendes de Oliveira ; Bruna Rodrigues Sousa e Silva
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O presente trabalho apresenta o panorama da aplicação do EIV nos municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, revelando a diversidade de estágios e formatos de regulamentação existentes e traduzindo diferentes níveis de institucionalização das ações de planejamento e gestão nas administrações municipais. Demonstra como a progressiva regulamentação do instrumento em municípios conurbados com o município sede e os tipos de empreendimentos licenciados guardam estreita relação com o grau de inserção e o papel exercido pelo município na dinâmica urbana da metrópole. Como tendências recentes, a análise detalhada da aplicação do EIV em Betim, Contagem e Ribeirão das Neves aponta, contudo, para a crescente utilização do instrumento para dar suporte ao financiamento de contrapartidas pelos empreendedores privados, em detrimento de sua função como instrumento de planejamento abrangente e participativo, fazendo prevalecer contrapartidas como medidas de adaptação das áreas destinadas a receber os empreendimentos em detrimento de medidas mitigadoras destinadas a internalizar ou reduzir impactos na vizinhança. Entendida como um reflexo de inflexões neoliberais recentes observadas nas políticas públicas e no planejamento urbano, a crescente utilização do EIV como instrumento de financiamento da urbanização aponta para a progressiva transferência de responsabilidades do poder público para o setor privado, cujos riscos são agravados pela ausência de participação e controle social, características também predominantes nos processos de licenciamento urbanístico na RMBH.

CONSELHO MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO URBANO E A GESTÃO DEMOCRÁTICA DA POLÍTICA HABITACIONAL: UMA AVALIAÇÃO A PARTIR DO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA EM MARINGÁ-PR
Rubia Maiara Silva Marcon ; Beatriz Fleury e Silva
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A Constituição Federal descentralizou o governo e legitimou a participação da sociedade na gestão pública, instituindo os conselhos municipais como instrumentos democráticos que permitem a integração entre governo e sociedade. Neste contexto, buscando compreender o papel da instância participativa dos conselhos municipais e como estes qualificam as políticas públicas é que se situa o objetivo deste trabalho, o qual buscou examinar o papel do Conselho Municipal de Planejamento e Gestão Territorial (CMPGT) de Maringá-PR, instituído pela lei 632/06 enquanto espaço de gestão democrática tendo como foco a política habitacional através de decisões demandadas pelo Programa Minha Casa Minha Vida (Lei 11.977/09) no município. Para tanto se fez uso de uma abordagem qualitativa investigativa por meio da leitura das atas das reuniões do referido Conselho entre os anos de 2009 e 2016. Como resultado tem-se que ainda existe limitações do Conselho Municipal de Planejamento e Gestão Territorial em se apresentar enquanto plena instância de gestão participativa na direção de qualificar a política habitacional no município.

Cidades, mudanças climáticas e adaptação: uma análise da cidade do Natal/RN-Brasil
Rylanneive Leonardo Pontes Teixeira ; Zoraide Souza Pessoa ; Gabriela Marques Di Giulio
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No Brasil, o debate sobre cidades e mudanças climáticas é incipiente, com as primeiras discussões no meio acadêmico, onde os pesquisadores têm desenvolvido estudos na área, configurando-se em verdadeiras fontes de embasamento teórico-metodológico para as agendas públicas formularem e implementarem políticas públicas ou ações de enfrentamento às alterações climáticas. Neste sentido, o presente estudo visa analisar como a cidade do Natal tem abordado a questão climática, identificando as intervenções urbanas e os desafios relacionados ao enfrentamento das mudanças climáticas no âmbito local. Para isso, a metodologia do estudo segue as orientações de uma pesquisa de natureza qualitativa, ancorando-se em um conjunto de métodos: pesquisa documental, observação em reuniões, aplicação de questionários e análise de conteúdo. Em síntese, podemos destacar que, em Natal, as mudanças climáticas ainda não são percebidas como um problema de relevância maior e que, para passarem a integrar as agendas pública e política da cidade, precisariam, por exemplo, de uma maior vontade política, aliada a uma não limitação do papel dos atores institucionais locais.

A METRÓPOLE SOB DEMANDA. Comentários sobre a experiência participativa em planos urbanísticos na cidade de Fortaleza.
SAMUEL TAVARES PINHEIRO ; José Almir Farias
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Desde as duas últimas décadas do século passado, a conjuntura política (mas também social e econômica) no Brasil vem sendo marcada por fluxos e refluxos nas relações entre Estado e sociedade civil, cujas ondulações afetam diretamente os processos que circunscrevem as políticas públicas. O objetivo deste trabalho é compreender como se configuram os processos de participação popular na elaboração de planos urbanísticos, a partir da identificação de quatro categorias: estrutura organizacional-administrativa, formas de representação, mecanismos de tomadas de decisão; e o grau de legitimidade alcançado. Toma-se como estudo de caso os procedimentos adotados na elaboração dos dois últimos planos urbanísticos elaborados para a cidade de Fortaleza-CE: o Plano Diretor Participativo de Fortaleza (PDPFor), de 2009, e o Plano Fortaleza 2040, concluído em 2016. A metodologia adotada nesta investigação faz uso da pesquisa bibliográfica e documental articulada a uma estrutura de análise comparada.

MERCADO IMOBILIÁRIO E O PROCESSO DE EXPANSÃO URBANA: Um estudo na cidade de Pau dos Ferros/RN
Sandra de Souza Paiva Alexandre Pinto ; Larissa da Silva Ferreira Alves ; Francisco do O’ de Lima Júnior
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O estudo analisou a relação do mercado imobiliário e o processo de expansão urbana em Pau dos Ferros/RN. Para tanto, realizou-se uma pesquisa descritiva, constituída com base na evolução do mercado imobiliário local, associando-o como agente produtor do espaço urbano em vários momentos históricos e econômicos da cidade. Na análise observou-se que a expansão urbana se convencionou ao aumento da população residente na zona urbana, a políticas publicas de habitação e também a dinâmica econômica nos últimos dez anos, que resultam numa rápida ocupação das principais franjas de desenvolvimento em áreas periféricas, porém de modo fragmentado. Os resultados evidenciam ausência de planejamento urbano e legislações urbanistas que possam regulamentar o uso e a expansão urbana que ocorre em áreas sem condições adequadas de infraestrutura, evidenciado principalmente nas áreas periféricas, um crescimento desordenado da cidade, com poucos equipamentos urbanos, ruas sem asfaltos, iluminação precária, falta de saneamento básico e construções irregulares.

Por um olhar espacial na gestão de políticas educacionais: equidade para superar desigualdades
Sandra Gomes ; Francymonni Yasmin Marques de Melo
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Estudos sobre as relações entre desempenho escolar, características individuas e local de moradia concluem que a sobreposição ou acúmulo de diferentes tipos de desvantagens para indivíduos em situação de vulnerabilidade social são os principais fatores explicativos para a baixa performance escolar que, por sua vez, são magnificados pelos padrões de segregação socioespacial típicos das cidades brasileiras. A partir da análise de indicadores educacionais por regiões e bairros do município de Natal, os autores identificam padrões de desigualdades socioespaciais e de alocação de infraestrutura pedagógica na cidade que se associam à constituição histórica de ocupação do espaço urbano por diferentes grupos sociais. Com base nesses resultados, argumentam que um olhar espacial para o planejamento e gestão das políticas educacionais pode se tornar um efetivo instrumento para a correção das desigualdades e a promoção da equidade.

A contínua (des)regulamentação do planejamento urbano em Fortaleza A captura das Zonas Especiais de Interesse Social pelas OUCs
Simone Farias Cabral de Oliveira ; Camila Rodrigues Aldigueri
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Em Fortaleza, a gestão municipal atual tem demonstrado ter como foco uma política de incentivo, promoção e apoio a realização de PPPs. Esta fase sucedeu o momento em que grandes projetos urbanos ganhavam destaque em detrimento do planejamento urbano. Após um período de grande ênfase na (des)regulamentação de legislação urbana e ambiental que desconsideram o Plano Diretor Participativo até então vigente, os esforços se direcionam à viabilização de grandes intervenções urbanas a partir da ampliação do número e da escala das OUCs. Tendo em vista que atualmente as ZEIS encontram-se em fase de regulamentação, e que uma parte importante delas se encontra dentro do perímetro das novas OUCs, o trabalho intenciona demonstrar as mudanças impostas ao planejamento urbano, que favorecem a produção imobiliária de mercado, resgatando o caminho percorrido até os dias atuais, em que as OUCs ganham protagonismo na gestão municipal, de modo a investigar se elas representam alguma ameaça às ZEIS.

DAS OPERAÇÕES URBANAS AOS PIUs: Estratégias de intervenção para o Centro de São Paulo
Simone Ferreira Gatti
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Em meados de 2018 a Prefeitura de São Paulo colocou no ar a consulta pública para o Projeto de Intervenção Urbana - PIU Setor Central, que tem sua origem na necessidade de revisão da Operação Urbana Centro. O Programa de Interesse Público para o PIU poderá ser viabilizado por instrumentos diversos, como AIU (Área de Intervenção Urbana), Concessão Urbanística, AEL (Área de Estruturação Local), PPPs (Parceria Público-Privadas) ou mesmo por uma Operação Urbana Consorciada. Objetiva-se aqui, mais do que debater as propostas do PIU Setor Central em si, provocar uma reflexão sobre como as propostas de intervenção urbana estão sendo apresentadas frente às problemáticas existentes no território e frente às demais políticas em curso pelas gestões municipais, e o quando as estratégias de desenvolvimento urbano repetem iniciativas anteriores com propostas já historicamente inviabilizadas, considerando a permanência das vulnerabilidades do território.

Planejamento urbano modelo e constituição das desigualdades socioespaciais: a infraestrutura do espaço intra-urbano de Curitiba
Taina Andreoli Bittencourt
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Curitiba destaca-se no universo do planejamento urbano e de transportes. Contudo, para além do discurso de cidade-modelo, verifica-se a existência de heterogeneidades e desigualdades sociais e urbanas. A presente pesquisa propõe-se a evidencia-las, tendo como enfoque a infraestrutura do espaço intra-urbano. Para tanto, as características dos domicílios, dos serviços públicos urbanos, da infraestrutura, da renda e da oferta de transporte público serviram de base para o mapeamento do território segundo diferentes níveis de precariedade. Tal conformação territorial foi complementada pela análise da integração urbana pela sintaxe espacial. Verificou-se a alta precariedade das regiões periféricas que contrasta com o elevado acesso à infraestrutura da região central e dos eixos estruturantes, priorizados pelo planejamento urbano municipal. Ainda, a precariedade da infraestrutura soma-se ao isolamento da rede urbana, impondo dificuldades e barreiras à mobilidade e ao acesso à cidade por determinados grupos sociais, particularmente os de baixa renda.

PLANEJAMENTO, GESTÃO E MANEJO MUNICIPAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL: Agentes, escalas e processos
Tainá Labrea Ferreira ; Nelba Azevedo Penna
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O planejamento, a gestão e o manejo de resíduos sólidos em municípios brasileiros tem sido um desafio e origem de diversos conflitos socioespaciais. Com 60,2% dos municípios com destinação inadequada de resíduos sólidos, contratos superfaturados de prestadoras de serviço de coleta e aterramento e 1,5 milhões de catadores trabalhando em grande parte em condições precárias, são necessários novos arranjos e maior compreensão sobre os agentes e seus conflitos. Nosso objetivo neste artigo é identificar os principais agentes espaciais e suas escalas de ação, bem como os processos de planejamento, gestão e manejo. Com abordagem sobre o território brasileiro encontramos conflitos sobre: o encerramento de lixões; o estabelecimento de coleta seletiva nas cidades; e redução das desigualdades pela melhoria das condições de trabalho e renda de catadoras e catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis.

APONTAMENTOS E DISCUSSÕES ACERCA DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL DE PAU DOS FERROS/RN SOB A ÓTICA DO PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO
Tereza Raquel França Ferreira ; Cicero de França Neto ; Anna Cristina Andrade Ferreira ; Almir Mariano de Sousa Júnior
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No Brasil o plano diretor participativo atua como um instrumento regulador da política urbana, onde o município de Pau dos Ferros/RN, objeto de estudo deste artigo, ainda não possui, o que vem fazendo com que vários edifícios de cunho histórico da cidade sejam demolidos para dar lugar a novas construções. Assim, este estudo de caso qualitativo, busca discutir as propostas apresentadas para o Plano Diretor Participativo da cidade, e os possíveis impactos que pode gerar caso este seja aprovado. Para sua realização foi necessário analisar o documento final do Plano o Diretor Participativo e elencar os problemas atuais da cidade de Pau dos Ferros. O Plano Diretor apresenta dentre suas diretrizes a fortificação da identidade visual da cidade, no tocante à avaliação do patrimônio cultural, atribuindo valores culturais que concedam identidade ao espaço urbano e busca transformar o centro da cidade em uma área propicia ao turismo histórico-cultural, gerando, assim, receita para o município.

TIPOLOGIAS DA IRREGULARIDADE NO PARCELAMENTO DO SOLO EM FORTALEZA-CE
Thaís Sales Gonçalves ; Luiz Guilherme Rivera de Castro
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Este artigo apresenta os primeiros resultados de pesquisa em andamento, que estuda as ilegalidades e irregularidades no parcelamento do solo no município de Fortaleza-CE. O objetivo e? explorar os conceitos dos tipos de irregularidade urbanística referentes ao parcelamento e ocupação do solo urbano, a saber, loteamento irregular, loteamento clandestino e favela, por meio de estudos de caso e mapeamento, ilustrando e caracterizando tais irregularidades existentes na cidade de Fortaleza. Para tanto, faz uso de plantas de loteamentos aprovados pela prefeitura do município em comparação com a situação existente de ocupação do território, registrada por meio de aerofotogrametria e imagens de satélite.

UTOPIAS E DISTOPIAS DEMOCRÁTICAS: Um panorama crítico da participação presencial e digital nas políticas urbanas do Rio de Janeiro
Thaisa Comelli ; Luciana Amorim
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Ao longo das últimas décadas, a implementação de processos participativos institucionalizados vem se apresentando como uma promessa de modelos mais democráticos e transformadores de governança. Tais paradigmas se transportaram também para o contexto urbano, onde multiplicaram-se verdadeiros canteiros experimentais de ampliação do direito à cidade. Estas “utopias democráticas”, entretanto, não operam na prática como esperado, sendo cooptadas por agendas paralelas de governo. Neste artigo, apresentaremos um panorama crítico dos processos participativos presentes nos Planos Diretores e Planejamentos Estratégicos para a cidade do Rio de Janeiro. Partimos da crítica de que a participação tem servido para legitimar interesses políticos, limitando o poder de decisão sobre o território urbano pelas capilaridades da sociedade. Nos ateremos principalmente à atual gestão municipal, onde a participação foi inserida no Plano Estratégico do prefeito Marcelo Crivella, incluindo também o uso de ferramentas digitais. Entendemos aqui a participação como uma forma ambivalente de transição entre utopias e distopias democráticas, onde apesar dos processos de dominação e cooptação, também é possível encontrar fagulhas de transformação e emancipação socioespacial.

ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DE ZONAS ESPECIAIS DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL EM MUNICÍPIOS INTEGRANTES DAS REGIÕES METROPOLITANAS DE LONDRINA E MARINGÁ
Thamine de Almeida Ayoub Ayoub ; Alexia Kaori Matubara ; Leticia Cabreira ; José Luiz Faraco
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O objetivo deste trabalho consiste em avaliar as práticas da política habitacional de municípios integrantes das Regiões Metropolitanas de Londrina e Maringá em relação à implantação do instrumento de ZEIS – Zonas Especiais de Interesse Social. A análise tem como foco os aglomerados metropolitanos formados a partir da conurbação entre os municípios-sede e municípios do entorno. No estudo, é feita uma análise de parâmetros que permitem compreender as práticas adotadas pelos municípios na instituição de ZEIS e inferir sobre os aspectos de inclusão e/ou exclusão da população de menor renda nas áreas cuja localização é recomendada. Ainda, verificou-se se os conjuntos habitacionais implantados nos últimos anos foram de fato construídos nas áreas previstas como ZEIS.

Expansão periférica metropolitana: o caso de Campinas (SP) e Florianópolis(SC)
Tomas Antonio Moreira ; Anna Laura Rossi ; Larissa Martins Rodriques
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Atualmente as urbes fundamentam o seu desenvolvimento na afirmação e manutenção de lógicas estruturadoras dos sistemas de produção e consumo capitalistas, levando a uma nova organização de interesses que visa a mercantilização, que transforma e recicla o poder urbano (SANTOS, 2013). Passa a existir necessariamente um novo modelo de política urbana, exclusivamente para viabilizar a transformação da cidade num campo de negócios, habilitando a implantação e o pleno desenvolvimento de relações mercantis no uso e apropriação da cidade, ao invés de regular as forças de mercado para torná-las compatíveis com a promoção do direito à cidade. A atuação do Estado pouco tem interferido no sentido de garantir uma urbanização adequada, com diretrizes de crescimento justas ao longo de todo o território nacional. No entanto, não se pode dizer que o Estado é neutro em suas práticas uma vez que ele tem grande importância como definidor da concentração ou da ausência de investimentos públicos que podem induzir ou não a ocupação urbana, sua expansão e sobre quem recairão os benefícios e malefícios da produção da cidade. O objetivo do presente artigo é traçar o perfil de atuação do Estado sobre o espaço de forma a compreender como se deu a estruturação da ocupação desequilibrada presente nas regiões metropolitanas polarizadas pelos municípios-sede de Florianópolis e Campinas.

O COMÉRCIO AMBULANTE E A POLÍTICA URBANA: Uma avaliação das proposições em Belo Horizonte
TRANKILINO TULIO QUEIROZ DE FREITAS
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Dentre as mutações econômicas, sociais e políticas vivenciadas no Brasil desde a redemocratização e Estatuto das Cidades, deparamos com a implantação dos instrumentos de política urbana e seus rebatimentos nas cidades. Para esta discussão, ressalta-se a relevância da economia informal no mundo e, mais especificamente, nos países do sul global, entendendo que se trata do modelo de estruturação da produção, na periferia capitalista. Identifica-se que as políticas urbanas territoriais devem dialogar com o entendimento da precarização do trabalho, imposta pelos países que estão na hegemonia econômica global. A partir da aplicação dos instrumentos de política urbana e a relação destes com o trabalho na cidade de Belo Horizonte, desenvolve-se a análise tendo como foco o trabalho ambulante e seus desdobramentos na dinâmica econômica e espacial da capital mineira, avaliando a política urbana executada no período de 2003 a 2017 em Belo Horizonte.

Elementos para análise da produção de infraestrutura: o debate latino-americano e apontamentos para o caso brasileiro
Victor Iacovini
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O presente trabalho trata do debate latino-americano sobre a produção do espaço urbano a partir do trabalho de autores e conceitos como as "formas de produção-circulação do espaço" (JARAMILLO, 1982), que constitui a primeira parte do artigo; das "modalidades de produção-consumo da urbanização" (PÍREZ, 2016; 2009; 2013), na segunda parte e do "contratismo" e arranjos institucionais gerais históricos típicos das relações anglo-mexicanas (CONNOLLY, 1997; 1993) e das variantes recentes de "concessão" (CONNOLLY, 2015). Esse conjunto de autores, obras, categorias e conceitos de análise para as relações sociais de produção do espaço urbano constitui uma perspectiva teórica da sociologia urbana crítica que se desenvolveu na América Latina a partir da década de 1970. Tais categoriais de análise e conceitos específicos são revisados, inter relacionados em categorias analíticas (de "tipo puro") e conceitos específicos para entender a caracterizar os novos arranjos institucionais que emergem com a "mercantilização" ou "re-mercantilização" das relações de produção-consumo (PÍREZ, 2016). Que chamamos de "mercantilização avançada": "um processo mais amplo de institucionalização de arranjos avançados de mercantilização" que se consolida nas primeiras décadas do século XXI.

O DESENVOLVIMENTO DA PRAIA DO FUTURO COMO ELEMENTO DE ANÁLISE DA AÇÃO ESTATAL EM PROVEITO DA "CIDADE COMO NEGÓCIO"
Vinícius Saraiva Barretto ; Breno Santiago Holanda ; Renato Pequeno ; Thaís Matos Moreno
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A constituição do atual cenário do desenvolvimento urbano de Fortaleza é esta: processos de planejamento regidos por interesses privados e pela economia do turismo, os quais atuaram diretamente na remoção ou ameaça de remoção de 1.440 famílias somente no ano de 2017 de acordo com a pesquisa do Observatório de Remoções realizada pelo Laboratório de Estudos da Habitação (Lehab) da qual esse trabalho faz parte. Com base nessas constatações, o presente trabalho constitui um estudo do setor leste de Fortaleza, um dos focos de remoções e de atividades do Estado. O estudo foi realizado através de pesquisas sobre a expansão urbana de Fortaleza, os tipos de investimentos e projetos destinados à área em questão, juntamente com o estudo de planos e de leis conflitantes. Através disso, o presente estudo busca observar as relações entre o setor imobiliário e a gestão pública, objetivando analisar o papel do Estado no incentivo e na legitimação de um desenvolvimento urbano de uma “cidade como negócio”.

CRESCIMENTO HORIZONTAL E VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA COMO PRODUTO DA EXPLORAÇÃO TURÍSTICA: O CASO DE CAPITÓLIO/MG
Wesley Almeida Teixeira ; Eduardo Meireles ; Jairo Rodrigues Silva ; Rita de Cássia Ribeiro Carvalho
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O artigo busca uma abordagem da urbanização fomentada pelo turismo em Capitólio/MG, uma pequena cidade do interior, onde o turismo tomou proporções nacionais devido as belezas cênicas. O estudo tem como objetivo analisar as transformações urbanas, como o crescimento horizontal da cidade, bem como a alta valorização imobiliária nos últimos anos, frente a crescente demanda da população fixa e flutuante. O método utilizado baseou-se na pesquisa qualitativa e estudo de caso pós-fato (YIN, 2001). Para localização dos empreendimentos uma abordagem descritiva e analítica. Do Ponto de vista dos resultados, verificou-se a crescente transformação de áreas rurais em urbanas com destaque para os loteamentos, essa alta demanda está correlacionada a valorização e especulação imobiliária, os dados analisados no período de quatro anos apontam valorização de mais 60% com relação ao lançamento, comprovando que o crescimento horizontal da área urbana está associado ao crescente e forte movimento turístico e que a capital imobiliário tem extraído muitos lucros desse movimento.

Planejamento... Qual é o teu negócio? Do território planejado ao espaço do mercado
William Mog ; Lívia Salomão Piccinini
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O artigo aborda a relação entre o território que é planejado pelo Estado a partir da legislação urbanística de uso e ocupação do solo e o espaço que é produzido pelo mercado a partir de empreendimentos imobiliários. Para tanto, o trabalho se articula a partir de três partes. Na primeira, aborda-se na teoria o papel contraditório do planejamento urbano em um contexto de subdesenvolvimento e a sua influência na forma de produção do espaço urbano. Na segunda parte, destaca-se a relação entre as inconsistências estruturais do planejamento urbano em Porto Alegre/RS e o descolamento deste em relação às demandas sociais da cidade. E, por último, na terceira parte, analisa-se um recorte territorial de Porto Alegre/RS com a intenção de aprofundar a problemática através de três empreendimentos do mercado imobiliário local. Entende-se que há uma lógica associativa entre o Estado e o mercado que viabiliza o controle sobre a lucratividade dos empreendimentos a partir da regulação estatal.

ST 12 - Desenvolvimento Urbano - Velhos Problemas, Novos Desafios
VAZIOS URBANOS EM NATAL: Um estudo para categorização das áreas ociosas e subutilizadas
Amíria Bezerra Brasil ; Ruth Maria da Costa Ataíde ; Saulo Matheus de Oliveira Lima Cavalcante ; Bárbara Rodrigues Marinho
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As cidades contemporâneas, em fins do século XX, passaram por intensas transformações devido à produção capitalista do seu espaço, expandindo-se rapidamente, mas permanecendo com vazios estratégicos em seus territórios. Os chamados vazios urbanos estão, portanto, presentes em diversas grandes cidades no mundo. No Brasil a legislação federal – em especial o Estatuto da Cidade – prevê instrumentos urbanísticos para combate-los e garantir a efetivação do cumprimento da função social da propriedade, repassando para os municípios, através dos planos diretores, a responsabilidade do detalhamento dessa exigência. Em Natal, dentre os objetivos do Plano Diretor está definido o cumprimento da função socioambiental da propriedade, prevendo também diversos instrumentos para efetivar esse cumprimento. Apesar disso, ao longo do território da cidade conformaram-se muitos vazios urbanos. No intuito de contribuir com a discussão acerca do tema, e com a catalogação dos vazios naquela cidade – em especial no contexto de revisão do Plano Diretor previsto para 2019 – este artigo articula duas pesquisas feitas em dois diferentes bairros de Natal, mostrando um panorama resumido dos vazios urbanos nesta cidade.

Qualidade de Vida Urbana: análise de serviços financeiros em Belo Horizonte
Anderson Cavalcante
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A análise da distribuição espacial dos bens e serviços e de seus impactos sobre a qualidade de vida das pessoas é importante tema para estudos urbanos. Esse artigo tem o objetivo de discutir a qualidade de vida urbana a partir da análise da distribuição e uso de serviços financeiros em Belo Horizonte. Em um mundo de crescente financeirização das relações, o principal argumento deste trabalho é que as avaliações sobre qualidade de vida nos espaços urbanos, em particular aquelas que incorporam acesso a serviços financeiros, devem considerar elementos relativos às formas e tipos de uso desses serviços. Dessa forma, a análise incorpora centralidade financeira urbana como fundamental, possibilitando a discussão de exclusão financeira absoluta e relativa como fatores cruciais na qualidade de vida. Os resultados da análise empírica apontam que parâmetros de uso de serviços financeiros são relevantes para a avaliação da qualidade de vida urbana em Belo Horizonte.

O POTENCIAL DO IPTU COMO INSTRUMENTO DE RECUPERAÇÃO DE MAIS-VALIAS URBANAS: Análise da gestão do IPTU enquanto instrumento urbanístico em Natal e Parnamirim-RN
André Felipe Bandeira Cavalcante ; Érica Milena Carvalho Guimarães Leôncio
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O IPTU vem sendo objeto de pesquisas acerca da sua potencialidade em recuperar mais-valias urbanas, deixando de ser analisado apenas na sua finalidade fiscal. Vem sendo também compreendido seu caráter extrafiscal, ao recuperar em prol da coletividade valores auferidos pelos proprietários de imóveis privados em razão de ações, na maioria das vezes estatais, que os valorizam. Em diálogo com estudos em andamento dos autores, a pesquisa busca compreender o potencial do IPTU e analisa como as gestões municipais de Natal e Parnamirim - municípios com maior grau de integração da RMNatal - vêm aplicando-o, percebendo a arrecadação e a relação com a política urbana. Para tanto, recorreu-se à pesquisa bibliográfica, documental e levantamento de dados, com a produção de gráficos. Observou-se nos dois municípios, que apesar dos recentes esforços, a arrecadação do IPTU ainda está aquém da sua capacidade e é escassa a noção da potencialidade que o imposto tem de recuperar mais-valias urbanas.

Vetores de expansão e valorização imobiliária como estratégia de acumulação na produção da cidade: problematizando as relações entre agentes imobiliários e o direcionamento do planejamento urbano das cidades médias
Bruno Leonardo Silva Barcella
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O artigo analisa o planejamento urbano e a produção do espaço urbano em cidades médias. Para isso ele direciona o debate em dois exemplos empíricos, as cidades de Ribeirão Preto/SP e São Carlos/SP. É demonstrado como as estratégias de determinados agentes econômicos e suas relações com o poder público está no centro do planejamento e desenvolvimento urbano destas cidades nas últimas décadas. A partir da análise de entrevistas com importantes agentes privados e públicos é demonstrado como os recentes processos de expansão territorial urbana são resultados de estratégias de determinados agentes imobiliários que direcionam os sentidos, o ritmo, o escopo e o porte das citadas expansões, na busca permanente pela reprodução ampliada do capital mediante a lógica que situa a cidade como “lócús” das estratégias de acumulação. Portanto, o artigo apresenta os resultados do planejamento e desenvolvimento urbano atrelados diretamente aos interesses de determinados agentes econômicos, advogando que tal relação altera significativamente os padrões de estruturação de determinadas cidades, interferindo diretamente no aumento das desigualdades socioespaciais.

DINÂMICA ECONÔMICA RECENTE E O SETOR IMOBILIÁRIO:INTERPRETAÇÕES A PARTIR DAS MAIORES EMPRESAS DE CAPITAL ABERTO
Carlos Alberto Penha Filho ; Beatriz Tamaso Mioto
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Durante a segunda metade dos anos 2000 o Brasil assistiu a retomada em larga escala da produção imobiliária pelo território. Uma série de fatores institucionais, macroeconômicos e sociais possibilitaram esta alavancagem. No bojo dessas mudanças as grandes empresas do setor também alteraram suas estratégias após se agigantarem via emissão de ações, fazendo com que as determinações do capital fictício estivessem mais presentes na construção do espaço brasileiro. A formação de bancos de terra, diversificação de produtos imobiliários, a expansão geográfica do mercado e a oferta para famílias de baixa renda foram alguns dos componentes dessas estratégias. Entretanto, a partir de 2012, tanto o ciclo expansivo da produção imobiliária como da entrada/abertura de capitais apresentaram forte arrefecimento. Diante dessas mudanças, o objetivo do artigo e? discutir, à luz da economia brasileira, as transformações na dinâmica imobiliária, observando especificamente: as mudança das estratégias empresariais em relação aos seus ativos (produtivos e financeiros); grau de endividamento; e seus resultados operacionais. A análise desses pontos é desenvolvida por dados macroeconômicos e setoriais das empresas de maior porte do setor no ano de 2010 (Cyrela, Gafisa, PDG e MRV). Especificamente no segundo caso, utiliza-se os dados dos balanços patrimoniais divulgados pelas empresas entre os anos de 2010 e 2018, compilados através do sistema Economática. Com esse estudo, busca-se contribuir para o entendimento das relações entre as estratégias financeiras e produtivas das empresas (no nível microeconômico) e os determinantes gerais (macroeconômicos) que condicionam o setor imobiliário brasileiro.

Mercado Informal: Caracterização socioeconômica dos vendedores ambulantes do município de Crato-CE
Carlos Eduardo Pereira do Nascimento ; Rosemary de Matos Cordeiro
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O presente trabalho objetiva estabelecer o perfil dos vendedores ambulantes de Crato-CE. A metodologia baseou-se em pesquisas bibliográficas e de campo com 41 vendedores ambulantes a partir de cadastro fornecido pela Prefeitura deste município pela técnica Snowball. Constata-se a presença de vendedores ambulantes nas ruas de Crato. Muitos deles estão nas praças, ruas adjacentes às universidades, instituições de ensino, com autorizações para comercializarem sem problema. Todavia, muitos deles não estão, de fato, formalizados, não apresentando registro. Ademais, muitos deles não organizam seus registros contábeis, não tem uma noção básica de formação de preços, sobre o empreendedorismo, noções estas que facilitariam as vendas e proporcionaria maior facilidade para alcançá-las. Destarte, o processo seguinte é ofertar minicursos que os induzam um maior entendimento sobre empreendedorismo e algumas ferramentas sobre vendas, formação de preços e noções básicas de contabilidade.

PROJETO DE INTERVENÇÃO URBANA (PIU) E ZEIS 1 EM SÃO PAULO O filé das ZEIS 1 no perímetro do PIU do Terminal de Ônibus do Jardim Ângela
CATHARINA CHRISTINA TEIXEIRA
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As ZEIS 1 (de ocupação) na cidade de São Paulo são territórios vulneráveis, que vem sofrendo transformações substanciais, desde sua institucionalização com o Plano Diretor Estratégico (PDE) de 2002. Alguns avanços foram conquistados diante das lutas pleiteadas pelos movimentos sociais. No entanto, temos assistido alterações (PDE de 2014), que se apoiam nas parcerias do setor público com o privado, que colocam o instrumento em risco, principalmente no que diz respeito aos perímetros que envolvem Projetos Estratégicos e obras. Um desses instrumentos, é o Projeto de Integração Urbana (PIU) nas suas diversas modalidades. Hoje são 40 perímetros, sendo 27 PIU (s) de Terminais de Ônibus. O PIU do Terminal de Ônibus do Jardim Ângela, na Zona Sul da cidade, se sobrepõe à perímetros de ZEIS 1. Essa sobreposição estaria dentro do pensamento de que, ao se comprar o boi, leva-se o filé e o acém? Diante do PIU, qual a proteção das ZEIS 1 e a garantia do direito a cidade e a moradia?

Da Distopia as Utopias Urbanas: ensaio sobre a crise da mobilidade no Sul Global
Cédrick Cunha Gomes da Silva ; Sérgio Carvalho Benício de Mello
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Mobilidade é parte fundamental da vida cotidiana. Mover-se entre espaços e lugares exerce importante papel nas interações sociais e construção de identidades. De modo geral, esses deslocamentos têm efeitos positivos, sendo produtos e produtores da vida urbana. No entanto, a partir dos processos hegemônicos de urbanização e modernização das metrópoles do Sul global, tais movimentos ganharam contornos específicos e problemáticos. É a partir deste cenário que este ensaio busca problematizar a natureza política e discursiva do fenômeno contemporâneo da mobilidade, mas em última instância refletir sobre os espaços urbanos no contexto de crise da mobilidade no Sul global. O argumento principal neste é de que a modernização de espaços urbanos do Sul global, imposta pela colonialidade de saberes desenvolvimentistas e progressitas, instituiu o regime da automobilidade enquanto um de seus principais pilares, produzindo condições urbanas distópicas de imobilidade que marginalizam condições de possibilidade para o que podemos denominar modernidades alternativas (e.g. as sociedades pós-carro sustentáveis).

NADA DE NOVO SOB O SOL: Os projetos do Grupo 25 e a sucessão de conflitos territoriais no bairro do Alecrim em Natal/RN.
Daniel Lucas Viana Santos ; Angela Lúcia de Araújo Ferreira
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Em 2017, um grupo empresarial divulgou na mídia local a construção de empreendimentos comerciais e propostas de redesenho urbano para a região central do bairro do Alecrim em Natal/RN. Tais intervenções implicariam na retirada dos comerciantes informais e do “camelódromo” historicamente consolidados. Em seguida, movimentos contestatórios surgiram, suscitando inquietações quanto às interferências nas peculiaridades territoriais e à destinação da área. Discutir a manifestação de lógicas contraditórias da ocupação da cidade na concretização da produção neoliberal do espaço urbano é o objetivo deste trabalho. A análise se apoiou nos aportes de Harvey (2006), Capel (2013) e Carlos (2018), entre outros. As notícias publicadas em veículos locais permitiu a sistematização dos acontecimentos, de maneira a analisar criticamente as ações e narrativas empenhadas no processo de concretização ou contestação dos projetos. Observou-se que as propostas, espelhadas em uma agenda neoliberal, contam com o apoio do poder público, ao mesmo tempo evidenciam interesses contraditórios e, à procura do consenso, mascaram outros para legitimar-se ante a opinião pública.

DESCONEXÕES CIDADE-RODOVIA NA PERSPECTIVA DA MOBILIDADE URBANA: os casos de Curitiba e Guarapuava, Paraná
Daniela Wipieski Martins Padilha ; Carlos Hardt ; Letícia Peret Antunes Hardt
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Os sistemas urbanos são complexos e dependentes de diversas condições. Um dos desafios comuns ao planejamento da mobilidade nesses ambientes é a existência de rodovias que seccionam os seus tecidos, resultando em cidades fragmentadas. Sob essa ótica, este artigo objetiva compreender fenômenos de desconexão dessas malhas perpassadas por estruturas rodoviárias que guardam diferentes funções. Para tanto, são abordadas especificidades da Linha Verde em Curitiba e da BR-277 em Guarapuava, Paraná. Na sequência, são discutidos aspectos teóricos e legais sobre planejamento urbano-regional e travessias em cidades. Por fim, é analisada a produção científica brasileira sobre mobilidade por meio de indicadores bibliométricos. Como principais resultados, depreende-se que os casos apresentados revelam problemas semelhantes, mesmo frente a normas e legislação próprias vigentes. Também se constata certo crescimento da recorrência do tema no meio acadêmico a partir de 2010. Porém, ao se depurar qualitativamente os dados levantados, conclui-se pela escassez de pesquisas diretamente relacionadas com a problemática no país.

ESTRUTURA ESPACIAL, MOBILIDADE URBANA E DIREITO À CIDADE: O CASO DO BRT EM GOIÂNIA
Débora Ferreira da Cunha ; Patrick Zechin ; Marcos Bittar Haddad
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A mobilidade urbana é um dos importantes temas relacionados à urbanização, com características e problemas comuns nas cidades, considerando suas devidas proporções e particularidades, que compõe atualmente um dos desafios do desenvolvimento urbano, presente no debate internacional, acadêmico e político. O objetivo deste artigo é investigar um componente específico da estrutura espacial da Região Metropolitana de Goiânia (RMG), o novo Bus Rapid Transit - BRT do Corredor Norte-Sul, observando a relação entre a mobilidade urbana e o direito à cidade, na forma conceitual de mobilidade inclusiva, aquela que as pessoas se deslocam tendo-se boas condições, seja por modos não-motorizados ou motorizados, possibilitando a todos participar da cidade. Como a estruturação do corredor de transporte de massa em questão pode, potencialmente, beneficiar a população residente nas diferentes regiões abrangidas em seu percurso, que propõe a ligação das regiões norte-sul da capital goiana e região. O corredor parte da cidade de Aparecida de Goiânia, segundo maior município da região e do estado, que enfrenta graves problemas de ordem econômica, social, urbana e ambiental, apesar desta possuir o terceiro maior PIB do estado de Goiás. O trecho se estende para a região sul de Goiânia, por bairros com diferentes características socioeconômicas e urbanas, até a região norte da cidade, o BRT conecta uma região periférica, bastante marginalizada e empobrecida, chamada Recanto do Bosque, a outras regiões mais consolidadas e de ocupação mais antiga, passando pela plataforma rodoviária da cidade, localizada no centro histórico, uma região de intenso comércio popular. A proposta do BRT enquadra-se no esforço por parte do poder público em melhorar a mobilidade e a acessibilidade na RMG, pois consiste em uma grande inversão de recursos financeiros para a expansão do sistema estruturador que teve início no chamado Eixo Anhanguera (Corredor Leste-Oeste), implementado nos anos 1970.

DESAFIOS E POSSIBILIDADES PARA AS ÁGUAS URBANAS NAS CIDADES CONTEMPORÂNEAS A bacia hidrográfica como unidade de planejamento para o desenvolvimento e a reabilitação urbana e ambiental
Eduarda Dias de Berrêdo ; Daniella do Amaral Mello Bonatto
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Esse trabalho tem como objetivo discutir problemas urbanos e ambientais das cidades contemporâneas, apontar legislações que amparam essa discussão e apresentar a infraestrutura verde como possibilidade de enfrentamento de tais problemas. Toma como objeto de análise a Microbacia do Guaranhuns, em Vila Velha-ES - frequentemente vítima de alagamentos e inundações - e propõe a implantação de infraestrutura verde para tratar os problemas e promover uma reabilitação urbana e ambiental. A metodologia aplicada consistiu em: i) revisão bibliográfica; ii) análise das legislações urbanística e ambiental nas diferentes esferas governamentais; iii) pesquisa documental, dados secundários, levantamento em campo e análise urbana e ambiental; e iv) elaboração de diretrizes proposta para implantação de corredores verdes na microbacia estudada. Conclui-se que a infraestrutura verde pode ser um caminho para a reabilitação urbana e ambiental, proporcionando a integração dos elementos naturais com o meio construído e melhorando a qualidade de vida das populações mais vulneráveis.

Governança urbana e financeirização da infraestrutura urbana da cidade do Rio de Janeiro pelos fundos de pensão
Eduardo Lopes Pederneira
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Em decorrência do estrangulamento fiscal de inúmeros países ao longo dos anos 1970/80, novos atores financeiros surgem no cenário econômico, dentre estes atores, estão os fundos de pensão. No caso brasileiro, os fundos de pensão estatais surgem na década de 1970 com o intuito de desenvolver a poupança interna. Após passarem por problemas envolvendo corrupção e serem importantes na privatização de empresas, os fundos de pensão estatais (Petros, Previ e Funcef) tornam-se importantes agentes da financeirização de serviços públicos. No Rio de Janeiro, estes investidores institucionais são detentores das concessões de serviços como Metrô da cidade, veículo leve sobre trilhos, BRT – Transolímpico, linha amarela e rodovia Rio – Teresópolis. Esta pesquisa busca identificar a forte inserção destes investidores na financeirização destes serviços na cidade do Rio de Janeiro, fomentando um novo modelo de governança urbana pautado na presença de parcerias público-privadas.

Processo de Urbanização em Moçambique - África
Ester Tomás Natal Ribeiro
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O processo de urbanização intensificou-se com a revolução industrial, sobretudo nos países chamados hoje de desenvolvidos. Nos atuais países subdesenvolvidos, o processo de urbanização ainda está em curso. O continente africano é o menos urbanizado. Em Moçambique o processo de urbanização está em curso e segundo os dados do III Recenseamento Geral da População e Habitação realizado em 2007, 30% da população reside na área urbana e 70% na área rural. A urbanização em Moçambique ocorreu primeiramente ao longo do litoral. Do litoral para o interior, o processo de urbanização vai rareando, fenômeno que persiste até hoje. O presente artigo aborda a urbanização em Moçambique em dois períodos: antes e depois da independência e o crescimento da população urbana segundo os dados dos censos de (1980, 1997 e 2007). Os objetivos foram alcançados por meio de consulta de referências bibliográficas que abordam sobre a temática.

VIOLÊNCIA URBANA E LIBERDADE INSTRUMENTAL: Um estudo para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro
Fernanda Cavalcante Rangel ; Ana Carolina da Cruz Lima ; Victor Cosenza dos Santos Pereira
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Em face da violência a qual se defrontam os moradores das áreas urbanas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), o objetivo do artigo é analisar privação de liberdade na perspectiva de SEN (2010) a qual seus cidadãos são submetidos. O perfil da violência urbana será delineado com base nos homicídios por ocorrência disponíveis no DATASUS. Essa análise possibilita identificar quais os municípios com maiores privações de liberdade e mais vulneráveis à violência urbana. Técnicas de estatística multivariada – análise hierárquica de grupamentos – serão utilizadas para analisar a relação entre valorização do solo e violência. Os resultados obtidos apontam que a valorização do solo afeta de maneira negativa a violência urbana.

A EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO IMOBILIÁRIA NO ENTORNO DO COMPLEXO INDUSTRIAL E PORTUÁRIO DO PECÉM - CIPP
Francisca Bruna Santiago Viana Cavalcante
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O Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), localizado entre São Gonçalo do Amarante e Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, desencadeou um forte processo de valorização de terras no entorno. Cegos pela promessa de criação de empregos e consequente aumento da demanda habitacional, agentes imobiliários identificaram a região como boa para investir, se apropriando do território de forma avassaladora e veloz. Este artigo busca compreender como se deu a evolução da produção imobiliária no entorno do CIPP, resgatando seu passado veranista e caracterizando novas tendências. Por fim, percebe-se a demanda habitacional como uma questão antiga, apesar de regida por intenções diversas. Contudo, novas soluções são apresentadas devido ao contexto global de hiper mercantilização da terra, que faz com que a questão financeira se sobreponha às reais necessidades da população; e devido ao CIPP como articulador de processos multi e interescalares mais amplos que o que se costumava ter.

REINTEGRANDO DESCONTINUIDADES URBANAS
GILDA AMARAL CASSILHA ; BRENDA BRANDÃO PONTES
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Atualmente grandes metrópoles enfrentam consequências deixadas pela desindustrialização de espaços urbanos centrais, gerando espaços obsoletos em áreas de grande oferta de infraestrutura, mas também dando espaço para novos projetos articuladores. São chamados no presente artigo de descontinuidades urbanas, e mais do que debater sobre suas causas e consequências, que apresenta um ensaio acerca de possíveis caminhos para enfrentar tal problemática. Dessa forma, foi selecionado em Curitiba/PR o eixo da linha férrea próximo ao Parque Jardim Botânico, onde grandes espaços adjacentes aos trilhos encontram-se subutilizados em uma região com grande potencial de conexão urbana, mas que se apresenta como um hiato no tecido urbano. A intenção do ensaio não é buscar a panaceia para problemáticas que cercam as descontinuidades urbanas, mas contribuir para o exercício de materializar soluções, demonstrando caminhos que possam ser percorridos para possíveis respostas a estas situações.

Arco Metropolitano do Rio de Janeiro: as incongruências dominantes.
Gustavo Henrique de Lima Campos ; Jonathas Magalhães Pereira da Silva
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O Arco Metropolitano é uma infraestrutura rodoviária em estudo desde a década de 70, pensado como fator de desenvolvimento socioeconômico para o Estado do Rio de Janeiro e, consequentemente, para as demais escalas nacionais. No projeto inicial previa-se a interconexão de nove municípios da Baixada Fluminense inseridos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ). A obra foi apresentada como etapa essencial ao desenvolvimento da estrutura viária do Estado, sendo essa sua concepção física e discursiva, articulando objetivos próprios e crescentes expectativas. Já na nova concepção da rodovia, com extensão de 145Km, a logística de escoamento de insumos e produtos industriais passa a ser a principal finalidade da rodovia. Considera-se sumariamente a ligação entre dois polos econômico, por um lado o Complexo Petroquímico da Petrobrás (COMPERJ), leste da Baía Guanabara, e de outro o Porto de Itaguaí, a oeste na Baía de Sepetiba. Desta forma, o Arco Metropolitano compele averiguação para compreender sua relação entre objetos e eventos, tendo como principal questionamento ha que agentes serviu a transformação da paisagem ocorrida. Cabe a pergunta: a ação foi marcada pelo querer dominante de determinados grupos ou pela absorção das demandas dos entes federativos locais?

INCORPORADORES IMOBILIÁRIOS E SUAS ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO: características da atuação de promotores de empreendimentos residenciais em Natal/ RN e seu entorno, do período de 2011 a 2016.
Huda Andrade Silva de Lima
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Identifica-se um conjunto de incorporadoras imobiliárias atuando na Região Metropolitana de Natal (RMN) com o propósito de ocupar áreas urbanas e semirrurais por meio de novos empreendimentos residenciais, a procura de influir no mercado local e nas decisões sobre investimentos públicos e privados. Busca-se compreender as estratégias de atuação de incorporadores na RMN, do período de 2011 a 2016, e suas repercussões no setor imobiliário, com base: na análise das especificidades e das diferenciações entre empresas e promotores; nas aquisições de faturamentos e de financiamentos para construção do empreendimento; e, na composição societária e no próprio capital social da empresa que se refletem na dinâmica econômica e imobiliária. Versa-se, também, sobre a aproximação do capital financeiro as empresas locais e as tentativas de organizações de determinadas incorporadoras em se articularem em grupos específicos, por intermédio de parcerias entre investidores nacionais e/ou internacionais.

SUBMERCADOS RESIDENCIAIS EM ÁREAS CENTRAIS TRADICIONAIS Novas espacialidades, ressemantização e obsolescência imobiliária no Recife
Iana Ludermir Bernardino
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As áreas centrais das cidades brasileiras têm adquirido uma importância crescente nas dinâmicas de produção capitalista do espaço, seja por meio da construção de novos imóveis ou da ressemantização de imóveis antigos. No Recife, a intensificação da produção de imóveis residenciais no entorno imediato dos sítios históricos tombados tem adicionado, ao estoque edificado representativo de ciclos produtivos anteriores, imóveis com tipologias semelhantes àquelas já praticadas em outros bairros. O presente trabalho demonstra como se articulam, em áreas centrais caracterizadas pela heterogeneidade do estoque edificado, o mercado de imóveis residenciais novos – correspondentes aos anseios de consumo contemporâneos – e o mercado de imóveis usados, a fim de desvendar como se configuram os submercados imobiliários residenciais. No caso, a gentrificação ou a progressiva desvalorização dos sítios históricos ladeados por novos imóveis podem vir a ser componentes antagônicos da nova dinâmica habitacional nas áreas centrais brasileiras.

A SENSAÇÃO DE SEGURANÇA A PARTIR DA INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS URBANOS DE UMA RUA
Inaiama Aires Medeiros ; Aída Paula Pontes de Aquino ; Pablo Henrique Dias Venturas ; Yona Kaluaná Ferreira de Sousa
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Os espaços públicos devem ser locais agradáveis a todos, tendo em vista que podem ser o ponto principal da relação entre as pessoas formadoras da sociedade. A rua pode ser o principal representante do que é um local público e por isso é necessário que haja a presença de pessoas transitando, permanecendo, conversando ou exercendo alguma atividade. O medo em utilizar a rua é uma das problemáticas que pode estar ligada a falta de elementos urbanísticos capazes de favorecer seu uso e dar mais segurança aos usuários. O estudo realizado no bairro da Liberdade em Campina Grande - Paraíba buscou compreender os aspectos urbanos contrastantes que nele existem. Os elementos urbanos foram estudados através de fotografias e mapas temáticos, sendo escolhidas duas ruas caracteristicamente distintas. Os resultados demonstram a comprovação da relação entre os elementos urbanísticos e a percepção de segurança do usuário, influenciando na permanência ou não de pessoas no espaço.

Disputas socioespaciais em áreas urbanas centrais valorizadas: o caso da Vila Santa Rosa, Florianópolis/SC.
Isabela Braga Martins ; Maria Inês Sugai
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Este trabalho pretende discutir sobre conflitos socioespaciais e a disputa pelo acesso à terra urbanizada, em especial nas áreas centrais valorizadas, receptoras de investimentos públicos. A importância da localização e da moradia em áreas urbanas centrais vem sendo amplamente debatida, contudo, o que se observa é a reprodução dos modelos de cidades desiguais e segregadas, com a população de baixa renda ocupando as periferias, com infraestrutura precária, e as elites tendo acesso às áreas centrais, privilegiadas. Em alguns casos, as camadas sociais de alta renda e as de baixa renda se instalam em espaços geograficamente próximos, em áreas valorizadas. Com a finalidade de elucidar essas questões, será apresentado o caso da Vila Santa Rosa, um assentamento informal situado em terras da União, em um bairro nobre de Florianópolis.

CONDIÇÕES DE ACESSIBILIDADE E INFRAESTRUTURA DO PASSEIO PÚBLICO: Desafios e impactos no sistema único de saúde
Jane da Cunha Calado ; Dayana Brainer da Silva Furtado ; Romildo de Souza Dias ; Cristiano Capellani Quaresma
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O sistema de mobilidade a pé é considerado importante modal de transporte e corresponde ao elemento democrático prioritário no deslocamento. Sustentável e não poluente, produz efeitos positivos na saúde e bem-estar do cidadão. Os obstáculos podem ser observados pelas condições das calçadas, que dificultam a locomoção, sobretudo, de Pessoas com Deficiência (PcD) e população idosa. Apesar da importância do tema, verifica-se na literatura carência de trabalhos que relacionem problemas de infraestrutura urbana, volume de atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) e impacto no orçamento público municipal. O presente artigo visa identificar os efeitos dos acidentes causados pela má conservação das calçadas, nos Prontos Socorros dos hospitais de São Paulo. Adotou-se como parâmetro as diretrizes da NBR9050, levantamento bibliográfico documental, exploratório e de abordagem qualitativa. Concluiu-se que problemas de infraestrutura interferem no conforto e segurança dos pedestres, ainda que estes não configurem o grupo mais vulnerável e suscetível a quedas.

RESILIÊNCIA DO RETROGRADO Entraves na Estrutura de Mobilidade e Circulação para o Desenvolvimento Urbano
Jose Luiz Roge Ferreira Grieco ; Wilson Ribeiro dos Santos Junior
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O modo de vida da população condiciona e é condicionado pelo espaço socialmente produzido, onde a mobilidade das pessoas e a circulação de cargas e mercadorias assumem grande relevância pois definem as infraestruturas urbanas e regionais. O desenvolvimento urbano e econômico foi extensamente pautado pela construção destes sistemas de circulação, opção conhecida como rodoviarismo em meados do século XX, que apresenta rapidamente baixa eficiência e graves fragilidades para atender as demandas sociais, especialmente nos grandes centros urbanos. No Brasil a implantação deste sistema ocorreu de forma desigual e incompleta , na escala do país e nas grandes cidades. Novas soluções não podem mais serem pautadas pelo " rodoviarismo", embora a ações governamentais persistam nesta direção. A flexibilização dos modais, o uso de sofisticadas tecnologias de informação articuladas às formas de organização de uma sociedade cada dia mais digital, poderão romper o paradigma atual contribuindo para um desenvolvimento urbano mais equilibrado.

Saúde urbana e os desafios nas cidades: epidemia de dengue na cidade de Juiz de Fora-MG.
Jucélia de Oliveira ; Francisco Nataniel Batista de Albuquerque ; Roberto Carlos Vital
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O artigo analisa que na era de urbanização, assegurar que as cidades atendam o desenvolvimento de uma vida saudável é uma necessidade urgente. O impacto da urbanização na cidade e no meio ambiente acarreta uma segregação socioespacial e influencia o processo de adoecer. Trata-se um estudo teórico-reflexivo sobre saúde urbana, abordando que os gestores das cidades devem considerar os determinantes da saúde no espaço urbano para a efetivação de estratégicas justas e permanentes no sentido de aumentar a qualidade de vida das pessoas e reduzir os níveis de vulnerabilidade às doenças. A partir do arcabouço teórico, refletimos sobre e epidemia de dengue em Minas Gerais, tendo como estudo de caso a cidade de Juiz de Fora, cujo crescimento urbano desordenado e a segregação socioespacial contribuíram para aumentar o risco de epidemia de arbovírus através do mosquito Aedes agypti que transmite a dengue, Zika vírus, febre chikungunya e febre amarela.

O papel da mulher na prevenção de desastres ambientais: Experiências internacionais e sua aplicabilidade ao contexto brasileiro
Julia Lopes da Silva ; Patricia Rodrigues Samora
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Ao longo das últimas décadas, inúmeros desastres foram registrados no Brasil e no mundo, os quais acarretaram severos danos socioeconômicos e ambientais. A frequência e a intensidade destes eventos vêm aumentando exponencialmente, o que denota a urgência da proposição de caminhos e soluções para tal crise. Estatísticas revelam que mulheres são as mais vulneráveis em situações de desastres. Apesar disto, estas também são as que mais possuem potencial para promoção de mudanças deste cenário. O presente trabalho se apoia no conceito “riscos ambientais socialmente induzidos” para explicitar a vulnerabilidade de extratos sociais específicos a eventos extremos. Em seguida, realizamos um levantamento de iniciativas internacionais que tenham as mulheres como foco de ação. Finalmente, pretende-se estabelecer um diálogo com a atual problemática brasileira de riscos de deslizamentos e enchentes em assentamentos informais urbanos, buscando explicitar a aplicabilidade destas iniciativas internacionais ao contexto nacional.

Periferias contemporâneas: territórios populares nas franjas da Zona Norte paulistana
Larissa Gdynia Lacerda ; Débora Grama Ungaretti ; Martim Ferraz Costa Furtado ; Paula Freire Santoro
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O artigo é um primeiro resultado da pesquisa desenvolvida pelo LabCidade/FAUUSP, que tem como objetivo a elaboração de uma leitura sobre territórios populares atingidos por processos de reestruturação territorial em curso na metrópole paulista. A partir de incursões etnográficas realizadas em ocupações de moradia estabelecidas no entorno das obras do eixo norte do Rodoanel, são apresentadas reflexões preliminares sobre as dinâmicas e os atores que produzem e transformam esses territórios. As desapropriações para realização das obras, que incidiram sobre o nó fundiário da região, resultaram não só em novas dinâmicas territoriais em grande escala, mas também em conflitos fundiários que contaram, por um lado, com a remoção das populações de assentamentos irregulares e, por outro lado, com o estabelecimento de novas ocupações de moradia em seu entorno, reproduzindo um cenário de precariedade e transitoriedade das famílias que habitam os territórios populares.

Financeirização e produção do espaço urbano no Porto Maravilha, Rio de Janeiro/RJ: neoliberalismo às avessas?
Letícia Giannella
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O artigo tem como objetivo problematizar a produção da cidade neoliberal no contexto latino-americano, tomando como ponto de partida o caso emblemático do Porto Maravilha, na cidade do Rio de Janeiro. Frente ao possível fracasso da operação, do ponto de vista social e financeiro, buscou-se compreender a dialética particularidade-totalidade na implantação do modelo de cidade neoliberal no contexto carioca. Para tanto, o artigo se inicia com uma discussão sobre o modelo, enfatizando o processo de financeirização urbana; passa pelos mecanismos presentes na legislação brasileira que possibilitam este processo; dialoga esses mecanismos com o caso da OUC do Porto do Rio de Janeiro; e debate sobre os agentes envolvidos no caso em questão, destacando quem perde e quem ganha com a operação. Conclui-se que é possível falarmos de um neoliberalismo às avessas, uma vez que se trata de um processo que favorece grandes empresas brasileiras articuladas a agentes políticos locais.

A RELAÇÃO ENTRE CAPITAL E ESTADO NO CONTEXTO DA FINANCEIRIZAÇÃO URBANA: O caso do Edifício L’Oréal no Porto Maravilha, Rio de Janeiro/RJ
Marcela Larissa Apolinario Mian ; Letícia de Carvalho Giannella
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Este trabalho analisa a relação entre capital e Estado a partir da Operação Urbana Consorciada do Porto do Rio de Janeiro, um projeto de revitalização que será considerada sob a ótica da conjuntura político-econômica neoliberal. A hipótese considerada é que o discurso usado para implementar a OUC aqui estudada— baseado na ideia de que a abertura para o mercado mundial atrairia investimentos externos, sendo uma possibilidade de poupar os cofres públicos— foi uma falácia utilizada para legitimar um projeto pensado e desenvolvido para assegurar ganhos de um restrito núcleo de agentes locais, que obteriam vantagens independentemente do fracasso da operação. O objetivo deste trabalho, assim, foi elucidar alguns sujeitos envolvidos e a relação destes com o Estado. Operacionalizamos a investigação da hipótese nos debruçando sobre o estudo de caso de um edifício de alto padrão, capaz de correlacionar um agente internacional a agentes locais: o Edifício L´Oréal. A partir dele procuramos identificar quem ganha e quem perde com sua consumação.

ESTUDOS PARA A DESATIVAÇÃO DO ELEVADO JOÃO GOULART, E O PROCESSO DE CRIAÇÃO DA LEI DO PARQUE MINHOCÃO
Maria Laura Fogaça Zei ; Tatiana Tucunduva Philippi Cortese ; Cíntia de Castro Marino ; João Alexandre Paschoalin Filho
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Este artigo busca trazer à luz a discussão a respeito do Minhocão, elevado viário inaugurado na década de 70 no século passado e que perdura há mais de 40 anos. Tem por objetivo apresentar os diversos pontos de vista da sociedade civil a despeito do seu destino, além dos previstos na legislação municipal. A metodologia adotada foi a análise qualitativa dos dados apresentados, tanto o relatório apontado pela CET, que elaborou estudos de demanda e modelagem em dois momentos, 2010 e 2014, assim como o projeto de lei n. 10 (2014) para criação do parque. A intervenção foi prevista no Plano Diretor da Cidade de São Paulo, Lei n. 16.050 (2014), com prazos para sua completa desativação, sua demolição ou transformação parcial ou integral em parque. Será apresentada, por fim, a promulgação da Lei n. 16.833 (2018), que cria o Parque Minhocão, atendendo aos anseios de uma parcela da sociedade civil favorável à transformação do uso e permanência deste equipamento para a cidade e para os cidadãos.

A questão da terra em áreas centrais: desenvolvendo o tema através da nova produção imobiliária no centro de São Paulo.
Maria Pia Quagliato Egreja Quagliato
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O presente artigo tem como objetivo desenvolver um referencial teórico mais aprofundado dos conceitos que permeiam a discussão sobre o tema do retorno da atividade imobiliária à região central de São Paulo e a valorização da terra nesse caso. Entre os principais conceitos abordados estão a valorização da terra, o rent gap, a reestruturação urbana e fronteira urbana. O artigo consiste em uma revisão bibliográfica acerca do tema da terra das áreas centrais e sua apresentação como barreira ou como impulso para a produção imobiliária. Para a discussão da condição de impulso, o artigo se utiliza dos argumentos de Neil Smith, resgatando os apontamentos de Henri Lefebvre acerca dos fatores que determinam a terra como comercializável, considerando seu valor de troca e especulação. Em contraponto, serão expostos os argumentos de Samuel Jaramillo, que coloca a terra central no papel de barreira para a produção imobiliária privada. O artigo está dividido em três partes: a primeira se trata de uma problematização teórica, expondo os argumentos dos autores; a segunda discute o caso do centro de São Paulo, expondo como a terra é superada como barreira e torna-se impulso; e por último, serão feitas as considerações finais resultantes da articulação entre a revisão bibliográfica e a aproximação empírica do estudo de caso.

A METODOLOGIA DESPERTAR A busca por um planejamento urbano focado nos usuários do lugar a partir do urbanismo colaborativo
Mariana Araújo de Oliveira ; Carla Camila Girão Albuquerque
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Este trabalho aborda a confecção da Metodologia Despertar, uma metodologia de Urbanismo Colaborativo cujo objetivo é a realização de um diagnóstico e Plano para bairro em conjunto com a comunidade. Elencando características, talentos e materiais locais e buscando efetivar propostas que dinamizem o cotidiano, potencializem espaços apontados pela população e integrem no processo a ideia de pertencimento a uma comunidade, a metodologia foi cunhada de forma preliminar e aperfeiçoada a partir de uma aplicação no bairro Vila Neuma, em Iguatu-CE, em ocasião de um Trabalho de Conclusão de Curso. A iniciativa permitiu compreender a forma de comportamento dessa população e fortalecer o consenso de união comunitária a partir da grandeza do fazer, buscando atuar como um adendo aos métodos colaborativos emergentes na construção de um planejamento urbano que busca envolver todos os agentes no pensamento de soluções em prol de cenários positivos para as cidades.

Grandes projetos urbanos à procura de um plano de cidade: Contradições e fragilidades na elaboração de operações urbanas consorciadas em Florianópolis, SC
Marina Toneli Siqueira ; Anna Flávia Pereira Lopes ; Julia Hoffmann Buratto
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O Plano Diretor de 2014 de Florianópolis, fruto de longo e polêmico processo de elaboração, introduz na cidade os instrumentos previstos pelo Estatuto da Cidade. Utilizando como objeto de análise as propostas de operações urbanas consorciadas (OUCs), esse trabalho demonstra tanto dificuldades na compreensão desse novo instrumento, quanto a manutenção de antigas práticas do planejamento urbano local. Por um lado, a priorização do sistema viário e a falta de elementos de valorização ambiental e melhoria social, como previsto no Estatuto, reproduzem padrões de uso e ocupação do solo. Por outro, a localização de perímetros em aterros públicos dificulta a definição da estrutura de contrapartidas e incentivos para o setor privado, enquanto existem inconsistências com a previsão de utilização de recursos fora do perímetro dos projetos. O presente trabalho, portanto, expõe a necessidade de repensar as OUCs em Florianópolis, sua viabilidade e os objetivos a serem alcançados para a cidade como um todo.

URBANIZAÇÃO, CIDADES E OS ESPAÇOS DA FINANCEIRIZAÇÃO.
Marlon Altavinide Abreu
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Os objetivos do presente trabalho buscam analisar e debater os nexos que conectam as diferentes rodadas de aproximação entre o ambiente construído urbano a uma lógica de rentabilidade própria das finanças, submetendo a propriedade imobiliária e a cidade a uma formatação cada vez mais alinhada às dinâmicas do mercado financeiro. Estes objetivos visam compreender as conexões entre a expansão e alargamento dos contextos de valorização dos negócios imobiliários sob o conjunto das cidades brasileiras através de uma leitura espacial da distribuição dos ativos securitizados no território nacional. Deste modo, o enfoque privilegiado almeja compreender a inflexão nas estratégias econômicas associadas ao financiamento habitacional no Brasil, que submete direitos creditícios originados pelo financiamento habitacional, contratados pela Caixa Econômica Federal, a uma lógica de rentabilidade própria de ativos financeiros a partir da securitização destas dívidas. Para tanto, com enfoque em uma análise da dimensão busca caracterizar: a) as particularidades associadas aos momentos de inflexão desta lógica financeira que passa a estender-se em escala nacional, verificando os tempos, a intensidades e a extensão desta inserção; b) e a disseminação de títulos de base imobiliária, em particular os Certificados de Recebíveis Imobiliários, considerando os empreendimentos que lhes dão lastro em seus usos (residencial e comercial) e suas localizações.

RELAÇÕES DE PODER NO PLANEJAMENTO URBANO Uma análise dos desenhos institucionais dos órgãos da política urbana de Curitiba
Matheus Mafra
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Item privilegiado tanto no âmbito legal, quanto nos discursos oficiais, os planejamentos urbanos no Brasil tardam a ser cumpridos. Em Curitiba, de primeira análise, o sucesso na implementação de seu planejamento ocorreu após históricas alianças com setores específicos da cidade, principalmente aqueles relacionados ao capital industrial e imobiliário. Todavia, contemporaneamente, serão esses os mesmos setores a demandar uma flexibilização nos parâmetros de desenvolvimento urbano. Considerando tal realidade, o presente artigo visa analisar como essas relações de poder influenciam no desenho institucional dos principais órgãos da política urbana curitibana, sendo eles: Instituto de Pesquisa de Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), Conselho Municipal de Urbanismo (CMU) e Conselho da Cidade de Curitiba (CONCITIBA). A análise em questão demonstra como determinados sujeitos possuem maior transição entre órgãos oficiais do que outros, em detrimento de uma gestão democrática.

O “mito do desenvolvimento econômico” e seus reflexos sobre a política urbana
Melissa Ronconi de Oliveira ; Stella Harumi Okumura
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Dada a necessidade do resgate teórico sobre o projeto de país, propomos partir de alguns conceitos importantes da obra de Celso Furtado, especialmente após 1970, e entender como eles se relacionam com a temática do urbano. Objetiva-se, portanto, discutir os impactos urbanos das políticas desenvolvimentistas a partir de conceitos-chave do autor, dialogando com as principais contribuições ao estudo do urbano no Brasil e na América Latina. A questão central colocada é problematizar de que modo as políticas urbanas e o desenvolvimentismo em geral contribuíram para reforçar uma noção de desenvolvimento baseada na busca pela reprodução do padrão de vida de outras sociedades, negligenciando aspectos locais e os impactos sobre o urbano. Nossa hipótese é que, na busca pelo suposto “desenvolvimento”, ignoraram-se particularidades locais e se produziram efeitos negativos em termos sociais e ambientais, sem nem sequer se aproximar do padrão de consumo dos países ditos desenvolvidos.

O Idoso na Cidade - um panorama do idoso na cidade de Fortaleza
Natália Maria Moura Medeiros
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Esse artigo traz como principal objeto de estudo a produção do espaço urbano sob a perspectiva do idoso e seus principais impactos no processo de envelhecimento. Em meio a uma população mundial, onde os hábitos e modos de vida, aliados ao avanço da medicina, repercutem no aumento da longevidade, ao mesmo tempo em que as taxas de natalidade decrescem, faz-se uma reflexão acerca de como o contexto urbano deve repercutir no processo de envelhecimento populacional. A partir da pesquisa de campo no bairro Mondubim, em Fortaleza, foram avaliados os impactos territoriais e sociais das melhorias infraestruturais impostas pelo Governo, e como elas podem representar barreiras frente à população mais fragilizada. Tendo o Guia Global de Cidades Amigas do Idoso como premissa, procura-se oferecer uma alternativa ao processo de produção do espaço urbano. Busca-se contribuir para o modo de pensar o envelhecimento, apresentando possibilidades viáveis de interagir com a cidade e a sociedade.

APONTAMENTOS SOBRE A AVALIAÇÃO DE IMPACTO DE POLÍTICA PÚBLICA DE SANEAMENTO BÁSICO NA BAIXADA FLUMINENSE
Nathália de Castro Abreu ; Maria Viviana de Freitas Cabral
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Esse trabalho objetiva-se a abordar, de forma preliminar, uma avaliação dos serviços de saneamento básico, especificamente o esgotamento sanitário, na Baixada Fluminense e a relação da implementação do Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara – PSAM com a possível melhoria deste serviço na região. Dentre os serviços de saneamento básico, aquele que mais se destaca pela ineficácia de atendimento é o esgotamento sanitário, mesmo este tendo impacto positivo na qualidade de vida da população. As informações estatísticas sobre o este serviço na Baixada Fluminense, região mais vulnerável do estado do Rio de Janeiro, comprovam a incipiência do esgotamento sanitário. Por este motivo, promover uma análise sobre saneamento básico, principalmente acerca do esgotamento sanitário na Baixada Fluminense, é imperativo para a melhoria da eficácia das políticas públicas em execução e para a melhoria dos indicadores sociais da região.

Os meios justificam os meios? O lugar das pessoas e da Natureza no Desenvolvimento Urbano
Pablo Pimentel Pessoa ; Rômulo José da Costa Ribeiro
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Os sentidos do progresso urbano representam um conjunto de possibilidades de futuro que se apresentam de forma desigual às diferentes sociedades urbanas. Assim como as nações e seus governos automatizam a busca de objetivos supostamente consensuais, as cidades também orientam-se para o alcance de determinados fins não necessariamente pactuados coletivamente. Esse estudo tece uma crítica aos sentidos hegemônicos do Desenvolvimento Urbano, considerando suas heranças do campo da Economia Clássica, sobretudo da perspectiva do processo de urbanização periférica latino-americana. Dessa forma, são abordados os problemas centrais resultantes da transposição às escalas urbanas da crítica aos modelos de Desenvolvimento destinados aos países do Sul. Sugere-se, por fim, a conceituação do processo de urbanização reflexiva como princípio de pós-desenvolvimento urbano capaz de internalizar o respeito às preexistências humanas e naturais. Complementarmente, aplica-se as ferramentas analíticas apresentadas às interpretação das contradições existentes nos termos propostos pela Nova Agenda Urbana da ONU-HABITAT.

UM RECIFE QUE DEVORA PELAS BORDAS: DECIFRANDO CONFLITOS E DISPUTAS EM ENTRA APULSO
Pedro Ernesto Chaves Barbosa
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Esta pesquisa traz uma abordagem preliminar dos conflitos e disputas que pouco a pouco transformaram e estão transformando o território da ZEIS do Entra Apulso em Recife (PE). Esse estudo busca, através da revisão bibliográfica de estudos anteriores e análise de documentos observar como os agentes que atuam nesse território produzem transformações e permanências no âmbito da conquista, negociação, redução e expansão de direitos que ocorreram nas últimas décadas.

INADEQUAÇÃO FUNDIÁRIA URBANA E SUPEREXPLORAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO NO CAPITALISMO DEPENDENTE BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO (2003-2015)
Pietro Calderini Aruto ; Raul da Silva Ventura Neto
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A atual crise política e econômica brasileira realça tendências e características históricas do subdesenvolvimento brasileiro, em várias dimensões sociais e espaciais. Entre elas, encontram-se a segregação espacial, o déficit habitacional e a inadequação domiciliar. Do ponto de vista da produção do espaço urbano, a atual crise apenas coloca em primeiro plano algo que sempre permeou a história e o espaço brasileiro, inclusive durante o auge do crescimento econômico no final da década de 2000: a desigualdade socioespacial e as condições de vida degradantes a que são submetidas grande parte da população trabalhadora brasileira nas cidades. Defende-se neste artigo que esses espaços, tradicionalmente enquadrados pelo pensamento crítico brasileiro como informais, dada as condições espontâneas da ocupação da terra, representam em toda sua resiliência uma das mais evidentes materializações da superexploração da força de trabalho (SFT), e uma das principais particularidades da formação socioespacial brasileira.

BRAZIL CORP.: Panorama da produção e administração privada da infraestrutura aeroportuária brasileira
Rafael Kalinoski ; José Ricardo Vargas de Faria
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Este texto busca apresentar novos agentes envolvidos na produção da infraestrutura aeroportuária brasileira e discutir quatro hipóteses a respeito do novo modelo de administração desses serviços por agentes privados: a financeirização da infraestrutura aeroportuária, a internacionalização do setor, a governança pró-mercado e o uso das concessões como eufemismo para privatizações. O texto explora modelos de arranjos financeiros por trás das concessões desde a primeira experiência, consolidada em 2012, até as concessões em blocos, ainda não consolidadas. Esses arranjos financeiros denotam uma mudança no perfil das empresas atuantes nas concessões, de consórcios diversificados compostos majoritariamente por capital nacional para empresas de capital fechado, estrangeiras, atuando individualmente. Junto desse metabolismo do capital que ocorre no setor de administração aeroportuária, ocorrem reflexos na urbanização das maiores metrópoles do país e recria-se um rol de impasses de gestão do território urbano, conformando em novos desafios para velhos problemas do desenvolvimento urbano no Brasil.

ÁREAS URBANAS EM BEIRA D`ÁGUA Análise de Integração dos Açudes Velho e de Bodocongó com a Cidade de Campina Grande, PB
Rafaela Cristina Sander ; Yuri Vieira Brandão Ferreira ; Shalana Santos Carvalho ; Mauro Normando Macedo Barros Filho
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O presente artigo consiste em avaliar a integração dos Açudes Velho e Bodocongó em Campina Grande. Mais especificamente, busca analisar como a forma urbana gerada pelos espaços livres e edificados nas áreas próximas dos referidos açudes, interferem na apropriação dos mesmos pela população. Métodos foram aplicados para analisar as interfaces público-privado nos lotes lindeiros aos corpos d`água. Parte-se do pressuposto de que a forma, planejada ou não, como os espaços são edificados e conectados entre si gera diferentes níveis de integração do açude com a cidade, o que pode facilitar ou dificultar o reconhecimento, a valorização e a apropriação do mesmo pela população. Os resultados obtidos contribuem para melhor compreensão do processo de produção do espaço urbano e como o mesmo se relaciona com os seus recursos hídricos, de modo a auxiliar na formulação de diretrizes urbanísticas mais sustentáveis que considerem e incorporem os corpos d`água no planejamento e desenho das cidades.

Planejamento Urbano: Uma análise de Teresina sob a ótica dos planos diretores
Rayane Portela Monteiro ; Caroline Arabela Leão Carvalho ; Brenda Rachel Soares Martins ; José Hamilton Lopes Leal Junior
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O Estatuto da Cidade, Lei Federal Nº 10.257/2001, através da regulamentação do Plano Diretor e de outros instrumentos fortaleceu as diretrizes da política urbana. O plano diretor surge como instrumento urbanístico básico, de modo a facilitar a comunicação entre os diversos atores sociais dentro da dinâmica urbana. Teresina, situada no Piauí, ergueu-se como capital planejada, e tem como Plano Diretor vigente a Agenda 2015. Em fase de aprovação está a Minuta do PDOT 2018, oriunda da Agenda 2030, apresentando diversas mudanças em relação ao plano atual. Este trabalho objetiva analisar as diretrizes presentes na Minuta e compara-las às implementadas pela Agenda 2015, verificando a existência de continuidade. Embora apresentem formas de elaboração e estruturas diferentes, o que reflete diretamente na aceitação por parte dos atores e na aplicabilidade, observa-se uma forte semelhança em relação à participação popular e ao processo de elaboração dos dois planos. Contudo, conclui-se que a Agenda 2015 possui uma visão tradicional do planejamento urbano, e o PDOT busca uma abordagem holística frente aos aspectos urbanísticos, inserindo um novo modo de pensar a cidade.

ASFALTO CONVENCIONAL OU PERMEÁVEL? Viabilidade técnica na prevenção de enchentes
Rodrigo Azevedo Gonçalves Pires ; Bruna Brandini Carrilho ; Wilson Levy Braga da Silva Neto ; Rafael Golin Galvão
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A urbanização no Brasil, ocorreu de forma acelerada, desordenada e associado à falta de planejamento, contribuindo para o desequilíbrio hidrológico das bacias hidrográficas. A impermeabilização do solo é fator determinante para a ocorrência de enchentes e inundações, causando prejuízos ambientais, sociais e econômicos. Diante disso, surge a necessidade de buscar soluções para a mitigação do problema, pela utilização de materiais de recobrimento alternativos, como o asfalto permeável. Neste estudo, realizou-se levantamento bibliográfico e documental, para identificar os benefícios e limitações do asfalto permeável em áreas urbanas. Comparou-se os asfaltos permeável e convencional, quanto a permeabilidade e resistência. Os resultados mostraram vantagens no uso do asfalto permeável quanto à capacidade de infiltração e desvantagens, quando comparada sua resistência. Tais conclusões tornam-se superficiais, uma vez que os estudos existentes não contabilizam custos diretos e indiretos das inundações urbanas, quando em asfalto convencional e sistemas de drenagem ineficientes.

A MOBILIDADE URBANA E A ACESSIBILIDADE NO CONTEXTO DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL OU COGNITIVA: UM ESTUDO DE CASO DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE) DE SALVADOR/BA
RODRIGO RODRIGUES COUTINHO DE CARVALHO MACEDO ; DIOGO GUEDES FIGUEIREDO ; Matheus Bento dos Santos Abreu ; Rafael Amorim Viana de Moura
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Os estudos sobre mobilidade urbana e acessibilidade no contexto dos portadores de deficiência intelectual ou cognitiva são escassos. Mobilidade urbana se retrata como o conjunto de condições nas quais a locomoção das pessoas se realiza num centro urbano ou metrópole, logo deve atender os critérios também dos que apresentam mobilidade reduzida. A macro acessibilidade para os portadores de deficiência intelectual ou cognitiva é um ponto pouco abordado em pesquisas. O presente trabalho pretende apresentar uma visão sobre a questão da mobilidade dos portadores de deficiência intelectual aos centros educacional (CEDUC) e profissionalizante (CEFAP) da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Salvador/BA, identificando os problemas de mobilidade urbana e acessibilidade enfrentados pelos portadores de Síndrome de Down.

CIDADES MÉDIAS, ÁREAS URBANAS FUNCIONAIS E DINÂMICA REGIONAL: UMA ANÁLISE A PARTIR DOS FLUXOS PENDULARES NA REGIÃO DOS VALES-RS
Rogério Leandro Lima da Silveira ; Grazielle Betina Brandt ; Carolina Rezende Faccin ; Nicolas Giacometti
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Aborda-se o uso analítico e metodológico do conceito de áreas urbanas funcionais (FUAs) para compreender a centralidade das cidades médias e seu papel na orientação e dinâmica dos fluxos pendulares no território, na escala regional. A partir de estudo exploratório na região dos Vales-RS, usando microdados do IBGE sobre deslocamento pendular para trabalho, analisa-se a existência de áreas urbanas funcionais, sua configuração espacial, os principais fluxos e as interações socioespaciais entre as cidades da região. Observa-se a constituição das FUAs de Santa Cruz do Sul e de Lajeado, evidenciando incipiente e desigual conteúdo policêntrico na região, através da orientação, intensidade e conteúdo dos deslocamentos pendulares para essas duas cidades. Tais fluxos, além de explicitar a centralidade de ambas cidades médias na dinâmica urbana regional, também evidenciam as transformações da divisão territorial do trabalho e seus reflexos no território.

Mudanças recentes na dinâmica imobiliária residencial em São Paulo
Rossella Rossetto ; Eduardo Donizete Pastrelo
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O artigo apresenta uma análise sobre a produção imobiliária residencial na última década em São Paulo, com base nas informações disponibilizadas pela Embraesp. A partir de 2004 houve uma forte elevação na produção formal da habitação em decorrência da articulação do mercado imobiliário com o mercado financeiro, associada ao crédito farto e a um ambiente de segurança legal. Paralelamente ocorrem mudanças na distribuição espacial dos lançamentos imobiliários, com a oferta de novos imóveis do segmento econômico. Nesse contexto, o centro da cidade tornou-se uma das principais concentrações de novos lançamentos, após décadas de estagnação. Os empreendimentos localizados no centro caracterizam-se por uma tipologia especifica: apresentam alta densidade construtiva e apartamentos com área muito reduzida. Essa tipologia por sua vez, além de responder a um nicho de demanda, pode ser outra forma de atuar no segmento econômico: redução de área dentro dos limites teto de financiamento.

THE ROLE OF SOCIAL CONTROL IN BRAZILIAN HOMICIDE RATES (1991-2010)
Sandro de Freitas Ferreira ; Suzana Quinet de Andrade Bastos ; Admir Antonio Betarelli Junior
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Violent crime in Brazil have grown since the 1980s. The state authorities are unable to ubiquitously monitor illegitimate activities. Less effective and more territorially diffused, social controllers can act as a primary control by socializing positive (negative) beliefs of adhering (violating) to rules. The criminal-deviance density of a place could carry information about the moral cost of entering the crime "industry", because the levels of transgression can indirectly signal the level of this deterrence. We analyze the qualitative effect of social control to illegitimate choices, along with state deterrence. In a sample of comparable minimum areas, the latent factors were extracted from a set of rules-breaking phenomena (defined as "devianceness by incapacitation", "family-religious devianceness" and "adult educational devianceness"), by exploratory factor analysis, then associated with homicide rates by fuzzy-set qualitative comparative analysis. High family-religious devianceness (lower coactivity) is consistently associated with high homicide rates, when combined with high law enforcement.

DEBUNKING THE MYTH OF SOCIOECONOMIC INTEGRATION: Exploring cross-class interactions between shanty-town dwellers and their affluent surroundings in Salvador, Brazil
Stephan Treuke
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We will explore the impact of neighborhood effects on the individuals’ living conditions in three shanty-towns of Salvador, addressing the question whether the proximity to affluent gated communities fosters their socioeconomic integration. Gated communities have accounted for an increasing part of spatial subdivisions in Salvador; hence the desideratum for an assessment on their impact on patterns of segregation. Inferring from interviews, widened opportunity structures, encompassing jobs and the access to high-quality urban services, can be confirmed in Calabar, whereas the inhabitants of Vale das Pedrinhas and Bate Facho draw less benefits from their surroundings. The access to opportunity structures is conditioned upon the shanty-town’s degree of functional autonomy and embracement, the perception of isolation and the impact of crime. We conclude that segregation patterns have occurred in scale but not in function, social distance being maintained by segmentation and enclosure.

Onde Os Fatos Não Tem Vez: Uma Análise acerca das Fake News Divulgadas na Greve dos Caminhoneiros e a Construção do Imaginário Urbano do Medo
Suelen Mazza Batista ; Sérgio Carvalho Benício de Mello
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Nos dias 21 a 31 de maio de 2018, o Brasil vivenciou a greve dos caminhoneiros. Tais movimentações foram marcadas pelo intenso compartilhamento de Fake News nas redes sociais, além disso, um cenário de imobilidade e pânico foi instaurado nas cidades. Com o objetivo analisar como notícias falsas compartilhadas na greve dos caminhoneiros contribuíram para a construção de um imaginário urbano do medo, foram escolhidas 5 (cinco) notícias que causaram temor na população. A partir da Análise do Discurso, foi possível compreender que as Fake News, criadoras e criaturas da era pós-verdade, estão conduzindo as pessoas para uma nova ontologia, na qual os fatos têm uma importância secundária. Os grupos que detém poder sob a produção das Fake News obtém controle sobre a construção da realidade humana. Portanto, ao ressaltar o medo à cidade, as notícias falsas criam uma barreira invisível que isola as pessoas, fazendo-as entrar num processo crescente de enclausuramento doméstico e individualismo.

MOBILIDADE E DESENVOLVIMENTO - Análise da construção da mobilidade urbana na cidade de Aracaju
Syslayne Carlos da Silva Costa ; Tony Santos da Silva ; Rooseman de Oliveira Silva
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Desde muito tempo as cidades se firmaram como referência na vida humana. Todas as relações no espaço de convivência repercutem na qualidade de vida de milhões de pessoas. Nesse contexto a mobilidade urbana se destaca por dar condições aos cidadãos para usufruir dos bens e serviços, um direito de todos. Esta compreensão sobre o conceito de mobilidade urbana permite a leitura do processo de crescimento das cidades. De forma local permite uma análise do processo de consolidação da cidade de Aracaju. Através da análise de dados relacionados a circulação de veículos, em bairros centrais deste município, é possível entender como a ocupação do solo está profundamente ligada a forma de desenvolvimento. A partir da leitura da percepção do cidadão sobre mobilidade pode-se buscar propostas de transformação, para a realidade complexa que marca os centros urbanos no tocante ao direito de ‘ir e vir”. Assim, é possível criar um contexto urbano com acesso igualitário e sustentável a toda a população.

Avaliação do Índice de Caminhabilidade do Centro Histórico de Ouro Preto
Tâmara Carvalho Brandão ; Marcela Santos da Silva
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A qualidade do deslocamento do pedestre encontra-se intimamente ligada às condições do espaço urbano. A caminhabilidade surge como uma ferramenta para avaliar a qualidade e estabelecer como os aspectos do ambiente urbano influenciam no deslocamento de pedestres. Para tanto, o ITDP Brasil (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento) desenvolveu o Índice de Caminhabilidade (iCam) em 2016, e publicou sua versão atualizada em 2018. Este estudo aplica essa última versão do iCam para analisar vias e avaliar as qualidades do espaço urbano sob a ótica do pedestre no centro histórico de Ouro Preto (MG), considerando que melhorias nas condições do ambiente urbano são essenciais para tornar o caminhar e a permanência em espaços públicos mais seguros e propícios. A partir de análises de dados coletados e pesquisa de boas práticas, pretende-se identificar condicionantes à mobilidade e aspectos do percurso para propor soluções integradas e medidas de intervenção para a área.

A SEGREGAÇÃO E AS NOVAS CENTRALIDADES: Uma sintática das desconexões urbanas – Lavras/MG
Tatiana Leal Andrade e Teixeira ; Renato Ferreira de Sá ; Giovani Salomão Teixeira
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Ainda que dotadas de um Plano diretor, as cidades atuais mantiveram o costume de urbanizar sem planejar ou ficaram reféns de legislações pouco eficientes. A formação de espaços segregados tendencionam o recebimento de menores fluxos e pessoas e seu valor como terra-mercadoria é menor que a de espaços integrados. A morfologia urbana é a principal geradora de padrões de movimento. Estes padrões por sua vez, atraem determinados tipos de usos, consolidando a partir daí certa vocação para o espaço. De acordo com a Sintaxe Espacial, não bastaria apenas, levar até ele atratores como comércios e serviços para que os usos se estabeleçam. Após mapeamento e análise de áreas periféricas, fica evidenciado a falta de conectividade do novo empreendimento com a malha urbana existente, a incapacidade da infraestrutura do entorno em receber aumento populacional e a identificação das consequências imediatas da implantação da ‘nova centralidade’.

A OUCPM NOVE ANOS DEPOIS: Por onde sopram os ventos?
Thiago Araujo do Pinho ; Paula Cardoso Moreira
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A área portuária do Município Rio de Janeiro tem sido palco de grandes transformações nos últimos anos que já alteram de maneira significativa a paisagem urbana do lugar. Essas transformações são apenas uma das faces de um processo complexo de interação entre a acumulação capitalista e a construção do espaço urbano. O presente trabalho tem como objetivo central examinar o estado atual da OUCPM, identificar, mapear e qualificar alguns dos principais agentes atuantes na região e avaliar a evolução de sua dinâmica imobiliária. Sendo assim, a primeira seção faz apontamentos sobre o aparato político-institucional e econômico-financeiro adotado e na segunda sobre os diferentes agentes envolvidos. Na terceira discutimos a dinâmica imobiliária da região, buscando refletir a partir de distintas fontes de dados sobre a evolução dos preços praticados e a evolução dos preços dos imóveis. Na quarta seção propomos uma reflexão sobre as distintas espacialidades, onde apresentamos uma tipologia. Por fim, são feitas as considerações finais quem desafios a pesquisa futura e questões sobre o momento de interstício atual da operação urbana.

ESTRATÉGIA GLOBAL-LOCAL E REFLEXOS NO 4º DISTRITO DE PORTO ALEGRE
Vanessa Marx ; Gabrielle de Araújo ; Vitoria Gonzatti de Souza
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Neste artigo buscamos demonstrar, a partir do caso do 4º Distrito de Porto Alegre, que a estratégia global-local na cidade passa por influências diretas de atores transnacionais, de projetos internacionais ou de alianças entre atores locais e transnacionais. Ao mesmo tempo, agentes locais fazem lobby e pressão para que as leis sejam modificadas, visando uma operação mais rápida e eficaz para as forças do capital transnacional e nacional. As modificações no Plano Diretor e na legislação de parcerias público-privadas na cidade são um exemplo concreto disto. No caso em questão buscamos demonstrar como o 4º Distrito historicamente vem sofrendo influências globais e locais para a transformação de seu território. Assim, pensamos que o desenvolvimento urbano na cidade passa por uma relação dialética entre um território permeado por velhos problemas e novos desafios na medida em que a diversidade de atores sociais torna mais complexa a perspectiva relacional dos agentes.

O circuito imobiliário no capitalismo dependente contemporâneo: financeirização ou exacerbação da lógica do capital de incorporação?
Vitor Hugo Tonin
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Este trabalho debate o tema da financeirização da produção do espaço urbano a partir da análise das categorias de circuito imobiliário e do capital de incorporação em países dependentes. Parte-se de uma caracterização abstrata das fases do circuito imobiliário (ciclo do capital na produção do espaço urbano) e como que de suas contradições emerge o capital de incorporação. Em seguida, verifica-se sua evolução em sociedades dependentes e periféricas. Busca-se suprir uma lacuna na história do pensamento urbano: articular as análises sobre o capital de promoção imobiliária com a teoria marxista da dependência, caracterizando o ciclo do capital imobiliário a partir das categorias de superexploração da força de trabalho e da renda da terra. Por fim, se analisa as transformações do circuito imobiliário em países dependentes no atual padrão de reprodução mundial do capital: o neoliberalismo e como se articula a categoria de financeirização.

Local Masterplan: Mediation instrument of urban scales and overcoming spatial dilemmas between Node and Place
Yara Cristina Labronici Baiardi ; Luiz Fernando Hagemann
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This paper discusses what are the spatial dilemmas between NODE OF TRANSPORT and PLACE and the role of the Local Masterplan as an important urban instrument that could overcome it. In this scenario, the station area may be the basis of spatial tensions, but also can be considered a strategic point for the urban structuring and spatial transformation of a territory. Supported by the formulations of Contemporary Urbanism, as well as in the spatial guidelines that are being implemented in several European cities for the spatial remodeling of strategic train stations, this paper analyzes Stratford Station Area (London) as a case study. Stratford Station, which driven from Olympics Games of 2012, had accelerate overcome spatial dilemmas especially by “Local Masterplan”, an articulator urban instrument decisive for the spatial transformations providing an alternative to the Brazilian model of planning.

ST 13 - Abordagens Sobre a Cidade e o Urbano
CIDADES PRA QUEM? Observando a distopia e projetando o imprevisível (e/ou a utopia) por meio da arte urbana
Ademir França ; Lucas Sabino Dias ; Evandro José de Oliveira de Andrade ; Marcelo Cabral Vaz
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Observando a distopia da cidade contemporânea, que se apresenta cada vez mais com espaços divididos e com menores possibilidades de convívios sociais em espaços públicos, e, diante das investigações do espaço urbano, percebemos que a arte no espaço público proporciona uma forma de construir uma ponte com a população. Esta abordagem sobre a espaço urbano caminha não no sentido de impor ou se conformar com consensos pré-estabelecidos, mas de questioná-los de forma dissensual. Afinal, para quem é construída a cidade? O que é e como é ocupado o espaço público hoje? Utilizando da intervenção de arte pública denominada “Im[pé]ssão Corporal: pegadas entre praças”, ocorrida em maio de 2018 em Florianópolis, que proporcionou ao corpo encampar a arte urbana de forma performática, tivemos a condição de vivência e investigação-crítica dos espaços da cidade para poder contribuir através deste texto no estudo e pesquisa da disciplina de urbanismo. Desta forma, a partir dos fatos ocorridos nesta intervenção, sobre a possível criminalização deste tipo de atividade, participamos da criação do 1° Ciclo de Debates de Liberdade e Expressão na UFSC com conferencistas da área de direito, de arquitetura e artes assim como a realização de outra intervenção artística no Seminário Municipal de Arte e Espaço Público.

Sujeito corporificado e urbanidades: relação espaço-sociedade
Adriana Nascimento ; Pedro Henrique Azalim Cunha ; Ana Carolina Velho ; Luciana Vale Canavez
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As noções de sujeito corporificado e de urbanidade no Brasil foram abordadas pela sociologia urbana, enfatizados aqui pelo referencial de Ana Clara Torres Ribeiro, que os articulou em sua obra através da relação sociedade e espaço. Procuramos neste artigo apresentar tanto uma releitura de tais questões, quanto sustentar e manter vivo o debate oferecido em sua obra teórico-prática. A aplicação deste estudo em práticas espaciais experimentais vêm alicerçando o trabalho desenvolvido em ensino, pesquisa e extensão e é sobre este repertório que apresentamos aqui alguns resultados.

Heterotopias as Urban Public Spaces?
Adriana Tenório Cordeiro ; Sérgio Carvalho Benício de Mello
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Michel Foucault’s theoretical work raises insights that can be productive in efforts to study urban public spaces. It is worth exploring his concept of ‘heterotopia’, from which Foucault envisages potential ways of approaching space, power and social relations. In this paper, we highlight a movement in Foucault’s early spatial thinking of discourse to his emphasis on how space integrates processes of power, and the role heterotopia has there. We present and discuss heterotopia and its counterpart utopia as relational spaces, followed by a discussion on Heterotopia as an analytical tool, contemplating its possible interface with urban public spaces. Heterotopia’s open-endedness is then discussed through its potentialities for being a productive analytical strategy for investigating particular time-spaces. We conclude considering heterotopology as a path for investigating policies that can restrict or facilitate the social production of heterotopias, or ‘other spaces’.

CIDADES (INTER)MÉDIAS NO NORDESTE, DO LOCAL PARA O GLOBAL.
Alenuska Lucena Medeiros
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As cidades médias têm se mostrado como alternativa às cidades grandes frente a um desenvolvimento local que provoca fluxo de pessoas, promoção cultural e giro de capital entre cidades vizinhas e regionais. Ao mesmo tempo, as suas festas tradicionais são transformadas em espetáculo para atender uma população que transborda sua localidade e região, aderindo a tematizações globais, desse modo, modificação a característica peculiar às festas tradicionais locais. Em contrapartida, existem cidades médias com funções similares, porém em escala menor tanto no seu âmbito estruturante quanto festivo. Com isso, o presente artigo visa analisar os modos diferentes no qual as cidades médias vêm se promovendo, se organizando e funcionando. Destaca-se nesse artigo o desenvolvimento da teoria que define o que seria o desenvolvimento local, regional e global, e que, também, provocam fluxos de pessoas entre cidades e regiões, a vida cotidiana nessas escalas, a formação do conceito das cidades (inter)médias, o papel das cidades (inter)médias para o desenvolvimento regional e aplicabilidade desses conceitos.

O CONCEITO DE ESPAÇO PÚBLICO: Sucinta revisão de literatura em artigos dos ENANPUR
Alessandro Filla Rosaneli ; Gláucia Helena Dalmolin ; Débora Raquel Faria
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O espaço público tem adquirido cada vez mais relevância entre os estudiosos do espaço urbano. Em virtude desse enfrentamento multidisciplinar, sua conceituação tem assimilado variadas e, por vezes, divergentes interpretações. Dessa forma, o presente artigo pretende organizar esse panorama de contribuições investigativas, a partir de uma seleção de artigos apresentados nas últimas quatro edições dos ENANPUR, desde 2011, em forma de um estudo de revisão. Trabalhos de revisão de literatura, para além de uma visão panorâmica sobre o processo de produção científica sobre determinado assunto, permitem construir ponderações mais balizadas sobre as características desse conjunto de publicações. Aponta-se, como resultado, que esse tema possa ser mais explorado nos ENANPUR, de forma a promover discussões mais atualizadas e que se balizem pela natureza dual desse conceito.

COESÃO x SEGREGAÇÃO Os impactos do loteamento de acesso controlado no convívio urbano
Alice de Almeida Barros ; Suzann Flávia Cordeiro de Lima
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A pesquisa busca na literatura relacionar o loteamento de acesso controlado (LAC) aos conceitos de coesão social a eficácia coletiva, o objetivo é desvendar como os conceitos se materializam no loteamento. A metodologia é a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental para compreender o tema. A coesão social é a integração entre indivíduos baseada na confiança e a eficácia coletiva é o alcance de benefícios coletivos graças à mobilização de um grupo. Conceitos que podem ser aplicados em loteamento residencial fechado, intitulado como LAC devido à lei 13.465 de 2017. A relação do loteamento com o exterior resulta na segregação socioespacial e a relação com o interior se dá na formação de coesão e eficácia. Ao final das consultas teóricas percebe-se que os fatores que impulsionam a disseminação de LAC’s promovem a coesão e a eficácia entre moradores intramuros e descoesão e baixa eficácia entre moradores intra e extramuros, resultando em convívio urbano com conflitos entre grupos.

O projeto urbano na lógica de estandardização da cidade
Aline Assis de Andrade Cruz
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Este artigo objetiva estabelecer relações entre o processo contemporâneo de estandardização das cidades e as matrizes ideológicas da formação em Arquitetura e Urbanismo, a partir do projeto urbano como instrumento de transformação da realidade física, social e cultural. Para tanto, aborda-se o conceito de cidade standard, sua repercussão no âmbito das políticas públicas e a crescente inserção do projeto urbano na lógica neoliberal de “fazer cidade”, explorando as relações dicotômicas das instâncias público/privada que permeiam as intervenções urbanas. Num segundo momento, contextualiza-se a atual crise sobre o ensino de arquitetura e urbanismo e sua contribuição para a alteração do "eidos" do projeto urbano enquanto instrumento de intervenção e manifestação democrática no espaço público. Aponta-se, ao final, possíveis caminhos para a revisão do ensino a partir da contribuição de pedagogias experimentais e o papel estratégico que o projeto urbano tem nessa transformação, enquanto instrumento de construção crítica do conhecimento na universidade.

OS MÚLTIPLOS TERRITÓRIOS DA PRAÇA CENTRAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP: UMA EXPERIÊNCIA ETNOGRÁFICA
Aline Cristina Gomes da Costa ; Valéria Regina Zanetti
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Este artigo realiza uma análise etnográfica sobre as diferentes formas de apropriação do espaço de uma praça pública do antigo centro da cidade de São José dos Campos, localizada no médio Vale do Paraíba paulista. O estudo, baseado na figura do flâneur de Walter Benjamin (2000) e no caminhante de Michel de Certeau (1994), desvelou a constituição de múltiplos territórios, afirmados pelo poder da representação simbólica, no espaço funcional do espaço público. Por meio do conceito de panoptismo de Michel Foucault (2012), desenvolveu-se uma leitura sobre a vigilância, a disciplina, o poder e as constituições das barreiras abstratas, partindo tanto das instituições, quanto dos usuários fixos da praça, que marcam seus territórios por aquilo que denominamos no estudo por ‘‘panoptismo reverso’’. A leitura subjetiva do espaço, proporcionada pela etnografia, reforçou a necessidade da construção de um (re) conhecimento sobre a práxis urbana nas discussões do campo do Planejamento Urbano e Regional.

CAMINHABILIDADE: Um ensaio geral segundo o índice do ITDP na área central de Petrópolis, RJ
Alline Margarette da Mota Serpa ; Laríssa Duarte Amorim ; Maria Eduarda Cavati Medeiros
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Como consequência do aumento da demanda por rotas rodoviárias, políticas são adotadas priorizando o transporte motorizado individual sobre o movimento de pedestres. Diante da análise dos benefícios da caminhada, como redução dos custos de deslocamento, melhoria da saúde da população e vivência comunitária, o incentivo à prática de caminhada é imprescindível para o desenvolvimento sustentável das cidades. Este trabalho apresenta os primeiros resultados do teste de aplicação do índice de caminhabilidade do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), na cidade de Petrópolis, conhecida sob a suposição de ser segura e mais urbanizada do que a média das cidades brasileiras. Tal estudo tem, como objetivo, analisar premissas do índice utilizado em associação com uma pesquisa aplicada na mesma área. A pesquisa resultou na criação de um banco de dados, relacionando os padrões sociais, econômicos e de locomoção dos entrevistados com a pontuação resultante dos critérios do índice ITDP. Pretende ser um produto da percepção do espaço público e da caminhabilidade, pois auxilia as discussões sobre mobilidade nesta e outras cidades de médio porte.

Les enclaves résidentielles fermées : l'influence de la construction en hauteur sur la ségrégation socio spatiale à Londrina - Brésil
Amanda Carvalho ; Michel Guenet
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Notre recherche vise à comprendre la relation entre la ségrégation socio spatiale et la forme urbaine, celles des enclaves résidentielles fermées, notamment par la construction en hauteur. On observe la multiplication de l’enclavement résidentiel nourri surtout par la peur de violences urbaines des classes moyenne et aisée qui s'auto ségréguèrent dans leurs quartiers fortement sécurisés. Cette forme urbaine peut renforcer la ségrégation spatiale entre les différents groupes sociaux. Au Brésil, l’enclavement se produit notamment sous la forme de tours, qui entre les années 1980 et 2010 a augmenté de 46%. Notre hypothèse réside dans le fait que les quartiers des tours accentuent la désagrégation sociale entre les résidents, et cela serait observer en trois échelles de ségrégation résidentielle. Afin d’en vérifier, nous étudierons le cas du quartier « Gleba Palhano » à Londrina au Brésil, qui depuis la fin des années 1990 se développe de façon intense sans considérer les problèmes urbains d’inégalité sociale qui s’en découle.

Subestações elétricas e suas configurações espaciais
Ana Beatriz Jardim Alves ; Miriam Victoria Fernandez Lins
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As subestações elétricas são componentes comuns da funcionalidade das cidades, contudo tais elementos inserem-se num contexto no qual preza-se por quesitos econômicos e técnicos, desconsiderando a interferência que podem causar a morfologia urbana, a paisagem e aos transeuntes. O presente trabalho pretende analisar os impactos gerados por essas estruturas na cidade de Niterói, RJ. Assim, essa investigação observará o cenário dos elementos encontrados no recorte, estabelecendo uma avaliação comparativa entre eles em busca da identificação das principais características que interferem negativamente no espaço urbano. Objetiva-se com este estudo colaborar no processo de projeto e planejamento dessas estruturas, a fim transformar a conjuntura atual. Almeja-se também ressaltar o papel do Arquiteto e Urbanista como auxiliador do planejamento dessas infraestruturas, atuando como conciliador das questões técnicas e da paisagem e morfologia urbana.

REFLEXÕES SOBRE O ESPAÇO DAS CIDADES: organizando uma base teórica para proposta de reestruturação urbana pautada no espaço público
Ana Lúcia Pinto do Nascimento Alvaro
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Numa observação das características mais marcantes das cidades contemporâneas não é difícil destacar a predominância dos fenômenos da fragmentação e segregação socioespacial, além de uma profunda desigualdade entre camadas sociais e o próprio espaço. Tal situação vem se construindo há muito tempo e é devedora de um processo complexo de urbanização que se submete, cada vez mais, aos interesses do mercado e do capital, deixando de lado traços constituintes do espaço urbano que, historicamente, são os responsáveis pela dinamização da vida social urbana. Finalmente, a cidade atual segue perdendo cada vez mais em diversidade, convivência e vitalidade. Percebe-se, assim, a emergência de buscar-se uma forma diferente de planejar e fazer cidades, permitindo-se ir além do convencional acerca de centralidades, mobilidade e espaço público, e ousar dar respostas diferentes pautadas numa nova concepção. Dessa maneira, o objetivo de estabelecer parâmetros para a organização de uma proposta de reestruturação urbana no trabalho de conclusão de curso de Arquitetura e Urbanismo, conduziu-nos a explorar os conceitos que envolvem estas três realidades do espaço urbano. Este texto, apresenta, portanto, as reflexões realizadas a partir desta base teórica, compondo um pano de fundo que lance luz a possibilidades de mudança da lógica atual de desenvolvimento da cidade. A intenção é instrumentalizar-se de mecanismos que promovam um ambiente urbano menos excludente, que tenha condições de garantir a todas as pessoas o exercício de direitos cidadãos e democráticos.

AGRICULTURA URBANA E LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA NOS MUNICÍPIOS DA RMPA
Ana Paula Utzig ; Márcia Azevedo de Lima ; Guilherme Cipriano Michels ; Patrícia de Freitas Nerbas
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Este artigo objetiva destacar a importância da agricultura urbana para a qualidade do ambiente urbano, produção de alimentos saudáveis e geração de renda, bem como verificar a consideração de tal relevância na legislação urbanística dos municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA). Foi realizada, inicialmente, revisão bibliográfica sobre o tema. Após, foi definido como recorte de análise os municípios da RMPA e, assim, foi investigado se a legislação urbanística destes municípios mencionava alguma diretriz sobre agricultura urbana. Foi constatado que a maioria dos municípios não possuem diretrizes sobre agricultura urbana nos planos diretores, tampouco legislação específica, o que pode justificar a falta de iniciativas nesse sentido. Apenas 23,5% dos municípios abordam a temática nos planos diretores, ainda que de forma pouco aprofundada. Concluindo, o artigo destaca a importância da regulamentação da agricultura urbana, para incentivar e viabilizar as hortas urbanas, o que poderia contribuir para cidades sustentáveis mais saudáveis.

Espaço público e segurança: Uma análise da criminalidade nas praças Argentina e Raul Pilla em Porto Alegre
André Coutinho Augustin ; Taiane Beduschi
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A violência urbana é um assunto que cada vez preocupa mais os brasileiros e que tem sido objeto de pesquisas acadêmicas em diversas áreas. No entanto, ainda há poucos estudos relacionando a ocorrência de crimes ao planejamento urbano no Brasil. Este artigo faz uma análise comparativo entre a Praça Argentina e a Praça Raul Pilla, localizadas no centro de Porto Alegre. São apresentadas as diferenças entre as duas praças em relação ao seu uso, iluminação, visibilidade, relação com o entorno e usos dos prédios vizinhos. Também são analisados os crimes ocorridos nas praças desde 2010, a partir de ocorrências policiais. A Praça Raul Pilla, que possui melhor iluminação e visibilidade e a presença de edificações com uso mais diversificado no entorno apresenta uma maior circulação de pessoas e também registrou um número consideravelmente menor de crimes do que a Praça Argentina, indicando que o uso do espaço público pode influenciar a ocorrência de crimes.

Multiescalaridade Urbana: Questões de escala nos estudos e políticas urbanas
Andre da Soler ; Fernanda Andrade dos Santos
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Refletir sobre as dimensões da lógica espacial urbana exige a incorporação de várias escalas de análise, de modo a apreender os diferentes níveis de atuação dos agentes produtores do espaço e as relações que desenvolvem. Contudo, se é possível dizer que os processos sociais que produzem o espaço se dão em múltiplas escalas, como fragmentar um contexto interligado para sua análise e intervenção? Buscando discutir esta questão, este ensaio explora a ideia de multiescalaridade urbana, utilizando-a como diretriz para uma compreensão das diferentes escalas de urbanização e as interações entre elas. A reflexão proposta parte da discussão conceitual concernente para abordar o processo de produção da escala na produção do espaço e como sua multiplicidade repercute sobre o urbano, inclusive morfologicamente. Por fim, são levantadas questões de política pública e governança. Conclui-se que pensar o urbano em sua multiplicidade escalar pode evidenciar os diferentes processos que o produz, permitindo novas leituras espaciais, novas percepções sobre a realidade e possíveis novas estratégias de atuação na elaboração de políticas e atividades de planejamento e gestão.

O PAPEL DO ESTUDO DA VITALIDADE URBANA NA INCLUSÃO DO IDOSO NA CIDADE
Andrea Cristina Soares Cordeiro Duailibe ; Larissa Silva Nunes ; Mariana Protázio Santos ; Camila Diniz Ramalho
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A relevância do tema acerca da utilização do espaço público urbano pelo cidadão se associa com as condições da dinâmica urbana imposta a esses usuários. O ambiente urbano quando desprovido de elementos compositivos que satisfaçam a promoção da vivência na cidade, ocasiona a desapropriação desses espaços comuns. Quando se trata da especificidade do pedestre idoso inserido na cidade, as condicionantes impostas a ele no ambiente das calçadas determinam a utilização desses espaços públicos por essa categoria de usuários. Esse artigo se estabelece na aplicação de um método de abordagem qualitativa, em que são apresentados três estudos de caso na cidade de São Luís, Maranhão, a partir de uma ferramenta auxiliar de diagnóstico, ora denominada Matriz Temática, que se concretiza através de representações gráficas. Aliada as experiências de observações empíricas em campo, essa ferramenta permite uma maior precisão de análise do ambiente urbano como cenário da vitalidade urbana.

A PRODUÇÃO DA IMAGEM EM NITERÓI E A EXCLUSÃO ESPACIAL NO MORRO DO PALÁCIO
ANGELO FERNANDO PEREIRA
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A produção do espaço da cidade é fruto dos interesses do capital, apoiados na estrutura de um Estado que se impõe na sociedade. Essa situação se estabelece, também, a partir da imagem que a cidade possui ou produz com aquilo que se depara na paisagem. A produção gráfica e cartográfica, estabelecidas nos canais midiáticos contribuíram com a dificuldade de reconhecimento da identidade no espaço urbano e com a fragmentação da cidade, gerando diversos conflitos. As favelas no centro da área metropolitana do Rio de Janeiro reconfiguram-se morfologicamente. O Morro do Palácio, localizado no bairro do Ingá, em Niterói/RJ, é ocupado e adensado por autoconstruções populares desde os anos de 1970, muito em função das crises políticas e econômicas ocorridas em diversas escalas de poder. Compreendido entre bairros da área urbanisticamente privilegiada da cidade, a favela foi escondida pela sua arquitetura na/da paisagem urbana, tornando-se um espaço de exclusão. A ‘fragmentação’ e a ‘segregação’ tornaram-se consequências da falta de planejamento urbano. Atualmente, o ‘mapeamento participativo’ têm ajudado a democratizar o reconhecimento espacial na cidade.

A EXPANSÃO URBANA E O MERCADO DE TERRAS NA PEQUENA CIDADE: Reflexões sobre a produção do espaço urbano em Pau dos Ferros - RN
Antonio Carlos Leite Barbosa ; Athirson Pascoal Aquino Nascimento ; Carlos Pereira Júnior ; Bruno Fernandes Costa
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O trabalho traz a discussão empírica e teórica acerca da produção do espaço urbano e renda da terra na cidade de Pau dos Ferros, RN - Brasil, fazendo uma reflexão crítica e dialética nas pequenas cidades, considerando que o espaço é produzido e reproduzido a partir da lógica do capital imobiliário, transfigurando-o em mercadoria. O valor da terra apresenta um aumento considerável, impactando no campo habitacional para a classe de menor estatuto social, evidenciando a segregação socioespacial em alguns bairros como suporte das análises e discussões da problemática em tela, seguida dos principais resultados e conclusão.

EXPANSÃO URBANA NA REGIÃO NORTE DE SÃO LUÍS-MA: Estudo e apontamentos sobre os processos de gentrificação do espaço
Antonio Carlos Leite Barbosa
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O presente artigo traz a discussão teórica e empírica sobre a gentrificação e expansão urbana em São Luís do Maranhão, considerando as transformações socioespaciais compreendida, entre os Bairros do São Francisco até o Calhau, áreas nobres da cidade. A mudança de perfil social e econômico nos últimos trinta anos vem mudando o tecido urbano, ocasionada pela força do capital imbricado na especulação imobiliária com a inserção de novos empreendimentos, modificando a paisagem urbana. É evidente o processo de gentrificação e suas consequências na produção do espaço urbano, configurando outro perfil social, fragmentado, em uma nova configuração da paisagem urbana e social, eminente, mas carente do olhar singular na perspectiva do planejamento das políticas públicas sociais e urbanas na melhoria da qualidade de vida da população.

DA IMOBILIDADE AO DESESPERO: notas sobre uma sociedade aflita diante da “paralisia”
Antonio Fagner da Silva Bastos ; Sérgio Carvalho Benício de Mello ; Gabriel Benício de Mello
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À primeira vista, a imobilidade parece um oposto natural à mobilidade. Mas, de certo modo, a paralisia também é imanente ao movimento. Em maio de 2018, uma greve organizada por caminhoneiros no Brasil acabou produzindo uma série de interrupções causando uma paralisia sem precedentes. O evento foi um desastre logístico, expondo grandes falhas nas cadeias de suprimento de commodities, perdas econômicas monumentais, cancelamentos de serviços básicos, interrupção dos serviços públicos e desespero da população. O objetivo deste artigo foi investigar quais as consequências de uma vida móvel paralisada. Através de uma análise de conteúdo de dados secundários, com base nos níveis do urbano de Lefebvre, foi possível verificar a natureza estranha, surpreendente e potencialmente reveladora da imobilidade em um mundo de vida móvel.

Prisão e medo: problemas urbanos nas franjas da cidade
Bárbara Bruna Araújo Bezerra ; Cláudio Roberto de Jesus ; Rodrigo Figueiredo Suassuna
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O presente trabalho pretende discutir de que forma determinados equipamentos públicos, criados para tentar solucionar problemas urbanos, alteram o cotidiano de grupos que vivem nas franjas da cidade. Mais especificamente, trata-se de analisar os impactos da construção do presídio de Alcaçuz no município de Nísia Floresta, região metropolitana de Natal/RN. Sendo assim, se objetiva compreender os condicionantes da criação do presídio, tendo em vista não só a questão do super encarceramento, mas, principalmente, sob a ótica da negação da cidade em lidar com seus problemas, isto é, passou-se a construir presídios fora dos centros urbanos por uma questão de “segurança”. Em um segundo momento, será dada atenção para a história de formação da comunidade vizinha ao presídio: a Comunidade de Hortigranjeira. Além disso, serão analisadas as relações que ela desenvolve com o espaço local e sua interface com os aglomerados vizinhos e com a cidade de Natal.

O ENTORNO DO CENTRO CÍVICO NA CIDADE DE TERESINA-PI
Beatriz Natalia Guedes Alcoforado Aguiar ; MARIANA LIMA VIEIRA ; PETERSON BARROS ALMEIDA ; INDIRA CARDOSO MATOS
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A cidade Teresina-PI possui uma malha urbana ortogonal e rigidamente constituída por quadras de formato quadrado com o aspecto do primeiro plano diretor, o Plano Saraiva. Diante disso, com o desenho urbano da cidade ligeiramente influenciado pelo modernismo, o urbanismo e arquitetura que configuram as vias, espaços e edificações da cidade, tornam-se também propulsores do conceito de “cidade moderna”. No entanto, o crescimento territorial, urbano e populacional não compactua com tal conceito e com o intuito de analisar a morfologia urbana e seus elementos arquitetônicos, utilizou-se de entrevistas, mapas mentais e estudos de campo para demonstrar como tais aspectos do urbanismo e da arquitetura interferem no desenvolvimento da sociedade. Esse estudo tem como objetivo promover intervenções e renovações em determinado recorte urbano de Teresina, a fim de aprimorar a segurança, o conforto, a vivencia e a inter-relação da cidade com seus indivíduos, favorecendo o desenvolvimento do conceito de cidade contemporânea.

O desenho urbano e os impactos sociais da implantação de uma siderúrgica: o caso de Ouro Branco/MG
Bruna Hamacek Vianna ; Maria Cristina Villefort Teixeira
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Ouro Branco passou a fazer parte do processo de industrialização brasileiro, ocorrido na década de 1970, através da implantação da usina siderúrgica Açominas. Houve necessidade de expansão da cidade existente para abrigar uma população que poderia chegar a 180 mil habitantes quando o nível máximo de produção da usina fosse alcançado. Por meio do plano urbano desenvolvido pela Fundação João Pinheiro, a cidade foi dividida em zonas funcionais. Na zona urbana foi prevista a divisão das moradias entre os funcionários nos bairros planejados de acordo com o cargo ocupado na usina, diferenciando o acesso aos equipamentos urbanos e à qualidade ambiental, o que resultou em uma segregação socioespacial planejada associada ao desenho urbano e aos elementos da paisagem. Tendo como objetivo compreender a produção do espaço realizado pela usina, foi observado no plano havia uma contradição entre o discurso e a prática, sendo a terra o produto de divisão social e espacial.

VELHAS E NOVAS DICOTOMIAS DO RURAL/URBANO NO PLANEJAMENTO URBANO E POLÍTICAS PÚBLICAS E SEUS IMPACTOS PARA AGRICULTURA FAMILIAR URBANA: O CASO DE PORTO ALEGRE
Caren Freitas de Lima ; Anna Rosa Maria Lopane ; Tatiana Cotta Gonçalves Pereira ; John Wilkinson
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O objetivo do artigo é analisar os impactos da manutenção da dicotomia rural-urbano nas normas de planejamento urbano, como Planos Diretores municipais e políticas públicas voltadas para a agricultura familiar. Utilizando como caso referência a volta do zoneamento rural no município de Porto Alegre, observou-se que se fez necessário definir as áreas rurais com o intuito de garantir o acesso às Políticas Públicas por parte dos agricultores, refutando a tendência de diversos Planos Diretores que estabeleciam todo o território municipal como urbano. Apesar da DAP (Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) exigir a produção agrícola em meio rural, diversas Resoluções e Portarias foram expedidas no sentido de flexibilizar tal exigência, garantindo que a agricultura urbana também possa ser caracterizada como familiar. A dicotomia rural-urbano, portanto, não se sustenta mais na realidade do século XXI e vem trazendo novos problemas e soluções no âmbito da norma administrativa, sendo preciso reformulá-la em termos de planejamento urbano e políticas públicas voltadas para a agricultura.

EDUCAÇÃO E EFEITO-VIZINHANÇA: REFLEXÕES A PARTIR DOS INSTITUTOS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Carla Nogueira Patrao de Aquino ; Ana Paula Serpa NOgueira de Arruda
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O objetivo do trabalho é discutir possibilidades de estudos de efeito-vizinhança com base na tipologia institucional dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, isto é, contribuir analiticamente com o debate sobre os impactos provocados pela presença de um equipamento público educacional em um território trazendo para essa análise, o conceito de efeito-vizinhança. Assim, a questão central é o que este equipamento produz de efeito-vizinhança no território, a qual pode ser traduzida na seguinte pergunta: quem se apropria, de fato, deste equipamento implantado no território? Neste artigo, estas perguntas encontram sentido em Harvey (1980) e Corrêa (2005), que ressaltam que há um conjunto de forças que permitem localizações e relocalizações das atividades e da população sobre o espaço urbano, sendo o Estado um dos atores que modelam e organizam este espaço urbano; e em Sant’Anna (2009) e Ribeiro (2016), que argumentam que há diversos elementos da vida social que podem ser influenciados pelos territórios, por meio do efeito-vizinhança e, neste caso, a capacidade de apropriação dos recursos se distingue nos diversos grupos sociais.

Estudos Feministas sobre a Questão Urbana: Abordagens e Críticas
Carolina Alvim de Oliveira Freitas
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O artigo apresenta estudos feministas que se dedicaram à questão urbana. Autoras de diversas nacionalidades escreveram a respeito das possibilidades de entrecruzamento entre categorias do pensamento feminista e os conceitos das pesquisas sobre o espaço. A diversidade de análises é classificada em três grupos: há estudos que foram feitos a partir de projetos habitacionais e planos urbanísticos; há outros que se detêm na discussão epistemológica, como a crítica à produção do conhecimento geográfico; e um terceiro grupo, formado por estudos sobre a condição feminina nas cidades contemporâneas no contexto de globalização. As semelhanças entre eles giram em torno da crítica à perspectiva masculina dos clássicos sobre o urbano, mas também se utilizam comumente da dicotomia entre feminino e masculino como parâmetro para desenvolverem outras dualidades, como público e privado, produção e reprodução e tempo e espaço. Ao fim, o artigo procura expor uma crítica, estabelecendo um diálogo sobre como essas pesquisas superam ou não os clássicos sobre o urbano a quem centram seus questionamentos teóricos e metodológicos.

“RUMO À CIDADE VERTICAL” (Re)conhecendo transformações urbanas em Caruaru-PE de 2000 a 2017.
Caroline Barreto Calado ; Gustavo Magalhães Silva Miranda
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Assim como em diversas cidades brasileiras, Caruaru-PE vem passando por um forte processo de mudança em sua paisagem natural, desde o início dos anos 2000. Com um forte crescimento no número de imóveis ofertados, caracterizado por um "boom” imobiliário e pelo superaquecimento do setor da construção civil nacional, o mercado investiu pesado em edificações verticais em uma área bem específica da cidade e uma das mais valorizadas, o bairro Maurício de Nassau, causando ao longo do tempo drásticas transformações. Assim, a presente pesquisa busca explorar essa nova dinâmica, compreender o processo evolutivo e de transformação da tipologia edilícia no bairro, com reflexos claros sobre o crescimento e a formação do espaço urbano e, por fim, analisar os impactos que esses edifícios verticais exercem na paisagem urbana do Maurício de Nassau.

RECONVERSÃO TERRITORIAL E PLANEJAMENTO URBANO: O caso do aterro sanitário de Belo Horizonte
Carolini Tavares Frinhani ; Fernanda Mingote Colares Luz ; Jairo Bianchi
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A gestão dos diversos usos, funções, elementos componentes das dinâmicas territoriais nas metrópoles ao longo do tempo são um grande desafio ao planejamento urbano. Determinados usos, como as áreas de mineração, indústrias ou outros que se encontram abandonadas ou inativas, são um grande problema para a gestão e planejamento territorial nos grandes centros urbanos. Diante disso, este artigo parte da análise de experiências em Reconversão Territorial, abordando o tema de forma a inseri-lo nos debates sobre planejamento urbano e a reabilitação de aterros sanitários desativados. O objeto de estudo é a Central de Tratamento de Resíduos Sólidos (CTRS) da cidade de Belo Horizonte, que atualmente encontra-se na última etapa do processo de desativação. Tem como objetivo compreender as relações territoriais e urbanas construídas em um processo de reconversão territorial. Busca identificar se os estudos para implantação de um parque público – Parque Taiobeiras, proposto pela Prefeitura Municipal - estão em consonância com os ideais do redesenvolvimento territorial.

PERCURSOS FEMININOS NO ESPAÇO URBANO: Da teoria à prática das trajetórias cotidianas da mulher em Macapá – AP
Chrys de Araújo Oliveira
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O seguinte trabalho busca criar uma trajetória teórica que elucida o cotidiano urbano vivido por diversas mulheres na atualidade, partindo do entendimento onde a cidade se comporta como um ambiente de constrangimento e opressão para as mulheres, tanto pelas violências propriamente urbanas quanto pelo espaço simbolicamente construído a partir de uma visão patriarcal histórica. Esses fatores buscam ser ilustrados através de exemplos referentes à cidade de Macapá, no Amapá, através de análise de dados e questionários, fatos bibliográficos e estudo de caso em um conjunto habitacional popular. Por meio de pesquisa hipotético-dedutiva, busca-se entender a relação entre a teoria e a real vivência feminina no espaço urbano, além de suas trajetórias de luta contra as violências e os discursos hegemônicos que atingem a questão de gênero.

OS PAPÉIS DA CULTURA NAS METRÓPOLES CONTEMPORÂNEAS
Clarice de Assis Libânio
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As metrópoles contemporâneas apresentam um modelo centro-periferia desigual, hierárquico, excludente e segregador, com agravamento da pobreza, das desigualdades e violações de direitos. No caso brasileiro às espoliações econômica e socioespacial se soma a fragilização dos direitos de cidadania. As favelas e periferias são locais onde se manifestam com maior intensidade tais processos e onde, em contraponto, a população desenvolve práticas para a sobrevivência cotidiana e para a superação da ausência do Estado e garantia de direitos. Frente a tal situação, retoma-se o conceito de Direito à Cidade, elaborado por Henri Lefebvre em 1968, e busca-se entender as ações e projetos socioculturais como potentes formas de resistência e caminhos para a emancipação das populações periféricas, a efetivação do direito à cidade e a reinvenção do urbano como lugar de encontro, de troca e de acesso às oportunidades.

DA CIDADE INDUSTRIAL À CIDADE NEOLIBERAL: Projetos Urbanos na produção de espaços artificiais
Clarice Misoczky de Oliveira
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Atualmente há um renovado interesse pela obra de Henri Lefebvre. Acredita-se que o retorno do autor decorre do avanço do sistema do capital, em busca de novos espaços de acumulação sobre o espaço urbano. No entanto, se faz necessário aprofundar o estudo de sua obra e verificar a adequação, com as devidas mediações para analisar fenômenos contemporâneos, dentre os quais se incluem os Projetos Urbanos (PUs). O artigo propõe uma renovação acerca da hipótese da Revolução Urbana, baseada na teoria dos momentos e associada ao movimento regressivo-progressivo do fenômeno urbano, em Lefebvre. A partir da compreensão da obra do autor no seu conjunto, busca-se nas proposições de Lefebvre a orientação para tal adequação. O argumento é que da cidade industrial não decorreu a revolução urbana, mas a passagem para a cidade neoliberal, na qual os PUs desempenham o caráter prático-operacional da produção de espaços artificiais na expansão da acumulação capitalista. Contraditoriamente, os PUs representam a força motriz para a produção de espaços diferenciais.

LEITURAS E DISCURSOS SOBRE AGRICULTURA URBANA: Um debate em construção
CLAUDIA SOUZA DE MELLO
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O artigo aborda a temática da agricultura urbana como prática social de apropriação do espaço urbano, trazendo algumas experiências e um quadro sintético da cidade do Rio de Janeiro. Inicialmente, abarcamos alguns diálogos teóricos sobre o tema, discorrendo sobre abordagens utilizadas nos estudos do fenômeno. A seguir, exploramos o conceito de urbano e de utopia experimental em Lefebvre, acreditando que estes auxiliarão na compreensão e análise das práticas. Por último, apresentamos duas leituras referentes aos movimentos de agricultura urbana na cidade em questão. De um lado, as práticas dos agricultores tradicionais que se mantêm e resistem em seus territórios, hoje, áreas periurbanas; e, de outro, as práticas dos coletivos urbanos que se apropriam de espaços (públicos) urbanos, em geral, áreas intra-urbanas, através de intervenções temporárias. O estudo nos possibilitou perceber que ambas as práticas narram resistência por apropriações democráticas, sejam através da permanência ou impermanência no território.

No entorno dos Monólitos da cidade de Quixadá - Ceará
Claudio Antonio Vieira da Silva
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O município de Quixadá, localizado no Sertão Central cearense, concentra grande quantidade de maciços residuais, popularmente conhecidos como monólitos. A pluralidade de formas e feições encontradas em Quixadá confere um caráter único e excepcional em num verdadeiro “jardim de pedras” que desafia a imaginação humana. Devido à unicidade do conjunto e natureza peculiar de suas formações o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) realizou estudos e definiu a salvaguarda do conjunto. Nesse sentido, este trabalho pretende apresentar os elementos do processo de patrimonialização dos monólitos de Quixadá, tecendo algumas considerações sobre como ocorreu este processo. Para isso, traz um panorama em torno do processo de patrimonialização dos monólitos de Quixadá, destacando os elementos vislumbrados pioneiramente, juntamente com as formas de apropriação, uso e ocupação do espaço. Também são apresentadas características físico-naturais da paisagem, enquanto motes de apropriação no processo de patrimonialização.

A CIDADE INTELIGENTE E SUA INFLUÊNCIA REGIONAL
CLAUDIO MACHADO MAIA ; MYRIAM ALDANA SANTIN
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Este artigo analisa a cidade a partir de suas funções, tal como cidade inteligente em consideração ao seu meio inovador pressupondo-se o seu protagonismo de influência regional. No debate acerca da complexidade existente nas interações entre funções da cidade e participação social, objetiva-se refletir sugestivas características e categorias de análise, como uma fonte de consulta que evidencia a cidade inteligente. A metodologia parte da pesquisa exploratória, apresentando uma revisão bibliográfica do papel das cidades na nova economia, relativa especificamente a cidade de Chapecó, utilizando dados e informações bibliográficas, junto a materiais de pesquisa, apresentações e publicações do tema. A produção textual resulta num roteiro na forma de uma matriz de elementos, contextos e categorias de análise, permitindo a compreensão da importância de que cidades tal como regiões inteligentes, desempenham importante papel na configuração regional.

ENTRE OLHARES E VIVÊNCIAS: CONSIDERAÇÕES SOBRE AS FORMAS DE APROPRIAÇÃO DAS DOZE PRAÇAS DO CONJUNTO NOVA MARAMBAIA I EM BELÉM – PA.
CRISTINA CÁTIA ARAÚJO RÊGO
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Partindo-se da relação sócio espacial, o espaço assume a condição de produto da ação humana ao longo de sua existência o qual se materializa formalmente. Na sua qualidade de público, o espaço assume papéis diversos, como: lugar da ação política, palco de apropriações sociais e espaço socialmente produzido e carregado de diversos significados simbólicos. Inserida nesta categoria de espaço, a praça constitui-se como um equipamento urbano de convivência e lazer, cuja apropriação está relacionada a fatores de atração e repulsão. As vivências, caracterizadas como experiências vividas pelos indivíduos nos lugares correspondentes ao domínio público, se constituem como um fator fundamental de análise referente às relações socioambientais e às formas de apropriação espacial. O presente trabalho refere-se às reflexões acerca dos modos de apropriação e vivências como prática social nas doze praças do Conjunto Nova Marambaia I, situado em Belém, Estado do Pará, possíveis a partir da análise teórica sobre conceitos de espaço, espaço público, equipamento de lazer, praça pública e vivências além de observações realizadas in loco e entrevistas realizadas com usuários locais.

Evangélicos e política: uma relação fecunda
Cristina Lontra Nacif ; Vinícius Lobo da Nóbrega ; Diego Martins Perazzo
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O presente trabalho identifica o crescimento do segmento religioso evangélico no Brasil em geral e em particular na cidade do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo a composição atual da bancada evangélica da Câmara Municipal do Rio (CMRJ) reflete alguns desdobramentos da expansão geográfica da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e revela aspectos curiosos da relação executivo/legislativo a partir da eleição do Bispo Crivella em 2016. Identificamos que a distribuição geográfica da rede de igrejas evangélicas se traduz em instrumento seguro de difusão de princípios religiosos, e o mapeamento das votações do executivo no Rio demonstra a influência das denominações evangélicas com sua ocupação espacial. As lideranças evangélicas no Rio demonstram coordenação da atuação no campo político. Conforme Bispo Edir Macedo, Fundador e chefe da IURD, no livro Plano de Poder (2008) Deus tem um plano político para os fiéis da IURD e para os evangélicos que sejam seus aliados: governar o Brasil.

Do planejamento urbanístico ao planejamento integrado: a trajetória de Porto Alegre nas décadas de 1960 e 1970
Daniel Tochetto ; Celia Ferraz de Souza
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A capital do estado do Rio Grande do Sul, nas décadas de 1960 e de 1970, diante do aumento da população, das atividades e da dinâmica urbana no município e região, passou a apresentar novas demandas físicas, estruturais e metodológicas no campo do planejamento. A resposta a essas demandas foi uma discussão sobre quais variáveis o planejamento deveria considerar e como, o que resultou na transição do planejamento urbanístico para o planejamento integrado. O objetivo deste artigo é analisar como o município de Porto Alegre enfrentou esse processo de transição por meio dos planos e da implantação de suas propostas.

Visibilizar as narrativas de rua - A dimensão pública da paisagem de Porto Alegre em questão.
DANIELE CARON ; RENATA CARRERO ; BÁRBARA HYPOLITO ; DIOGO VAZ
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O texto convoca uma abordagem do urbano contemporâneo a partir das narrativas cotidianas que constituem a paisagem. Desafiando as metodologias de planejamento e projeto urbano distanciadas da experiência dos sujeitos e seus modos de subjetivação no território, focalizamos as narrativas frequentemente invisibilizadas pela homogeneização e espetacularização urbana. A partir de uma trama epistemológica entre paisagem e narrativa, descrevemos a metodologia de análise dos relatos do Jornal Boca de Rua, para compreender a dimensão pública da paisagem do centro de Porto Alegre/RS. São discutidos os conceitos de prefiguração, configuração e refiguração de Ricoeur (2003) enquanto operações da narrativa que, combinadas ao indício integrador de Barthes (1977) e o cronotopo de Bakhtin (1989), possibilitam a construção de um metatexto cartográfico. As cartografias tensionam a dimensão pública da paisagem, trazendo o pertencimento, a visibilidade e a cidadania como atravessamentos do corpo político nas ruas.

ILUMINAÇÃO PÚBLICA E A EXPERIÊNCIA DO USUÁRIO IDOSO EM ABRIGOS DE TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO
DIANA LOPES PIRES ; CELINA MARIA BRITTO CORREA
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O envelhecimento da população brasileira acontece de forma acelerada, direcionando as políticas públicas para idosos. A legibilidade do espaço público e a necessidade de informação e orientação sobre os serviços de ônibus são facilitadas por um sistema de iluminação adequado nos abrigos. Um bom sistema de iluminação pública valoriza a cidade e aumenta a autoestima dos indivíduos que nela circulam. O usuário entende e organiza seus trajetos, e o uso de dispositivos de sinalização em um sistema de wayfinding que tende a suprir uma demanda informacional dos serviços de ônibus. Contudo, foi possível concluir que o acesso à informação sobre os serviços de transporte público é um fator limitante ao uso e interfere no acesso do usuário idoso na questão da mobilidade urbana. A iluminação pública também influencia na qualidade de vida do usuário idoso, produzindo, maior sensação de segurança e de independência na permanência do abrigo.

O CAMINHAR ENQUANTO PRÁTICA ESTÉTICA E POLÍTICA: EM BUSCA DE UM CORPO EM (R)EXISTÊNCIA NA CIDADE
Elaine Cristina Maia Nascimento ; Rodrigo Gonçalves dos Santos
Ver resumo Participação não confirmada
O artigo tem como objetivo estabelecer as relações entre o caminhar urbano enquanto prática política e estética e um corpo que (r)existe aos processos urbanos que mercantilizam o espaço e às políticas neoliberais que norteiam o planejamento urbano atual, transformando a cidade em objeto dentro do sistema do mercado global capitalista. Esse caminhar aqui é entendido como ferramenta de resistência, com potência de promover uma experiência efetiva da cidade, ou seja, uma experiência não mediada por processos urbanos que domesticam e padronizam as interações sociais e suas corporalidades. A partir desse pressuposto, busca-se uma possibilidade de desenvolvimento do processo de experiencia da arquitetura da cidade pautado nas relações entre corpo, arquitetura e arte, voltando-se para uma relação de coexistência relacional.

URBANIZAÇÃO VIOLENTA: dinâmicas da segregação socioespacial em Brasília
Elane Ribeiro Peixoto ; Carlos Henrique Magalhães Lima ; Carolina Pescatori
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Neste artigo, exploramos as interpretações de Bernardo Secchi a respeito da segregação socioespacial, fazendo correlações com a atual região metropolitana de Brasília. Para o autor, há uma "nova questão urbana" que contribui para o agravamento da crise da economia planetária, e para a qual as práticas urbanísticas concorrem. A partir de um arco histórico com origem na cidade europeia, Secchi caracteriza a urbanização violenta, atualmente em curso em metrópoles asiáticas, africanas e latino americanas e contrária ao entendimento da cidade como lócus ideal de integração social e cultural por excelência. Partindo daí, pensamos em políticas e projetos que acirram a desigualdade no Distrito Federal centradas em dispositivos formulados no longo processo de construção da capital, resultando hoje numa dinâmica de centralidades capazes de assimilar os benefícios da urbanização; e periferias pauperizadas nas franjas da metrópole.

A REDE URBANA DE CAMPINA GRANDE: Dos caminhos do gado à implantação da ferrovia nos primórdios do século XX
ELIZANGELA JUSTINO DE OLIVEIRA
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Desde a criação do povoado de Campina Grande, em 1697, por Teodósio de Oliveira Ledo, até a implantação da ferrovia em 1907, a história urbana de Campina Grande pode ser revelada a partir das transformações na sua rede urbana no transcorrer do tempo. Assim, o objetivo do trabalho aqui desenvolvido é analisar a rede urbana de Campina Grande, identificando os diferentes fluxos atraídos pela cidade e que lhe atribui centralidade em temporalidades distintas, desde a sua origem até a implantação da Estrada de Ferro Great Western, que irá consolidar a sua posição de empório comercial, tornando-a um importante nó na rede urbana da Paraíba. A metodologia consiste na análise de dados dos documentos oficiais, como o Anuário de Campina Grande (1925) e do Estado da Parahyba do Norte (1918), e elaboração de material cartográfico. Os resultados apontam dois momentos distintos da rede urbana de Campina Grande: antes e depois da implantação da Estrada de Ferro, em 1907

ACESSIBILIDADE ÀS FAVELAS Por uma agenda do direito à mobilidade urbana, análises nas bordas das comunidades na Área de Planejamento 2 no Rio de Janeiro
Fabiana Generoso de Izaga ; Renata Chianelli Monteiro Rebello ; José Garcia Ribeiro Abreu Netto ; Julia Maria Barbosa Maia
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Este artigo visa fornecer insumos para uma agenda urbana para as favelas do Rio de Janeiro onde o direito à mobilidade urbana seja estruturante e componente central para o enfrentamento das suas desigualdades socioespaciais. Embora o Rio de Janeiro tenha amplo histórico de programas de urbanização de favelas, a discussão sobre a mobilidade urbana, a acessibilidade e os transportes é ainda superficial. Por meio do mapeamento das bordas de todas as comunidades da Área de Planejamento 2 (AP2), nosso estudo propõe uma matriz de análise da acessibilidade às comunidades, categorizando e relacionando os pontos de entrada às favelas, em distância e tempo, à disponibilidade das redes dos transportes formais e os alternativos. Apesar do alto grau de consolidação e por estarem em geral cercadas de boa oferta de transportes públicos, as favelas da AP2 apresentam dificuldades para acessibilidade, e o seu equacionamento é fundamental para fazer frente às assimetrias entre elas e a cidade formal.

A propriedade da terra na produção do espaço urbano: a consolidação do mercado de terras em Fortaleza e o papel do lote não edificado
Fernanda Cavalcante Mattos
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No senso comum, o lote não edificado é visto como um terreno baldio, onde a inexistência de uma construção implicaria na ausência de uma função. No meio técnico e acadêmico, esse é percebido como uma prática predatória de retenção especulativa da qual seu suposto dono se apropriaria indevidamente de benefícios coletivos. Em ambos os casos, contudo, haveria uma compreensão incompleta do fenômeno. Para iluminar o problema, o artigo abordará desde sua origem até seu tratamento pelas políticas urbanas atuais, a partir do caso de Fortaleza. Através da leitura crítica, refletir-se-á sobre como a propriedade fundiária reproduz o capital (nas perspectivas de Marx e Lefebvre), quais foram as modalidades de acumulação de capital adotadas pelos empresários imobiliários na expansão do mercado de terras em Fortaleza e qual o papel do lote não edificado nesse período da cidade. Neste estudo, o lote não edificado é encarado como parte essencial das relações sociais de produção capitalista.

Estratégias para o estudo de espaços públicos: a Etnografia como dispositivo de conhecimento arquitetônico e urbanístico
Fernanda Meniconi Barbabela
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A interdisciplinaridade na construção do conhecimento é uma valiosa postura na apreensão de objetos de estudo e no desenvolvimento de qualquer tipo de pesquisa. Neste artigo, defende-se uma postura interdisciplinar a partir da utilização de uma metodologia antropológica, mais especificamente a realização de uma etnografia, no desenvolvimento de uma pesquisa que se encontra no âmbito da Arquitetura e do Urbanismo e cujos objetos de estudo são espaços públicos da cidade e as relações sociais travadas entre seus usuários. Por meio da exposição de métodos e resultados pertencentes a um trabalho previamente desenvolvido pela autora, pretende-se delinear contribuições da Antropologia para uma abordagem mais aprofundada em relação aos objetos de estudo.

Hélio Oiticica e a Arte da Aderência Urbana: Uma abordagem Ambiental sobre a cidade
Flávia Martini Ramos ; Rodrigo Gonçalves dos Santos
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Nos atuais tempos diversos e plurais cabe pensar quais são as heranças que se imbricam nos fazeres urbanos e se é cabível e responsável incorporá-las na produção contemporânea. Este trabalho aborda a arte ambiental de Hélio Oiticica como um dos traços da vanguarda brasileira a ser resgatado criticamente na atualidade em diálogo direto com a arquitetura e o urbanismo. Sem o intuito de transferir passivamente seus princípios, mas de adaptá-los às necessidades dos tempos e da área em questão, vislumbra-se a possibilidade de exercitar uma abordagem ambiental sobre a cidade. Acredita-se que ela pode ser inspirada na relação direta de Oiticica com seus contextos e sugerir fazeres urbanos pautados na aderência. O artigo apresenta obras do artista em diálogo com algumas produções arquitetônicas da atualidade, aproximando arte e arquitetura, corpo e espaço, passado e presente no intuito de fomentar exercícios urbanos críticos, sensíveis e aderidos como a arte ambiental de Hélio Oiticica.

QUALIDADE DE VIDA PARA QUEM? IQVU e a invisibilidade da pessoa com deficiência
Frederico Bernis ; Lucas Lafetá
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Este artigo aborda a questão do direito à cidade da pessoa com deficiência e a invisibilidade das suas demandas na concepção de políticas públicas de combate à desigualdade. A construção da metodologia do Índice de Qualidade de Vida Urbana é confrontada com a percepção de qualidade de vida de pessoas cadeirantes entrevistadas, selecionadas por amostragem em “bola de neve”. A análise das entrevistas aponta para a dificuldade de acesso à cidade por pessoas cadeirantes em virtude da desconsideração de suas necessidades específicas, o que limita o alcance dessa política pública ao excluir de seu escopo uma parcela considerável da população. Por fim, são apresentadas algumas propostas com o intuito de aperfeiçoar o IQVU ao reaproximá-lo de seu objetivo original: equalizar a possibilidade de acesso da população à oferta de serviços e recursos urbanos.

GOIÂNIA PARA PESSOAS OU PARA O MERCADO IMOBILIÁRIO?
Gabriela Cavalcante Lemos Vieira ; Lívia Maria Pereira da Silva Moreira ; Erika Cristine Kneib ; Pedro Dultra Britto
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O processo de urbanização contemporâneo é caracterizado pela dificuldade de mensurar e controlar a forma urbana, os limites e o crescimento. Goiânia segue expandindo-se de forma desordenada e dispersa, mesmo sendo uma capital planejada, enfrentando uma intensa especulação imobiliária e financeira. Propõe-se discutir os conceitos da cidade neoliberal, a força do mercado imobiliário e a transformação da paisagem da cidade através dos interesses público e o privado. Pretende-se averiguar os bairros aprovados em Goiânia, a partir do recorte temporal a partir dos anos 2000, de forma a identificar a tendência de “crescimento” da capital nos últimos 18 anos, visando compreender os possíveis fatores de espraiamento urbano. Após a análise dos resultados, pretende-se apresentar uma reflexão sobre os aspectos morfológicos das cidades no processo de dispersão urbana.

VALOR DE USO EM CENTRALIDADES PERIFÉRICAS METROPOLITANAS: Espaços públicos entre o Estado e a sociedade civil
Gabriela de Faria Pinho
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Pretende-se uma discussão acerca do valor de uso em centralidades periféricas metropolitanas a partir de apropriações de seus espaços públicos sob uma perspectiva lefebvriana. O artigo se organiza sob uma perspectiva metropolitana, reconhecendo a centralidade como elemento fundamental para se alcançar a desfragmentação socioeconômica do território. As centralidades aqui tratadas são delimitadas como espaços que resistem nas periferias sociais e geográficas da metrópole, discorrendo-se sobre a recuperação do seu valor de uso através da práxis social como essência para a conquista do direito à cidade por meio de manifestações do ser político coletivo através da festa e da fruição. O espaço público, para além do seu espaço físico formal, afirma-se então como receptáculo dessas práticas que promovem o exercício da cidadania plena. O debate por fim se expande pelo processo de construção social do espaço público nesses territórios sob diferentes arranjos entre o Estado e da sociedade civil.

O ecúmeno e a cidade habitada
Gabriela Gazola Brandão
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O presente texto trata-se de uma abertura investigativa, apresentando e discutindo brevemente o conceito de ecúmeno a partir do pensamento de Augustin Berque, colocando-o em diálogo com as proposições de Martin Heidegger acerca do habitar e com reflexões sobre a essência da cidade. Este diálogo pretende instigar a uma reflexão sobre a essência da experiência urbana resgatando sua conexão com a relação íntima entre o homem e a Terra expressa pelo ecúmeno, o que reforça a consciência sobre o habitar tal como proposto por Heidegger. Além disso, a discussão visa apontar possibilidades de contribuições das formulações sobre o ecúmeno para um habitar que se constitui a partir da consciência da essência consubstancial e ontológica entre o homem e a Terra.

PARA ALÉM DE “A IMAGEM DA CIDADE”: notas sobre a produção teórica de Kevin Lynch
Gabriela Lira Assunção ; George Alexandre Ferreira Dantas
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Kevin Lynch é conhecido no Brasil e no mundo principalmente como autor da clássica obra “A Imagem da Cidade”, publicada em 1960. O livro, parte fundamental da viravolta no campo profissional e cultural da arquitetura e do urbanismo no contexto de revisão e crítica ao modernismo, ajudou a redefinir metodologias, apontou perspectivas para a investigação, análise e projeto urbano, sobremaneira, além de colaborar para abrir linhas inteiras de investigação. Este artigo propõe, então, estruturar notas de pesquisa para discutir o impacto do livro inaugural de Lynch, principalmente no meio acadêmico profissional brasileiro. Para tanto, utilizamos pesquisa bibliográfica, documental (em arquivos digitais e portais de periódicos e de teses e dissertações), entrevistas para sondagem exploratória e ferramentas online de impacto de citações. Em adendo, discute-se também o lugar e a importância dos livros What time is this place? (1972) e Good City Form (1984) dentro da trajetória intelectual e da produção teórica de Lynch. Desta maneira, pretende-se estimular e aprofundar o debate sobre um autor que continua a ser lido – e utilizado – de maneira operativa e produtiva pelas disciplinas de projeto e planejamento urbano.

A CIDADE ENQUANTO OBRA; A ARTE DE HABITAR COMO UM POETA: Urbanismo criativo e a (Re) invenção do espaço-vivido na pós moderna cidade do Sol Natal(RN)
Geovane de Souza Almeida
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Na contemporânea cidade de Natal/RN, a velocidade dita cotidianamente os novos ritmos de sua expansão e transformação no seu tecido urbano que de maneira ultra acelerada e singular, faz com que todos, mesmo que de distintas maneiras, percebam as transformações, os defeitos e as qualidades da metrópole pós-moderna. A produção do espaço-vivido urbano contemporâneo se dá de maneira exacerbadamente acelerada, modificando significativamente os processos do habitar e o seus diversos desdobramentos territoriais. Diante deste axioma pensar a cidade é pensar na produção do seu habitar através de uma retomada ontológica, com táticas urbanas criativas, poéticas e reinvenção das práticas espaciais cotidianas. É analisá-la como existência, como a maior das obras de arte da humanidade. Para corroborar com esse panorama, o presente artigo, nos orienta a entender que é no espaço-vivido e nos territórios usados, que a história e criatividade do homem se realiza plenamente.

Fábulas e utopias urbanas
Germana Konrath ; Paulo Edison Belo Reyes
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Através de uma trajetória artística nômade, Francis Alÿs desenvolve ações que fogem à lógica capitalista do produto e à maneira como planejamos e produzimos nossas cidades, em grande medida arraigados no princípio vitruviano de firmitas. Suas ações estruturam-se a partir da ideia de fábula e apresentam um forte conteúdo utópico. Este artigo busca estabelecer relações entre táticas narrativas propostas por Alÿs a duas comunidades em situações de fronteiras (entre Cuba e EUA, África e Europa) e o deslocamento ou suspensão de noções colonialistas, possibilitando perspectivas inaugurais sobre determinados contextos urbanos. O texto explora dois trabalhos de Alÿs onde o artista convida voluntários para novos agenciamentos territoriais coletivos, potencialmente subversivos e criadores de novos espaços públicos comuns.

Espaço Intramuros e a Negação das Cidades: Um Estudo Sobre o bairro Urbanova – São José Dos Campos
Gislaine Aparecida da Costa ; Paulo Romano Reschilian
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Este artigo apresenta um breve histórico sobre o surgimento dos condomínios e loteamentos fechados no Brasil, a fim de entender como esses espaços intramuros influenciam na produção de cidades segregadas e espaços de auto-segregação, e ainda verificar como esses processos interferem diretamente na produção de cidades com características urbanas e desurbanas. Pretende-se demonstrar algumas tendências desurbanas observadas na cidade de São José dos Campos, mais especificamente na região do Urbanova, local que se tornou um “reduto” de espaços intramuros, ou seja, de loteamentos residenciais cercados por muros e grades que revelam uma lógica que suporta determinado modo de vida que prioriza o automóvel particular, a segregação socioespacial e a negação do espaço público e das cidades.

RECONHECENDO O PROCESSO DE EXPANSÃO URBANA ATRAVÉS DA ANÁLISE DOS FLUXOS DE VIAGEM DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE/MG
GUILHERME DE CASTRO LEIVA ; Romulo Dante Orrico Filho ; Renato Guimarães Ribeiro
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As cidades brasileiras vêm passando por diversas transformações no padrão de mobilidade. A nova estrutura de cidade apresenta-se em rede, policêntrica e de alta densidade. Diante disso, desenvolveu-se uma sistematização de análise do fluxo de viagens dos municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte para se apreender sobre esta nova dinâmica. Parte-se da concepção de Fatores de Equilíbrio, que permitem uma análise agregada dos fluxos, os possibilitam o acompanhamento de mudanças na dinâmica urbana, e, consequentemente, a avaliação política e ações orientadas a alterar a distribuição de fluxos. No exemplo ilustrativo do município de Betim/MG percebeu-se um desequilíbrio na Articulação em favor da Dependência, identificado através da rede de transporte público coletivo. Em função disso foram indicadas algumas ações nos serviços de transportes para diferenciar a acessibilidade em favor de centralidades locais e regionais, reduzindo a prioridade do centro principal.

CIDADES DO AMANHÃ: uma releitura geográfica contemporânea
Gustavo de Souza Barbosa
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A reflexão quanto à cidade tem inquietado os mais diversos cientistas, dentre eles Peter Hall. Em “Cidades do Amanhã”, publicado em 1988, o autor desenvolve sua análise quanto à cidade e suas transformações de forma estática. A partir da leitura e interpretação de tal obra, objetiva-se apresentar um novo ordenamento das suas ideias considerando a cidade como espaço dinâmico, palco de transformações, para tanto, foram selecionados como objetivos específicos: recordar a trajetória acadêmica e profissional do autor e suas ideias-chaves; descrever as transformações pelas quais passaram as cidades sobretudo europeias e estadunidenses no século XX e; identificar os principais problemas contemporâneos ainda presentes nas cidades abordadas na obra. Como procedimentos metodológicos partiu-se da pesquisa em diferentes fontes, sobretudo jornalísticas e da própria obra “Cidades do Amanhã”. A partir do exposto considera-se que o planejamento, quando isolado e desconectado à natureza e diversidade dos problemas urbanos, dificilmente será capaz de resolve-los.

O PENSAMENTO DE HENRI LEFEBVRE: Contribuições à teoria social crítica marxista sobre o Urbano.
Isabel Cristina da Costa Cardoso
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A partir das contribuições teóricas de Lefebvre o texto analisa como as formulações teóricas da produção social do espaço, da sociedade urbana, do urbano, da re-produção das relações sociais de produção, entre outros conceitos, permitem compreender as antigas e novas contradições do espaço na sociedade capitalista, e as exigências e desafios atuais postos à construção de novas práxis sócio-espaciais, na dimensão da utopia urbana lefebvriana. O texto está estruturado em três seções. A primeira trata da formulação do conceito de re-produção das relações sociais de produção e a formulação de sua teoria da produção social do espaço. A segunda seção se dedica ao tema do urbano, das suas determinações e contradições a partir da sociedade capitalista e da potência de transformação da vida urbana através da reivindicação do direito à cidade. As considerações finais tratam da mediações entre o pensamento de Lefebvre e algumas contradições da formação e reprodução do urbano no Brasil.

A centralidade de Alcântara e a história urbana de São Gonçalo-RJ: A atuação dos agentes sociais na consolidação de um núcleo urbano e na transformação de um espaço público
Jefferson Tomaz de Araújo
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O artigo aponta determinados processos da história urbana de São Gonçalo para o entendimento da consolidação do núcleo urbano de Alcântara e seu destaque regional na evolução urbana da cidade. Ademais, o trabalho analisa o papel das ideologias capitalistas e a atuação dos agentes sociais nas transformações da cidade e do urbano no espaço-tempo de São Gonçalo. Neste sentido, percebe-se que na cidade contemporânea os lugares urbanos tradicionais de sociabilidade são substituídos por outros ainda não devidamente definidos em termos funcionais e formais. Diante da lógica contemporânea de obsolescência e desativação de usos, a praça Carlos Gianelli sofreu nesta década um processo de desafetação e transformação de uso em benefício da instalação de um shopping center. O artigo, portanto, expõe o papel de grande visibilidade exercido pela praça naquele núcleo e ilustra sinteticamente sua arbitrária reconfiguração espacial como fruto das disputas ideológicas entre os sujeitos.

ESTRATÉGIAS DE PROJETO PARTICIPATIVO EM ÁREAS DE VULNERABILIDADE SOCIAL
Júlio Barretto Gadelha ; Tomaz Amaral Lotufo
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Esse artigo propõe desenvolver um olhar mais amplo sobre o tema da sustentabilidade na arquitetura. Os critérios para analisar se um projeto é sustentável ou não passam pelo entendimento de que o equilíbrio em relação à sustentabilidade só é conseguido se também houver, além da dimensão ambiental, uma visão técnica e social sobre o tema. Para isso deve-se entender que o projeto de arquitetura faz parte de um processo que engloba aspectos técnicos e metodológicos por etapas de desenvolvimento, que estão vinculadas às questões sociais pertinentes à comunidade a qual o projeto se destina. Os cenários para a discussão e proposição dessa nova abordagem são as periferias das grandes cidades, nas quais uma grande parcela da população vive em estado de imensa vulnerabilidade social, necessitando de intervenções no território que tenham uma visão de conjunto entre as partes. O processo participativo de construção de uma ideia é fator fundamental para a elaboração do projeto.

FRAGMENTAÇÃO URBANA: REFLEXOS E IMPACTOS DAS GATED COMMUNITIES NA EVOLUÇÃO ESPACIAL URBANA DE BRASÍLIA
JUNIA MARQUES CALDEIRA ; NDIOGOU DIENE
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Este artigo objetiva contribuir, primeiramente, com uma breve releitura histórica do conceito de Gated Commuinities, além de destacar sua origem enquanto fenômeno urbano “novo” no processo de uso e ocupação do solo no tocante ao planejamento e desenho urbano das cidades contemporâneas globalizadas. Em um segundo momento, busca-se avaliar como? e por quê? em uma cidade-estado como Brasília, Capital Federal, cidade modelo e síntese do Modernismo com suas rigorosas leis patrimoniais, conseguiu e permitiu a adesão a uma prática exógena de estilo de vida que posteriormente, resultaria na sua total descaracterização físico-espacial, com formas de ocupação e desenho urbano não condizentes com seus propósitos iniciais. Práticas, estas, estimuladas pelo próprio estado, através da sua Agência de Planejamento e Ordenamento Territorial – TerraCap, legítima detentora do monopólio da terra, acarretando assim, uma evolução espacial urbana permeada por fragmentações insulares e ghettos em quase boa parte do seu atual tecido urbano.

Verticalização e segregação socioespacial: Estudo sobre o caso de Palmas
Kananda Fernandes de Sousa Lima
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O seguinte artigo busca, por meio da revisão bibliográfica de produções relacionadas ao tema, discorrer sobre o processo de verticalização na formação do espaço urbano de Palmas. A compreensão da dinâmica da cidade e seus diversos agentes, frente ao sistema econômico capitalista, é de suma importância para a análise de conflitos e problemáticas que levaram Palmas ao estado atual de segregação socioespacial. Através da percepção da tendência de verticalização, mediante às proporções de áreas desocupadas e vazios urbanos no município, são realizados os seguintes questionamentos: Qual a relevância deste processo para a formação do espaço urbano? Qual seu impacto no agravamento das problemáticas existentes? O ato de verticalizar, vinculado à sua capacidade de adensamento e aproveitamento do solo ocupado, no cenário atual, se conecta de forma intrínseca a um dos principais agentes segregadores de Palmas: a especulação imobiliária. O objetivo ao longo do trabalho é buscar argumentações baseadas em estudos da legislação de Palmas e pontuar as contribuições desses agentes para o quadro atual de segregação socioespacial. A metodologia a ser trabalhada irá buscar desde as primeiras manifestações de verticalização no país à sua influência em Palmas na atualidade através da abordagem do contexto socioeconômico no qual o lugar está inserido. A identificação de atores políticos, econômicos e sociais é fundamental para compreender os impulsos que tendenciaram o processo de verticalização na escala nacional, regional e municipal.

Visões do Caminhar. Um passeio sobre teorias e práticas.
Karen Nency Ferreira ; Alessandro Filla Rosaneli
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O ato de caminhar tem se constituído como motivo de investigação com fecundas contribuições em distintas abordagens. Por um lado, pesquisas de inspiração mais teórica esboçam o caminhar não apenas como necessário, mas primordialmente como ato simbólico na sociedade. Por outro, a experiência do caminhar tem sido investigada com suporte de um fértil conjunto de procedimentos que ora aferem a qualidade do ambiente ora as características do fenômeno em si. A presente pesquisa, ao esquadrinhar tal universo investigativo, nesses dois enfoques, procura fornecer um panorama epistêmico que suporte a concepção de cidades orientadas para as pessoas, em oposição ao entendimento mais comum que valoriza o deslocamento dos automóveis. Nesse sentido, pretende-se contribuir para que o processo de planejamento urbano fomente de forma mais incisiva as relações sociais que se estabelecem no espaço público da cidade contemporânea.

DO ESPETACULAR AO EXTRAORDINÁRIO: Potencialidades do teatro de rua como reapropriação do espaço público na metrópole contemporânea
Kauan Arthur Fonseca Lunardon
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Pretende-se aqui explorar as possibilidades do teatro de rua enquanto um processo de reapropriação criativa do espaço urbano, ou como Henri Lefebvre pontua, como um espaço de representação. Queremos assim, explorar as dialéticas e contradições entre a ação e pensamento social na produção do espaço público e as possibilidades que o ambiente urbano oferece a sua apropriação artística, utilizando como referencial empírico as apresentações realizadas no festival internacional de teatro de Curitiba. A despeito de uma experiência espetacular da cidade, apontamos o teatro como um acontecimento extraordinário, uma deriva do cotidiano, como propunham os situacionistas. Buscou-se ir de encontro aos questionamentos levantados por meio de entrevistas semi-estruturadas com os sujeitos que participaram do acontecimento cênico, isto é, os próprios atores e diretores, bem como os transeuntes-espectadores. Foram escolhidas, dentre as muitas apresentações do festival, duas montagens que tinham no espaço público um elemento crucial para a construção da narrativa cênica. As respostas e impressões coletadas evidenciam uma dialética que é própria do espaço urbano, característica relação entre público e privado, bem como a multiplicidade de acontecimentos que se integram na paisagem citadina e constroem isso que chamamos de vida cotidiana.

Consumo criativo como produção do espaço - Uma reflexão crítica sobre o urbanismo tático a partir de práticas socioterritoriais de antidisciplina
Laura Fonseca de Castro
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A experiência cotidiana de uso dos espaços urbanos é atravessada pela condição neoliberal contemporânea. A partir de conceitos discutidos por David Harvey, Karl Marx, Michel Foucault, Michel de Certeau e Neil Brenner, propõe-se uma reflexão sobre consumo e produção dos espaços na pós-modernidade. O conceito de antidisciplina é a base para a análise do urbanismo tático como alternativa às estratégias do urbanismo neoliberal. Entretanto, ao reconhecer a importância das táticas na microescala do cotidiano, apontam-se as contradições inerentes a esse modelo considerando sua inserção na conjuntura capitalista. Exemplos de urbanismo tático serão analisados a fim de apontar distinções e aproximações socioeconômicas: os Space Hijackers de Londres (Reino Unido), a Praia da Estação de Belo Horizonte-MG, os parklets de San Francisco (Estados Unidos) e o Parquinho do Nego de Esmeraldas-MG. Eles revelam as condições de cooptação neoliberal em casos do Norte e do Sul global e também na escala territorial de centro e periferia das cidades. O consumo criativo vivido num bairro de periferia de uma cidade do Sul global revela a possibilidade de desvio do neoliberalismo.

ENTRETEMPOS: História e memória da (des) apropriação na Praça da Bandeira em Campina Grande- Paraiba
Letícia Barbosa Bomfim ; Xisto Serafim de Santana de Souza Júnior
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As praças, ponto central da pesquisa em questão, se constituem como um dos objetos mais importantes para se entender as relações entre os diversos segmentos sociais. A importância de uma praça na cidade é justificada pela necessidade de espaços públicos de lazer em que as pessoas tenham como referência para estabelecerem vínculos, no entanto, atualmente constituem-se como ambiente cada vez mais privativo, devido as diferentes funções que exercem. Nessa perspectiva, a presente pesquisa pauta-se na análise histórica da Praça da Bandeira em Campina Grande, localizada na área central e histórica da cidade, tendo em vista suas mudanças ao longo do tempo por parte do Estado e do comércio atual. A importância de entender as dinâmicas passadas e presentes é pautada na consideração de que a “modernização” dos espaços desvincularam a cidade do seu passado, afetando diretamente na sociabilidade e memória afetiva do indivíduo com o espaço.

((CANCELADO POR SOLICITAÇÃO DO AUTOR)) TRAÇOS URBANOS E SISTEMAS CIRCULATÓRIOS EM CAMPINA GRANDE (PB): uma análise da qualidade de sua forma urbana
Luiz Ricardo Sales ; Pryscilla Rodrigues Fernandes
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A partir da conceituação e análise de tipos de traços urbanos e sistemas circulatórios dos espaços livres, o artigo apresenta uma caracterização geral da cidade de Campina Grande, Paraíba. Objetiva discutir a relação existente entre o sistema dos espaços e a produção da forma urbana, abordando temas como origem e história, morfologia e habitação, infraestrutura e recursos hídricos, e planejamento, gestão e patrimônio. Esses espaços são imprescindíveis ao exercício da cidadania e à manifestação da vida pública, eles devem assegurar os direitos do cidadão ao uso da cidade, à acessibilidade, memória, segurança, informação e circulação. Reconhecer a situação atual e suas dinâmicas, tendências de ocupação, e condição da vida cultural, pode contribuir para se pactuar diretrizes de expansão/reordenamento urbano para essa tipologia de cidade que cresce com problemas do aumento de assentamentos precários e irregulares, mobilidade urbana, redução de áreas verdes, contaminação dos recursos hídricos e escassez de água.

ELES ESTÃO POR AÍ: urbanismos espontâneos
Marcela Lorena Farkat Scheer
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O planejamento urbano nas cidades contemporâneas tem situado o discurso do direito à cidade num exercício totalitário de urbanismo que considera a visão de técnicos e especialistas como o entendimento correto sobre o espaço e a casa própria como única forma legítima de habitação. Tal concepção marginaliza práticas distintas, aqui chamadas de espontâneas, que se apropriam do espaço público e fazem dele seu local de inventividade e devir próprio, onde o valor de uso é sobreposto à lógica de reprodução capitalista que impõe um regime de reprodução de mais valias no espaço urbano. O presente artigo busca problematizar o discurso hegemônico e ilustrar formas alternativas de apropriação criativa do espaço coletivo, sobretudo da população em situação de rua, que subvertem o sistema dominante numa prática espontânea e contínua, muito embora fragmentada diante das contínuas ações de expulsão praticadas pela municipalidade.

UMA DISCUSSÃO ACERCA DA PARTICIPAÇÃO EM PROJETOS DE INTERVENÇÃO URBANA: O caso do Pau Miúdo, em Salvador.
Maria Carolina Maziviero ; Eneida de Almeira ; Luis Octavio de Faria e Silva
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O artigo apresenta relato sobre a transformação da paisagem urbana a partir de registros de levantamento do Brongo do Pau Miúdo, em Salvador, por parte do arquiteto Sylvio Sawaya, revisitado em oficina realizada no V Enanparq – Salvador, 2018. Trata-se de uma reflexão sobre formas de pensar os espaços do cotidiano, de modo a incorporá-los no ato de projetar. O levantamento do arquiteto e sua equipe, realizado nos anos 1980, lança mão de procedimentos ortodoxos, mas desenvolve, ao longo do processo, métodos para precisar e sintetizar a compreensão da realidade. As conversas que estabeleceram com os moradores colocaram em questão as ações urbanizadoras e os meios de representação. O artigo está organizado em três partes: i) uma contextualização do processo nos anos 1980; ii) uma análise sobre a dimensão participativa no planejamento e no projeto de intervenção urbana em territórios populares; e, iii) uma reflexão sobre o habitar como forma de resistência política. Aborda um processo de intervenção urbana que torne possível a participação direta dos cidadãos na concretização dos planos e na formulação de propostas de solução com maior chance de serem implementadas.

PATRIMÔNIO INDUSTRIAL E TRANSFORMAÇÕES URBANAS NO BAIRRO REBOUÇAS EM CURITIBA : UM ESTUDO EM TRÊS ESCALAS
Maria da Graça Rodrigues dos Santos
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Este texto apresenta considerações iniciais de uma pesquisa voltada para análise das transformações ocorridas e em curso, no bairro do Rebouças em Curitiba, no trecho correspondente à antiga área industrial, que também concentra a antiga estrutura ferroviária. O objetivo principal da pesquisa é avaliar a possibilidade de integração da área na dinâmica contemporânea da cidade, preservando o patrimônio industrial, nas dimensões arquitetônica e urbana, à luz de instrumentos de política urbana do Estatuto da Cidade e previstos no Plano Diretor aprovado em 2014. Para ampliar o conhecimento sobre a área, com vistas a contribuir para alcançar os objetivos propostos na pesquisa, este texto traz análises realizadas sobre interesses envolvidos em mudanças recentes previstas no bairro. São interesses manifestados por agentes públicos e privados e evidenciados nas iniciativas de reconhecimento da área como centro de empreendedorismo pela Prefeitura Municipal de Curitiba em 2017, o denominado Vale do Pinhão, e nas sugestões de mudanças no Projeto de Lei de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo, em processo de aprovação na Câmara de Vereadores. Na contrapartida, avaliam-se as ações encaminhadas por representantes de entidades da sociedade civil, principalmente ligados a interesses do mercado imobiliário. As análises são apresentadas sob três escalas de abordagem, buscando alcançar um conhecimento amplo e consistente do problema.

PASSOS DE UMA PESQUISA: O CINEMA PRODUZIDO EM PERNAMBUCO E A CONSTRUÇÃO DE UMA GEOGRAFIA DO VISÍVEL
Maria Helena Braga e Vaz da Costa
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Esse trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa financiada pelo CNPq e refere-se à investigação sobre as construções fílmicas da paisagem urbana, e também as transformações estéticas, de uma cidade em particular: Recife-PE. Pretende-se, nesse caso, descrever as teorias e discussões conceituais que envolvem a análise e o entendimento da relação cidade/cinema, modernidade/pós-modernidade, com a atualidade da construção da imagem cinematográfica da paisagem urbana de Recife no âmbito do cinema produzido por cineastas pernambucano. O interesse de pesquisar as diversas “Recifes” que se materializam a partir da produção recente de cinema em Pernambuco teve justificativa em dois pontos: no reconhecimento de que os cineastas pernambucanos contemporâneos têm se destacado nacional e internacionalmente por um trabalho que vem motivando novos formatos estéticos, e novos olhares sobre o espaço geográfico urbano; e na certeza de que os filmes pernambucanos, que usam a cidade do Recife como locação, necessitam ser individualmente analisados porque é a partir de novas estéticas e olhares originais sobre o espaço urbano que surgem significantes geografias fílmicas – responsáveis pela manifestação de novas e variadas formas imagéticas de visualizar, perceber e imaginar o espaço e a paisagem da cidade. Em acordo, esse trabalho resulta de uma pesquisa que se ocupou da análise da construção fílmica da paisagem urbana da cidade do Recife a partir da análise da estética e da narrativa da representação do espaço urbano nos filmes pernambucanos de ficção (longas e curtas) lançados a partir do ano 2000. Discorrendo brevemente sobre a relação cinema/geografia, no intuito de entender as geografias fílmicas que se constituem nos filmes analisados, esse trabalho explica a necessidade de considerar os filmes, e as suas imagens da arquitetura e do espaço urbano, como produtores – mediadores, criadores – de um pensamento acerca da cidade e do espaço geográfico contemporâneo e, portanto, participantes centrais na manutenção ou criação de imaginações espaciais, centrais em nosso modo de perceber, viver e agir na cidade (pós)moderna.

UM PERPÉTUO VIR-A-SER: ESPAÇOS E SUJEITOS URBANOS EM ESTADO DE CRISE
Maria Helena Cavalheiro
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O artigo dedica-se a situar a cidade e sua arquitetura como campo de reflexão e atuação de artistas e instituições interessados na função social das artes. Através de revisão bibliográfica, a narrativa se desenvolve ao redor da ideia de que o sujeito moderno vive em um estado permanente de crise, consequência do contínuo e cada vez mais acelerado processo de transformação do espaço das cidades e dos modos de vida das sociedades urbanas. Aproximando essas noções ao campo das artes, são apresentadas ideias básicas sobre como o meio artístico pode responder ao problema colocado e auxiliar assim o sujeito urbano numa melhor compreensão da sua situação. Os autores-chave são Marshall Berman, Massimo Cacciari, Henri Lefebvre, Carl Schorske, Georg Simmel e a Internacional Situacionista.

Do Navegantes ao Gasômetro: Estratégias internacionais para o projeto de revitalização do Cais Mauá de Porto Alegre
Maria Rita Ferreira Soares ; Edgar Belmeni Steffens ; Geisa Bugs
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Este artigo busca estabelecer uma comparação do modelo de grandes projetos urbanos contemporâneos internacionais recentes para áreas portuárias desativadas. Tem como foco de análise o Cais Mauá, em Porto Alegre, compreendido entre o bairro Navegantes e a Usina do Gasômetro. A pesquisa foi realizada a partir de revisão bibliográfica e da consulta de documentos, bem como da análise de projetos de mesma envergadura realizados em importantes capitais do mundo globalizado. O artigo busca compreender as estratégias de intervenção no espaço urbano geradas a partir de um GPU elaborado nos moldes dos grandes empreendimentos internacionais, relacionando-as com a produção de novos espaços, com as dinâmicas de produção do capital na cidade contemporânea, e com a construção do tipo de imagem desejado para a cidade. Os resultados, entre outros, apontam para estratégias genéricas de cunho mercantilista, para condições locais estabelecidas ao longo dos anos.

GÊNERO E SEGREGAÇÃO URBANA: Algumas reflexões
Mariana Barbosa de Souza ; Tuize Silva Rovere Hoff
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Este oferece um contato com o tema da segregação que atinge parcelas da sociedade, como a população feminina e a comunidade LGBTQI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transvesti e transgêneros, Queers, Intersexuais e outros) e, que ganha um contorno diferenciado fruto de uma realidade específica. As políticas públicas sociais acabam por (re)produzir estruturas patriarcais e capitalistas que condicionam essas parcelas sociais a um papel de subserviência social e econômica. A partir de levantamento bibliográfico discorre-se sobre alternativas de reação à situação de vulnerabilidade e alternativa de acesso aos bens e serviços públicos. São utilizados argumentos que embasam tal perspectiva para enfatizar o trabalho científico e epistemológico de mapeamento das realidades como premissa para uma reflexão crítica voltada à ação transformadora da realidade, contribuindo assim para o desenvolvimento regional. Este artigo é fruto de um trabalho de pesquisa dos(as) autores(as) junto à Universidade de Santa Cruz do Sul, bem como junto à militância.

AS CRISES DE PARADIGMA DE THOMAS KUHN E A ATUAÇÃO DE JANE JACOBS: Análise preliminar sobre as alterações de posturas presente na legislação da cidade de São Paulo
Mariana Meidani Ripoli ; Jonathas Magalhães Pereira da Silva
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Este trabalho discute a mudança de paradigma tomando como referencial teórico os conceitos desenvolvidos por Thomas Kuhn. Tenta-se resgatar as ideias e proposições levantadas por Jane Jacobs, em meados do século XX na tentativa de empregar, àquele contexto histórico, os conceitos de paradigma e de crise, conforme as definições por Kuhn. Busca-se compreender como as atuais discussões acerca da multiplicidade de usos e dos novos modelos possíveis de cidades se encaixam no que Kuhn chamaria de crise da ciência normal. Por meio da análise do Plano Diretor e da Lei de Uso e Ocupação do Solo na cidade de São Paulo, o artigo discute a alteração nas correlações de forças que possibilitaram uma, ao menos aparente, quebra de paradigma quanto ao modelo de cidade de forte cunho automobilístico.

Santa Cecília no discurso da mídia. Reflexões sobre o distrito de Santa Cecília no início do século XXI.
Mariana Pinheiro de Carvalho
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Esse artigo pretende analisar um conjunto de reportagens e artigos publicados no jornal Folha de São Paulo no período de janeiro de 2000 a dezembro de 2017. Esse conjunto apresenta em comum a referência ao termo “Santa Cecília” remetendo de maneira direta ou indireta, mais ou menos específica ao distrito situado na cidade de São Paulo. Ao todo registramos 2540 reportagens publicadas em 63 seções diferentes, evidenciando a abrangência de temáticas relacionadas à região pesquisada. Trataremos do conjunto dessas reportagens de maneira geral, mas privilegiaremos o enfoque sobre uma transformação em curso da região. O estudo dessas reportagens e notícias pretende abordar dois movimentos simultâneos. Em primeiro lugar, o que pode ser revelado por meio da escala dos acontecimentos não excepcionais do cotidiano. Em segundo lugar, que tipo de discurso está sendo construído e veiculado sobre o distrito de Santa Cecília nesse início de século.

Mulheres e bicicletas em São Paulo: reflexões sobre gênero, mobilidade ativa e desigualdades no uso do espaço urbano
Marina Kohler Harkot
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A desigualdade de gênero no espaço urbano se expressa, também, através de padrões de mobilidade e modos de deslocamento. Com base em dados quantitativos e qualitativos sobre o uso de bicicletas na cidade de São Paulo, este artigo é fruto de pesquisa de mestrado e investiga porque o uso da bicicleta é tão incomum entre mulheres em grandes cidades brasileiras. Busca responder duas perguntas: quais características das cidades impedem as mulheres de usarem bicicletas, e o que significa falar de mobilidade ativa e gênero no contexto brasileiro? Para tal, baseia-se em literatura recente nos campos de sociologia urbana e estudos de gênero para desenvolver discussão sobre porque mulheres usam ou não usam bicicletas em contextos urbanos. Também apresenta metodologia para estudar mobilidade e analisar a infraestrutura urbana que considera fatores culturais e subjetivos que embasam as escolhas das pessoas de como se locomover na cidade, e que estão na base de como relações de gênero impactam os usos diferentes que mulheres e homens fazem da cidade.

Atravessamentos do Urbanismo por teorias e práticas anarquistas - Campo de debates em torno da Participação no pensamento urbanístico
Marina Silveira Muniz Ferreira
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Os conceitos de autonomia, autogestão e colaboração estão presentes, atualmente, em intervenções urbanas realizadas por coletivos artísticos e/ou ativistas, arquitetos, urbanistas e designers nas grandes cidades brasileiras e mundo afora. Muitas são as investigações que reafirmam o potencial de tais ações que, quase sempre desvinculadas do estado, tomam para si a responsabilidade pela transformação dos espaços públicos urbanos. Apoiado no estudo historiográfico desses conceitos (e sua polissemia) que hoje retornam às proposições e reflexões sobre o fazer cidade, o presente artigo traz reflexões resultantes de uma iniciação científica que se propôs buscar possíveis atravessamentos do urbanismo pelas teorias e práticas anarquistas, integrando uma investigação maior acerca do que é considerado como um “campo de debates em torno da participação” no pensamento urbanístico. Evidenciar alguns diálogos, convergências e tensionamentos entre teorias anarquistas e este campo de debates no pensamento urbanístico é o objetivo do presente artigo, visando contribuir na tarefa coletiva de construção de uma história da arquitetura e do urbanismo mais complexa e plural.

O CORPO NO LIMIAR: A teoria da deriva, a prática da errância e da cartografia na apreensão do urbano, em uma abordagem corpo a corpo na cidade contemporânea.
Matheus Gomes Barbosa ; Mauricio Leal Pons ; Emanuela Di Felice
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O artigo aborda a exploração como apropriação da cidade e modo de investigar o território através da imersão total. O convite a ir à deriva transmutou em experienciar a cidade em uma escala 1:1. A experimentação de novos modelos de conhecimento do urbano, em uma aproximação lúdica na compreensão da contemporaneidade, amplia as possibilidades de uso e apropriação do espaço. Através da cartografia e da deriva, a pesquisa e o pesquisador reúnem teoria e prática no território. Entendendo que o desvio como errância, em uma interação corpo a corpo e? necessária para conhecer e imaginar a cidade. Os resultados possibilitaram o entendimento dos processos de transformação da cidade no contemporâneo, que refletem em segregação social, gentrificação e supressão das áreas verdes. Pode-se entender também, a fronteira entre o espaço público e privado, a vulnerabilidade de espaços periféricos e a influência dos movimentos que ocasionaram o desenvolvimento da cidade.

A PERCEPÇÃO DOS MORADORES DOS RESIDENCIAIS DO MCMV: uma tentativa de operacionalizar o conceito de periferia, a partir desse olhar
Mayara Mychella Senara Araújo
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Tendo em conta as discussões e questionamentos resultantes da tese de doutoramento defendida, em 2016, este artigo surge como um caminho para aventar outras possibilidades de debates no tangente as questões e inquietações do trabalho que hoje consideramos como inacabado. Assim, buscando remontar as discussões relacionadas às percepções dos moradores quanto ao aspecto localização dos empreendimentos, é que neste material abordaremos sua percepção relacionando-a com as áreas onde os residenciais foram implementados, tentando operacionalizar outro entendimento de periferia. Para dar conta dessa operacionalização, primeiro faremos um resgate acerca do espaço percebido pelos moradores do MCMV do bairro da Mangabeira. Em seguida, na seção intitulada uma discussão que não se encerra: operacionalizando outro “conceito” de periferia, apresentamos esse olhar dos moradores sobre o que compreendiam como periferia. Por fim, apontamos que ainda que as percepções dos moradores se relacionem a distância do centro da cidade, como geralmente se discute o conceito, tem mais a revelar e traz mais questões a serem debatidas.

Praça Viva - Vivências no espaço público
Michelle Campos Morais ; Andreza da Costa ; Luana Mendes da Silva ; Pablo Ceolin Dallagnol
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As ações em prol das cidades devem partir da valorização e da conscientização da sua importância por parte da população, sendo que a falta de maior participação popular contribui para a existência de ambientes urbanos que não se mostram devidamente apropriados e explorados na ampla possibilidade de suas potencialidades arquitetônicas, urbanísticas e paisagísticas. O projeto Praça Viva consiste em um evento de ocupação temporária, de vivência coletiva e de revitalização das relações junto a Praça Santo Antônio, em Cachoeira do Sul/RS, para que deixe de ser apenas lugar de passagem e passe a integrar o dia-a-dia da comunidade. Realizar um evento com ações e intervenções urbanas em uma praça pública com a participação da comunidade vêm ao encontro da questão do direito à cidade, contribuindo para o compromisso com a realidade sociocultural brasileira, ao ampliar a participação dos cidadãos na transformação da realidade e do espaço em que vivemos.

DA FAVELA URBANIZADA AO URBANO NO BRASIL
Miguel Bustamante Fernandes Nazareth
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Desde de 2009, estuda-se as transformações que a favela Vila Nova Jaguaré, situada no bairro do Jaguaré, Zona Oeste de São Paulo, vinha sofrendo após uma intervenção pública. A partir de 2014, começamos a analisar essas transformações de um ponto de vista etnográfico e, confrontando os resultados de entrevistas, da oficina e observações de campo com dados e fatos históricos da urbanização do bairro do Jaguaré, surgem pontes que ligam as dualidades da vida atual na Vila Nova Jaguaré às contradições da urbanização do bairro. Primeiro, apresenta-se o contexto da pesquisa e sua metodologia. Em seguida, relata-se a história da urbanização do bairro e consolidação da Vila Nova Jaguaré. Em seguida, exploraremos as territorialidades “favela”, “comunidade” e “bairro” como síntese da apropriação do espaço “favela urbanizada”. E, finalmente, argumenta-se a apropriação do espaço da favela urbanizada se estrutura a partir de territorialidades que compõem o espaço urbano brasileiro.

Parklets enquanto elementos de banalização da paisagem paulistana
Milena Cristina Sartori
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As cidades estão constantemente passando por transformações orientadas pelo cenário de competição por investimentos e reconhecimento externos a fim de viabilizar sua inserção em redes globais. Muñoz apresenta seu conceito de urbanalização identificando-o a partir de processos de especialização econômica e funcional do território, bem como de segregação morfológica do espaço urbano, que tem como consequência um processo de tematização da paisagem, reduzida de seus atributos e conteúdos. A urbanalização ocorre quando se torna possível identificar processos comuns na produção do espaço urbano, ou seja, quando se criam paisagens homogêneas desenraizadas de um “lugar” e replicadas indiferentemente em diversas cidades, banalizando o território a fim de torná-lo facilmente apreensível e consumível no contexto global. Os parklets em São Paulo são identificados como elementos que contribuem para a ocorrência deste processo na cidade, uma vez que são idealizados a um contexto internacional distinto, mas ainda assim são amplamente replicados a partir de lógicas homogêneas, além de apresentarem práticas de cunho privado, associadas ao consumo no e do espaço.

IMPACTOS MORFOLÓGICOS DO SISTEMA ELÉTRICO NA ÁREA CENTRAL E PERICENTRAL DE NITERÓI Uma análise a partir das configurações espaciais geradas pelas linhas de transmissão de energia elétrica
Nara Nastari Villela Gardel Barbosa ; Vanessa Carla Sayão Cortez ; Miriam Victoria Fernandez Lins
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O artigo investiga equipamentos de infraestrutura elétrica e seus impactos na morfologia urbana. Com foco nas linhas e torres de transmissão de energia, são observados diferentes interferências destes objetos na cidade. Para isso, categorias de análises, embasadas em revisões bibliográficas, são desenvolvidas e aplicadas dentro de três estudos de caso no recorte da área central de Niterói. A pertinência se dá no modo de implantação dessas estruturas, que comumente ocasiona rupturas no tecido urbano e aparentemente, ignora o desenvolvimento da cidade, mesmo representando objetos importantes para o funcionamento da mesma. Trais quebras são exemplificadas como caminhos “non aedificandi”, claramente observadas devido a ausência de edificação nas faixas de proteção de locais com alta densidade construída. Almeja-se com esta pesquisa compreender a consequência da atual forma de implantação das linhas e torres de transmissão para a morfologia urbana e sua população, na área central de Niterói.

Complexcidade: a odisseia da incompletude urbana
Nilberto Gomes de Sousa
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Há muito as investigações urbanísticas desenvolvem um esforço hercúleo para explicar a complexa cidade contemporânea, Complexcidade, e suas dinâmicas. Sempre na esperança de compreendê-la para resolver seus problemas imediatos, corrigir seus rumos e antecipar o seu futuro. Buscamos aqui refletir sobre as novas leituras da cidade apoiadas em modelos matemáticos e big data aliados à computação. Essas ferramentas impulsionam novas abordagens e reacendem a esperança de uma nova ciência das cidades que soa como uma teoria geral da relatividade-cidade capaz de explicá-la por inteiro. A confiança na capacidade humana de compreender o universo alimenta a expectativa de dominar a cidade. Com o suporte das ferramentas computacionais, as recentes explorações parecem reeditar as “certezas” inabaláveis do urbanismo moderno, crente em leis que modelariam a cidade para uma pessoa “tipo”. Assistimos a um novo surto de technotopia embalado pela possibilidade de auscultar os batimentos da urbits? Estão no certeiro caminho as tentativas para desvelar os fios da costura urbana invisível? Existem leis invisíveis no real? Questionamos as ilusões de domínio completo com a teoria da relatividade, com o princípio incerteza e com o teorema da incompletude, para arriscar que a Complexcidade não se destina a ser “agarrada” por completo.

A OCUPAÇÃO DA “ELITE” NA CAPITAL GOIANA: UM ESTUDO DA MOBILIDADE HABITACIONAL
NINFA REGINA DE MELO CANEDO ; VALÉRIO AUGUSTO SOARES MEDEIROS ; MONICA FIUZA GONDIM
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A pesquisa analisa o movimento de locação residencial das camadas de alta renda na cidade de Goiânia entre os anos 1990 e 2018. Por meio de uma interpretação descritiva baseada no levantamento de ocupação prioritária, classificação tipológica e atributos constantes nos empreendimentos, busca-se identificar características que dialoguem com a mobilidade habitacional refletida no comportamento do mercado de imobiliário local. O estudo está estruturado em três etapas: a primeira trata do movimento de saída da “elite” do centro para as franjas urbanas; a segunda explora o fluxo posterior de retorno ao centro, agora no formato de “condomínios clube”; e a terceira, por fim, contempla um comparativo de lançamentos imobiliários com foco no valor dos imóveis. Os resultados obtidos apontam que o processo de “retorno das elites” associa-se às novas necessidades do estrato social ao reforçar o papel da localização central como um bem prioritário da vida urbana.

ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS NA CIDADE
Paloma de Oliveira Silva ; Érica Tavares
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O envelhecimento populacional é um processo multifatorial, que deve ser compreendido na sua relação com diversos fatores internos e externos aos sujeitos. As dimensões históricas e teórico-conceituais sobre o envelhecimento fundamentam-se, sobretudo, no processo de transição demográfica, que levou a uma mudança na composição social da população. Além disso, também há um impacto considerável sobre a cidade e a distribuição da população no espaço. Este trabalho busca trazer elementos para pensar as estratégias de reprodução social entre os idosos considerando o nível de dependência física e econômica, o papel da família e do estado, assim como as desigualdades sociais na cidade. O objetivo é analisar o processo de envelhecimento populacional no interior do Estado do Rio de Janeiro, especialmente no município de Campos dos Goytacazes. A metodologia utilizada considerou a análise secundária de dados, a partir de informações dos Censos Demográficos do IBGE. Sendo assim, é importante questionar como as cidades são reorganizadas para um novo perfil populacional, principalmente diante das desigualdades sociais e econômicas das famílias que ocupam diferentes espaços da cidade no que se refere à distribuição dos recursos e equipamentos urbanos.

MAPPING URBAN HISTORY: Belo Horizonte’s spatial history through a cartographic approach
Patricia Capanema Alvares Fernandes
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O presente artigo oferece uma reflexão sobre as possíveis contribuições do uso da cartografia para a história, mais especificamente, procura contribuir com um novo olhar sobre a história urbana de Belo Horizonte, em Minas Gerais. A cartografia é aqui abordada tanto com método de pesquisa com base em Deleuze e Guattari quanto prática, no uso de mapas como ferramenta importante para a construção de uma narrativa espacial alternativa. Ao enfocar na produção histórica do espaço, o artigo traz uma reflexão acerca de entendimentos sobre os conceitos de espaço e paisagem - através de Milton Santos, Henri Lefebvre, Denis Gosgroce, Charles Waldheim e outros – e de como tais categorias podem contribuir para a reconstrução de uma história espacial através da cartografia. Assim, três momentos da história de Belo Horizonte são abordados: sua fundação positivista, a moderna construção da Pampulha e o recente transbordamento sobre o município de Nova Lima, em um cenário neoliberal de pós-mineração.

O QUE ESTÁ SENDO PROPOSTO QUANDO SE FALA EM
PATRICIA DAFLON DOS SANTOS
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O presente artigo tem como objetivo uma primeira aproximação a um aporte teórico-conceitual que auxilie na discussão acerca da relação entre os projetos e modelos de educação urbana e processos de governança territorial. Nesse contexto, busca-se analisar de forma crítica o contraponto, muitas vezes encontrado, entre as perspectivas que envolvem tais temáticas, além de uma análise crítica aos modelos de projetos de educação urbana, importados e muitas vezes aplicados de forma equivocada e distanciada tanto dos problemas locais quanto dos processos que o causaram, dos sujeitos que o vivenciam, como dos possíveis agentes propositores de ações. Desta forma, faz-se necessário problematizar de que forma as políticas públicas, neste caso relacionadas tanto ao planejamento urbano como de gestão, podem viabilizar novas práticas.

CONSTRUIR A CIDADE Experiências integradoras no ensino de Plano e Projeto Urbano
Patricia Maya Monteiro ; Filipe Marino ; Isabela Bacellar ; Marlise Sanchotene de Aguiar
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Este trabalho apresenta uma experiência didática inovadora no âmbito do ensino do planejamento urbano e regional e projeto urbano em um curso de arquitetura e urbanismo. A partir do ensino integrado de duas disciplinas, buscou-se evidenciar as etapas que permitiram que essa mudança se tornasse um movimento de inflexão no ensino de propostas urbanas. Partiu-se de uma abordagem interescalar, seguida para uma problematização, baseada na discussão de textos chave para a construção de um arcabouço teórico, que propiciou um aprofundamento das pesquisas e análises sobre um recorte urbano e a subsequente proposição de cenários propositivos. A experiência relatada nos mostra que a inovação proposta pode contribuir para uma formação mais ampla e abrangente para o urbanista, comprometida com os problemas enfrentados pelas metrópoles brasileiras e estimulante para a formação de crítica e criativa.

URBAN ENTREPRENEURSHIP ECOSYSTEMS: A Study in Different Spatialities
Paulo Henrique Gomes Jelihovschi ; Anderson de Souza Sant'Anna
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This paper aims at investigating entrepreneurial ecosystems through analysis of interactions among their main agents in different spatialities of the city of Sete Lagoas (Brazil): Downtown, a suburban street, and a shopping mall. As a theoretical framework was used the theory of interspecific ecological interactions, developed by Lopes and Rosso (2010), to investigate characteristics of the entrepreneurial ecosystems targeted by the study. In methodological terms, the research can be characterized as case study of qualitative approach, carried out through semi-structured interviews with local entrepreneurs of the three spatialities. The obtained data were submitted to treatment based on the technique of content analysis by category allowing the verification of interactions between the investigated constructs in the spaces analyzed, according to three types of interspecific ecological interactions: Mutualism (street commerce), protocooperation (downtown) and inquilinism (shopping mall).

DAS ESTRUTURAS VISÍVEIS ÀS DINÂMICAS INVISÍVEIS: Análises experimentais em assentamentos precários
Paulo Nascimento Neto ; Marina Quirino Luxi de Paula
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Os assentamentos precários surgem como resposta de uma parcela da população à necessidade de moradia, constituindo uma importante face da desigualdade social e parte promotora da mesma, tanto em nível simbólico quanto em nível social e econômico. Neste contexto, é ampla a gama de estudos sobre as dinâmicas visíveis destes assentamentos, sobretudo vinculados à infraestrutura, morfologia e inserção no território. Tais análises são de fundamental importância e, via de regra, embasam projetos de regularização fundiária e reurbanização. Contudo, além dos elementos claramente apreensíveis, estes territórios se caracterizam por um palimpsesto de fluxos e dinâmicas que as transpassam, envolvendo dinâmicas invisíveis. Este é o tema de interesse deste trabalho que, por meio de estudo piloto na Vila Três Pinheiros (Curitiba – PR), objetiva investigar a dinâmica intradomiciliar em assentamentos precários, compreendendo as dinâmicas e relações de percepção e apropriação, com vistas a agregar novos aportes ao diagnóstico socioespacial de assentamentos informais.

PODERES PÚBLICOS MUNICIPAIS E AEROPORTOS NO ÂMBITO DO PLANEJAMENTO URBANO BRASILEIRO: UM PANORAMA PARCIAL, DE 2006 A 2017
Paulo Sergio Ramos Pinto ; Marcos Thadeu Queiroz Magalhães
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As cidades brasileiras reúnem 85% da população e têm diversos conflitos urbanísticos. Entre eles, conflitos com os aeroportos, infraestruturas que têm requisitos de segurança, funcionalidade e eficiência das atividades aeronáuticas e aeroportuárias que estabelecem restrições sobre o território fora de seus limites. Em 2006, importante mudança ocorreu no Sistema de Aviação Civil com a instalação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e, em 2011 e nos anos seguintes, novas normas federais aeronáuticas e aeroportuárias foram publicadas. Este artigo analisa a política da Infraero, estatal federal de aeroportos, quanto à integração cidades-aeroportos, de 2006 a novembro de 2017, e traça um panorama parcial, relativo a oito aeroportos da estatal. No período estudado, a Infraero celebrou, com 13 Prefeituras, Acordos de Cooperação Técnica para a elaboração de Planos de Integração Operacional Urbana, para 11 de seus aeroportos. Até 2011, a estatal administrava 67 unidades, que concentraram 97% dos passageiros e 98% das cargas do País naquele ano, mas, em 2017, operava 57, devido à concessão dos outros a empresas privadas ou público-privadas e a outros entes públicos.

DISTÂNCIA ESPACIAL E ASSIMETRIA SOCIAL: DESLOCAR-SE ENTRE DUQUE DE CAXIAS E RIO DE JANEIRO
Pedro Novais ; Lidiane Matos ; Viviane Penso
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Discute-se o lugar do ambiente construído em processos de reprodução social. Na Introdução, apresentam-se os motivos da pesquisa sobre a dimensão espacial das relações sociais na perspectiva do “estruturalismo genético”. Na segunda seção apresenta-se o referencial teórico que pressupõe a correspondência entre as estruturas objetivas do mundo social e as estruturas cognitivas de seus agentes. Este serviu base para um exercício de identificação de oposições em estruturas homólogas. O exercício foi feito por estudantes de Duque de Caxias, em viagem de estudos ao Rio de Janeiro. Após alguns meses, realizou-se na escola a reunião de um grupo focal. As descrições da estratégia metodológica e das coletas de dados empíricos, juntamente com a discussão do material encontrado, constituem a terceira seção. Na conclusão, o confronto entre premissas teóricas e material empírico permite refletir sobre os limites do exercício e sobre a contribuição da literatura de referência para o tema.

A PRODUÇÃO FEMINISTA DO ESPAÇO: Costurando uma colcha epistêmica para pensar a cidade e as lutas urbanas
Poliana Gonçalves Monteiro
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O presente artigo parte da reflexão de que não há, em uma sociedade desigual, espaço cuja ocupação, distribuição e significação não seja desigual e a desigualdade impetrada pelo patriarcado se materializa na cidade. Nesse sentido, é necessário pensar uma cidade diferente, que parte da produção do espaço que cotidianamente se engendra mas que não se vê. Para desenvolver a reflexão pretendida, o artigo estrutura-se em três seções. A primeira inicia um debate sobre violência epistêmica que invisibiliza a figura da mulher na formação do sujeito e na conformação dos objetos de pesquisa. Em seguida, a possível correlação entre um urbanismo estruturado a partir de uma perspectiva colonizadora e a conformação das cidades patriarcais será discutida. Na terceira seção, as lutas urbanas protagonizadas por mulheres serão destacadas com intuito de indicar as possibilidades de pensar a Produção Feminista do Espaço como estratégia para a construção coletiva de uma nova episteme para pensar a cidade.

Coletivos de Sarau em Belo Horizonte: expressões das desigualdades socioespaciais
Rachel de Castro Almeida ; Rodrigo Costa Silva Matos
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Este artigo apresenta algumas discussões sobre os novos coletivos e sua presença cada vez mais ativa nos espaços públicos das grandes metrópoles. Em Belo Horizonte, assistimos a um recente movimento dos jovens de periferia e a organização de coletivos de Sarau. As suas formas e estratégias de uso e ocupação dos espaços públicos e o modo como se expressam tornam-se fontes instigantes de pesquisa, ao trazerem à tona a tríade lefebvriana do espaço percebido-concebido-vivido. Ancorados pelo método etnográfico, buscamos apreender o modo como esses jovens percebem a produção do espaço social e vivenciam as desigualdades socioespaciais. As análises apontam que essas experiências reconfiguram práticas socioculturais, constroem narrativas que produzem a ambivalente condição do lugar da periferia e de sua população na cidade. As marcas de uma desigualdade socioespacial estão impressas não apenas no espaço, mas no próprio corpo e na relação entre os próprios pares ou com outros estratos sociais.

CONSENSO E CONTRADIÇÃO: MARKETING E CINEMA NA CONSTRUÇÃO NARRATIVA DOS CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS FECHADOS
Rafael Baldam ; Prof. Dr. Tomás Antonio Moreira
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Condomínios fechados desempenham papéis como símbolos de status, segurança, e lucrativos produtos imobiliários. Seu sucesso mercadológico está relacionado ao crescimento da criminalidade e também à uma estratégia de marketing que idealiza estes espaços como refúgios de segurança. Esta estratégia constrói um consenso coletivo de que condomínios são sinônimo de segurança. Contrapondo-se a esta narrativa, o cinema apresenta algumas contradições à vida entremuros, como a presença do crime dentro dos condomínios e a intolerância. Nesse contexto, nesse artigo são analisados anúncios de condomínios fechados, promovendo o consenso da sua segurança, em contraste à análise dos filmes “La Zona” e “Historia del Miedo”, apresentando contradições da vida securitizada e vigiada. A partir disso, são perceptíveis duas camadas de discussão e ação da insegurança urbana: uma prática, que age sobre os espaços físicos; e outra discursiva, que molda o entendimento do que é segurança e como adquiri-la.

UMA APROXIMAÇÃO CONTEXTUAL DO FENÔMENO URBANO FAVELA ÀS SINGULARIDADES CARIOCAS
Ricarda Lucilia Domingues Tavares
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O artigo tem como principal objetivo apresentar a multidimensionalidade do fenômeno favela, a partir de dados que caracterizam a favela nas escalas mundial, continental, nacional e municipal, além de definições presentes em documentos da ONU-Habitat, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e do Instituto Pereira Passos – IPP. As leituras e concepções oficiais são contrapostas a outras, com a intenção de demonstrar que o tratamento da favela como um fenômeno homogêneo, quantitativamente mensurável e contextualmente isolável, além de insuficiente e enganoso, pode gerar interpretações de pouca valia para a elaboração de propostas que visem a sua qualificação urbanística. Tal abordagem pretende promover a gradual desconstrução dos enquadramentos frequentemente impostos à favela, no geral, e à favela carioca em particular, tanto nas abordagens mais conceituais quanto nos estudos e análises de dados que embasam políticas públicas de intervenção, em especial as mais diretamente vinculadas ao planejamento urbano.

Espaço Público e Urbanidade: expressões da cotidianidade no Centro de Maceió-AL
Roberta Félix Maia ; Caroline Gonçalves dos Santos
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A dinâmica socioespacial das cidades contemporâneas revela como os sujeitos se apropriam do espaço público. Na cidade de Maceió, capital alagoana, esse estudo aborda o bairro do Centro, núcleo de origem da cidade, que narra sua história urbana e continua seu processo de evolução. Sua transformação está intrinsicamente ligada com a dinâmica da sociedade no espaço. Compreender essa relação faz parte da construção de uma análise socioespacial, pois reflete a importância dos espaços públicos ali existentes. Assim sendo, toma-se como estudo algumas ruas, definidas através das suas representatividades no bairro, a fim de esclarecer como se dá a apropriação dos usuários. Almeja-se com isso, demonstrar os resultados dessa pesquisa, adquiridas pelas experiências de integração social nesses espaços, e assim, contribuir para reconstrução de significados do Centro, visto que considerou-se que a área de estudo apresenta deficiências que interferem na efetiva urbanidade do lugar. Porém, seu potencial é notório, já que é lugar de passagem obrigatória, contém espaços livres que podem propiciar momentos de encontro e uma paisagem digna de ser observada.

Segurança e Espaço Público: Um estudo de impacto após reforma no C.S.U. em Esperança-PB.
Robson Joabson Soares Porto ; Antônio Fernando Vasconcelos Filho
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A falta de segurança e de infraestrutura pública atualmente assola os pequenos e grandes centros urbanos, desencadeando uma constante segregação entre as edificações e o espaço público, na maioria das vezes com muros altos e fachadas cegas. No município de Esperança, na Paraíba, está localizado o Centro Social Urbano (C.S.U.), um espaço dedicado a contribuir para a melhoria das condições de vida da população em situação de vulnerabilidade social. Recentemente este órgão passou por uma reforma na sua estrutura, retirando os muros que faziam parte de sua composição e que separavam seu interior do exterior; no lugar dos muros foram implantadas grades que facilitam a permeabilidade no espaço, quebrando a segregação que existia previamente. Através de pesquisa bibliográfica, coleta de dados e aplicação de questionários in loco, observou-se os impactos positivos que a reforma trouxe, sendo elas praticamente unânimes quanto a melhoria do espaço público e a convivência com o seu entorno.

Estudos urbanos ou estudos da cidade? Notas sobre o Citadismo, ou Cidade-Centrismo
Rodrigo Castriota ; Bruno Siqueira
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O presente trabalho reivindica a reintegração da não-cidade junto ao campo dos estudos urbanos no Brasil, em coro com as agendas contemporâneas que exploram a extensão da problemática urbana para além da cidade. Recentemente, Angelo e Wachsmuth atruibuíram à obsessão teórica e metodológica com as cidades o nome de ‘citadismo metodológico’ (2015), finalmente nomeando o problema de uma prática teórica que pretende atingir o urbano, mas desde o início está fadada a perdê-lo, a partir de sua concepção cidade-cêntrica. Apresentamos aqui as agendas de pesquisa contemporâneas que apontam para a centralidade do caráter extensivo da urbanização, a crítica do citadismo metodológico e interrogamos o problema do citadismo não apenas do ponto de vista ‘metodológico’, mas também do ponto de vista do percebido, concebido e vivido. Questionamos até que ponto a presença e a marca colossal da cidade (enquanto objeto e plataforma da experiência humana) no mundo contemporâneo se encontram muito além da prática acadêmica e atingem os ambientes sensoriais percebidos de uma imensa e crescente quantidade de pessoas ao redor do mundo.

A Representação do Imaginário: das histórias à identidade do lugar
Rodrigo de Moraes Rosa
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Entre os anos de 2009 e 2014, inúmeros projetos de reforma urbana na cidade do Rio de Janeiro para essa sediar a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 foram incluídos, na agenda (e nos esforços) dos atores institucionais, públicos e privados; um conjunto de medidas para tornar a cidade atraente a partir da eleição e seleção de ações nos bairros escolhidos para representá-la como cartão de visitas. A atratividade configurava-se, fundamentalmente, como a apresentação de diferenciais qualitativos do Rio de Janeiro em relação a outras cidades e a Lapa, região central da cidade, tomada como melhor encarnando o “espírito carioca”. O presente trabalho propõe investigar a articulação de imaginários na composição de identidade associada a um território, sobremaneira, dando atenção à descontinuidade, a porosidade, ao híbrido, às resistências, ao diálogo entre as propostas, projetos e ações revitalizadoras.

O brincar como experiência do e no espaço urbano
Sérgio Eduardo dos Santos Porto
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O artigo compõe pesquisa em que se explora a presença e influência das crianças nas concepções de discurso e desenho urbano de arquitetos e urbanistas. Com seu olhar curioso, em conjunto de imaginário e ludicidade, as crianças possuem a habilidade de captar e (re)configurar os espaços de forma inusitada a olhos naturalizados. Tudo o que é visto, sentido, é imediatamente (re)interpretado enquanto buscam fazer da cidade uma construção também sua através do brincar. Essa ação exprime potência para a crítica, revisão, elaboração e implementação de outras lógicas de cidade, ou seja, sua ação no meio urbano concede novos instrumentos e insumos àqueles que o pensam e constroem. Configura-se contato com conceitos e noções de corpo, atravessados pela criança como tema, norteados pelos autores Marcel Mauss (1872-1950) e Maurice Merleau-Ponty (1908-1961), além do brincar da criança tendo Johan Huizinga (1872-1945) e Manuel Jacinto Sarmento como pontos de partida. Com auxílio de Gustave-Nicolas Fischer (1944-), e através de relato de experiência voluntária do autor em campo no bairro da Baixada do Glicério – São Paulo/ SP através do projeto Criança Fala na Comunidade – Escuta Glicério da organização CriaCidade em 2016. Tal abordagem, para além de aproximação do autor aos conceitos citados, tem como objetivo contribuir para os estudos e ações projetuais que reconhecem o indivíduo criança como parâmetro para o pensar e fazer cidades. Incorporando nas diretrizes e desenho urbano o brincar livre das crianças a ocuparem os espaços públicos livres urbanos, reconhecendo neste ato a construção e fortificação das ações coletivas nos espaços urbanos, culminando em cidades socialmente justas e amigáveis à vida humana.

Alteração no Uso da Cidade
Siva Alves Bianchi
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A proposta deste artigo é uma reflexão sobre a apropriação das vias e calçadas, na cidade de Arraial do Cabo – RJ. Tem como base as ideias de Jan Gehl sobre a cidade para pessoas, e de Jane Jacobs sobre como a diversidade urbana concorre para a vitalidade de uma cidade através da locomoção, pois, no dizer de Paulo Mendes da Rocha, a cidade é feita mais do comportamento dos homens que das construções. Tendo como exemplo a cidade de Arraial do Cabo, parte-se da ideia de atribuir valor à construção e uso do espaço urbano pelas pessoas. Para que isso ocorra há necessidade de alteração na maneira de usar a cidade para que se tornem mais humanas. A metodologia de análise inclui a observação incorporada, onde o pesquisador participa do dia a dia da cidade em pesquisas de campo, onde inclui sua observação como entrevistado. O resultado, ainda em processo, mostra a necessidade de ser alterada a forma de usar a cidade.

Caminhabilidade: uma visão da Avenida Brasil de Cascavel - Paraná.
Suellen Barth dos Santos ; Sirlei Maria Oldoni
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Este trabalho tem como tema o índice de Caminhabilidade aplicado na Cidade de Cascavel, PR, tendo como área central de análise a Avenida Brasil. Neste sentido, o problema iniciador da pesquisa é a seguinte indagação: A Avenida Brasil, na cidade de Cascavel atende com qualidade aos índices de caminhabilidade, incluindo um deslocamento proveitoso, seguro, confortável e interessante? Desta maneira, têm-se como hipótese que o ambiente impulsiona a população a tornar o ato de caminhar uma ação habitual, pois o local é proveitoso para o pedestre, proporcionando acesso a diversos serviços e ao comércio em um curto deslocamento. O objetivo do trabalho é analisar o trecho entre a Praça do Migrante e a Catedral Nossa Senhora Aparecida da Avenida Brasil da cidade de Cascavel, PR, verificando se o mesmo garante qualidade ao deslocamento do pedestre de um local ao outro. Deste modo, os métodos utilizados para o desenvolvimento do estudo partiram inicialmente de pesquisa bibliográficas, para em seguida, efetuar a análise de forma fenomenológica e quantitativa. Esse procedimento permitiu alcançar os objetivos da pesquisa, tendo como resultado o índice de caminhabilidade do local determinado como estudo de caso.

Moradia na Favela: Uma Visão Sociodemográfica dos Aglomerados Subnormais em Campinas
Suyanne Galvão Bacelar ; José Marcos Pinto da Cunha
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Propõe-se para estre artigo a análise e a compreensão fenômeno de favelas na cidade de Campinas. Primeiramente, se ocupará em demonstrar como a bibliografia retrata as articulações de interesses do mercado imobiliário na cidade e que, consequentemente, modificam as dinâmicas demográficas configurando e reposicionando os aspectos socioespaciais do urbano. Então, se trabalhará a definição e a caracterização do que são favelas no Brasil e em seguida se analisará como se estruturam as favelas, especificamente, no município de Campinas. Desse modo, se fará uso de bibliografias que abordam a produção do espaço e a noção de favela e de dados sobre aglomerados subnormais do Censo Demográfico do IBGE do ano de 2010, a fim de identificar como se estruturam as favelas de Campinas e como se configura o perfil geral de sua população.

Entre as luzes e a dimensão noturna das cidades: A construção de uma abordagem teórico-metodológica a partir da análise da experiência
Tatiana de Albuquerque Ferreira
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Este artigo se dedica ao estudo da iluminação urbana por meio do entendimento da experiência noturna que se desdobra no espaço público. Parte-se do entendimento que no contexto atual a iluminação urbana tem sido questionada por questões mais sustentáveis e pela aproximação às dimensões mais sensíveis da noite, assim, entende-se como necessário a busca por novas ferramentas de análise que possam abranger as particularidades do que é vivenciado à noite. Como metodologia, organizou-se este artigo em duas partes, a primeira destinada ao entendimento de conceitos relacionados à experiência que se desdobra no espaço público e suas especificidades noturnas. A segunda se refere à construção metodológica baseada na observação empírica da experiência. Esta parte se desdobra em dois aspectos, de um lado tem-se a descrição da luz e suas reverberações no ambiente construído; por outro lado, tem-se a observação dos gestos e das práticas dos sujeitos. Desta forma, como objetivo, pretende-se abranger a pluralidade da dimensão noturna da cidade, buscando novos métodos que permitam uma leitura espacial da experiência noturna, assim como, desvios de concepções já formatadas em relação às luzes e à escuridão que a compõem.

ESPAÇO PÚBLICO: DA MODERNIDADE À PÓS-MODERNIDADE
THAIS DOS SANTOS VIEIRA GABI DE MACEDO
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Os caminhos nebulosos pelos quais ascendeu e frutificou a modernidade, são também rastros que justificam a dificuldade de situar a sua origem na história do mundo. Ao se desenvolver e avançar pela Europa, a era moderna se difundiu de maneira diferente e em períodos distintos. Considerado, neste trabalho, em ampla perspectiva, o espaço público é o foco catalisador de tais transformações. O indivíduo, que antes se orientava por meio da tradição, da religião e de sua sua relação direta com a natureza, perdeu suas garantias para se conduzir e passou a contar com novas perspectivas das experiências cotidianas. Essas perspectivas ganham novas significações na pós-modernidade, que, sob o ponto de vista da economia política, pode ser situada na transição do fordismo para a acumulação flexível do capital. É com o objetivo de investigar as transformações ocorridas no espaço público, que se estendem desde à modernidade até a pós-modernidade, de modo a compreender as maneiras pelas quais as modificações econômicas, políticas, sociais e culturais afetaram a vida social urbana e de estabelecer elementos representativos desse processo, que este trabalho avança.

ANÁLISE GRÁFICA DO PROJETO CONJUNTO SANTO AMARO V
Thaís Sales Gonçalves ; Nathália da Mata Mazzonetto Pinto ; Carmem Campos Pereira
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Este artigo analisa graficamente o projeto do conjunto Santo Amaro V, uma intervenc?ão para a urbanizac?a?o de assentamento preca?rio implementada em região de microbacia ambientalmente vulnera?vel do município de São Paulo. Apresenta-se aqui o contexto político-institucional em que se inseriu essa intervenção e descreve-se as soluções de projeto desenvolvidas pelo escritório contratado pela prefeitura, VIGLIECCA&ASSOCIADOS. A análise deste projeto se dá por meio da metodologia apresentada por Júlio Vieira (2015) em sua tese de doutoramento, intitulada “Vias de aproximação para uma leitura da condição espacial da arquitetura”. Adota-se quatro dos sete tópicos apresentados por Vieira (2015) para elaborar diagramas de análise do projeto. Por meio destes estudos gráficos busca-se avaliar a inserção do conjunto no contexto, como o conjunto se apropria e faz uso do espaço, e qual a relação do projeto com seu entorno.

AUTO-ORGANIZAÇÃO NA INFORMALIDADE: Os padrões socioespaciais na favela
Vânia Raquel Teles Loureiro ; Valério Augusto Soares de Medeiros ; Maria Rosália Guerreiro
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O trabalho busca decodificar o sistema espacial da favela, enquanto entidade auto-organizada e espontânea, por meio do estudo comparativo com estruturas orgânicas. O propósito é discutir as favelas e seus processos espontâneos em áreas urbanas contemporâneas como similares a outros assentamentos auto-organizados. Adota-se como abordagem a Teoria da Lógica Social do Espaço e são comparados 120 assentamentos localizados ao redor do mundo, explorados segundo um conjunto de 26 variáveis configuracionais (entre qualitativas e quantitativas, geométricas e topológicas) com uma amostra de 45 cidades portuguesas de origem medieval (exemplares da cidade orgânica). Os achados revelam que a favela busca, na medida do possível, organizar-se dentro do sistema maior que a recebe, buscando conexões com a envolvente direta além de se estruturar internamente. A leitura configuracional aponta que emergem de suas relações espaciais padrões comuns aos que estruturam cidades orgânicas, distinguindo-se essencialmente em sua densidade extrema e grau de consolidação, apesar de revelarem boa estruturação global.

O (não)moderno e o urbano: Perspectivas marxistas para a crítica da modernidade
Victor Augusto Campos Alves
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O texto tenta realizar um diálogo entre uma crítica da modernidade e do capitalismo e o contexto de formação de uma “sociedade urbana”, num contexto global em que cada ator social desempenha um papel importante e conectado à lógica mais geral de acumulação e do biopoder. Assim, numa perspectiva que é marxista, buscará se colocar a urgência de uma pesquisa que busque contemplar o urbanismo como condição para a formação das novas relações sociais pós-capitalistas. Nesse sentido, se busca pautar uma agenda de pesquisa que gire em torno das possibilidades de articulação entre os diversos atores presentes hoje na conformação do tecido urbano contra o capital, o neoliberalismo e a modernidade. Por fim, será possível vislumbrar a limitação de se pautar políticas e ações coletivas que não identifiquem no capital aquilo que estrutura e atualiza as desigualdades e opressões que, por vezes, são apresentadas como algo “fora” da totalidade capitalista, ou não engendrados por esse modo de produção.

Urbanidade na Cidade Informal: Uma Abordagem Operativa
Wagner de Souza Rezende ; Angélica A. T. Benatti Alvim ; Luiz Guilherme Rivera de Castro
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O significado de urbanidade, como a articulação dinâmica da convivência humana em contextos urbanos, tem se transformado radicalmente desde meados do século XIX, alterando os modos de habitar a cidade desde então, e assumindo nuances políticas ao longo do século XX. De fato, em meio às discussões teóricas e práticas sobre as transformações urbanas no século XX, diversas críticas relacionadas ao conceito de urbanidade emergiram ao longo das últimas décadas, fomentando consensos e dissensos sobre os padrões de apropriações dos espaços públicos contemporâneos. Nesse contexto, questiona-se em que medida uma crítica das teorias urbanas – envolvendo aspectos da morfologia urbana, das práticas sociais e da percepção da paisagem – contribui na revisão do conceito de urbanidade. Adicionalmente, pode-se questionar as restrições e vantagens colaterais de se produzir um modelo analítico utilizando tais atributos para estudo da cidade informal. Este artigo propõe, por meio de uma revisão crítica das tendências urbanísticas das últimas décadas, a elaboração de um quadro conceitual que possibilite identificar e classificar os principais atributos de urbanidade que sejam adequados para realizar estudos urbanos na microescala. Além disso, pretende-se ampliar o conceito de urbanidade a partir de textos relevantes de autores brasileiros. Como resultado, podem ser identificados os atributos da urbanidade mais relevantes para o estudo da apropriação de espaços públicos em assentamentos precários. Por fim, ao elaborar uma revisão crítica das principais tendências conceituais sobre urbanidade, verifica-se que existe uma ampla gama de atributos, que podem ser classificados e estruturados de modo a gerar informações sobre a apropriação de espaços públicos por meio de estudos sobre percepção, leitura e interpretação urbana.

ST 14 - Políticas urbanas: Entre o Público e o Privado
A agenda de incubação de parcerias público-privadas em São Paulo: Fundamentos institucionais para a mercantilização setoriaa
Alvaro Luis dos Santos Pereira ; Gabriel Maldonado Palladini
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O artigo trata da dinâmica das articulações entre Estado e mercado no setor habitacional em face da ascensão do neoliberalismo e da difusão de uma agenda de política pública calcada na hegemonia da "nova economia institucional". Com base em estudo de caso sobre um projeto de parceria público-privada para a provisão de habitação de interesse social promovida pela Agência Casa Paulista, apresentamos uma reflexão sobre as mudanças e continuidades que o atual modelo de política habitacional do Estado de São Paulo representa em relação ao modelo anterior, protagonizado pela Companhia Paulista de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Os dados coletados evidenciaram uma tendência de deslocamento da primazia nas atividades de formulação e financiamento de políticas habitacionais para o setor privado.

O PLANEJAMENTO URBANO ENQUANTO FUNÇÃO ESTATAL E A INSERÇÃO DAS CONSULTORIAS URBANAS PRIVADAS NESTE CAMPO NO BRASIL
Bárbara Lopes Barbosa
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A partir da noção geral de campo de Bourdieu (1983), objetiva-se discutir neste texto, a formação do campo da consultoria urbana no Brasil como um espaço social, constituído por indivíduos e empresas, locais e internacionais; e dependente do investimento público (é um campo heterônomo). Busca-se compreender o papel dos consultores locais que atuam como receptáculos dos ideais do planejamento concorrencial e disseminam suas práticas nas diferentes escalas do espaço urbano e regional. Para a construção de uma cartografia da constituição deste campo no Brasil, apresenta-se o arquiteto e urbanista Jaime Lerner como possível agente revelador dos capitais estruturantes deste campo, já que é visto como imagem emblemática de um urbanismo de qualidade. Assim, o consultor é utilizado aqui como um eixo de análise do espaço de relações onde se produz este saber técnico, que trata de um conhecimento dominante, institucionalizado, com aparência de ciência.

A FRONTEIRA EM MOVIMENTO: Destravando e ativando a terra em Fortaleza/CE
Camila Rodrigues Aldigueri
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A constituição da moderna propriedade da terra é um marco na mudança do significado da terra como poder econômico, em que se metamorfoseia a riqueza-terra em mercadoria, que só aparece como tal porque a terra passa ser instrumentalizada como um capital (fictício). A instrumentalização da terra como capital fictício tornou-se mais evidente na atualidade, em decorrência do contexto de financeirização mundial e seus impactos na produção imobiliária, potencializando a mobilização da terra como uma forma de capital fictício ativo. Considera-se que a dinamização dos negócios imobiliários e a ressignificação da terra como um capital fictício ativo na produção de mercado acirra a disputa da terra e, especialmente nesse contexto, há uma tendência a surgir processos, a partir de estratégias dos promotores imobiliários e Estado, que trazem à tona o significado da terra na favela como fronteira ao capital. Desse modo, propõe-se discutir o significado da terra na favela como fronteira ao capital, a partir de dois estudos de casos na cidade de Fortaleza, associado ao significado da terra como capital fictício na produção imobiliária de mercado.

COMO O URBANISMO TEM SIDO OPERADO EM PROCESSOS DE CONCESSÃO. A aplicação dos Projetos de Intervenção Urbana (PIUs) em São Paulo
CAROLINA HELDT D'ALMEIDA
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O artigo mapeia o panorama de Projetos de Intervenção Urbana (PIUs) em desenvolvimento em São Paulo para ensaiar uma análise sistematizada a partir daquilo que essas propostas apresentam como elementos recorrentes, com o objetivo de alcançar uma reflexão sobre os propósitos dessas intervenções urbanas. A hipótese em causa é que nessas propostas de reestruturação urbana por meio do PIU a finalidade é antes viabilizar a concessão, do que propor um conteúdo programático ao projeto urbano de interesse público. Mas se isso não é novo, nem é um efeito do uso do PIU em particular, a novidade se manifesta na generalização desse processo e na sua normalização como padrão normal de desenvolvimento urbano e racionalidade de planejamento urbano. A análise empírica realizada permite acenar a um certo percurso da recorrência da concessão do espaço urbano adotada como norma para a produção do espaço urbano, por meio do PIU, como seu dispositivo.

O PAPEL DO PLANEJAMENTO NA LEGITIMAÇÃO, VIABILIZAÇÃO E BLINDAGEM DOS GRANDES PROJETOS URBANOS Estudo de caso da Região Metropolitana de Belo Horizonte entre 2000 e 2017
Daniel Medeiros de Freitas
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O termo Grande Projeto Urbano (GPU) identifica neste artigo um conjunto de intervenções urbanas concebidas como formas fechadas, em escala superior à tradicionalmente praticada na política urbana local, gerando, por meio da hegemonia do projeto em detrimento do planejamento de longo prazo, objetos icônicos e que abrigam atividades restritas e homogêneas. A definição inclui, além das grandes requalificações e novas áreas urbanas, as grandes intervenções viárias, as operações urbanas e os grandes equipamentos públicos e empreendimentos privados. Já o termo planejamento define, a partir do conceito de campo de poder, microcosmo de relações sociais que exerce papel técnico-especialista na produção dos GPU, incluindo as instituições públicas e as consultorias privadas dos setores de planejamento urbano, arquitetura e engenharia viária envolvidas nos projetos estudados. O artigo tem como objetivo desvelar as relações de poder que estruturam a atuação desse campo técnico especialista na produção de um conjunto de GPU localizados na região metropolitana de Belo Horizonte entre 2000 e 2017. Para tal, analisa um conjunto de características invariantes observadas nos GPU, lançando luz sobre o modo como o planejamento atua na viabilidade técnica, legitimação cultural e blindagem institucional dessas intervenções. A primeira parte do artigo apresenta resultados de pesquisa sobre a produção de GPU na RMBH a partir de um quadro geral de características invariantes. A segunda parte problematiza o papel do campo especialista do planejamento na legitimação, blindagem e viabilização dos projetos, identificando permanências e desestabilizações na tradição tecnocrática, nos avanços e retrocessos da agenda urbana e dos novos paradigmas de desenho e gestão.

A TRANSFERÊNCIA DE POTENCIAL CONSTRUTIVO: Incentivo aos bens protegidos na área central de São Paulo (?)
DULCILEI DE SOUZA CIPRIANO ; EDUARDO ALBERTO CUSCE NOBRE
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Este artigo faz parte de dissertação desenvolvida no PPGAU-USP. Portanto, é parte de uma pesquisa que busca analisar a aplicação da Transferência de Potencial Construtivo (TPC), no âmbito da Operação Urbana Centro, na área central de São Paulo. Em funcionamento há vinte anos, o referido mecanismo é o único instrumento urbanístico que visa promover a conservação do patrimônio cultural edificado por intermédio da concessão de contrapartida financeira, paga pela iniciativa privada, em troca da permissão para exceder o coeficiente de aproveitamento do solo imposto pela legislação de zoneamento. Após a análise dos documentos e dados referentes à operacionalização da TPC iremos verificar a efetividade desta por meio do estudo de um caso de de transferência de potencial, escolhido num rol de seis processos finalizados durante o período compreendido entre 1997, ano de instituição da Lei nº12.349/97 e, 2017 quando se contabiliza duas décadas da implementação deste instrumento.

A Terra como Ativo Financeiro: superprodução e consumo do espaço urbano em Piracicaba no século XXI
Estevam Vanale Otero ; Bianca Crepaldi
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A partir de meados do século XXI Piracicaba, cidade média do interior paulista, passou a se destacar nos rankings de produção do espaço urbano, notadamente em termos de novos parcelamentos do solo. Essa superprodução se deu num contexto paradoxal de queda em seu crescimento demográfico, ainda que persistissem passivos urbanos e socioambientais. Entretanto, essa produção não se orientou à demanda existente, mas consistiu fundamentalmente de produtos destinados aos estratos de mais alta renda, especialmente “loteamentos fechados” nas franjas do tecido urbano. O artigo em tela busca desvelar as lógicas por trás dessa superprodução descolada da demanda real, mas que foi efetivamente implantada, comercializada e consumida no município, ainda que parte expressiva do estoque produzido permaneça desocupada. Nas últimas duas décadas a terra urbana converteu-se verdadeiramente num “ativo financeiro”, escoadouro de capitais em busca de valorização, amalgamando um amplo conjunto de interesses na produção e no consumo do espaço urbano.

A Participação Privada no Setor de Saneamento Básico no Brasil: uma análise dos investimentos com recursos do FGTS
Fabiana Kuhn ; Raphael Brito Faustino
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O presente trabalho busca destacar o processo de financeirização ocorrido no setor se saneamento básico, a partir da maior participação de empresas privadas e da lógica presente nas empresas públicas de capital aberto. A primeira seção busca contextualizar a política de saneamento básico após a Constituição de 1988, com algumas considerações sobre sua estrutura institucional, marcos regulatórios e investimentos. Após, na segunda seção, sugere-se algumas breves considerações sobre o processo de financeirização do urbano e suas relações com o setor de saneamento. Por fim, apresenta-se, na terceira seção, alguns dados consolidados sobre os investimentos do FGTS no setor, destacando sua relevância como fonte de financiamento para as empresas privadas e companhias de capital aberto, bem como seu papel no lucro gerado por estas empresas. Na conclusão, destaca-se as perspectivas futuras para o setor de saneamento, com aprofundamento do cenário destacado ao longo do trabalho, em especial a partir das propostas em andamento, como o novo marco regulatório do setor e a possível extinção do Ministério das Cidades.

As transformações recentes na propriedade e seus impactos sobre as Terras da União
FERNANDA ACCIOLY MOREIRA
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No Brasil, os primeiros quinze anos do século XXI (mais do que em outros períodos) foram marcados por ambiguidades. Ainda que se tenha construído uma agenda para uma política urbana sustentada pela “hipótese integradora”, também foram criados outros instrumentos para viabilizar a ação do mercado imobiliário. O Estado não foi capaz de democratizar o acesso à terra e de reverter os níveis de desigualdade e segregação sócioterritorial das cidades, mas continua agenciando e mobilizando fundos públicos e terras públicas, para interferir na produção e reestruturação do espaço urbano, e permitir ganhos rentistas sobre a valorização da terra apropriada pelos agentes privados envolvidos. Atualmente, em que o papel da propriedade vem passando por transformações pautadas pelo léxico da financeirização, pretende-se debater qual o papel das terras da União nesse processo, à luz das alterações na legislação federal que regem a gestão patrimonial e regularização fundiária, a partir de 2016.

ALIENAÇÃO DOS IMÓVEIS DA UNIÃO: OPORTUNIDADES DESPERDIÇADAS?
Flavia Pedrosa Pereira ; Benny Schvarsberg
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Os normativos e iniciativas da Administração Pública Federal que estimulam a alienação de bens imóveis da União estão na pauta do dia. O artigo propõe uma abordagem que inicia com a caracterização dos bens que compõem esse universo, procurando compreender como se deu a formação do patrimônio da União. Destaca-se que há um conjunto heterogêneo desses bens, parte conhecida e parte ignorada, o que configura uma imprecisão fundiária. São destacadas as possibilidades de destinação e a função social dos bens públicos. Dedica-se especial atenção aos bens dominiais, pois são aqueles que não estão afetados, ou seja, podem ser transacionados, inclusive alienados, pela União. Na sequência aborda-se o Plano de Alienação de Imóveis da União, posto em prática pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU) em março de 2017. Apresentam-se os resultados das pretendidas vendas até meados de 2018, quando iniciou o período de vedações devido às eleições no país. Conclui-se que que as destinações chamadas sociais, que deveriam ser o principal objetivo e foco do Governo Federal para a gestão democrática do patrimônio imobiliário da União, não têm sido priorizadas. A prioridade atual é a alienação para média e alta renda, para agentes do mercado imobiliário, e a constituição de fundos de investimento. Caracteriza-se a referida prática como oportunidades desperdiçadas e demonstra-se o porquê.

Centralidade e setor terciário: Metodologia e análise da dispersão e concentração de atividades econômicas entre áreas de centralidade públicas e privadas em Curitiba (PR)
Gustavo Domingues Gaspari
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O objetivo deste artigo é refletir sobre o processo de constituição de áreas de centralidade no contexto contemporâneo a partir da concentração de atividades econômicas do setor terciário da economia. À dinâmica complexa de estruturação urbana responsável pelo surgimento de novas áreas de centralidade públicas para além do Centro, soma-se o fenômeno do surgimento de shopping centers, estruturas privadas que divergem das anteriores tanto no que diz respeito aos agentes promotores, tempo de formação e público ao qual se dirigem. Os resultados obtidos para Curitiba através da espacialização de alvarás de localização comercial para cinco tipos distintos de atividades terciárias demonstraram que a influência dos shopping centers é variável de acordo com o ramo de atividade observado, mas, no cômputo geral, detêm significativo poder de concentração de atividades, além de indicar para a consolidação de subcentros periféricos, numa dinâmica dupla voltada para diferentes estratos de renda.

ARTICULAÇÕES ENTRE AS FORMAS DE PRODUÇÃO DO ESPAÇO NO HABITAT POPULAR LATINO-AMERICANO: CUSTOS DE PRODUÇÃO E PREÇO DA TERRA NA PRODUÇÃO DOMÉSTICA E DE MERCADO — UMA APROXIMAÇÃO AO DEBATE
Isadora Fernandes Borges de Oliveira
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O texto busca refletir sobre as formas de produção do habitat popular na América Latina (que configura grandes assentamentos populares, caracterizados pela autoconstrução da moradia a baixos custos, com precária infraestrutura), discutindo as articulações entre as formas de produção do espaço (doméstica e para mercado) no habitat popular ao longo da história, buscando aprofundar a compreensão de como os custos de produção e o preço da terra relacionam distintos modos de produzir a cidade. O método central consistiu em revisão teórico-bibliográfica e tem como reflexão empírica a metrópole de São Paulo, assumindo como hipótese que o movimento de transição das formas de produção do espaço neste território se relaciona com alterações nas articulações entre as mesmas. Se em um determinado momento da história, quando observada sob uma lógica industrial de produção do urbano, estas formas admitem uma articulação a partir dos custos de produção, em uma lógica urbana, que se exacerba com o fortalecimento dos processos de financeirização/metropolização do espaço na atualidade, o preço da terra se reforça como elemento central de articulação entre as mesmas.

REESTRUTURAÇÃO URBANA E PRIVATIZAÇÃO DE TERRAS PÚBLICAS: O caso do “Novo Centro” de Maringá/Paraná
Jeanne Christine Versari Ferreira Sapata ; Fabíola Castelo de Souza Cordovil
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A cidade média de Maringá-PR nasceu como um empreendimento privado e presencia, ao longo de sua história, a repercussão da privatização dos seus espaços públicos por meio de projetos de rearranjos urbanos vinculados a grandes nomes da arquitetura que atuam como peças de marketing. Analisamos o processo de privatização de uma das terras públicas da cidade na reestruturação do antigo pátio de manobras ferroviárias, o qual se tornou o “Novo Centro” de Maringá, uma nova frente de investimentos imobiliários. Estudamos as disputas entre os agentes urbanos, as imagens e os discursos das propostas para reestruturação dessa área, compreendendo os seus mecanismos de legitimação. A privatização desse espaço concretizou-se por meio da ação emparelhada dos agentes públicos e privados locais e da especulação de imagens propostas pelo arquiteto Oscar Niemeyer. A municipalidade criou condições favoráveis para a transformação do antigo pátio de manobras em uma frente imobiliária, permitindo a privatização ilegal, sem o processo de desafetação de interesse público dessa terra.

Mistura social e grandes projetos urbanos em áreas centrais brasileiras: Projeto Porto Maravilha (Rio de Janeiro) e PPP de Habitação (São Paulo)
João Carlos Carvalhaes dos Santos Monteiro ; Eduardo Augusto Wellendorf Sombini
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Atores públicos e privados vêm utilizando a noção de mistura social como estratégia de legitimação de grandes projetos urbanos nas áreas centrais de Rio de Janeiro e de São Paulo. Parte da literatura internacional sobre o tema ressalta que projetos filiados à mistura social frequentemente encobrem tentativas de revalorização de bairros ocupados por populações de baixa renda. Partimos dessa crítica para analisar as estratégias discursivas da operação urbana consorciada Porto Maravilha (zona portuária do Rio de Janeiro) e da parceria público-privada de habitação de interesse social (centro de São Paulo). O trabalho aponta a sofisticação das estratégias de legitimação desses projetos em relação à geração anterior de propostas de intervenção. Defendemos que a mistura social fornece elementos relacionados ao léxico progressista da diversidade aos esses projetos, ao mesmo tempo em que essas intervenções tendem a ampliar os usos corporativos do território das áreas centrais do Rio de Janeiro e de São Paulo.

TÁTICAS E ESTRATÉGIAS CONTEMPORÂNEAS Intervenções urbanas em áreas negligenciadas e/ou abandonadas em Salvador/Bahia
João Marques dos Santos Neto ; José Carlos Huapaya Espinoza
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Este artigo trata de dois fenômenos urbanos contemporâneos em Salvador/Bahia: o primeiro é aquele onde pessoas comuns e de classe criativa intervêm no espaço urbano de forma pontual em áreas abandonadas ou ocupadas, negligenciadas pelo poder público, dando-lhes um novo significado e uso, aproximando-se assim das “táticas” de Certeau (1994). O outro fenômeno são as estratégias empregadas por aqueles que utilizam o estado como instrumento de poder para enfraquecer e controlar as táticas, incentivando ações coletivas de intervenções pontuais sob a égide do "faça você mesmo”, diretriz definida pelos defensores do “estado mínimo”.

PERTINÊNCIA E IMPASSES NA IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA BRT NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM
JOSE JULIO FERREIRA LIMA ; LEONARDO GABRIEL BRAGA ARRUDA
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O artigo analisa a pertinência e os impasses na implantação de um Sistema de Bus Rapid Transport (BRT, Sistema de Transporte Rápido por Ônibus em inglês) na Região Metropolitana de Belém (RMB). A mobilidade urbana na RMB, como nas demais RMs brasileiras é dependente do ônibus, num modelo rádio-concêntrico ratificado pelo rodoviarismo. O artigo inicia com uma revisão sucinta tanto da origem do sistema de transporte público de passageiros no município de Belém desde o final do século XIX, quanto das modificações introduzidas a partir do período rodoviarista em meados do século XX que culminaram na elaboração dos planos e projetos de mobilidade urbana os quais levaram ao BRT a partir dos anos 2000. Discutem-se os os impasses para a implantação do BRT decorrentes da composição societária e operacional das empresas privadas existentes em Belém e problemas advindos da má gestão municipal conforme atestada pelo Ministério Público Estadual. A conclusão do artigo busca contribuir para a elucidação das razões para os impasses atuais que dificultam a mobilidade urbana na RMB com o exame do recente edital lançado pela PMB para a concessão do serviço.

A OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CONSTRUIR NA PRÁTICA: Um olhar a partir dos agentes privados na experiência paulistana de 2002 a 2013.
Kaio Matheus Santos Nogueira
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A Outorga Onerosa do Direito de Construir (OODC) e os instrumentos do Estatuto da Cidade compõem um rol de ferramentas criadas para promover a função social da propriedade e a redistribuição dos benefícios do processo de urbanização. Sua efetividade não é condicionada puramente à sua aplicação, mas também à maneira com a qual está inserida em uma política urbana mais ampla e ao modo com a qual é utilizada pelos agentes privados, considerando o redesenho de suas estratégias de atuação. O artigo mostra, através da teoria do comportamento do mercado imobiliário, de dados e entrevistas que o ônus do pagamento da OODC em São Paulo representou um custo marginal para o setor imobiliário e que a forma e os parâmetros de aplicação minoraram o potencial tanto de arrecadação quanto de indução do desenvolvimento urbano na cidade. Contudo, o instrumento contribuiu positivamente na capacidade de investimento do município e pode contribuir ainda mais se for aprimorado.

Operações Urbanas Consorciadas 2.0: origem e performatividade de um modelo em constante adaptação
Laisa Eleonora Marostica Stroher ; Nílcio Regueira Dias
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O artigo visa contribuir para a compreensão do processo de penetração das lógicas, narrativas e agentes financeiros no planejamento urbano, através do qual os bens comuns – terra, solo criado, redes de infraestrutura urbana, fundo público, base tributária – têm sido transformados em ativos financeiros. Por meio da análise das operações urbanas consorciadas (OUCs) paulistanas, da experiência do Rio de Janeiro (que denominamos OUC 2.0), e da recente tentativa de sua replicação em São Bernardo do Campo, Niterói, Belo Horizonte e Salvador, apresentamos a evolução das modelagens e dos agentes envolvidos no design, implementação e na sua disseminação. Apontamos uma complexificação e crescente multiescalaridade da coalizão que promove as OUCs, com o envolvimento de vários níveis de governo e um maior protagonismo das empreiteiras, em meio a uma progressiva colonização pela noção de governança corporativa e de instrumentos mediante os quais os bens comuns são tratados como ativos. Por fim, analisamos a performatividade do modelo de OUC 2.0, que ocorre independentemente dos resultados da experiência embrionária do Rio de Janeiro.

Paisagens privadas: impactos dos condomínios de lotes e loteamentos de acesso controlado nas cidades brasileiras
Leonardo Loyolla Coelho
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Busca-se por meio deste trabalho fazer uma análise dos possíveis impactos e conflitos que a aplicação da Lei Federal 13.465/2017 poderá trazer para a produção e gestão dos sistemas de espaços livres das cidades brasileiras. São estudadas, mais especificamente, duas novas figuras urbanísticas introduzidas por essa lei: os condomínios de lotes e os loteamentos de acesso controlado. Entende-se que esses dois instrumentos têm potencial significativo para reduzir ainda mais as possibilidades de criação, qualificação e articulação de espaços livres públicos com efetivo acesso irrestrito à população, bem como para legitimar processos de parcelamento do solo que já ocorrem no país há décadas, baseados na criação de extensas áreas muradas que se configuram como barreiras urbanas.

O uso das infraestruturas cicloviárias em São Paulo: espaço democrático e em disputa!
Leticia Lindenberg Lemos ; Gabriela Monteiro Carneiro
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Nos últimos dez anos, a Prefeitura de São Paulo implantou centenas de quilômetros de infraestrutura cicloviária, o que desencadeou resistências e contrarresistências. O uso de bicicleta tem sido tema de cada vez mais pesquisas no Brasil e no mundo, e as investigações nacionais que olham para as relações da mobilidade no ambiente urbano têm produzido informações quantitativas. Este artigo se insere nesse contexto urbano e acadêmico e propõe um debate qualitativo sobre a relação entre o uso do espaço público (de circulação) da cidade a partir do olhar sobre o uso da bicicleta. Para tanto, analisa o uso da infraestrutura implantada na cidade de São Paulo e sua relação com o comércio. O artigo mostra que a oferta de infraestrutura não teve como foco usos mais antigos da bicicleta, que ela é mais necessária em contextos de maior escassez de espaço e que o uso das faixas para bicicleta não é exclusivo de ciclistas, mas sim múltiplo e conflituoso.

FINANCIAMENTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SANEAMENTO AMBIENTAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
Lucas Daniel Ferreira
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O presente artigo visa caracterizar o histórico da privatização do setor da política de saneamento ambiental e identificar os dispositivos financeiros da governança corporativa adotada pela SABESP como um ponto de inflexão para uma nova forma de penetração da lógica financeira na política pública, mais especificamente através do convênio entre o Município e o Estado de São Paulo. Ao final, o trabalho apresenta a hipótese principal de que a estrutura da política de saneamento atual contribui para o aprofundamento do desenvolvimento espacial desigual, priorizando a maximização dos lucros dos acionistas em detrimento da garantia dos direitos dos cidadãos ao saneamento ambiental.

(Des)caminhos das Índias: Smart (competitive and private) Cities e as controvérsias urbanas na Índia contemporânea tendo o Brasil como contraponto.
Luiz Felype Gomes de Almeida
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Análises comparadas sobre processos de urbanização mostram-se comuns no campo teórico e prático relativo a temática. O presente artigo insere-se em tal discussão ainda que de forma relativa. Adotando-se a Índia, país de população ainda majoritariamente rural, como referência principal de análise, busca-se um diálogo com a realidade brasileira adotando essa última como um contraponto. Apresentam-se e discutem-se os principais programas recentes de urbanização indiana com foco na “Smart City Mission”, lançada em 2015 pelo governo federal do País. A aproximação melódica dá-se aqui através da literatura brasileira crítica aos sistemas de planejamento e execução da política urbana. Em seus diferentes componentes estruturantes a pauta de tal projeto de urbanização materializa no subcontinente indiano os conceitos de cidade empresa, pátria e mercadoria trabalhados por Carlos Vainer para a realidade brasileira. Da mesma forma em que se unem em seus aspectos de existência, os processos de resistência também se manifestam nessa polifonia de forma conjunta sob a melodia principal da defesa pela vida cotidiana, os modos tradicionais de vida e o direito à cidade.

O PÚBLICO E O PRIVADO NO DESENHO DE UM MODELO DE GESTÃO URBANA: reflexões a partir do caso da política habitacional em São Paulo
Magaly Marques Pulhez
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A partir de uma atualização da discussão sobre o conceito de governança, o artigo tematiza as interações entre agentes estatais e não-estatais nos cotidianos de implementação da política habitacional em São Paulo. Como aporte metodológico, são detalhadas a construção e a consolidação do modelo de gestão operado hoje em âmbito municipal, com destaque para a atuação de empresas privadas de consultoria que vêm prestando serviços à administração pública de forma ininterrupta nos últimos trinta anos, fornecendo um pacote de apoio gerencial à operacionalização da política de moradia em nível local. Procura-se discutir, a partir deste estudo, as permeabilidades entre o público e o privado no caso específico do modelo operado em São Paulo, as condicionantes históricas de conformação de tal modelo e, mais amplamente, a relevância das interações entre diferentes atores políticos para a produção de políticas públicas (sobretudo as do urbano), a depender das variantes contextuais encontradas.

PLANEJAMENTO URBANO, ESGOTAMENTO SANITÁRIO E DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS: A experiência na ocupação Eliana Silva, em Belo Horizonte
Marcelo Duarte Borges Caixeta
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A autoconstrução em assentamentos precários envolve, além de moradias, mesoestruturas urbanas como esgotamento sanitário, dentre outras. Na ocupação Eliana Silva, a autoconstrução dessas mesoestruturas envolveu parcerias entre moradores, movimento social e universidade, resultando em sistemas convencionais e alternativos, que, durante a realização da pesquisa, vinham sendo substituídos pelo convencional da Copasa, após longo processo de luta. Buscou-se compreender por que os moradores desejam o sistema convencional da Copasa, partindo-se do pressuposto da imposição do sistema hegemônico centralizado e empresarial, cuja lógica tem origem no contexto autoritário da ditadura militar, com a criação das CESBs, dentre as quais a Copasa-MG. No campo do planejamento urbano, abordou-se os preceitos positivistas e higienistas que basearam a produção dos sistemas em Belo Horizonte, e sistematizou-se ações experimentais de assessoria técnica em arquitetura voltadas ao esgotamento sanitário em ocupações urbanas. A discussão sobre alternativas teve como pano de fundo proposições de Saturnino de Brito e o conceito de Urbanização Reversa.

Novas agências, velhos discursos? Notas sobre o processo de revisão da regulação do solo urbano em Curitiba à luz do contexto de barganha dos regimes urbanos.
Mariana Galacini Bonadio ; Mônica Máximo da Silva
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O presente artigo examina o processo atual de revisão da lei de zoneamento, uso e ocupação do solo em Curitiba à luz do contexto de barganha na conformação de regimes urbanos, apropriando-se das ideias de agência política e de estratégia discursiva dos distintos agentes sociais na formulação da política urbana. No processo revisório em questão, é possível identificar a centralização da disputa em dois grupos sociais: o setor produtivo, identificado como “G10”, e outro conformado por organizações não governamentais, movimentos populares e entidades sindicais, com um desfecho favorável ao primeiro, pelo acolhimento da maioria de suas demandas junto ao poder executivo. Embora a interveniência do empresariado na condução da política urbana em Curitiba não seja nova, o que nos aparenta “novo” é o deslocamento estratégico-discursivo do “conhecimento técnico”: da mística tecnocrática do planejamento urbano liderada pelo poder público ao setor produtivo, materializado na figura do G10.

Atores urbanos e arranjos institucionais nas políticas de “revitalizações” portuárias do Brasil contemporâneo: notas de uma pesquisa em curso
Mariana Motta Vivian ; Luciano Joel Fedozzi
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O presente estudo aborda o tema das políticas de “revitalizações urbanas” de regiões e áreas portuárias desativadas. Partindo da compreensão de que representam um fenômeno urbano da atualidade em franca ascensão, o trabalho objetiva analisar quem são e como operam os agentes envolvidos na produção e viabilização de tais políticas no território brasileiro, considerando ser este um objeto de especial relevância ainda pouco explorado. Para tanto, vale-se da articulação de reflexões teóricas específicas da ciência política, da sociologia, e do campo dos estudos urbanos, e investiga empiricamente três casos emblemáticos e exemplares brasileiros: o projeto “Viva Cais Mauá” (Porto Alegre - RS), o projeto “Porto Maravilha” (Rio de Janeiro - RJ), o projeto “Novo Recife” (Recife - PE). Embora ainda em curso, a análise do material coletado já aponta para alguns resultados de relevo, sendo possível estabelecer denominadores comuns entre os casos em estudo – aspectos estes que podem ser de grande valia para a discussão das agências públicas e privadas na definição de tais políticas no Brasil.

Áreas de Urbanização Especial: As possibilidade e os entraves na implementação de novos instrumentos de planejamento urbano em Florianópolis, SC
Marina Toneli Siqueira ; Carolina Silva e Lima Schleder ; Isabella Magnanti
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Inseridas nos debates consolidados pelo Estatuto da Cidade e que buscam a conjugação entre interesses públicos e privados no planejamento urbano, as Áreas de Urbanização Especial (AUEs) são um tipo de zoneamento previsto no Plano Diretor de Florianópolis de 2014 no qual a intenção de preservação ambiental alia-se ao adensamento e à criação de novas centralidades. Em uma cidade polinucleada, com forte atividade turística e diversos ecossistemas frágeis, as AUEs apresentam grande potencial para o desenvolvimento urbano de Florianópolis. A partir da análise do Plano Diretor e do levantamento de dados quantitativos e qualitativos, o presente trabalho aponta dificuldades na formulação e aplicação deste zoneamento. Enquanto a legislação traz poucas definições sobre os benefícios e as contrapartidas esperadas, o número de AUEs indicadas e suas localizações demonstram a dificuldade de equacionar os interesses presentes, configurando-se atualmente como áreas “congeladas” e com futuro incerto.

Los desastres como escenarios para la radicalización de estrategias neoliberales en la producción habitacional. Efectos de los sismos de 2017 en Ciudad de México y Ciudad Ixtepec, Oaxaca
Natalia Ponce Arancibia ; Lisette Soto Delgado ; Pierre Arnold
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El presente artículo tiene por objetivo ofrecer una aproximación a los efectos de los sismos del 7 y 19 de septiembre de 2017 en México, vista desde las afectaciones experimentadas por el parque habitacional construido y las sus habitantes. Dichos fenómenos impactan a distintas entidades federativas, entre ellas los estados de Oaxaca y Ciudad de México, ambos territorios con características socio demográficas disímiles. No obstante, y pese a las diferencias, se observa de manera transversal la implementación de estrategias de reconstrucción promotoras de esquemas de financiamiento que agudizan las políticas neoliberales y que a la fecha han desencadenado diversos conflictos territoriales. En este sentido, el presente ensayo ofrece la posibilidad de construcción de algunos ejes que sirvan de evidencia para el análisis de las lógicas neoliberales en la política habitacional y de cómo los desastres se transforman en oportunidades para la profundización de dichas estrategias.

Propriedadee Pública e Função Social: reflexões a partir da destinação das terras da União na Operação Urbana Porto Maravilha
Orlando Alves dos santos Junior ; Mariana da Gama e Silva Werneck ; Tuanni Rachel Borba ; Ana Paula Soares Carvalho
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O argumento central defendido neste artigo é que a definição da função social da propriedade é inerentemente contraditória e conflitiva, podendo servir tanto aos agentes do mercado quanto às classes populares, e que este conflito é gerido pelo estado por meios de mecanismos seletivos que definem, em cada situação, qual o seu conteúdo e desfecho. Para esta reflexão, toma-se como objeto a destinação dos terrenos públicos da União na Operação Urbana Consorciada - OUC Porto Maravilha. Neste caso, busca-se mostrar que esse conflito foi resolvido em prol do mercado, implicando a suspensão temporária da lógica arrecadatória, que marca a atuação da Secretaria de Patrimônio da União – SPU, para viabilizar o modelo financeiro da operação urbana, expressando-se na privatização de terras públicas da União na área portuária, traduzidas em empreendimentos imobiliários e/ou ativos imobiliários para fundos financeiros. Nesse contexto, a prevalência da lógica destinatória, não foi capaz de viabilizar projetos destinados para Habitação de Interesse Social, que não saíram do papel.

AS OPERAÇÕES URBANAS ENTRE A CIDADE-MERCADO E A CIDADE-DIREITO: um estudo preliminar do instrumento em Belo Horizonte (1996-2016)
Renato Barbosa Fontes
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Este artigo coloca em questão a necessidade investigar a aplicação das Operações Urbanas em Belo Horizonte (1996-2016) e suas especificidades a partir do contexto e da trajetória local. Pretende-se, a partir de uma análise documental e um aporte teórico, identificar a natureza dessas operações, isto é, estes projetos urbanos expressariam uma ampliação progressiva de direitos conduzida pela ou para sociedade, considerando a possibilidade do caráter redistributivista do projeto, ou seus objetivos estariam fundamentalmente (ou parcialmente) associados às necessidades de acumulação urbana características do urbanismo neoliberal ou até que ponto esses dois aspectos conviveriam no interior dos projetos.

A OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA COMO PLATAFORMA PARA O RENTISMO: O caso de Maringá (PR) Brasil
Ricardo Luiz Töws ; Paulo Roberto de Souza ; Ana Lucia Rodrigues
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A Operação Urbana Consorciada Novo Centro Cívico - EuroGarden Maringá foi concebida e aprovada em uma grande área dentro da cidade de Maringá (PR), oriunda da desativação de um aeroporto e liberação de grande área dentro da cidade. É objeto de investigação por possuir particularidades, a saber: foi aprovada em 2013 e revogada em 2018; a despeito disso, gerou valorização da terra e do entorno e foi objeto de marketing urbano (TÖWS, 2015); foi inserido no planejamento estratégico de cidades (TÖWS, 2015); foi uma modalidade de parceria público-privada e foi inserida na lógica do voto; foi envolvida em disputas judiciais e resistência (CORDOVIL, 2018); viabilizou o rentismo, que é a tese defendida nesta comunicação de pesquisa. Por isso, delineamos sobre alguns aspectos do projeto e, na sequência, abordamos sobre o processo de financeirização, cujo rentismo é uma das expressões verificadas. Por fim, daremos alguns encaminhamentos de pesquisa.

Entre o Público e o Privado: reflexões sobre as Operações Urbanas Simplificadas em Belo Horizonte
Rogério Palhares Zschaber de Araújo ; Leonardo Batista de Andrade
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Motivadas necessariamente por interesse público, conforme previsão legal do Plano Diretor de Belo Horizonte, as Operações Urbanas Simplificadas (OUSs) diferenciam-se das Operações Urbanas Consorciadas (OUCs), pelo seu caráter pontual, consolidando a tendência das parcerias público-privadas e da flexibilização de parâmetros urbanísticos em torno de empreendimentos específicos. Em analogia a modelos internacionais de planejamento orientados pelo mercado, compreende-se o uso crescente das OUSs como resultado da redução do protagonismo do papel do Estado e das consequentes inflexões neoliberais do planejamento e gestão urbanos, e seus desdobramentos na escala local com a progressiva transferência de responsabilidades antes do poder público para a iniciativa privada. A partir da contraposição de interesses públicos e privados envolvidos na concepção e desenvolvimento de processos de instituição de OUSs em Belo Horizonte, discute-se, segundo a perspectiva da função social da propriedade e da gestão democrática das cidades, os limites e possibilidades do instrumento de contribuir para uma melhor distribuição dos ônus e benefícios da urbanização.

PAISAGEM URBANA e IMPACTO DE VIZINHANÇA: Consequências da inserção de um edifício no espaço urbano
Susie Fonseca de Souza
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Impactos são efeitos provocados em alguma coisa ou lugar, a partir de uma ação, tornando-se seus reflexos diretos ou indiretos. Quando produzem mudanças na paisagem da cidade, tais efeitos são quase sempre percebidos positivamente. Compreendendo a paisagem urbana como ambiente resultante da técnica, sendo esta um meio de transformação e construção, o trabalho apresenta uma análise das interferências ocorridas no espaço urbano, em função da inserção de um shopping center, observando as alterações visuais e estruturais em suas imediações. Para uma comparação, foram utilizadas imagens aéreas de fonte digital tomando períodos anteriores e posteriores à construção do edifício, e fotos captadas em três pontos determinados, de áreas que foram alteradas em sua configuração territorial, assim como em sua paisagem. Utilizando o conceito de “impacto de vizinhança”, a presente abordagem trata dos impactos provocados no entorno do edifício, observando a estrutura urbana construída para favorecer sua inserção, e as consequências relacionadas às características de sua área de influência.

A difusão de um modelo de gestão urbana: tendências identificadas a partir do levantamento de Parcerias Público-Privadas e Operações Urbanas na Região Metropolitana de Belo Horizonte
Thaís Mariano Nassif Salomão
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Este artigo tem como objetivo apresentar o levantamento de projetos de desenvolvimento e gestão urbana que fazem uso de instrumentos de parceria público-privada na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) acompanhado de algumas análises preliminares. Tratam-se de resultados de investigação em curso pelo Observatório das Metrópoles - Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Núcleo Belo Horizonte. Especificamente, foram levantados, ao longo de 2018, projetos de Operações Urbanas (OUs) e de Parcerias Público-Privadas (PPPs) stricto sensu ? tal como definidas pela Lei Federal nº 11.079/2004 ?, assim como a existência de órgãos dedicados à promoção de PPPs. De maneira geral, acredita-se que as questões explicitadas por esse levantamento apontam para uma tendência de fragmentação e mercantilização da agenda urbana na RMBH. A partir do levantamento de Operações Urbanas observa-se uma tendência de aplicação de variações simplificadas do instrumento para viabilização de empreendimentos pontuais, em um cenário em que o suposto “interesse público” desses empreendimentos se confunde com aquele de suas contrapartidas também pontuais. Por sua vez, a partir do levantamento das Parcerias Público-Privadas stricto sensu, observa-se um alastramento temático e territorial do uso do instrumento com tendências à indeterminação e desespacialização de projetos deixando a cargo do interesse privado a pauta de investimentos não apenas em infraestrutura viária e de equipamentos, mas também crescentemente na prestação de serviços urbanos e na gestão de espaços de lazer e eventos. Finalmente, a partir do levantamento de órgãos de promoção de PPPs, observa-se a difusão de um modelo de gestão urbana caracterizado pela entrada de Prefeituras, inclusive de pequenos municípios, no campo instrumental das PPPs, apontando para uma nova etapa de intensificação da associação entre Estado e capital na RMBH, enraizada na escala local.

O ESFACELAMENTO DO TECIDO SOCIAL URBANO COM VISTA À CONSUMAÇÃO DE INTERESSES PRIVADOS: uma análise centrada na definição socioespacial da “Grande Messejana”
Thaís Matos Moreno ; Breno Santiago Holanda ; Renato Pequeno ; Vinícius Saraiva Barretto
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O artigo objetiva analisar a constituição do eixo de expansão sudeste, marcado historicamente por fortes dinâmicas de articulações entre o mercado imobiliário e o Estado. Resultante dessa relação, constitui-se um vetor de valorização imobiliária que se desdobra até o que se busca definir socioespacialmente como “Grande Messejana”, sendo a materialidade das dinâmicas urbanas nessa área o objeto principal. A realização desse estudo se fundamenta em leituras e em análises de informações coletadas que, através de ferramentas de georreferenciamento, foram materializadas em mapas, tabelas e gráficos. Observa-se como consequência desse cenário um grave contexto de remoções e violência estatal em virtude da ação dessas dinâmicas na região da Grande Messejana. Por fim, conclui-se que as remoções se apresentaram de forma mais violenta nessa região do que no resto da cidade, reforçando a intenção do Estado no esfacelamento do tecido social urbano local com vista à garantia de ganhos de capital.

FINANCIAMENTO PÚBLICO E GESTÃO PRIVADA DOS TRANSPORTES URBANOS NA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO
Ulisses Carlos Silva Ferreira
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Entre 2010 e 2016 uma série de políticas de transportes urbanos foram implementadas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, por exemplo, a criação do Bilhete Único, os investimentos nos trens, barcas e metrô, além da inauguração dos corredores do Bus Rapid Transit (BRT) e das linhas do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Assim, este trabalho tem por objetivo demonstrar que o Estado atua em favor do poder econômico e discutir o porquê a gestão dos serviços de transportes são privadas mesmo tendo o Estado como um grande financiador do serviço. Para alcançar tais objetivos foram realizadas uma revisão da literatura, análises de dados quantitativos, análise documental e entrevistas. Por fim, se demonstra que tais políticas tiveram grande aporte do Estado em favor dos empresários do setor de transportes urbanos, num quadro em que já era evidenciado um péssimo cenário da mobilidade urbana na região.

PIU “UMA NOVA FORMA DE INSERÇÃO”
Victor Martinez Corrêa e Sá ; Débora Almeida Bruno ; Mariana Sayuri Takechi Yoshimura
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Com o propósito de analisar o Projeto de Intervenção Urbana (PIU) - recente instrumento urbanístico na política urbana do município de São Paulo - e discutir a interface entre agentes públicos e privados, o artigo faz uso de um dos casos como objeto empírico: o Vila Leopoldina Villa Lobos (VL-VL). Na discussão dessa interface, problematizamos também a participação das comunidades e seus moradores no processo de debate do Projeto PIU. Primeiramente, é apresentado o PIU - conforme a legislação do município - e, especificamente, o PIU VL-VL. Doravante, é apresentada a narrativa construída pelos proponentes e agentes envolvidos. Tal narrativa é discutida frente à problemática da lógica na qual está se concebendo o PIU VL-VL: atende os interesses privados, resguardado pelo ente público que a fim de garantir o amplo interesse coletivo, utiliza o fundo estatal. Essa dinâmica, somada a narrativa construída, sugere uma nova lógica da produção do espaço, discutida neste texto.

ST 15 - Arquitetura, Urbanismo e Cidade Contemporânea
O caminhar é para todas? Uma abordagem de mulheres latino-americanas sobre derivas e flâneries na contemporaneidade
Adriana Gomes do Nascimento ; Alice Saute Leitão ; Ana Luiza Ribeiro Carvalho ; Thais de Almeida Gonçalves
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Se compreendemos o vaguear pela cidade como ato político e como possibilidade de um urbanismo mais inclusivo, é imprescindível a noção de acessibilidade espacial a todos. Portanto, para além de uma compreensão do ato de caminhar, das teorias da deriva propostas pelos situacionistas e da questão do gênero, exploramos através da nossa experiência enquanto mulheres latino-americanas, como as deambulações podem transformar o espaço na construção de narrativas urbanas. E se o caminhar envolve a cidade, eis a questão: porque a rua dá medo? O caminhar desempenhou diferentes protagonismos nas cidades. O ideal de cidade para pessoas, baseado no caminhar e na perspectiva do pedestre, nem sempre estiveram em evidência na organização e no planejamento urbano, perdendo seu papel principal notoriamente a partir do século XX. Assim, a sociedade contemporânea parece se acostumar à sensação de medo nas cidades, sendo preciso pontuar também a importância de revolução desse anestesiamento.

Cidade, Gênero e Infância
Ana Gabriela Godinho Lima ; Rodrigo Mindlin Loeb ; Débora Sanches
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Este artigo apresenta, a partir da perspectiva de gênero e da temática do investimento na primeira infância como ferramenta primordial para a transformação das vulnerabilidades em direção à equidade e oportunidades de desenvolvimento, reflexões acerca dos modos pelos quais podemos analisar a presença e atuação das mulheres que promovem transformações positivas em territórios urbanos vulneráveis, tanto na esfera governamental como no âmbito das ações dos movimentos sociais, comunitários, participativos e de moradia, com particular atenção aos benefícios quanto à qualidade espacial urbana, e estratégias específicas de abordagem para a infância e defesa de direitos. Ao fazê-lo alinha-se com os objetivos enunciados por importantes agendas de desenvolvimento mundiais, em particular os amplos processos participativos estabelecidos pela Habitat III (2016) nas assembleias de mulheres, e em particular a agenda mantida pelo UN Habitat-gender hub; a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (2015), em especial o ODS5: “alcançar igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”. Em nível local, o projeto visa prover contribuições a partir da plataforma “Cidade 50-50: todas e todos pela igualdade”, lançada em 2016. Esta reflexão busca contribuir para os esforços que vêm sendo feitos em âmbito nacional no sentido de reconhecer as especificidades de gênero no que se refere à formulação de políticas públicas no País, como o convênio estabelecido entre o IBGE e a Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, no âmbito do Ministério dos Direitos Humanos.

A pequena escala e a cidade, o mobiliário na ativação dos espaços livres públicos
Ana Laura Rosas Brito ; Jose Augusto Ribeiro da Silveira
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O cenário urbano contemporâneo comumente aponta para um enfraquecimento da 'esfera pública', tão fundamental quanto o próprio princípio de cidade. Esse artigo foca na compreensão de intervenções de pequena escala, com mobílias urbanas, na ‘ativação’ dos espaços livres públicos conduzidas por setores da sociedade e gestão pública, para a retomada dos valores de cidade como espaço propício ao compartilhamento de experiências. O estudo de caso conduzido na cidade de João Pessoa, apresenta uma metodologia de análise de três dimensões: i) espaço livre público, ii) mobília e iii) usuário, através de ferramentas específicas, como: fotos e anotações de campo, mapas georeferenciados, mapas comportamentais centrados no lugar; entrevistas com questionários semiestruturados e uso de parâmetros qualitativos e quantitativos do aporte teórico adotado. Os resultados apontam para uma forte capacidade de ‘ativação’ do espaço livre público, com apropriações, mas sem atingir uma ‘ativação profunda’, despertando a noção de ‘comum’ urbano.

BAUGRUPPEN: AS EXPERIÊNCIAS DE COABITAÇÕES NA ALEMANHA (1994-2016)
Anie Caroline Afonso Figueira ; Ricardo Trevisan ; Talita Rocha Reis ; Rodrigo Beserra Figueiredo
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Este artigo se propõe a discutir o fenômeno dos Baugruppen (grupos de construir) na dinâmica habitacional alemã da cidade contemporânea (1994-2016). A ideia consiste em contrapor, ainda que parcialmente, o recorrente cenário, de transformação da habitação em apenas um ativo financeiro e uma mercadoria. Essa contrariedade ocorreria pelos Baugruppen, pois estes são constituídos de diversas partes interessadas, dentre eles, a comunidade que irá habitar nessa casa coletiva, as cooperativas de arquitetos, o Estado alemão, o meio jurídico e os bancos que financiam essas moradias. O intuito é excluir determinados agentes que lucram com a financeirização da moradia, como incorporadoras e construtoras, podendo, com isso, aumentar o tamanho das habitações, contratar os serviços de arquitetos para projetarem residências para se adequar ao perfil dos seus usuários, e simultaneamente diminuir o seu preço em até 25% a 35% do valor tradicional, investindo também em tecnologias ecológicas. A expectativa é a de poder avaliar as consequências positivas e negativas desse processo participativo, no qual os cidadãos se responsabilizam pelos riscos da construção da moradia e da cidade.

EXPERIÊNCIA ESTÉTICA EM LUGARES TURÍSTICOS TEMÁTICOS
Anna Letícia Fonseca Letro Castro ; Antônio Tarcísio Reis
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Este artigo busca fazer uma reflexão sobre as possíveis implicações da estética formal e simbólica na percepção de lugares turísticos temáticos, por moradores e turistas. Para tal, são abordadas as relações entre a estética formal e o processo de percepção e entre a estética simbólica e o processo de cognição. Existe a necessidade de uma análise sobre o papel que a estética desempenha em lugares turísticos, onde a paisagem pode ser um dos principais focos de atração e de impacto na experiência do usuário. Ainda, nos lugares turísticos temáticos a estética simbólica pode ter grande influência na experiência estética dos usuários. Adicionalmente, existe a necessidade de aprofundar as reflexões acerca das atitudes e comportamentos de turistas e moradores de lugares turísticos. Assim, a reflexão efetuada permite sugerir, por exemplo, que a estética simbólica tende a ter papel significativo quanto às explicações para as avaliações estéticas de lugares turísticos temáticos por parte de turistas e moradores.

Do conflito às convergências: Processo de corresponsabilidades como alternativa à demanda de moradia
Bianca Feijão de Meneses
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O presente artigo parte da noção da produção habitacional como território de conflito, permeado por agentes distintos, destrinchados em Estado, mercado e população, e suas diferentes narrativas. Diante de diversos contextos, disponibilidades de recursos e prioridades relativos aos agentes, a moradia se torna um produto em comum, porém passível de inadequações. A investigação sobre as potencialidades e as fragilidades de cada um dos agentes permite retomar um olhar crítico à prática arquitetônica inserida neste contexto, de onde esta investigação se origina. Com a centralização do fazer arquitetônico nesta discussão, busca-se converter o cenário de conflitos em convergências, utilizando-se, para isso, da flexibilidade em arquitetura. Visando conciliar diferentes interesses e potencialidades dos agentes, bem como suprir suas fragilidades, estrutura-se um processo de corresponsabilidades, uma possível transição entre o cenário de inadequações percebido e um cenário mais justo almejado.

O OLHAR ALÉM DA FORMA: avaliação de artefatos urbanos
BRUNA LAZAROTO ; CARLOS HARDT ; LETÍCIA PERET ANTUNES HARDT
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A cidade é uma estrutura complexa, assim como seus componentes. Os objetos inseridos nos espaços públicos são concebidos para fins específicos e com características peculiares, sendo considerados, neste estudo, como artefatos urbanos. Como algumas das funções primordiais daqueles espaços são a atração das pessoas para seu uso e a promoção da vivência em comunidade, o objetivo geral da pesquisa consiste em aprofundar a compreensão das relações entre usuários e artefatos urbanos, com base na teoria do design emocional. Como resultados, constata-se a pertinência ainda atual na utilização de seus conceitos, notadamente pela possibilidade de avaliação integrada dos seus níveis relacionais – visceral, comportamental e reflexivo – para adequada gestão de áreas urbanizadas. Conclui-se que o comportamento do cidadão frente ao uso de locais públicos e seus objetos é fator relevante para decisões de planejamento desses ambientes, especialmente pela complementariedade de elementos que possam promover a vitalidade de cidades.

Estratégias Projetuais no Território do Porto de Santos – São Paulo (Brasil)
Carlos Andrés Hernández Arriagada
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Ao pesquisar estratégias projetuais para a transformação do território do Porto de Santos, a pesquisa coloca a hinterlândia - “zona entre terras” - como uma oportunidade de reconfiguração territorial em Santos, gerando maior urbanidade, e não apenas infraestruturas portuárias. A avaliação das condicionantes de transformação do território, por um lado devido à sua degradação, e por outro, considerando-se as perspectivas ora colocadas para aquele território - área está com alto potencial econômico em função do avanço e do descobrimento em 2007 da camada de sal na Bacia de Santos - proporcionam cenários concretos para mudanças futuras. O recorte proposto é a hinterlândia, localizada entre a cidade e as águas, utilizada como entreposto logístico de transferência de mercadorias e de circulação de montantes econômicos globais. É perceptível no processo, a atuação de diversos agentes de transformações locais, o que leva a considerar e comparar ações estratégicas de outros portos globais, como modelos de possibilidades de transformações de um território, o “Hub-port”, portos concentradores”. As ações estratégicas em economia, governabilidade, sustentabilidade e urbanidade são definidas como indutoras de panoramas aplicadas no território portuário, urbanizado, aprazível e não simplesmente um território de infraestruturas logísticas.

DA CARTOGRAFIA AFETIVA À ANÁLISE URBANA: Olhares fenomenológicos sobre a Rua Halfeld
Carlos Eduardo Ribeiro Silveira ; Fernanda Silva Freitas ; Mariana Mendonça de Mattos
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O ato de absorver a poética latente nos espaços traz consigo uma inquietação que ecoa nos seres projetantes, à maneira de um impulso inerente de criação. A proposta central deste devaneio imaginário é a incorporação e uso dos espaços urbanos visando à produção de intervenções artísticas, reivindicando a cidade como espaço para a arte. A imbricação do uso dos espaços públicos com os elementos teóricos próprios da fenomenologia é a ferramenta chave para a abertura desse portal. A cartografia que abriga essas experimentações é a cidade de Juiz de Fora, mais especificamente a Rua Halfeld, graças ao seu forte caráter simbólico, sua importância histórica e seu inegável papel como agente mnemônico.

MODOS DE HABITAR A CIDADE CONTEMPORÂNEA: Moradia compartilhada e colaborativa
Denise Vianna Nunes ; Larissa Tavares Vieira
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Diante da necessidade de se preservar o planeta e facilitada pelas novas possibilidades tecnológicas da comunicação surgiu a economia compartilhada, que se aplica também a modos de habitar a cidade contemporânea, em especial entre a geração Millenials. O presente trabalho reflete sobre a moradia compartilhada e colaborativa, conhecida como Coliving, onde se procura otimizar custos e recursos da natureza e compartilhar experiências pessoais e profissionais. Este estudo realiza-se através da análise de exemplares de algumas cidades do mundo e do Brasil e tem como conclusão preliminar que trata-se de uma nova atitude em todas as esferas do viver, baseada na ideia de “contrato de curto prazo”, onde tudo é efêmero. Verifica-se que outros segmentos da sociedade estão também passando a adotar estas práticas e que no Brasil, ainda há ainda poucas edificações construídas com este programa arquitetônico.

Os vazios urbanos industriais na cidade contemporânea: o caso de Fortaleza-CE
Emanuel Ramos Cavalcanti ; Angélica Tanus Benatti Alvim
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Os vazios urbanos são parte constituinte da cidade contemporânea. Ao longo das últimas décadas, o status de sua relevância foi resultado tanto do crescente interesse acadêmico e institucional, como da importância que alcançaram apropriações, representações e intervenções, formais e informações. A formação e a transformação destes espaços, impactantes no ambiente construído das cidades, têm revelado fenômenos e processos originais, além das estratégias e ideários de diferentes agentes, públicos e privados. O artigo objetiva relacionar a relevância específica dos vazios urbanos industriais com o pensamento urbanístico e com a produção da cidade contemporânea, articulando processos formadores e transformadores destes espaços. A partir de estudo de caso para a antiga periferia industrial de Fortaleza-CE abordamos alguns fenômenos, características e agentes envolvidos nos processos formadores e transformadores recentes de seus vazios urbanos industriais, confrontando estes processos com alguns aspectos gerais e específicos da produção e regulação do espaço local.

Travessias urbanas e os impactos morfológicos, Uma abordagem a partir da sintaxe espacial
Emerson dos Santos Silva ; Fábio Lúcio Lopes Zampieri
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O processo de criação e expansão das cidades brasileiras foi um importante fator de desenvolvimento durante Século XX, principalmente pela expansão do país rumo ao interior com criação de novas cidades. Neste processo, rodovias fizeram parte da expansão e foram projetadas e construídas, algumas inseridas em trechos urbanos, com população urbana em sua adjacência, portanto, podendo ser classificadas como Travessias Urbanas. Nestes casos, a rodovia se torna um problema, pois segrega partes da cidade, configurando-se como uma barreira na malha urbana. Neste trabalho analisa-se a relação da BR-153 no trecho urbano de Erechim-RS e utilizam-se os estudos de Sintaxe Espacial propostos por Hillier e Hanson (1984) como base para avaliar o impacto provocado pela rodovia, considerando as medidas de Integração Global, Integração Local, Profundidade, Conectividade e Choice. Desta maneira, pode-se afirmar que as rodovias, como no caso da BR-153, consolidaram-se como parte das dinâmicas de fluxo urbano e, consequentemente, sobrecarregam sua capacidade e provocam conflitos na malha urbana. Os resultados destacam a importância de um Planejamento Urbano e Regional estruturados concomitantemente para que este problema seja evitado, uma vez que as soluções para melhoramento se restringem apenas a mitigação dos conflitos devido a dificuldade de tratar trechos já consolidados.

CONTRIBUIÇÕES DA ABORDAGEM HISTÓRICO GEOGRÁFICA AO ENTENDIMENTO DAS FORMAS URBANAS DE NATAL
Fabrício Lira Barbosa
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Este artigo objetiva analisar a estrutura morfológica do bairro de Ponta Negra/ Natal assumindo-a como elemento fundamental à interpretação das relações, ou ausência delas, entre a definição do perímetro das áreas previstas no sub zoneamento do atual Plano Diretor municipal e a bairro construído social e fisicamente. Partimos da abordagem histórico geográfica proposta por M. R. G. Conzen (1960) para interpretar os diferentes padrões morfológicos do bairro, identificando relações sociais, políticos e culturais entre os períodos nos quais os planos diretores anteriores foram propostos e a constituição das regiões morfológicas existentes atualmente. Com base na descrição dos atributos morfológicos extraídos a partir da leitura dos padrões de suas ruas, quadras, lotes e edifícios - e as relações existentes entre estes padrões - buscamos identificar como as subzonas de Ponta Negra estão delimitadas e quais as consequências nestas delimitações se tais atributos fossem considerados como elementos definidores dos perímetros no macro zoneamento. A pesquisa sugere novas variáveis na proposição dos limites e perímetros das subzonas do bairro considerando os atributos morfológicos como um dos elementos a serem observados da definição das prescrições urbanísticas no macro zoneamento da cidade.

Relações de escala na Superquadra de Brasília - Paradigmas ou mistificação?
Gabriel Ernesto Moura Solórzano ; Pedro Paulo Palazzo de Almeida
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A concepção de Brasília é indissociável do conceito de escala, sua dinâmica e a constante variação é parte fundamental da vivência na cidade. É a partir dessa relação que Lúcio Costa lança o traçado do Plano Piloto ao mesmo tempo que o significa. A Superquadra, elemento estruturante do desenho urbano e centro da vida cotidiana, representa essa constante mudança de escalas da cidade. O bloco de apartamentos e as áreas intersticiais da quadra dão às pessoas a oportunidade de interagir com o espaço. É a partir dessa relação de identidade e pertencimento que o usuário torna-se morador. O presente trabalho busca relacionar as atividades cotidianas com as diferentes relações de escala que abrangem desde o espaço público até o interior dos apartamentos.

Segregação espacial urbana. Dinâmicas contemporâneas em São Paulo
Janaina Almeida Stédile
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Este artigo procura estender os debates sobre as dinâmicas da segregação espacial nos últimos dez anos em São Paulo, compreender seus aspectos materiais e simbólicos, bem como estes se geram e se reproduzem. Partindo da argumentação Schimtt, onde não existem ideias políticas sem um espaço em que elas se referendem, nem espaço ou princípio espacial que não corresponda a uma ideia política, somado ao pensamento hegeliano de que a forma é o aspecto material do conceito, e não apenas a sua representação, logo a segregação espacial não é só um resultado, mas uma resultante que ultrapassa o tempo de sua implantação e segue influenciando a maneira de estar nas cidades. Apresenta-se uma investigação sobre esse tipo de estruturação espacial, primeiro a partir de uma breve histórico da segregação espacial, em seguida suas implicações simbólicas através da teoria crítica contemporânea no campo da psicanálise social; para por fim demonstrar a evolução formal nos enclaves fortificados nos primeiros anos do século XXI, através do estudo dos novos empreendimentos habitacionais no distrito da Vila Leopoldina, em São Paulo.

A (IN)ACESSIBILIDADE FÍSICA DOS RIOS URBANOS E SUAS BEIRAS: O caso do rio Piracicaba em Piracicaba/SP
Laís Margiota Salvador ; Alexandre Castro ; José Roberto Merlin
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A necessidade da água para aspectos imprescindíveis à vida (de subsistência, funcional, econômico ou de lazer), somada ao fato de diversas cidades serem banhadas por ela, reflete na urgência do planejamento e desenho urbano adotarem a dinâmica das águas como elemento chave e norteador, enorme desafio das cidades contemporâneas. Investiga-se a acessibilidade física dos corpos d’água e sua orla no meio urbano, partindo de um estudo de caso específico: o rio Piracicaba, que atravessa a cidade de mesmo nome, localizada no interior do estado de São Paulo. Para avaliar as diferentes configurações socioespaciais da orla fluvial, utilizou-se a Análise Angular de Segmentos como método, vertente da sintaxe espacial, complementada pela pesquisa empírica. Os resultados obtidos identificaram quais configurações, sob a ótica da urbanidade, promovem maior ou menor valorização do corpo d’água no meio urbano, podendo subsidiar futuras intervenções à beira-rio.

PRIVILÉGIO LOCACIONAL DE RESIDÊNCIAS FRENTE A SHOPPING CENTERS: Definindo perfis de residentes com base na configuração espacial de cidades do interior paulista
Leonardo Lima ; Clarice Maraschin
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A relação dos shopping centers com a estrutura espacial urbana tem sido objeto de diferentes investigações. Estudos indicam que esses centros aumentam a acessibilidade e a densidade populacional além de valorizar seu entorno. Porém, poucos estudos tem buscado identificar o perfil dos residentes nas áreas com mais e menos vantagens locacionais frente a estes centros. O objetivo deste trabalho é identificar os perfis dos residentes, considerando variáveis etárias, de renda e de gênero, nas melhores e piores localizações frente a shopping centers. O estudo empírico analisa seis shopping centers regionais em três cidades médias do interior do estado de São Paulo. Metodologicamente, aplica-se um modelo configuracional urbano capaz de hierarquizar residências em função de seu acesso à ofertas. Os resultados sugerem a existência de um padrão nos perfis sócio-econômicos dos residentes nas localizações mais/menos privilegiadas espacialmente frente à shopping centers, mesmo em cidades distintas.

Grifes arquitetônicas no século XXI: características de formação e atuação profissional
Lorena Petrovich Pereira de Carvalho
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Em meados do século XX, a arquitetura e o urbanismo assistiram a mudanças de cenário que refletiram na prática profissional. As críticas ao modernismo despertaram o repensar sobre o racionalismo e o funcionalismo excessivos e o distanciamento das artes. Também, a reconfiguração econômica global estimulou a transposição do planejamento estratégico corporativo para a cidade. Nova gestão e nova centralidade para os ícones urbanos e arquitetônicos. Ambas as conjunturas são consideradas influentes na consolidação da arquitetura contemporânea de grife. Apesar das bibliografias estarem em constante renovação, persiste a lacuna sobre os responsáveis por essa produção; a formação e atuação desses profissionais, sobre as quais, questiona-se: que elementos comuns se destacam na formação e nas estratégias de atuação de profissionais responsáveis pela espetacularização da arquitetura que tenham contribuído para elevar suas obras à condição de grifes arquitetônicas? O principal objetivo deste estudo é, portanto, verificar a existência de pontos coincidentes nas trajetórias de arquitetos do star system contemporâneo, que possam indicar um padrão entre eles.

OCUPAR E CONSUMIR - A apropriação dos discursos dos ativismos urbanos pelo mercado imobiliário na gentrificação do centro de São Paulo
Luanda Vannuchi
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Nesse trabalho analiso a apropriação pelo capital imobiliário de terminologias caras aos ativismos urbanos e insurgências na criação de novas embalagens conceituais para novos produtos imobiliários que vem sendo lançados no centro de São Paulo. O marketing dos novos empreendimentos associa às unidades diminutas a tendência internacional e estilo de vida cosmopolita, jovem, consciente ambientalmente, consumidor de cultura e boêmio. Assim, nesses empreendimentos, graffiti, cultura de bicicleta e de compartilhamento, espaços coletivos e até horta comunitária aparecem como atrativos, itens de decoração em peças publicitárias que se apropriam dos discursos próprios à onda de ativismos urbanos vivenciada na cidade principalmente a partir de junho de 2013, convidando o consumidor a “ocupar sua cidade”. Por trás deles, grandes construtoras voltadas aos segmentos de média e alta renda, algumas com capital aberto na bolsa ou atuando em parceria com fundos imobiliários internacionais, em um amplo processo de gentrificação, com o retorno decisivo do capital imobiliário para o centro depois de pelo menos duas décadas de desinvestimento.

Grand Paris Express: arquitetura da mobilidade e produção do espaço urbano
Luísa Gonçalves
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O artigo analisa o projeto do Grand Paris Express, que propõe a ampliação do metrô de Paris para abranger áreas periféricas da cidade, como parte do Grand Paris, plano lançado em 2007 para reformular a metrópole parisiense. O lugar do sistema de transporte público de massa ganhou lugar de destaque, com a previsão de quatro novas linhas, a extensão de duas existentes e sessenta e oito novas estações, em projetos que envolvem equipes de arquitetura francesas e internacionais em ampla divulgação. O artigo expõe contradições internas ao projeto, buscando problematizar o lugar da arquitetura pública na produção de espaço urbano, através da urbanização metropolitana, do espaço público e da construção de uma identidade local. O trabalho dialoga com o metrô de São Paulo, contrapondo aspectos do contexto brasileiro no intuito de fomentar o debate sobre a produção de arquitetura pública metropolitana.

SEGREGAÇÃO ESPACIAL URBANA NA CIDADE DE SÃO PAULO NO FINAL DO SÉCULO XX: A Cidade formal e os Enclaves fortificados como representação hegemônica do espaço urbano (1986- 1995).
Luma de Sousa Yoshioka
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No final do século XX, as cidades brasileiras passaram por intensas transformações sociais e econômicas que, resultaram em um período de instabilidade financeira e política, modificando o acesso à moradia e transformando os espaços urbanos da cidade de São Paulo. A segregação espacial urbana foi o resultado das articulações entre o Estado e o Mercado imobiliário que, através da instituição de políticas públicas perversas, precarizaram o acesso à moradia e a infraestrutura urbana pela população vulnerável, e fomentaram a especulação imobiliária do território, transformando a fisionomia da cidade, e invertendo a lógica do público e privado, para criar espaços de admissão e exclusão altamente segregados. Foi nesse contexto de recessão econômica que, a habitação passou a ser fortemente associada a um investimento altamente seguro e rentável. Dessa forma, a propriedade privada vinculada a produção capitalista do espaço, tornou-se a única forma segura de acesso a cidade formal e legalizada, com condições adequadas de habitabilidade, segurança e infraestrutura urbana.

Cartografando a cidade: perspectivas para a cidade contemporânea
Marcella Raysa Tôrres Vasconcelos
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A cartografia é a disciplina que conecta arte, ciência e tecnologia na construção e uso de mapas. Ocupa-se da manipulação de dados sobre um recorte espacial e cria sistemas de representação que permitem a sua compreensão. Alguns autores consideram seu surgimento a partir do instante em que o homem adquire consciência de si no mundo e desenvolve um senso de lugar: da necessidade humana em representar as dimensões do tempo e espaço está, possivelmente, as origens da cartografia. Espaço urbano e espaço cartográfico são inseparáveis e enquanto são transformados esse relacionamento também se altera. O objetivo de tornar legível a entidade complexa e dinâmica que é a cidade continua urgente, os mapas, por acumularem grandes ideias, se mostram um meio adequado para representá-las. Há um potencial para a compreensão do fenômeno urbano contemporâneo através das operações de descrição e representação. As práticas cartográficas ganham relevância quando colocadas em dialética a esses processos para delinear lógicas atreladas aos territórios: uma chave para o projeto urbano.

A vida pública - A dinâmica contemporânea e a experiência no diálogo entre corpo, arquitetura e projeto
Maria Isabel Villac ; Danielle Alves Lessio
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Apresenta-se aqui uma reflexão sobre o Projeto de Arquitetura e Cidade no momento contemporâneo e como apreender a experiência cotidiana no Projeto. A necessidade da arquitetura e do urbanismo possuírem lógicas híbridas e heterogêneas constantemente se reafirmam para assimilar estas condições. O campo ampliado, o olhar sensível e a pesquisa empírica são alguns dos elementos que podem mediar a poética necessária para a compreensão das práticas contemporâneas. Esta aproximação trazida por diferentes campos enfatiza a prática transdisciplinar como pensamento essencial para novas propostas que busquem cada vez mais reconhecer a vida pública, a relação entre corpo e espaço e as apropriações que transcendem o esperado e padronizado. Por meio desta lógica, é estabelecido um olhar projetual que compreende a cidade não apenas como espaço de fluxo e infraestrutura, mas como de vínculos afetivos, conflitos e manifestações diversas, e que assume seu compromisso perante tais acontecimentos.

LINHA PAULISTA DO METRÔ DE SÃO PAULO - Reflexos da inserção urbana na arquitetura e no método construtivo das estações
mariana felippe viegas ; Profa. Dra. Helena Aparecida Ayoub Silva
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O artigo analisa o processo de implantação do primeiro trecho da Linha Paulista do Metrô de São Paulo, com foco nas suas estações. Trata-se de investigar a inter-relação entre o projeto de arquitetura das estações e o meio urbano no qual estão inseridas. As primeiras estações da linha – Clínicas, Consolação, Trianon-Masp e Brigadeiro - têm características que permitem identificar relações exemplares entre a arquitetura das estações, os fatores determinantes do projeto - como método construtivo e programa, e os efeitos de sua inserção no território. Em consonância com um momento de reflexão teórica no campo da arquitetura e do urbanismo, as estações implantadas no espigão da Paulista inauguram uma nova relação com seu entorno. A qualidade urbana da Avenida Paulista e seu desenho singular irão permitir e determinar a implantação do sistema de mobilidade, em contraposição à experiência das estações da primeira linha.

METROPOLIZAÇÃO DO ESPAÇO E OS (DES)ENCONTROS DA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA: UM ENSAIO SOBRE AS METAMORFOSES E SIMULACROS DO ESPAÇO PÚBLICO NO BAIRRO DA BARRA DA TIJUCA (RJ)
Mateus Viriato de Medeiros Siniscalchi
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Este trabalho apresenta uma reflexão crítica sobre as metamorfoses do espaço público na metrópole contemporânea, a partir das múltiplas transformações que este assume diante das tensões e contradições que se dão entre os movimentos de dominação e apropriação territorial. Considerando o processo de metropolização da cidade do Rio de Janeiro, nota-se que a racionalidade estratégica e a lógica empresarial dos grupos que dominam o território condicionaram a privatização do espaço público como uma tendência geral na cidade. O espaço privatizado assume centralidade para a reprodução das relações sociais na medida em que os espaços públicos de encontro se constituem como residuais e assumem um novo significado sob o ordenamento do Estado. No bairro da Barra da Tijuca – uma das principais fronteiras de expansão da cidade – o espaço público revela novas qualidades e elementos que complexificam a sua conceptualização, introduzindo novos desafios à investigação geográfica da realidade metropolitana.

Legados Urbanos e Suburbados: Espaço, Forma e Vitalidade em duas Vilas Olímpicas certificadas pelo selo LEED-ND
Nicholas Martino ; Edja Trigueiro ; Cynthia Girling
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As Vilas Olímpicas construídas para os jogos olímpicos de Vancouver (Southeast False Creek, SFC, 2010) e do Rio de Janeiro (Condomínio Ilha Pura, CIP, 2016) receberam a certificação LEED-ND para bairros sustentáveis com base em diretrizes de desenho urbano que buscam promover comunidades mais habitáveis, sustentáveis e vivas. Mas até que ponto a alocação de usos e distribuição de elementos nos bairros construídos permite espaços urbanos mais vivos? A intenção deste artigo é explorar a relação entre configuração espacial e indicadores de vitalidade urbana a fim de investigar se e como o projeto dessas vilas olímpicas certificadas pelo LEED-ND promovem ou dificultam a vitalidade urbana. Usos do solo, densidade populacional, interfaces público-privado e infraestrutura para pedestres foram mapeados e sobrepostos a modelos configuracionais do espaço baseados na teoria da sintaxe do espaço a fim de verificar como padrões de visibilidade e movimentalidade de pedestres promovem ou dificultam a vitalidade urbana das Vilas Olímpicas. Intensos padrões de movimento de pedestres surgem a partir da localização do SFC dentro da cidade e da integração entre edifícios, espaços públicos, corredores de transporte e frente d’água. Enquanto isso, o CIP é segregado tanto do resto do Rio quanto de seu entorno imediato, resultando em uma distribuição desigual de espaços verdes e de lazer, altamente integrados àqueles que vivem dentro do condomínio e pouco integrados às comunidades do entorno. O desenho do CIP que não contribui para a vitalidade urbana da região e a impossibilidade de considerar as múltiplas relações entre os inúmeros fatores contextuais que influenciam na performance dos projetos já construídos, levanta a questão sobre a necessidade de utilizar um processo de avaliação caro (como o do LEED-ND) para representar conceitos amplos e subjetivos como “sustentabilidade” e “crescimento inteligente” em sistemas complexos e imprevisíveis que são cidades e vizinhanças.

A DIMENSÃO ESPACIAL DA DESIGUALDADE SOCIOECONÔMICA
Patrick Zechin ; Frederico de Holanda
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Nos últimos anos, o Brasil conheceu algum progresso no que diz respeito à diminuição da desigualdade socioeconômica, mas, embora a desigualdade tenha recuado um pouco, a segregação entre as classes mais altas e as mais baixas não pareceu ter conhecido melhora e o ambiente urbano brasileiro continua sendo um lugar de exclusão para um importante contingente populacional. Considerando que é essencial o conhecimento mais pormenorizado da dinâmica da desigualdade espacial para a formulação de melhores políticas públicas, objetivamos, por meio do uso de técnicas de análise espacial alternativas ao tradicional Índice de Dissimilaridade (D), apresenta-se e discute-se a relação entre espaço e desigualdade nas cinco cidades mais desiguais do país, buscando matizes mais detalhadas da materialização da segregação espacial.

HYBRIDIZATION AS A DESIGN STRATEGY TO ATTRACT AND RETAIN PEOPLE AT SHORT DISTANCE FROM EACH OTHER IN PUBLIC OPEN SPACES: a necessary condition to socialize
Paula Barros
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The importance of urban design in influencing passive and active forms of social interaction has been verified in different types of public spaces. However, since most of environment-behaviour research was carried out in North America and Europe, the literature on how urban design may support co-presence, and hopefully active forms social interaction, lacks a cross-cultural perspective. To make a useful contribution to the field of urban design, this empirical research examines the conditions that support passive and active forms of social activities in Liberdade Square (LSq), Raul Soares Square (RSq) and Estação Square (ESq). The fieldwork activities included unstructured and structured direct observations carried out in 2006 and 2016. The research adopted a quali-quantitative approach to analysis. The results shown the relevance of hybridization as an important design strategy to attract and retain people that experience highly contrasting urban conditions as part of their daily life.

GOIÂNIA EM CINCO FRAGMENTOS, Metrópole entre o efeito genérico e as permanências
Pedro Henrique Máximo Pereira ; Mayara Dayanne Sousa Rezende ; Guilherme Ribeiro Tavares ; Luiz Felipe Teixeira Aguiar
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Este trabalho refere-se à Goiânia Contemporânea. Nele relatamos os conflitos entre as forças do capitalismo que impulsionam para uma transformação acelerada de seus espaços (Efeito Genérico) e à resistência das permanências urbanas. Trata-se, portanto, de impasses observáveis cotidianamente nas paisagens da cidade. Neste sentido, para fins metodológicos, selecionamos os elementos que identificamos como “transformadores” das identidades construídas até então. Estes são aqui apresentados em cinco fragmentos sendo: 1) O Setor Central e a Praça Cívica; 2) os Parques Urbanos e o caso do Parque Flamboyant; 3) os “monumentos” implantados nos viadutos Latif Sebba e João Alves Carneiro na Avenida 85; 4) os condomínios horizontais resultantes da autossegregação e, por fim, 5) os Shoppings Centers e a explosão do Efeito Genérico. A partir destes fragmentos objetivamos pôr em discussão os entraves entre as permanências urbanas percebidas no espaço de Goiânia e seu processo de generificação.

SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL NA MOBILIDADE URBANA DE PATOS – PB.
Rafaela da Silva Carvalho ; Alexandre Augusto Bezerra da Cunha Castro
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Um problema muito comum entre a maioria das cidades brasileiras é a segregação a qual a população está submetida. Ao se falar de segregação urbana o ponto que logo vem à tona é a segregação de áreas periféricas em relação ao centro das cidades. Mas quais os fatores que contribuem para que a segregação socioespacial ocorra? O crescimento acelerado de cidades que saíram do estágio de pequeno para médio porte, juntamente com o processo de urbanização são pontos que intensificaram o processo de segregação justificados também, nesse trabalho, pela má distribuição de renda e a falta de mobilidade urbana que interferem ou agravam o problema. Patos, localizada no Estado da Paraíba, assim como as demais cidades brasileiras em transição também encontra-se no mesmo grupo de cidades que tem de lidar com o problema da segregação e da Mobilidade Urbana. Esse artigo busca mostrar através da coleta de dados censitários, visitas in locu e a análise da Sintaxe Espacial, utilizando as medidas de Integração e Setp Depth, como a atual configuração da cidade e a falta de investimentos na Mobilidade Urbana contribuem para a segregação urbana de Patos.

FRAGMENTOS E ASPECTOS DISPERSOS: Interpretando Palmas (TO) a partir de Henri Lefebvre
Roberto de Almeida Bottura
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No presente trabalho busca-se uma interpretação de uma cidade nova, Palmas (TO), a partir da crítica da vida cotidiana de Henri Lefebvre. Parte-se da hipótese de que uma cidade projetada como Palmas contém em si por meio do desenho (abstração), discurso (ideologia) e da ação do Estado (materialização do espaço) os elementos necessários para um projeto totalitário de anulação da vida cotidiana.

City marketing, a Orla Conde e o (des)acordo do espaço público
Tarciso Binoti Simas ; Alessandra de Figueiredo Tarcsay ; Aline Cordeiro Rodrigues
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O espaço urbano sofre alterações ao longo do tempo, as transformações sociais levam a diversas mudanças na estrutura física de uma cidade, conhecidos como projetos de revitalização. Este artigo trata do questionamento do projeto executado no Rio de Janeiro, o Porto Maravilha, e as problemáticas existentes no uso de um padrão globalizado de ação em regiões portuárias, com enfoque nos aspectos turísticos, levando a uma gentrificação da área. Neste contexto, este artigo analisa a proposta de remodelação da orla da zona portuária do Rio de Janeiro, denominada Orla Conde. O objetivo deste artigo é ressaltar que seu projeto foi elaborado fora de seu contexto seguindo modelos de revitalização de zonas portuárias resultando, no trecho de contorno do Morro de São Bento da Orla Conde, em um espaço público majoritariamente de ligação, tal como um “corredor” ou “túnel”, sem fachadas ativas, sem serviços e outros atrativos, e com baixa apropriação de pessoas.

OS USOS TEMPORÁRIOS NO PLANEJAMENTO URBANO
Tiago Balem
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Em muitas cidades do mundo realizam-se ações efêmeras em terrenos baldios, edifícios abandonados e espaços urbanos degradados com o objetivo de transformá-los em cenários para atividades recreativas, clubes comunitários, empresas criativas, economias nômades e mercados informais. Precisamente nesses lugares tem havido, uma produção cultural inovadora e eles têm se tornado uma esfera pública vibrante por meio da participação das comunidades. Este artigo apresenta a abordagem dos usos temporários de espaços da cidade como maneira para pensar o planejamento urbano, e estrutura-se a partir de uma leitura do problema por camadas. A camada 1, Cidade contemporânea em tempos fluidos – uma narrativa, apresenta uma reflexão sobre a sociedade contemporânea, na perspectiva de entendê-la em rede e fluída, aproximando-a de uma noção de um urbanismo também fluído. Na camada 2, Microurbanismo efêmero – uma prática, debruça-se sobre novas teorias e estudos de caso que têm se dedicado a compreender ações de usos temporários. A camada 3, O uso temporário no planejamento urbano – uma possibilidade, busca estabelecer a relação dessas práticas com a teoria no urbanismo.

O PROJETO DO GRANJA MARILEUSA E SUAS FILIAÇÕES AO CONGRESSO PARA O NOVO URBANISMO: Uma análise crítica
Valeika Carminati ; Fernando Garrefa
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Esse artigo trata da análise crítica do empreendimento Granja Marileuza na cidade de Uberlândia-MG a partir de sua comparação com as propostas expostas pelo Congresso para o Novo Urbanismo, movimento que desde 1993 tem se pautado pela crítica ao modelo urbano centrado no uso do automóvel. O empreendimento Granja Marileuza, proposto em 2013, nasceu como um bairro planejado, propagando a partir dos pressupostos do Novo Urbanismo constituir-se em um modelo mais sustentável de cidade, contemplando um desenho pedestrianizado, uso misto do solo entre outros elementos teoricamente sustentáveis do desenho e infraestrutura urbanos. Esta pesquisa busca analisar se os princípios desse movimento foram, de fato, aplicados ao projeto do bairro e se configurariam de fato como um modelo urbano mais sustentável.

A ARQUITETURA DO MEDO E AS LEIS DE FECHAMENTO DE RUAS
Verônica Maria Fernandes de Lima ; Ricardo de Souza Moretti ; Débora Youchoubel Pereira de Araújo Lima ; Letícia de Lima Leite Silva
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O artigo apresenta uma reflexão a respeito da violência urbana e o abandono dos espaços públicos nas cidades contemporâneas, partindo da questão: Como garantir a segurança pública sem o fechamento dos muros? O texto se debruçará sobre a discussão da elaboração de leis que propõem o fechamento de ruas em contraponto aos argumentos, de teóricos que discutem a questão da violência urbana e propõem saídas para uma cidade com mais segurança e vitalidade. O artigo se compõe por: uma discussão conceitual sobre a arquitetura do medo e seus reflexos na cidade; um referencial teórico construído através de autores como Jane Jacobs, Carlos Nelson Ferreira dos Santos, Arno Vogel, e Jan Gehl sobre apropriação dos espaços públicos e a segurança nas cidades; uma análise das propostas de lei para o fechamento de ruas e bolsões residenciais em São Paulo e em Natal (a chamada lei do Bairro Seguro); e finalmente algumas considerações sobre as questões levantadas.

DIFERENÇAS E HOMOGENEIDADES NO CONTEÚDO DA PAISAGEM URBANA DE PRESIDENTE PRUDENTE: Uma análise visual dos processos de diferenciação e segregação socioespacial
VICTOR CHIRILLO DE OLIVEIRA STOIAN
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O presente trabalho busca avançar na discussão sobre a diferenciação e a segregação socioespacial a partir de uma análise visual de áreas específicas da cidade de Presidente Prudente em que estes processos puderam ser identificados. Tal reflexão pode contribuir para uma multiplicidade analítica em que elementos da materialidade urbana sejam parte constituinte de um conjunto de informações que caracterizam tais processos. O artigo é formado por duas partes: a primeira traz um breve debate teórico sobre o conceito de paisagem urbana e análise visual a partir de um diálogo com autores relacionados ao tema abordado, como Lynch, Cullen, Besse, Serrão e Menezes; na segunda parte é apresentado, ainda que de maneira sintética, os conceitos de diferenciação e segregação socioespacial juntamente a uma reflexão a partir da análise visual de áreas específicas da cidade de Presidente Prudente.

A problemática urbana, o individualismo e a necessidade de aproximação de um contingente socializante à esfera pública
Vinícius Galvão Ramos
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Num panorama que parte desde o advento do automóvel até a tendência de ruptura de vínculos sociais, observa-se a transformação das cidades e da sociedade contemporânea, enquanto relatos de diferentes ciências levam à constatação da individualização e apatia dos sentidos do homem. Diante dos impactos do processo da urbanização modernista na sociedade, o estudo visa ampliar a discussão acerca da problemática urbana conversando com a antropologia, sociologia e psicologia e apresentar a esfera pública e as possibilidades de atuação dos arquitetos e urbanistas nesta escala da cidade que pode propiciar o desenvolvimento de novos vínculos sociais e da diversidade. O estudo justifica-se pela necessidade de repensar o modo de planejar e desenhar cidades para as pessoas viverem na contemporaneidade, contrapondo o anseio universalista dos modernistas. Por mais que a sociabilidade seja um objetivo impalpável, cabe a nós, atores, mediar maneiras de se alcançar este objetivo.

ANÁLISE CONFIGURACIONAL DA EXPANSÃO URBANA: A Localização de Novos Empreendimentos Habitacionais em Pelotas/RS
Waleska Andrzejewski Avozani ; Fábio Lúcio Zampieri
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Este trabalho estuda as localizações de novos empreendimentos residenciais do ponto de vista de suas contribuições para a expansão da malha urbana através da abertura de vias de circulação e do acesso aos serviços e equipamentos. Adota-se o enfoque da análise configuracional, verificando-se o desempenho destes a partir da aplicação de medidas sintáticas. O estudo empírico avalia a contribuição de 77 empreendimentos residenciais construídos pelo mercado formal no município de Pelotas/RS entre os anos de 2010 e 2018. A amostra é classificada de acordo com o tipo de empreendimento analisado: condomínio ou loteamento; unifamiliar ou multifamiliar. Trabalha-se com a hipótese de que os empreendimentos do tipo condomínio fechado, em especial os unifamiliares, pouco contribuem com a acessibilidade da cidade e do local onde são implantados. As análises identificam um padrão de localização segregado no sistema e os resultados apontam diferenças e potencialidades para os tipos residenciais analisados.

Espaço privado de uso público: o boulevard da Neo Superquadra em Curitiba
Wilhelm Eduard Milward de Azevedo Meiners ; Renata Adriana Garbossa
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Qual ressignificação ocorre no espaço público contemporâneo? Os espaços públicos de propriedade privada funcionam e podem ser uma alternativa viável à apropriação da cidadania? O espaço público contemporâneo assume diferentes formas, usos e domínios. Para perceber as formas que assume na trialética da pós-modernidade, destacamos um espaço de uso público e propriedade privada, localizado no Centro Cívico, bairro de Curitiba que representa a reconquista do espaço público como locus da expressão da cidadania e manifestação política. O espaço analisado é um pocket-park de passagem e conexão junto ao empreendimento imobiliário da Neo Superquadra, um conjunto pós-modernista, de uso misto, com torres comerciais e residencial. A proposta do trabalho é promover, nos limites de uma pesquisa em espaço de propriedade privada, a análise simbólica, física, sensorial e social, para avaliar seu uso, fruição e funcionalidade. Destarte conforma uma crítica ao espaço público contemporâneo, que considera a subsunção dos interesses públicos aos privados.

Arquitetos Contemporâneos da Escola do Porto
Yuri de Souza Duarte
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A produção do movimento moderno em Portugal ocorreu de maneira singular, denominada Escola do Porto e reconhecida a partir da década de 1950, foi um movimento que produziu ecos identificáveis nas produções arquitetônicas até a contemporaneidade. Dentre outras características, apresenta como condicionantes de projeto a harmonia entre a inserção do edifício e o ambiente pré-existente. Este artigo apresenta uma análise panorâmica da produção de dois grupos de notáveis arquitetos portugueses, considerando aspectos como: histórico de trabalho; relação de tutoria com outros arquitetos; formação profissional; e caracterização geral de sua obra. O primeiro formado por Fernando Távora, Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura; e o segundo composto por João Carrilho da Graça; os irmãos Nuno e José Mateus (escritório ARX); os irmãos Manuel e Francisco Nuno Aires Mateus; e Nuno Brandão Costa.

ST 16 - Cidade, História, Identidade e Cultura
Espaço Público e Preservação do Patrimônio Histórico: A posição das cartas patrimoniais sobre a salvaguarda dos espaços públicos ao longo do tempo
Alice Viana
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A preocupação com a preservação do patrimônio histórico é um fenômeno relativamente recente na história das cidades, tendo se intensificado particularmente a partir do século XX. Percebemos que, na seleção dos bens considerados dignos de preservação, por muito tempo houve uma predominância de monumentos e de obras de arte cuja relevância fosse ao mesmo tempo artística e histórica. Com o passar dos anos, e com o crescimento da cultura de preservação, começaram a ser também incluídos nas listas de tombamento alguns conjuntos edificados, paisagens, traçados urbanos e espaços livres de uso público. Este artigo se propõe a investigar a partir de quando os espaços públicos históricos começaram a ser também considerados dignos de salvaguarda através da análise das cartas patrimoniais publicadas ao longo dos anos. Objetiva-se também elucidar como as diretrizes de preservação expostas nessas cartas mudaram de uma posição bastante conservadora, incitando o congelamento das paisagens tombadas, até alcançarem uma posição mais flexível, defendendo que os espaços históricos sejam adaptados às demandas contemporâneas, desde que mantida a essência do lugar.

O PATRIMÔNIO OPERÁRIO: O caminho traçado pelos campos do patrimônio industrial e da memória operária rumo à preservação dos lugares de memória na cidade do Rio de Janeiro
Aline Cristina Fortunato Cruvinel
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O estudo sobre o patrimônio operário no Rio de Janeiro se alicerça em alguns questionamentos básicos: qual o lugar do operário no campo do patrimônio cultural e das políticas de preservação? Que lugar é dado para o trabalhador na gestão da cidade? Quais histórias o espaço urbano pode contar a partir da experiência dos trabalhadores? Para responder como a academia e a gestão pública tem tratado o tema, o artigo em questão parte da abordagem trazida pelo patrimônio industrial – subdivisão do patrimônio cultural construída através da chamada arqueologia industrial – e dos estudos sobre a classe operária na cidade do Rio de Janeiro, desenvolvidos pela antropologia, pela história e pelas ciências sociais. Em seguida, são identificados, dentre os imóveis tombados no Rio de Janeiro a nível municipal, aqueles que se mostram vinculados ao conceito de patrimônio industrial, bem como suas limitações para a preservação efetiva de uma memória operária através do espaço.

As cidades de Platão: A construção de uma utopia.
Amanda Rafaelly Casé Monteiro
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A cidade utópica de Platão comumente é relacionada com a cidade Kallipólis descrita na República (entre 387 a 367 a.C.), livro mais importante do autor. Na República, o autor descreve como seria a cidade ideal, mas seu texto se dedica a construção de uma cidade justa, não apresenta nenhuma informação sobre o desenho da cidade. No livro As Leis (357 e 347 a. C.), último e maior livro do filósofo, o assunto é a criação de uma constituição ideal, com isso novamente pensa uma cidade ideal, Magnésia, porém dessa vez propõe até um desenho para sua utopia. Esse trabalho apresenta as cidades utópicas descritas nos livros A República e As Leis de Platão, em sua espacialidade e morfologia. Em seguida, são estudadas as polis Atenas e Siracusa, cidades que o autor viveu, a fim de entender a inovação e a reprodução do conhecimento do período. Por fim, conclui-se apresentando a relação entre Kallipólis, Magnésia, Atenas e Siracusa.

RENOVAÇÃO URBANO-CULTURAL PORTO MARAVILHA: A MERCANTILIZAÇÃO DA CULTURA E DA MEMÓRIA COMO PROCESSO DE BRANQUEAMENTO DO TERRITÓRIO.
AMANDA WANIS ; Ana Carolina Machado ; Felipe Nin ; Yasmim Leite
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A Zona Portuária do Rio Olímpico sob o signo do Porto Maravilha instaura profundas transformações no território. Para tais transformações vem sendo desenvolvidas ações que estimulam a expulsão da população original da área, alinhadas à lógica da gestão empresarial da cidade, convertendo a região aos moldes da cidade-empresa-cultural. Nesse processo, vem sendo instalado um jogo de disputas identitárias e a configuração de um novo ethos da área portuária. Esse novo ethos busca ressignificar a história da região mobilizando elementos do “passado” e disputando a redefinição dos “lugares de memória” em um processo de “branqueamento do território”.

Entre o consumo e a fruição: a cidade do Rio de Janeiro em cena
Ana Carolina Mendonça Oliveira
Ver resumo Participação não confirmada
A pesquisa visa refletir sobre o universo das viagens a partir de dois eixos: o consumo e a fruição. Nesse sentido, é importante pontuar que o espaço da fruição de um viajante também é o espaço cotidiano de seus moradores e possui estreitos vínculos com a cultural local. Frequentemente a atividade turística se ocupa do consumo de bens culturais, ao que reconhecemos como turismo cultural e que dialoga diretamente com o patrimônio cultural. Para tanto a abordagem teórico-metodológica perpassa discussões sobre turismo, consumo de espaços urbanos, patrimônio cultural como construção social, fruição e a compreensão do território como lugar socialmente apropriado. Assim a pesquisa espera contribuir para discussão das tensões existentes entre o patrimônio cultural, o turismo e a cidade. Por fim, o mapeamento cultural é apresentado como possível ferramenta para a elaboração de cartografias interativas que possam oferecer novas possibilidades ao debate e a disputa de narrativas sobre a cidade.

PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO E O USO HABITACIONAL
Ana Gabriela Wanderley Soriano
Ver resumo Participação não confirmada
O presente trabalho tem como objetivo central provocar a discussão e trazer reflexões acerca da habitação – dentro da esfera de uma política pública integrada – como um componente essencial no processo de reabilitação das áreas centrais das cidades e na preservação de sua história e de seu patrimônio cultural edificado. Para tanto, serão referenciadas algumas experiências, nacionais e internacionais, de projetos e programas em que a questão habitacional aparece como protagonista, associada à preservação do patrimônio, como estratégia para o atendimento a demandas sociais, urbanas e culturais, partindo-se da premissa que tal associação responderia positiva e mais eficazmente à necessidade de reabilitação dos centros históricos das cidades.

MODERNIDADE URBANA EM PORTO ALEGRE: O BAIRRO MOINHOS DE VENTO
Ana Helena Dreissig ; Inês Martina Lersch
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O presente trabalho descreve transformações urbanas na Cidade de Porto Alegre diretamente relacionadas aos fatos históricos de cunho social e político, ocorridos nas décadas de 1950 e 1960, que culminaram no fortalecimento da modernidade. Estes acontecimentos integram um conjunto de modificações territoriais que ocorreram na intenção de simbolizar a modernização, e em segundo plano ampliar os acessos ao bairro Moinhos de Vento em função da criação do Parque Moinhos de Vento, inaugurado nos anos 1960. Tem-se aqui por objetivo a coleta e análise de dados referentes à aos acontecimentos de meados do século XX na região do Bairro Moinhos de Vento, enfocando na área referente ao parque e ao trecho da avenida que o ladeia, narrando seu surgimento e o processo de transformação. A abertura de uma avenida de grande gabarito em uma época onde a presença do automóvel não era imponente a tal dimensão, é referenciada na obra de Marshall Berman, intitulada Tudo o Que é Sólido Desmancha No Ar. Esta avenida representa melhoria para a cidade, desde sua implementação até os dias de hoje, é o principal objeto desta pesquisa, seguido da coleta de material e a revisão bibliográfica.

CONTEXTOS HISTÓRICOS VULNERÁVEIS Processos de degradação socioambiental no frontispício da cidade de Salvador
Ana LIcks Almeida Silva ; Ariadne Moraes Silva ; Marcia Maria de Couto Mello
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Este artigo problematiza e discute a descaracterização do frontispício da cidade de Salvador/Ba enquanto elemento identitário significativo da paisagem do Centro Antigo. Uma série de transformações na configuração morfológica, ambiental e social, resultante de diferentes processos de apropriação gerados por empreendimentos imobiliários e políticas de conservação patrimonial impactaram nos aspectos físicos e estruturais e na estrutura socioeconômica, revelando um campo de disputa onde a segregação espacial é cada vez mais visível. O trabalho baseia-se em relatos de viajantes estrangeiros análises iconográficas, leituras cartográficas, aproximações antropológicas e apreensões da paisagem urbana. Verifica-se que as relações de patrimonialização se estendem aos bens arquitetônicos, urbanísticos e culturais, evocando um novo imaginário sobre a paisagem. Simultaneamente o frontispício é atravessado por práticas invisibilizadas como vivências, práticas cotidianas, resistências e acontecimentos. A degradação dessa região potencializa a vulnerabilidade dos moradores, face aos projetos de requalificação e modernização dos sítios antigos.

PATRIMÔNIO: UMA IDEIA EM TRANSFORMAÇÃO EM UM MUNDO NO QUAL “TUDO QUE É SÓLIDO DESMANCHA NO AR”
Ana Luisa Jeanty de Seixas
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O presente artigo busca fazer uma aproximação entre as transformações ocorridas no campo do patrimônio cultural brasileiro e o livro “Tudo que é Sólido Desmancha no Ar: A Aventura da Modernidade”, de Marshall Berman. Assim, parte-se da ideia de que tudo está em contínua transformação - tudo se constrói e se desconstrói; nada é eterno - ideias e conceitos são revistos e toda estrutura será modificada ou desaparecerá. Essas transformações “das coisas ao redor” implicam em transformações no indivíduo e naquilo que somos - acarretam em incertezas e na busca do homem pelo “seu lugar”. Nesse sentido, compreendendo os bens materiais e imateriais como representações dos grupos sociais e reflexos de seus valores e costumes, a ideia de “patrimônio” poderia ser entendida como algo em constante transformação, com novos entendimentos e ampliação de conceitos, buscando em um mundo em mudança, identidade e identificação enquanto indivíduo, sociedade e Estados nacionais.

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E AS POLÍTICAS DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL NO BRASIL: Uma aproximação de ideias
Ana Luisa Jeanty de Seixas ; Eber Pires Marzulo ; Eduardo Ernesto Filippi
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O presente artigo busca fazer uma aproximação entre a história do desenvolvimento econômico e as políticas de preservação do patrimônio no Brasil. Apresenta-se de maneira exploratória e sintética o desenvolvimento econômico do país desde a década de 1930, aproximando-o da ideia inicial de bem de valor monumental e excepcional, seguido por momentos de industrialização e urbanização acelerada, refletido na necessidade de valorização de conjuntos arquitetônicos e urbanos, centros e cidades históricas. A partir de meados da década de 2000, a discussão se amplia com conceitos e ideias como o de patrimônio imaterial, referências culturais e paisagens em diferentes escalas (paisagem cultural e paisagem histórica urbana). Assim, busca-se, construir nexos entre os contextos econômico e cultural e as políticas de preservação e as transformações da ideia sobre patrimônio cultural no Brasil.

Interseções experimentais: a contação, o lugar e as interações sociais
Ana Rubia Ferraz ; Lígia Dias ; Maria Eduarda Queiroz
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Este artigo busca experimentar um tipo de abordagem para analisar a comunidade do Bode, no bairro do Pina, Recife-PE. A partir de uma síntese teórica sobre os lugares na cidade e as interações sociais, lança-se um olhar sobre as mudanças e permanências da área, no qual o relato da moradora Maria da Penha Gonçalves Lima é o responsável por estruturar e conduzir o trabalho. Dessa maneira, foram identificadas algumas categorias de lugar relacionadas a tipos de interação social, são elas: o lugar-maré e a sociabilidade dos banhos; o lugar-mocambo e as interações de conflito; e os lugares-comunitários e a sociação dos movimentos de resistência. Portanto, foi possível reconstruir, através do olhar de Penha, uma trajetória da evolução urbana da comunidade e mostrar como as mudanças nas tipologias construtivas, forma urbana e infraestrutura foram acompanhadas por processos simbólicos. Por fim, espera-se que o cruzamento dos conceitos teóricos com as vivências dos sujeitos explorados neste trabalho contribua com outras análises socioespaciais.

SUBÚRBIO MODERNO, UTOPIA BURGUESA. REFLEXÕES SOBRE A MODERNIZAÇÃO DE SÃO PAULO E A SUBURBANIZAÇÃO DO MORUMBI
Anderson Dall'Alba
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A formação de subúrbios na periferia do cuore urbano de São Paulo logo no início do século XX é um fenômeno que já motivou estudos nas mais diversas frentes. Sabe-se que, embora a suburbanização tenha envolvido sobretudo grupos socioeconômicos de renda baixa, ela também abrangeu famílias de médio e alto poder aquisitivo. O atual distrito do Morumbi, urbanizado a partir do final da década de 1940, compreende diversos bairros que foram concebidos como subúrbios para famílias de renda alta. Dentre eles, o Paineiras do Morumbi, projetado pelo arquiteto Oswaldo Bratke (1907-1997), é um exemplo representativo do padrão de traçado adotado em quase toda a região. Este artigo examina justamente a suburbanização que envolveu parte das classes de renda média e alta da população de São Paulo ao final dos anos 1940, e que promoveu, nesse período, a ocupação do Morumbi. O objetivo é discutir os fatores que impulsionaram a emergência de tal processo, bem como iluminar as dinâmicas de desenvolvimento e configuração urbana típicas dos bairros que hoje conformam o distrito. Inicialmente, o trabalho revisa as transformações urbanas ocorridas em São Paulo a partir dos anos 1920, quando a cidade enfrentou sua primeira modernização. A segunda parte examina o projeto de Bratke para o bairro Paineiras do Morumbi, que é tomado como estudo de caso. Na reflexão final, atenta-se para as principais motivações que facilitaram a suburbanização do Morumbi, pontuando a contradição inerente a tal processo. Nesse sentido, o subúrbio parece ter sido encarado por parte das famílias nucleares de elite como oportunidade de realizar uma utopia de vida moderna em um cenário agreste porém modernizado, distante das condições urbanas conturbadas e heterogêneas que vinham se impondo na metrópole.

Itapoã: primeiros anos
André Sette Rossi ; Frederico Vianna Torres Diniz
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O estudo aborda ocasiões da história do Distrito Federal em que a construção de habitações esteve a cargo dos próprios moradores, seja apoiados por programas de assentamento governamentais, seja pela ocupação de terras. Para isso, toma-se como exemplo o Itapoã, uma das Regiões Administrativas mais recentes do Distrito Federal. Por entender que essa região é um caso representativo de práticas que se constituíram paralelamente ao crescimento de Brasília, o estudo acrescenta um panorama histórico dos assentamentos informais no DF. Para pesquisar a história do Itapoã, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com moradores, complementadas por buscas no arquivo do jornal Correio Braziliense. Como resultado, o trabalho pretende facilitar a compreensão do leitor sobre o mercado informal de imóveis do Distrito Federal. Ao investigar os primeiros anos do Itapoã, o estudo também tem o intuito de registrar a memória daquela ocupação, que já é um capítulo importante da História de Brasília.

IDENTIDADE NACIONAL NA ERA VARGAS: turismo, patrimônio, política e muito mais
Andrea de Albuquerque Vianna
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Este artigo aborda as tentativas de elaboração da uma identidade nacional durante o período da chamada Nova República, ou Era Vargas, contando com o apoio e a participação direta de Oswaldo Aranha, companheiro firme e coerente de Getúlio Vargas quanto aos ideais propostos pela a Revolução de 1930. Este trabalho se propõe a discutir as ações do Governo Vargas para a elaboração de uma identidade nacional, fazendo uso de três pilares como ferramentas de sustentação ideológica, a saber: turismo, propaganda e patrimônio. Estes elementos foram largamente utilizados para o êxito do projeto governista de se criar uma unidade cultural, política e ideológica que proporcionasse a segurança necessária para a manutenção daquele grupo no poder. Além destas questões, as atividades aqui relacionadas serviram para criar, sustentar e difundir a imagem de um país aprazível, seguro, de um povo hospitaleiro e um governante confiável, despertando o orgulho da população e conquistando a confiança de políticos, empresários e investidores para a realização de negócios que viriam a impulsionar o desenvolvimento econômico do país e sua projeção no mercado internacional. Busca-se, então, discutir a intrincada relação entre as questões referentes ao patrimônio, história e a cultura nacional com os interesses políticos vigentes nas primeiras décadas do século XX.

Turismo e identidade territorial em municípios litorâneos: o comercio ambulante em Matinhos -PR
Andréa Maximo Espinola ; Marcos da Silva Lotoski
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A informalidade dos trabalhadores atípicos são fenômenos em expansão nas cidades brasileiras desenvolvendo um inesgotável leque de estratégias de e para a sua sobrevivência(VASOPOLLO, 2006). Este trabalho apresenta a dinâmica geográfica das atividades ambulantes no espaço da areia da praia do município de Matinhos e suas respectivas territorialidades produzidas. Através dos aportes teóricos da geografia são estabelecidos os marcos conceituais para compreensão e análise do fenômeno da territorialização no espaço da praia e no espaço urbano de municípios balneários. Como ficou evidente que a atividade do trabalho no setor turístico produz processos de exclusão, fragmentação e segregação das correntes predominantes do mercado de trabalho, das maneiras formais de apropriação do espaço urbano e a certas oportunidades de sociabilidade.

PATRIMONIALIZAÇÃO DAS INTERVENÇÕES MODERNAS EM CONJUNTOS HISTÓRICOS: a Ladeira da Misericórdia de Lina Bo Bardi em Salvador
ANDRESSA PINHEIRO CONSTANTI ; PEDRO PAULO DE ALMEIDA PALAZZO
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À medida em que obras arquitetônicas modernas se inserem em sítios patrimoniais, promovendo um novo destino ao preexistente, elas projetam um novo marco histórico referente ao tempo de intervenção. A percepção da arquitetura do Movimento Moderno como patrimônio, surge em um cenário no qual o moderno virou história. O trabalho se propõe apresentar a maneira em que o projeto piloto de Lina Bo Bardi para a Ladeira da Misericórdia, em Salvador, se insere nos debates em relação às intervenções modernas em sítios com valor de patrimônio histórico. Partindo de uma dissociação conceitual entre “patrimônio” e “intervenção no patrimônio”, é evidente, no projeto de Lina, a apropriação do legado histórico na concepção de uma autêntica obra do modernismo brasileiro. Com o intuito de apontar possibilidades de patrimonialização, o artigo articula o reconhecimento dos valores estéticos, históricos e culturais da intervenção moderna estudada.

REABILITAÇÃO URBANA E SEGREGAÇÃO SOCIAL NO CENTRO HISTÓRICO DE JOÃO PESSOA
Anna Cristina Andrade Ferreira ; Natália Miranda Vieira-de-Araújo
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A cidade de João Pessoa/PB, é uma das cidades mais antigas do Brasil, o que motivou a delimitação da área do seu centro histórico, tombado a nível estadual e a nível federal. Desde a década de 1980 a área tem sido alvo de diversas ações de reabilitação, aplicadas de forma pontual, e sempre voltadas a restauração e recuperação do patrimônio edificado ou de parte do tecido urbano, priorizando a implementação e expansão das atividades turísticas, em detrimento da atenção para com os aspectos sociais da área histórica. Em um momento em que os projetos elaborados para as áreas antigas preconizam a necessidade de resultados sustentáveis, que possam garantir a vivência e manutenção dos centros históricos, não se vê em João Pessoa uma relação efetiva entre as ações implementadas que possam atingir tal objetivo. Destacamos, em especial, falta de instrumentos de promoção da habitação. Em quase todos os projetos elaborados foram listadas ações estruturantes semelhantes, na maioria das vezes não efetivadas. Essa dificuldade de implementação pode ser relacionada com o caráter exclusivo de algumas propostas, que desconsideravam uma parcela de menor renda da população, ou com a falta de articulação entre os mecanismos de reabilitação urbana, de disponibilização dos recursos, e de promoção da habitação, devido ao caráter das intervenções propostas e do foco dos programas disponíveis. Assim, este trabalho apresentará um panorama da atuação das políticas patrimoniais em João Pessoa da década de 1980 até a atualidade, demonstrando a repetição de erros já cometidos em outras cidades, com a implementação de projetos que apresentam sempre propostas de ações descoordenadas, que não garantem resultados sustentáveis, e nem sempre consideram o aspecto social e as características individuais das áreas históricas.

A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO E A INFLUÊNCIA DA IGREJA CATÓLICA NA FORMAÇÃO DA CIDADE NORDESTINA: CONSIDERAÇÕES SOBRE UIRAÚNA - PB
Athirson Pascoal Aquino Nascimento ; Carlos Pereira Junior ; Antonio Carlos Leite Barbosa
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A presença da Igreja católica no Brasil enquanto colônia destacou-se não somente no campo religioso, mas no político, social e urbano servindo como referência paisagística nas cidades coloniais, além de ter sido responsável pela fundação de vilas e povoados como é o caso de alguns municípios do sertão paraibano. Nesta perspectiva, considerando os anos iniciais da conquista do território brasileiro e o processo de constituição e consolidação das cidades, este trabalho traz uma breve explanação a produção do espaço urbano no município de Uiraúna, Paraíba no século XIX época em que registros históricos ultramarinos revelaram a relação das Igrejas e cidades como elementos chaves para o entendimento dos agentes fundiários no contexto brasileiro. Tendo como objetivo entender como a Igreja católica interferiu no processo de desenvolvimento urbano na cidade uma vez que foi em torno dela seu desenvolvimento, mapeando e analisando a extensão de terras urbanas eclesiásticas que perduram até os dias atuais.

AS DINÂMICAS DA SEGREGAÇÃO NA AMÉRICA LATINA
Aura Luz Fernandez Abarca ; Lucia Maria Moraes
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Latino-América cresce economicamente graças a suas cidades cada vez mais globais, mas a desigualdade é uma realidade até certo ponto consolidada na sua sociedade. Para aprofundar o debate da cidade como produto morfológico social, o seguinte trabalho analisa a produção de diferentes paisagens urbanas latino-americanas através de um dos fenômenos mais frequentes da região que é a segregação socioespacial, ao longo de diferentes eventos históricos e contemporâneos. Para um enfoque além do morfológico é abordada a temática da interação territorial intraurbana e como a gestão político-econômica precedente e atual afeta, de maneira física e cultural, o espaço urbano. Desta forma se pretende apontar a cidade da América Latina como fonte de estudos da interação entre a desigualdade histórica e o atual sistema dominante.

AS DISTINTAS CIDADES POR DETRÁS DAS POLÍTICAS DE PRESERVAÇÃO E DE PLANEJAMENTO. Memória e desenvolvimento urbano no caso do centro histórico da Penha em São Paulo
Barbara Belorte ; Andréa de Oliveira Tourinho
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O presente estudo busca refletir sobre a relação entre as distintas ideias de cidade que estão por detrás das políticas públicas de preservação do patrimônio cultural e de planejamento urbano na cidade de São Paulo, a partir de um estudo de caso do centro histórico do bairro da Penha, na região leste da cidade. Essas políticas se traduzem nos instrumentos do zoneamento e do tombamento, ainda que o Plano Diretor do município tenha incorporado, desde 2002, as Zonas Especiais de Preservação Cultural em seu zoneamento. Ainda que, nas últimas décadas, a integração dessas políticas, na teoria, seja considerada fundamental no planejamento geral da cidade, não é o que ocorre, na prática, no Brasil. O que se verifica nessa contradição são duas visões de cidade que não se conversam: a cidade da preservação versus a cidade do planejamento, a cidade da memória versus a cidade do desenvolvimento ou, ainda, a cidade das permanências versus a cidade das transformações.

AS MISSÕES DE PARENT E VIANA DE LIMA: ordem social e ordem espacial em Ouro Preto
Bárbara Helena Almeida Carmo
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Este artigo discute o processo de construção das ideias e práticas que ajudaram a consolidar o Estado como ator central nas políticas de planejamento urbano e patrimônio cultural no Brasil nas décadas de 1960 e 1970. Para isso, estudamos as visitas a Ouro Preto de Michael Parent e Viana de Lima, consultores internacionais convidados para analisar a cidade e propor ações de modernização. Mostramos uma possível desordem registrada e tentamos analisa-la a partir das colocações de Topalov (1991) sobre uma possível “crise” da comunidade formada pelos produtores de representações científicas sobre a cidade. Topalov considera que existe um “elo” entre o discurso científico e o progresso social e suas reflexões se fazem úteis para entender como as missões, os relatórios e os planos desnudam o trabalho dos especialistas e repercutiram em ações institucionais, expondo uma “ordem espacial nova”. Por fim, questionamos os limites da democracia, ao apoiar-se na ciência para impor uma ordem política.

Discursos urbanos: (des)caracterização do lugar e (trans)formações de sentido
Bianca Paola Comin
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É inegável que os vínculos que se estabelecem entre o ser humano e seu entorno são resultado das múltiplas interações e vivências ocorridas entre ele e o lugar em que atua. Assim, parte das mudanças sofridas pelos espaços é também refletida nos seres humanos que neles vivem, uma vez que estes passam a ser uma extensão daqueles. Contudo, as transformações externas (ambientais) são mais céleres que as internas (humanas), gerando um hiato de aceitação entre o que é sensorialmente percebido e o que é interiormente assimilado. Dessa forma, a impermanência das imagens/paisagens urbanas contemporâneas traz consequências em termos de relação pessoa-ambiente. Sabendo disso, procurou-se estudar as respostas fornecidas a entrevistas realizadas com moradores da Rua Ministro Gabriel Passos, localizada nos bairros Jardim das Américas e Uberaba na cidade de Curitiba – PR, após as alterações sofridas por esse logradouro quando da instalação de um viaduto em seus arredores. As análises mostraram que as mudanças na via descaracterizaram a situação anterior, criando uma aversão à nova situação.

OS ELEMENTOS FORMADORES DE IDENTIDADE URBANA: Um estudo sobre o caso da cidade de Canoas - RS
Bruna Bonacina Pereira ; Débora Becker
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Este artigo refere-se a identidade das cidades brasileiras, delimitando-se à identificar quais elementos influenciam em sua formação. Diversos elementos contribuem para formação de identidade, tais como aspectos físicos, históricos, sociais e culturais. Delimita-se à investigar os aspectos físicos, despendendo maior interesse à influência do patrimônio cultural edilício e da evolução urbana na geração de identidade. O objeto de estudo delimita-se à cidade de Canoas - RS, no que se refere à identificação dos elementos formadores de sua identidade. Buscou-se verificar a percepção dos usuários sobre o seu lugar e a existência de identidade na cidade de Canoas. Investiga-se também, o processo de evolução do tecido urbano, buscando compreender de que forma as decisões tomadas ao longo do processo histórico interferiram na identidade atual.

Arquitetura escolar: um comparativo entre tipologia moderna e contemporânea x regional em Escolas Municipais de Belém/PA
Bruna Coelho ; Taynara do Vale Gomes Pinho
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A temática apresentada expõe a tipologia arquitetônica moderna e contemporânea em comparação com a tipologia regional, aplicada em Escolas Municipais de Belém em dois recortes: área insular e continental. Na área insular, o artigo enfatizou a Ilha do Combu, por ser um território de estudo extremamente relevante para a abordagem regional. Esse trabalho constatou através de pesquisas em campo, análise histórica, social e cultural que tratar questões arquitetônicas na área da educação torna-se um debate essencial para promover um bom desempenho escolar, visto que o arquiteto precisa valorizar as demandas distintas e suas respectivas necessidades que as escolas, de modo geral oferecem.

A IGREJA DE SÃO GONÇALO: Os discursos preservacionistas do IPHAN e CONDEPHAAT.
Bruna Valença Mallorga
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A Igreja de São Gonçalo é uma edificação datada do século XVIII que passou por algumas modificações ao longo do tempo e fica localizada na região central da cidade de São Paulo. O edifício é protagonista de três processos de tombamentos em três momentos diversos, nas décadas de 1930, 1970 e 1990, e por três órgãos patrimoniais distintos: IPHAN – atual nomenclatura -, CONDEPHAAT e CONPRESP, respectivamente. O texto deterá apenas nos dois primeiros processos, tendo em vista que o último foi aplicado de modo ex-offício. O tombamento do IPHAN ocorreu no final da década de 1930, logo após a criação do órgão, e em menos de duas décadas o tombamento foi cancelado, em 1953, com a justificativa de que o bem patrimonial estava descaracterizado e que, portanto, já não deveria estar sob a proteção do tombamento. Entretanto na década de 1970, pouco tempo após a criação do órgão, o CONDEPHAAT após muitas disputas de interesses, inclusive na esfera civil, tombou a Igreja de São Gonçalo no âmbito estadual. A partir dos processos de tombamento do IPHAN e CONDEPHAAT buscaremos compreender os discursos de patrimonialização, investigando as disputas de poder referente a um patrimônio de interesse entendido público, mas de propriedade privada, ligado à Arquidiocese de São Paulo.

ASCENSÃO E DECLÍNIO DA INDÚSTRIA DA LOUCURA E A CIDADE DE JUIZ DE FORA - MG
Camila da Cunha Duque
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A cidade de Juiz de Fora formou na década de 1960, em conjunto com Belo Horizonte e Barbacena, o conhecido “corredor da loucura”. Nessas cidades se concentraram uma grande quantidade de instituições psiquiátricas, a chamada “indústria da loucura”, desativadas com o advento da Reforma Psiquiátrica. Os processos de ascensão e declínio do tratamento hospitalôcentrico parecem ter impactado Juiz de Fora, de modo a deixar obsoletos grandes edifícios onde funcionavam os manicômios, que hoje estão abandonados. Há uma farta bibliografia a respeito da reforma psiquiátrica, contudo, há poucas pesquisas que a correlacionem à questão urbana. O artigo visa contribuir, ao trazer o problema à atenção, com o debate sobre esses temas. Para tanto, foi empreendida uma revisão histórica do desenvolvimento socioeconômico de Juiz de Fora; um exame dos contextos em que se deram as mudanças de políticas públicas de saúde mental no país; e um levantamento da situação atual de três instituições desativadas. Acredita-se que a nova política pública de saúde mental, desacompanhada de qualquer estudo urbano sobre o destino desses equipamentos, vem causando problemas na dinâmica da cidade.

Ficção visionária como método de pesquisa sócio-espacial: as narrativas de mulheres idosas das vilas da Serra.
Camila Matos Fontenele
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O presente artigo desenvolve-se no âmbito da minha pesquisa de doutorado, cujo principal objeto de investigação é uma série de entrevistas realizadas com mulheres idosas moradoras das vilas do Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte. Os registros dessas entrevistas são documentos preciosos que dizem do processo de formação das vilas da Serra e do crescimento de Belo Horizonte, a partir da perspectiva dessas mulheres, que trabalharam diretamente na construção, no cuidado doméstico, em fábricas, bares e como empregadas domésticas em “casas de família”. O trabalho dessas mulheres, assim como outros aspectos de sua existência, permanecem apartados das narrativas oficiais sobre a cidade contemporânea, ao passo que resguardam uma potência de questionamento de suas principais bases: o discurso sobre o trabalho produtivo formal que oculta os trabalhos informais e de reprodução da vida, a lógica de apropriação e lucro que oculta lógicas de colaboração não fundadas no acúmulo, assim como outras ficções do poder hegemônico que modelam o real de acordo com seus interesses. Este trabalho reflete sobre o percurso que tenho percorrido no esforço de elaborar um método de pesquisa que incorpore as histórias narradas por essas mulheres. Em primeiro lugar, apresento uma breve aproximação bibliográfica do tema das ficções no contexto de pesquisas sociológicas. Depois, apresento experiência de trabalho de campo nas vilas da Serra e o relato das mulheres entrevistadas. Em um terceiro momento, faço uma pequena análise sobre oito obras que podem informar o desenvolvimento de trabalhos narrativos. Finalmente, analiso dois ensaios desenvolvidos a partir do trabalho de campo realizado até agora.

ORLA, PORTO E MERCADO COMO ELEMENTOS ESTRUTURADORES DO ESPAÇO URBANO: O CASO DO PORTO DO SAL EM BELÉM DO PARÁ.
Camila Mirtila Guerreiro Viana ; Taynara do Vale Gomes Pinho
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O presente trabalho tem por objetivo analisar a área do Porto/mercado do Sal, em Belém, no Pará, e discutir a importância das áreas portuárias para a configuração espacial da cidade. Se fez um estudo da situação histórica e atual da área, a fim de trazer à tona a importância que o local tem para a cidade, como uma área atrativa para atividades econômicas e de lazer, e contrapor as diferentes formas de apropriação dessa área pela população. A metodologia utilizada elege além da pesquisa bibliográfica, a pesquisa de campo, feita com o apoio e participação dos habitantes do local. Além da temática apresentada, aborda-se estudos acerca da formação da cidade de Belém, tendo em vista o rio como elemento natural protagonista e norteador do processo de ocupação e evolução da mancha urbana da cidade. O estudo realizado considera a pertinência de analisar os principais portos de cunho tradicional, instalados nas margens dos rios da cidade explorando suas formações e relevâncias.

OS ESPAÇOS HABITADOS PELOS POBRES: Uma contribuição para o estudo da história urbana transnacional através de classificações urbanas
Camila Pereira Saraiva
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As palavras escolhidas para endereçar determinado tema contribuem para a definição da ação em relação ao mesmo. O presente artigo dedica-se a explorar a história de termos utilizados para nomear, delimitar e classificar os espaços habitados pelos pobres em diferentes cidades. A análise parte da emergência e dos usos associados a esses termos em cidades inglesas e norte-americanas e sua relação com as reformas urbanas ao final do século XIX. Em seguida, analisa termos que surgem, ao longo do século XX, em cidades brasileiras e sul-africanas. O que se observa é que enquanto a construção de um estigma negativo é comum aos lugares habitados pelos pobres, nas cidades brasileiras e sul-africanas tal estigma é aprofundado pela lógica colonial que perpetua a apartação entre colonizadores e colonizados ou escravizados. A comparação entre o caso sul-africano e brasileiro também coloca questões sobre as imbricações entre segregação racial e desigualdades de classe na atualidade.

ANHAIA MELLO E O CONTROLE DA EXPANSÃO URBANA
Candido Malta Campos
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As propostas para o controle do crescimento urbanístico elaboradas por Anhaia Mello, desde sua participação na Lei de Parcelamento de 1923, seus atos municipais como prefeito em 1931, sua consultoria não-oficial com o prefeito Fabio Prado, sua polêmica com Prestes Maia, seu plano regional de 1954, e a aprovação da Lei Municipal 5.261/1957, dos coeficientes; disputaram a hegemonia com propostas mais liberalizantes assumidas por Prestes Maia, Dumont Villares e Robert Moses. O Plano Regional de Anhaia Mello resume várias posições defendidas ao longo de sua carreira. A capacitação de técnicos capazes de levar a cabo programa regulador recaía à própria FAU/USP dirigida por Anhaia Mello, na qual ele patrocinaria, a partir de 1958, a criação do CPEU, reunindo docentes e alunos. Com a emergência do polo industrial paulistano, isto deveria evoluir, em sua visão, para articulações institucionais avançadas, amparadas em uma legislação minuciosa. No entanto, a São Paulo, particularmente entre 1945 e 1965, não conseguia acompanhar o ritmo de crescimento urbano, tanto horizontal como vertical, e a lei 5.261 (mesmo constantemente burlada) era um das pontos máximos a que se podia chegar.

ITINERÁRIO CULTURAL “CAMINHOS PARA OS ERVAIS” UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Carlos Busón Buesa ; Carlos Otávio Zamberlan ; Claudia Maria Sonaglio ; Cristiane de Matos Balsalobre
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Os itinerários culturais, ao dinamizar o território, são tidos como alternativas para fomentar o desenvolvimento, em especial pelo resgate cultural por estes proporcionado. Entende-se que o elemento cultura é visto também como um bem que pode ser utilizado no saneamento de problemas socioeconômicos dos territórios. Assim, este estudo apresenta uma proposta de itinerário cultural para a franja de fronteira do estado de Mato Grosso do Sul. Uma região marcada fortemente pela cultura da erva mate, pela interação entre etnias e múltiplas culturas. O trajeto apresentado se mostra presente nos documentos históricos como importante via de acesso ao longo do processo de formação histórico econômica da região. Atualmente, o que se observa na área de abrangência deste itinerário é uma heterogeneidade econômica com predominância de baixo desenvolvimento e pobreza.

DESENHO URBANO E FORMAÇÃO DA CIDADE DE PORTALEGRE-RN: do breve percurso histórico à configuração espacial da cidade.
Carlos Pereira Junior ; Antônio Carlos Leite Barbosa ; Bruno Fernandes Costa ; Athirson Pascoal Aquino Nascimento
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A cidade de Portalegre localizado no estado do Rio Grande do Norte, na região do “Alto Oeste”, revela particularidades históricas que remetem ao processo de aglutinação e constituição dos primeiros núcleos de povoações que culminaram na formação das pequenas cidades do sertão potiguar. Vislumbrando-se a então “cidade antiga” e “cidade nova” em concomitância a crescente periferização de áreas limítrofes ao centro urbano. Com efeito, este trabalho o objetiva estudar o processo evolutivo através do desenho e morfologia urbana identificando de que forma os diversos agentes construíram do espaço urbano em Portalegre na perspectiva social e espacial. O processo metodológico consistiu no levantamento de informações em fontes primárias (artigos científicos, trabalhos técnicos e acadêmicos realizados quanto ao tema em tela) e secundárias (informações coletadas junto a órgãos governamentais, prefeitura municipal, paroquia, biblioteca local e entrevista a moradores locais). Como resultados, a pesquisa apresenta espaço fragmentado em áreas antagônicas (cidade antiga e cidade nova) e periferia, geradas pelas formas de usos e agentes sociais.


Carolina Mara Teixeira
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O presente trabalho tem o objetivo de estudar o projeto Tour da Experiência em Vassouras, na região turística do Vale do Café, no estado do Rio de Janeiro. Propõe-se analisar o tipo de experiência turística que está sendo desenvolvida nesse município e como história e memória do negro nas fazendas históricas estão sendo utilizadas enquanto produto turístico nas visitas guiadas. A metodologia que será utilizada para a construção deste trabalho estará baseada em uma pesquisa bibliográfica, fontes primárias, seguido também da análise de fontes secundárias, como dissertações, artigos e reportagens que tratam sobre a temática desta pesquisa e com entrevistas com atores do movimento negro presentes no território, além de visitas de campo. O objetivo central deste trabalho será analisar um possível processo de espetacularização e desvalorização da figura do negro neste projeto que faz parte de uma política pública.

Ruas que revelam histórias: estudos morfológicos e percursos sensíveis pelo Sítio Histórico de Natal
Cíntia Camila Liberalino Viegas ; Rubenilson Brazão Teixeira
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A porção da Cidade do Natal definida como Sítio Histórico em 2010, assim como outras cidades, passou por inevitáveis transformações em sua forma urbana, sobretudo a partir da segunda metade do século XX, quando as modificações formais se intensificaram. Esta problemática motivou uma pesquisa de doutorado que investigou, entre outras questões, se as transformações na forma urbana do Sítio Histórico de Natal interferem nas percepções das historicidades locais. Este artigo apresenta parte dos resultados desta pesquisa, sobretudo os que derivaram dos métodos de pesquisa bibliográfica, iconográfica e documental, análise morfológica e percursos sensíveis pela área de estudo. Os resultados mostram que os participantes da pesquisa reconhecem as muitas transformações na forma urbana local e se preocupam com esta questão, mas ainda consideram que o Sítio Histórico de Natal exala historicidades próprias, embora não consigam associá-las aos fatos históricos da cidade.

Lugares de Memória em Buenos Aires - Ex ESMA e Parque de la Memoria
Clara Buckley Rennó Corrêa
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O presente artigo pretende, a partir de um primeiro momento de compreensão do conceito de Lugar de Memória de Pierre Nora publicado em sua obra ‘Les lieus de mémoire, vol. 1: La République’ (1984), confrontar dois espaços memoriais da cidade de Buenos Aires, a Ex ESMA - edifício de um antigo Centro Clandestino de Detenção, e o Parque de la Memoria - primeiro sítio urbano na Argentina criado com a finalidade de recordar uma tragédia coletiva de sua história. São dois lugares distintos em essência, mas tem sua razão de existir para rememorar as vítimas de uma tragédia comum: o terrorismo do Estado no período da ditadura civil-militar (1976-1983). Através da análise dos estudos de caso será abordada a questão do reconhecimento de uma cultura e do uso político da memória, que trata da dicotomia entre a obsessão pela memória e o medo do esquecimento, e da necessidade social de cultuar monumentos, segundo o referencial teórico de Andreas Huyssen (2000, 2003).

APRAZÍVEL SUBÚRBIO: Veraneio e loteamentos balneários no Bairro Belém Novo em Porto Alegre entre os anos 1920 e 1970
Clarissa Maroneze Garcia
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Este trabalho apresenta dois projetos de loteamentos balneários realizados para o Bairro Belém Novo, em Porto Alegre – RS, implantados na primeira metade do século XX. Os loteamentos “Villa Balneária Nova Belém” (1927) e o “Belém Novo Balnear” (1929/1930) foram projetados e implantados na margem do lago Guaíba e seguiram a lógica e a tendência que se apresentava no país naquele momento: dotar áreas litorâneas de estruturas balneárias. O trabalho demonstra que os empreendimentos e as belezas naturais de Belém Novo eram constantemente alvo de propagandas e matérias de jornais e revistas locais, atestando sua importância para o período áureo do veraneio de Porto Alegre entre as décadas de 1920 e 1970. Nos anos em que a capital passava por um acentuado crescimento urbano, desenvolvia suas indústrias e as estradas para as praias de mar eram extremamente precárias, os loteamentos da zona sul atraíam a população do centro como local de descanso e Belém Novo possui destaque nesse contexto.

A resistência em espaços resultantes dos megaeventos: apropriações insólitas através da cultura
Claudia Seldin ; Lilian Fessler Vaz ; Caio César de Azevedo Barros ; Pedro Vitor Ribeiro Costa e Thomas Ilg Gavinho
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Esse artigo apresenta o conceito de "espaços insólitos" - brechas urbanas, não planejadas/projetadas, frequentemente modificadas pelo uso temporário e que sofreram uma transformação em relação à sua função original para abrigar novos usos culturais. Esses espaços são muito característicos das regiões marginalizadas das cidades, onde a população sofre com políticas públicas ineficientes, vendo-se obrigada a lutar por seus direitos. Na última década, tem sido possível observar o surgimento de alguns espaços insólitos atrelados aos projetos urbanos desenvolvidos no âmbito dos megaeventos esportivos no Rio de Janeiro. Sua concentração maior é percebida na Zona Oeste - historicamente marcada pela ausência de equipamentos culturais tradicionais e pela predominância de habitantes de baixa renda. As obras ali realizadas focaram, além dos equipamentos esportivos, na infraestrutura de meio de transporte, sendo acompanhadas por processos intensos de remoção de favelas. Nas brechas urbanas deixadas pelo legado perverso dos megaeventos, encontram-se 3 exemplos de espaços insólitos que se destacam por carregarem consigo um forte caráter de resistência. São eles: o Museu das Remoções na Vila Autódromo, o Espaço Cultural Viaduto de Realengo e o Cine Taquara.

REDES, ATORES E GOVERNANÇA: o patrimônio cultural em perspectiva
Cristina Seibert Schneider
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Este artigo aborda as políticas públicas de preservação do patrimônio cultural no âmbito das cidades pequenas, uma vez que, 68,67% dos municípios brasileiros possuem até 20 mil habitantes (IBGE, 2010). Parte-se do estudo de três cidades que possuem patrimônio nacional tombado pós 1988 e implantaram políticas municipais de cultura: São Félix (BA), Corumbá de Goiás (GO) e Antônio Prado (RS). Para tanto, retomam-se os principais conceitos envolvendo os processos político-administrativos que caracterizam a formulação, implementação e avaliação de programas e projetos, com ênfase nas políticas intersetoriais. Constatou-se que esses conjuntos urbanos são resultado de combinações únicas de aspectos políticos, geográficos, econômicos e culturais que moldaram historicamente cada uma dessas sociedades e refletem a complexidade da realidade das pequenas cidades com grande diversidade de dinâmicas urbanas. Conclui-se que além do envolvimento dos atores sociais, é necessário que se estabeleçam arranjos institucionais e uma nova governança alicerçada na perspectiva da intersetorialidade.

O CANTO DAS DESTALADEIRAS - A IMPORTÂNCIA DA CULTURA FUMAGEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO DA CIDADE DE ARAPIRACA
DAFNE ROCHA DOIS DE FEVEREIRO
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O município de Arapiraca está situado na região agreste de Alagoas e na sua formação teve a economia baseada na produção agrícola basicamente de pequenas famílias. O fumo passou a ser desenvolvido no Brasil nos anos de 1920, mas foi ser cultivado na região arapiraquense apenas por volta dos anos de 1940. Aliado ao destaque da feira livre, a cultura fumageira cresceu expressivamente na cidade, atraindo investidores e fazendo com que o município disputasse o controle da produção de fumo com outras cidades pioneiras na manufatura, como o estado da Bahia, ganhando o título de Terra do Fumo. Além de ter influencia direta na economia da cidade, o fumo também foi responsável pela formação da identidade cultural do município. O canto das destaladeiras, cantigas entoadas pelas destaladeiras de fumo durante a colheita da planta, é uma das heranças deixadas para a cultura arapiraquense através do fumo.

Diferentes formas de abordar a cidade através da educação patrimonial: os aspectos territoriais, históricos e conceituais
Dandara Souza Silva ; Maria Berthilde Moura Filha
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Este artigo apresenta o relato do desenvolvimento de um trabalho de conclusão de curso, no âmbito da arquitetura e urbanismo, cujo tema central é a educação patrimonial. A sua ideia surgiu a partir da percepção da existência de diferentes necessidades entre um público composto por jovens de variadas faixas etárias das redes de ensino da cidade de João Pessoa-PB, a respeito do conhecimento e vivência do patrimônio da urbe. Pensando nisso, teve como objetivo estudar os diferentes tipos de carência entre esses públicos a fim de elaborar estratégias de educação patrimonial baseadas em suas demandas específicas, com intuito de estimular a valorização de seus bens, sobretudo edificados, de interesse patrimonial. Tais estratégias abordaram os aspectos territoriais, histórico e conceituais da cidade, auxiliando no processo de apreensão dos seus marcos referenciais, sejam eles consolidados como patrimônio ou reconhecidos pelo turismo, por parte dos jovens. Para alcançar ao objetivo, foi feito o levantamento das suas necessidades através de questionários, aplicados em turmas de Ensino Fundamental de quatro escolas da cidade. Foi possível, assim, traçar perfis que indicaram caminhos para o desenvolvimento das ações, as quais foram aplicadas em sala de aula, gerando resultados avaliados como positivos ou negativos que possibilitaram o seu aperfeiçoamento. Dessa forma, a pretensão almejada com a pesquisa foi fomentar a preservação do patrimônio edificado e urbano que compõe a cidade, a partir da transmissão de conhecimentos sobre a sua herança cultural.

ONDE ESTÁ O MARACANÃ? Ecos de um patrimônio urbano
Daniel Ortiz Lopes
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A busca do Rio de Janeiro por um lugar ao sol no competitivo mercado mundial de cidades, teve como principal estratégia a realização de uma série de megaeventos esportivos. Eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, tiveram seus altíssimos custos justificados pela capacidade de atuarem como elemento catalisador de mudanças necessárias na cidade, o que no senso comum foi assimilado como legado. Contudo, a implantação de infraestrutura urbana e de equipamentos públicos, nada mais foram que insumos para viabilizar um negócio. A crítica à legitimação de grandes projetos urbanos através dos megaeventos, tem nas adequações executadas no Maracanã um objeto para farta análise empírica. Assim, o presente trabalho tem por objetivo percorrer a trajetória do estádio, sobretudo os aspectos que tangenciam a dimensão da paisagem cultural e do patrimônio urbano, bem como o processo de ruptura que levaram à sua descaracterização, mesmo sendo protegido por lei federal desde o ano 2000.

CIDADE E HISTÓRIA: A CONSTRUÇÃO DA PAISAGEM DA REGIÃO NOROESTE DE GOIÂNIA
Daniela Braga Santos
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O trabalho tem o intuito de compreender a partir da história da configuração da cidade de Goiânia-Go as transformações da paisagem urbana da sua Região Noroeste nos anos de 1979, 1985, 1990, 2000 e 2017. Esse recorte temporal permite a reflexão da segregação sócio espacial da cidade no processo da construção da paisagem urbana periférica da Região Noroeste de Goiânia. Dessa forma, a partir da pesquisa historiográfica este trabalho busca entender a gestão urbana do Estado e do capital imobiliário, no processo de produção, reprodução e ocupação do espaço urbano da cidade, refletido na construção paralela e de caráter irregular da paisagem urbana da Região Noroeste de Goiânia. Assim, pelas leituras teórico-conceituais, mapeamentos e levantamento de dados e recortes de jornais da época busca-se compreender o papel do Estado e do capital imobiliário na orientação da produção do espaço urbano na Região Noroeste em seu processo histórico de formação.

Narrativas de um tombamento: de Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira a Museu Vivo da Memória Candanga
Daniela Pereira Barbosa ; Maria Fernanda Derntl
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Este trabalho aborda o processo de patrimonialização dos remanescentes do Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira - HJKO em 1985, transformado em Museu Vivo da Memória Candanga em 1990. A pesquisa investiga a maneira como discursos de valorização da figura do candango foram construídas com o intuito de justificar o tombamento do HJKO. Como modo de compreender as leituras que foram feitas deste remanescente, apoiamo-nos em seu processo de tombamento, que esteve envolto em uma trama que envolveu o resgate da imagem da construção de Brasília, seus mitos e personagens. Nossas discussões estão focalizadas em como versões da história foram valorizadas, construindo uma narrativa patrimonial em que inúmeras vozes, por vezes conflitantes, fazem parte e se complementam. O objetivo foi trazer ao debate esta trama complexa de atores que culminou no tombamento do HJKO, analisando ainda o processo de transformação em Museu Vivo da Memória Candanga.

PATRIMÔNIO, PAISAGEM E TERRITÓRIO NOS PLANOS DIRETORES: O Território de Interesse da Cultura e da Paisagem no Plano Diretor Estratégico de São Paulo (2014
Danielle Cristina Dias de Santana
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O Território de Interesse da Cultura e da Paisagem, instituído pelo PDE de São Paulo em 2014, pode ser compreendido como um marco para as políticas de patrimoniais no reconhecimento de lugares simbólicos para a identidade e memória de determinados grupos sociais. Apesar da criação do instrumento ter se dado dentro da política urbana, observa-se no caso de São Paulo uma trajetória quase sempre paralela dos campos da preservação e planejamento. Ressalta-se o fato de o instrumento ter sido apropriado pelos grupos sociais em atuação nos territórios demarcados e que não tenha sido objeto de debates e proposições dentro dos órgãos institucionais, permanecendo restrito aos artigos que tratam de sua conceituação no PDE. Analisamos as possibilidades do instrumento a partir da delimitação dos conceitos acionados em sua definição, em especial os que tratam de nomeá-lo e conformam seu desenho inicial: território e paisagem, a fim de extrair deles as intenções, limites e potencialidades.

NOSTALGIA E PERMANÊNCIA LENTIDÃO, PASSADO E PRESENTE EM BANANAL-SP
Danielle de Moraes Rua João Fonseca dos Santos ; Valéria Zanetti ; Cilene Gomes
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A presente artigo tem por objetivo entender a representação social do passado e do presente que o poder público e os moradores constroem sobre a cidade de Bananal-SP, importante município produtor do café na primeira metade do século XIX que busca, atualmente, com muita dificuldade, pautar-se pelo turismo e o artesanato. Embora o passado histórico tenha forte presença no imaginário coletivo, projetos de desenvolvimento para os municípios diferenciados, e sobretudo pequenas cidades, não levam em consideração o apelo a essa condição. Para discutir essa questão, buscamos pensar o espaço com foco na valorização da cultura, nas interações sociais e na qualidade de vida. A cidade de Bananal possui um ritmo de vida pautado pelas relações sociais, espaços de convivência e por um cotidiano que já não existe mais nas grandes cidades. O slowcitty, movimento com destaque internacional, considera formas específicas de desenvolvimento para cidades pequenas tradicionais, valorizando sua cultura, seu patrimônio histórico e sua maneira de viver, que se contrapõem à rapidez do mundo globalizado. A observação do espaço foi possível por meio de uma “pesquisa etnográfica” e da entrevista com moradores da cidade de Bananal, o que permitiu compreender o ritmo de vida e o cotidiano em uma cidade pequena de ritmo lento, onde as prioridades são as relações e os costumes. Os resultados apontam para a necessidade do diálogo entre o poder público e a população com a promoção de ações que instiguem um planejamento participativo respeitando e fomentando o espírito do lugar.

A DOUTRINA HIGIENISTA E AS CANALIZAÇÕES DE CURSOS D’ÁGUA: O CASO DE BELO HORIZONTE
Danilo de Carvalho Botelho Almeida ; Roberto Eustaáquio dos Santos
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Na virada do século XIX para o XX, assiste-se no Brasil a primeira experiência de importação de um modelo de cidade baseado no ideário urbanístico europeu de modernidade. A concepção do plano de Belo Horizonte está alinhada ao que havia de mais arrojado naquele momento, a Paris haussmanniana. Os princípios higienistas e a crença no domínio da natureza, que ainda perduram na produção do espaço urbano, resultam numa situação paradoxal: hoje grande parte parte dos cursos d'água urbanos estão canalizados, tamponados e poluídos acarretando riscos e prejuízos ambientais mas, sobretudo, afastando a população do convívio com as águas urbanas. A partir de um breve histórico acerca das disputas no interior do emergente campo do urbanismo, este artigo discute a apropriação da doutrina higienista na concepção do plano de Belo Horizonte na gestão do espaço urbano ao longo do século XX.

As vilas e a cidade
Danilo Ferreira Chaves
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A construção inicial de moradias para militares no distrito de Parnamirim na década de 1945 foi um marco histórico na urbanização local. Essas casas formaram, juntamente com a edificação de outras mais, a atual Vila Militar Santos Dumont que foi implantada aberta para a comunidade e depois se fechou. As demais vilas militares da Aeronáutica em Parnamirim foram entregues pelo Estado já no formato de fortificações e estão situadas em localidades privilegiadas na cidade. O objetivo deste artigo é mostrar como as vilas militares da Aeronáutica contribuíram no processo de urbanização da cidade de Parnamirim/RN e a metodologia utilizada foi a coleta e análise de dados obtidos na Prefeitura de Aeronáutica de Natal e Biblioteca da Ala 10. Essa pesquisa verificou que o caminho histórico do desenvolvimento da cidade de Parnamirim passou necessariamente pela instalação das estruturas militares da Aeronáutica durante a Segunda Guerra Mundial.

O Prefeito Antônio Prado e a população negra da cidade de São Paulo (1899 - 1911)
Débora Fernandes do Nascimento
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A presente pesquisa visa estudar a influência da política urbana adotada por Antônio Prado, como prefeito de São Paulo, sobre a segregação urbana dos negros, evidenciando na sua administração uma questão racial que não é discutida. A combinação entre o tratamento dado à população negra, a difícil inserção dos manumitidos na sociedade de classes e a dinâmica espacial da cidade nesse período revela como as ações do prefeito contribuíram para a marginalização do negro na cidade e na estrutura social vigente, em uma formação sócio-racial-territorial que se manteve até hoje. Dessa forma, o aspecto racial presente nas obras urbanas de Prado assume grande relevância, à medida que essa característica permaneceu e se tornou recorrente no urbanismo que se praticou em São Paulo desde então. Em sua maioria, os negros ainda se concentram nas camadas mais baixas da população e suas moradias localizam-se na periferia.

OS RATOS E OS RASTROS: A CONSTRUÇÃO DA REALIDADE URBANA COM PALAVRAS.
Débora Grando Schöffel
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O trabalho pretende interpretar as descrições da cidade de Porto Alegre na obra “Os Ratos” de Dyonelio Machado. A obra visa trazer a realidade das 24 horas de um funcionário público, Naziazeno, que recebe um ultimato do leiteiro para pagar-lhe os 53 mil réis. A cidade no romance assume um papel de personagem muito ativo no desenvolvimento do enredo. Naziazeno percorre todo o centro da cidade e deve ter um percurso de pelo menos quinze quilômetros. Quando adentramos nas atribulações do protagonista, passamos a perceber outra cidade, mais concreta, mais palpável, mais presente para o leitor, desde que transposto um primeiro nível de dificuldades relativo à referencialidade. O objetivo é discutir as descrições urbanas encontradas em “Os Ratos”, a partir da nova História Cultural cujos princípios, demonstram que o texto literário emerge e atua, num quadro conceitual de cultura, em que cada atividade de criação. Remontando a “realidade” de uma época a partir dos traços culturais encontrados na literatura analisada. Devido a visão sensível do autor diversos aspectos intrínsecos ao meio urbano ficam expostos na obra, e se entrelaçam na transformação e modernização da cidade aparecem no romance. Diversas obras de literatura podem ser usadas como fonte de pesquisa e ajudariam através deste método da História Cultural para compreender novos pontos da cidade que complementam as buscas dos Arquitetos e Urbanistas na construção do imaginário social de uma época.

CIDADE CONTÍNUA|OCUPADA: Espaço Público, Intervenções Urbanas e Lógica Transcultural Digital em Territórios Descontínuos
Dinah Tereza Papi de Guimaraens ; João Batista da Silva Porto Junior ; Marina Vasconcellos de Carvalho ; Guilherme Nogueira Ragone
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Redes virtuais criam um universo digital real e produzem uma imagem estético-cultural no Rio de Janeiro ocupado, em 2017-2018, pelas forças militares da Garantia da Lei e da Ordem (GLO). O espaço participativo urbano, - definido pela atuação de uma nova classe média articulada por redes virtuais e pelo conhecimento conjunto de acadêmicos, artistas, hackers e ativistas -, estabelece uma linguagem de cidadania criada pelo multifacetado mundo dos bens comuns nos movimentos participativos de rua. Ocorre, então, o estabelecimento de uma cadeia produtiva de produtos e eventos que indicam uma nova economia criativa da cultura carioca na Cidade Contínua|Ocupada. Busca esta investigação identificar visualmente, através de uma cartografia sensível com documentação gráfico-fotográfica, bem como analisar criticamente as marcas urbanas impressas no novo espaço público participativo das cidades brasileiras.

O culto pós-moderno aos monumentos. O surgimento de um monumento estórico e o seu valor de cenografia.
DIOGO UBALDO BRAGA
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O trabalho consiste em um levantamento sobre a evolução do conceito de monumento, a reflexão sobre os valores atribuídos a eles e à identificação do surgimento de um novo tipo de monumento característico da época pós-moderna globalizada: o “monumento estórico” e o seu valor de cenografia. O artigo se desenvolve através de uma pesquisa sobre a apropriação da indústria cultural aos monumentos históricos, levantamento de aporte teórico, fontes primárias e secundárias e documentação obtida nas mídias de massa, objetivando consciência crítica e observar o fenômeno global do turismo induzido por produtos da indústria cultural que ressignificam os monumentos existentes, ou que produzem novos monumentos, provocando alienação e ressignificação pelo esvaziamento de sentido da paisagem cultural.

CASTELO DE ITAIPAVA E INDÚSTRIA CULTURAL. O culto ao monumento medieval brasileiro.
DIOGO UBALDO BRAGA
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Pretende-se neste artigo abordar o fenômeno da apropriação de monumentos edificados da paisagem cultural brasileira pela lógica capitalista da indústria cultural, tendo como objeto de estudo o Castelo de Itaipava em Petrópolis, Rio de Janeiro/RJ. Para isto, foi realizado um levantamento de relatos de consumidores do hotel instalado no castelo, revelando que o Castelo de Itaipava é valorado, sobretudo, por sua imagética que remete aos castelos medievais integrantes dos produtos da indústria cultural. O Castelo de Itaipava, projetado por Fernando Valentim e Lúcio Costa na década de 1920, é representante de uma produção arquitetônica eclética que foi submetida ao esquecimento pela lógica lembrar-esquecer da política de preservação imposta pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, no entanto, hoje encontra relevância em poder “contar” uma história sobre o fim da cultura como manifestação tipicamente social e da alienação do trabalhador pelo capital em seu tempo de lazer.

MELHORAMENTOS URBANOS: Saturnino de Brito e o projeto de abastecimento de água para a cidade de Passo Fundo/RS
Dirceu Piccinato Junior
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O início do século XX é marcado por reformas sanitaristas no Brasil. Com a industrialização e a modernização das cidades, a ideia de progresso se sobrepõe à tradição e o crescimento das cidades favorece ao debate sobre como deveria ser o desenvolvimento das mesmas. Muitas cidades brasileiras vão ser pensadas sob a perspectiva do urbanismo sanitarista do Engenheiro Francisco Saturnino Rodrigues de Brito. Sob a perspectiva desse urbanismo, o objetivo deste artigo é analisar e compreender o projeto de abastecimento de água para a cidade de Passo Fundo, norte do estado do Rio Grande do Sul. O surto modernizador alterou num primeiro momento as cidades portuárias, no intuito de melhorar a expansão dessas atividades direcionadas ao mercado internacional. Esse processo de reestruturação do espaço urbano também contemplou cidades de médio e pequeno porte, à época. O que se procurava era abolir a imagem de uma cidade marcada pela insalubridade.

Memória coletiva, história da favela: conquistas, tesouros e violência no espaço dos pobres.
Eber Pires Marzulo ; Juliana Lang Padua ; Luciana Linhares de Andrade ; Dany Delfim Silbermann
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Este artigo tem como objetivo analisar a transformação socioespacial da favela, visto que a urbanização das grandes cidades brasileiras traz intrinsecamente a constituição da favela como parte inexorável. A favela, ao não constar na história narrada por documentos oficiais, traz a necessidade de reconstituição de sua trajetória pela memória coletiva. Têm-se como fonte primordial os relatos dos moradores, estabelecendo necessariamente uma relação entre história urbana e memória. O método de pesquisa é baseado em entrevistas não diretivas, etnografia urbana e produção de imagens. O associativismo comunitário se mostra como chave para a compreensão da ocupação territorial e alocação de equipamentos e infraestrutura urbana, em especial pela experiência do Orçamento Participativo. Incidem sobre a dimensão do cotidiano os saberes da cultura negra; e recentemente, a crescente violência, que reduz o uso do espaço público. O estudo de caso da comunidade Cascata-Glorinha, em Porto Alegre/RS, alocada em área em parte regularizada e urbanizada e outra sem urbanização nem regularização, possibilita estabelecer distinções e repetições na transformação da favela contemporânea.

TRANSFORMAÇÕES URBANAS NAS CIDADES DERIVADAS DE MUDANÇA DE ZONEAMENTO INDUSTRIAL: Um estudo sobre o Bairro Rebouças – Curitiba-PR
Eduardo Vacovski ; Simone Aparecida Polli ; Isaura Alberton de Lima
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O tema abordado neste estudo consiste no fenômeno das transformações urbanas nas cidades derivadas de mudança de zoneamento industrial. O objeto empírico escolhido é o bairro Rebouças, pertencente a cidade de Curitiba-PR. A metodologia científica empregada corresponde a pesquisa bibliográfica e documental, de caráter exploratório e descritivo. Pretende-se examinar a herança histórica e patrimonial, a posição do bairro na estrutura urbana da cidade, a sua vocação e alterações ocorridas na legislação municipal. Para tanto, formulou-se o seguinte questionamento: quais formas de intervenção no espaço urbano podem ser identificadas no bairro Rebouças a partir da alteração do zoneamento industrial? O objetivo do presente artigo é conhecer as transformações urbanas derivadas da mudança de zoneamento industrial no espaço urbano ocupado pelo bairro Rebouças em Curitiba-PR. Os resultados da pesquisa demonstram que as transformações urbanas derivadas da mudança de zoneamento industrial no bairro apresentam características de renovação urbana, preservação urbana e reinvenção urbana.

A CIDADE QUE HABITA EM NÓS: METRÓPOLES E CRIAÇÃO DE SUBJETIVIDADES
Eliana Kuster
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No início do século XX, Georg Simmel contemplava Berlim e se questionava sobre os efeitos que essa dinâmica que colocava estranhos em um convívio tão próximo no mesmo espaço teria para a subjetividade daqueles que o vivenciavam. Hoje, mais de um século se passou e a sociedade na qual vivemos é bem diferente daquela observada pelo sociólogo. Consequentemente, os desdobramentos que a sua vivência tem para a vida mental daqueles que a partilham são diversos daqueles observados por Simmel. Esse artigo procura olhar para esse tema, atualizando-o. Através de autores como Richard Sennett, Jane Jacobs, Gilles Lipovetsky, Christopher Lasch e outros, tentamos investigar o que o convívio em grandes cidades – e a maneira como escolhemos organizar as nossas sociedades - têm despertado no cidadão metropolitano. Conferindo especial atenção ao espaço público fragilizado e ao crescente individualismo que caracteriza boa parte das cidades no século XXI, questionamos qual pode ser o seu papel no crescimento de formas contemporâneas de padecimento, como a depressão e o bullying. Finalmente, tentamos interrogar as razões de, ainda hoje, organizarmos as nossas cidades com especial priorização ao tráfego de veículos individuais motorizados.

POPULATION IDENTITIES AND URBANIZATION: Reconciling identity of spaces with Spatial Development; The case of Luenha, Mozambique
Eliana Rosa de Queiroz Barbosa ; Elis Locia Matchowani Mavie
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This paper seeks to question the rationale of urbanization in rural precincts of Mozambique; with a closer look at the case of Luenha settlement. The discussion revolves around the theme of population identities which discusses ways in which identity, culture and the general way of living is disregarded in the urbanization process. Development is mostly presupposed by global models that at times overlook the particularity of an area; the specific identity of an area that is part and parcel of the production of spaces through the urbanization process. The paper dwells on the local perspectives of what ‘going’ or ‘being’ urban means to the local community compared to global constructs of what urban is. It is an invitation to try and look for ways in which urbanization can occur in tandem with socio-cultural traditions, so as not to lose the identity in new produced spaces within settlements that already had a well-developed identity. As an entry to the discussion, the paper looks at how population identities are embodied in Luenha landscape, how population identities can inform on the design and planning of new spaces; and planning projects are designed threatening to destroy and change population identities. At last, initial discussion points are given to invite all professionals to think of how urbanization should be perceived and how to ensure existing population identities are included in the design of urban development plans. The paper comes as a post-reflection of a paper carried out as part of a Master’s Thesis on Population Identities in Luenha: “Population Identities: A Look the Settlement of Luenha in Tete, Mozambique” at KU Leuven in 2018. For the paper, a fieldtrip was done under the umbrella of the Urbanism Studio and, for the current paper, observations made on site, interviews and conversations with the local population were revisited and well as the revision of literature regarding identity and theories regarding the problematic of the development of settlements and resettlements of the global South and their inability to accommodate the identity of the places of intervention.

O GRAFFITI E A PAISAGEM DA CIDADE: arte, política e cultura em Campos dos Goytacazes
Elis de Araújo Miranda ; ARTHUR NOGUEIRA RANGEL
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O presente trabalho apresenta a análise da paisagem urbana da cidade de Campos dos Goytacazes produzidas por grafiteiros. O graffiti é entendido enquanto uma arte libertária que difunde culturas, ideias político-ideológicas e poéticas. Este estudo busca compreender como se dá a criação de uma nova paisagem urbana, onde o sentido da representação é descrito sob a ótica dos artistas a partir de suas marcas na paisagem e os grafiteiros são os sujeitos das ações, que criam novos significados para a paisagem. O estudo ampara-se no método fenomenológico, que se constitui a base da formação da escola denominada Geografia Humanista que tem em Eric Dardel (1954), Yi-Fu Tuan (1983) e Edward Relph (1976) os seus principais expoentes. Esses autores debruçam-se sobre o entendimento das experiências vivenciadas pelos sujeitos nos lugares a partir da apropriação concreta ou simbólica do espaço, das relações de identidade cultural e/ou de movimentos artísticos. A mediação e a compreensão dos fenômenos, tais como: ansiedade, conduta, sociabilidade, topofilia ou topofobia, só ocorreriam por meio de ações e vivências realizadas em grupo em um dado espaço-tempo.

PRESERVAÇÃO E USOS TURÍSTICOS DO PATRIMÔNIO FERROVIÁRIO: Panorama dos trens turísticos no estado de São Paulo
Ewerton Henrique de Moraes ; Silvia Helena Facciolla Passarelli ; Eduardo Romero de Oliveira
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Este artigo tem como objetivo principal reunir e sistematizar informações sobre os casos de uso turístico do patrimônio ferroviário em São Paulo e a produção bibliográfica sobre o tema. A partir destes dados e com foco nos trens turísticos – principais exemplos deste uso específico – problematizamos a relação deste tipo de projeto com a preservação do patrimônio, em especial, quanto aos bens tombados. Trata-se de uma pesquisa exploratória, baseada em uma revisão bibliográfica sobre o tema e fontes documentais. Dado o interesse em ações do poder público utilizamos, principalmente, dados do Ministério do Turismo e Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Entre os resultados, destacamos a desconexão entre os repasses financeiros feitos pelo Ministério do Turismo e os bens ferroviários tombados em São Paulo, demonstrando alguma distância entre as políticas de turismo e preservação das diferentes esferas do poder público. Por outro lado, identificamos uma grande quantidade investimentos do mesmo órgão para restauro e reformas de bens edificados ferroviários não protegidos. Assim sendo, a relação entre turismo e preservação pode estar, minimamente, no custeio de ações para preservação.

A CONSERVAÇÃO URBANA INTEGRADA DE BOLONHA (1950-1970) A PARTIR DA OBRA DE PIERLUIGI CERVELLATI
Fabricio Martins Silva ; Tomás Albuquerque Lapa
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A ambição por estruturar uma “cidade antiga para uma sociedade nova” fez o município de Bolonha (Itália) assumir um processo singular de planejamento urbano de cidades históricas, entre as décadas de 1960 e 1970. Nesse momento, pretendeu-se superar o modelo de restauração patrimonial conservadora, que trata o conjunto patrimonial de maneira isolada, autorreferente e excluído da dinâmica geral do território. Para tanto, foi posto em prática um intrincado sistema de regulação estatal e investigação acadêmica que possibilitou a identificação, o resguardo e a promoção da qualidade de vida no conjunto patrimonial histórico. Da mesma maneira, foram estabelecidos objetivos e diretrizes para o ordenamento da metrópole como um todo, sendo o centro histórico a matriz desse ordenamento. Condicionando o êxito desses esforços estaria o compromisso político de preservar a composição social dos habitantes tradicionais dos bairros, em oposição à lógica desagregadora da especulação imobiliária. O presente artigo procura, por meio de revisão bibliográfica das obras escritas por Pier Luigi Cervellati e sua equipe, eles próprios técnicos responsáveis pela etapa derradeira desse modelo, na década de 1970, analisar a experiência de restauro em Bolonha. Essa compreensão foi enriquecida com a bibliografia de autores secundários que buscaram situar o planejamento urbano bolonhês no particular contexto histórico, político e social, de modo a compreender as sucessivas sínteses programáticas que formataram o modelo de Bolonha, positivado nas obras de Cervellati: La Nouvelle Culture Urbaine (1981) e Bolonia: Política y Metodologia de la Restauración de Centro Históricos (1976).

Praça Dom Adauto: história e morfologia na cidade de João Pessoa (PB)
Fernando de Oliveira Morais
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Este artigo apresenta o estudo sobre as transformações morfológicas ocorridas na Praça Dom Adauto na cidade de João Pessoa, Paraíba. A Praça situa-se no centro histórico da cidade, sendo cenário de grandes eventos religiosos, cívicos e populares que compõem a história social da capital paraibana. A pesquisa visa revelar e analisar as transformações sócioespaciais ocorridas na Praça: as reformas urbanas, desde a sua inauguração, e os variados usos que ela já abrigou, assim, questiona-se se a função e o valor mantiveram-se após as intervenções? As interações encontradas revelam um cenário que abrange o direito a cidade e a prática diversificada e pontual de usos em áreas históricas das cidades, muitas vezes encontrando-se em estado de abandono e degradação. Espera-se contribuir com os estudos da cidade de João Pessoa, mas também com a discussão acerca da história, identidade, cultura e usos dos espaços livros públicos nos centros históricos.

Um olhar sobre o caminho para o mar: as transformações no uso, lote e implantação
Filipe Valentim Afonso ; Surama Batista Vieira da Costa
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Tomando a Avenida Epitácio Pessoa, principal eixo de estruturação da expansão da cidade de João Pessoa em direção ao litoral, como objeto de estudo, interessa a este artigo refletir sobre como os espaços foram apropriados ao longo do percurso dessa via, buscando entender em que medida este processo representou, no seu tempo, mudanças ou continuidades em relação ao seu passado e às formas de ocupação nas áreas mais antigas da cidade. Para tanto, apresentamos a história da avenida, da sua abertura até a consolidação de seu traçado, e como se deu sua ocupação, destacando os agentes e grupos sociais envolvidos. Num segundo momento, procuramos entender as implicações de morar na avenida através da relação entre o lote e a arquitetura edificada nesse caminho para o mar. Dentro dos processos de transformações e camadas de tempo que se sobrepõem e constituem a cidade, conseguimos reconhecer na via em estudo sua faceta antiga e moderna.

CULTURA E CIDADES PATRIMONIALIZADAS EM MINAS GERAIS: por um planejamento urbano etnográfico e decolonial
Flora Del Rei Lopes Passos ; Rodrigo da Cunha Nogueira
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A partir do imbricamento entre gestão patrimonial e planejamento urbano nas cidades patrimonializadas do estado de Minas Gerais, aquelas que integram conjuntos arquitetônico e urbanísticos tombados nos fins da década de 1930, propomos aprofundar o debate sobre outros caminhos epistemológicos e possibilidades de atuação a nível local que sejam socialmente referenciados. Abordamos a institucionalização do patrimônio cultural urbano em nível federal, incluindo dados sobre os tombamentos e investimentos recentes na execução de obras com recursos públicos. E buscamos trazer para o debate referenciais teóricos que nos auxiliam a pensar em um planejamento urbano que seja etnográfico e decolonial. Etnográfico no sentido de resultar das vivências cotidianas dos moradores dessas cidades, e decolonial, porque acreditamos na construção de processos alicerçados nessas vivências locais para a formação dos saberes e para a necessária ressignificação do patrimônio cultural.

Projeções da modernidade: A arquitetura das salas de cinema de rua de Santa Catarina
Gabriela Carolina Dreyer Rambo ; Alice de Oliveira Viana ; Luís Eduardo Candeia ; Bhrenda Ketlyn Batista
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Este artigo é resultante da pesquisa "O Corpo Espacial do Cinema - Uma Cartografia social das antigas salas de cinema de rua de Santa Catarina", e estrutura-se em três partes. A primeira pretende explorar as salas de cinema enquanto expressão da modernidade, em sua dupla relação entre técnica e arte, e entender como o espectador se insere nesta nova forma de socialização. A segunda parte propõe identificar e analisar as linguagens que compunham as salas de cinema nas diferentes regiões, e reconhecer como estas expressavam a ideia de novidade por meio de suas formas e estilos. Finalmente, a terceira seção analisa o que estes espaços simbolizam na atualidade, no sentido de identificar possíveis memórias dos mesmos.

Palacete Santa Helena: de símbolo do progresso à demolição (1925-1971)
Gabriela Lira Assunção ; Silvia Helena de Castro
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No século XX, São Paulo passou por grandes transformações em seu corpo físico impulsionado pelo processo de industrialização. Um dos locais mais visados do jogos de porder da Capital foi a imagem de seu núcleo de formação, na região da Sé. Embasado na história cultural urbana, o presente artigo propõe um novo recorte, pois investiga a trajetória do eclético Palacete Santa Helena, desde de sua construção (em 1925) enquanto símbolo de modernização da cidade até sua demolição (em 1971). O olhar para um edifício comum, sem reconhecimento de valor patrimonial, desvela fatos importantes sobre a história da edificação ligada a profissionais estrangeiros que atuaram na metrópole em rápida expansão, principalmente de origem italiana. A citar os arquiteto Giacomo Corberi e Giuseppe Sanchetti na concepção e versão final do projeto. Mas a marcha de expansão da cidade para novas áreas não pouparia a decadência econômica de sua porção mais central. A localização privilegiada do edifício multifuncional (com salas de escritórios e o Cine-teatro Santa Helena) atraiu artistas com poucos recursos, que se aproximaram por afinidades técnicas/ financeiras, formando o grupo Santa Helena. Os ateliers artísticos ficaram conhecidos por intelectuais e artistas modernos (como Mário de Andrade, Anita Malfatti e Villanova Artigas). A demolição da edificação é reveladora das práticas preservacionistas da década de 1970, marcada pelo período ditatorial em que ainda pesavam sobre os exemplares ecléticos a crítica modernista, que priorizou a preservação do estilo barroco (num esforço de valorizar os traços de origem da cultural nacional) e de desprezar o historicismo característico da Primeira República. O Palacete Santa Helena mesmo após sua morte foi alvo de estudos e também de rememorações em sites e blogs, revelando que desdobramentos de casos de demolições podem atravessar décadas e colaboram enfim para a compreensão da história urbana e das trajetórias políticas.

O MOVIMENTO MESSIÂNICO E A GUERRA DO CONTESTADO
Geraldo Máximo de Oliveira ; Marilda Rosa Galvão Checcucci Gonçalves da Silva
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O movimento messiânico teve vários expoentes, dentre eles: João Maria de Agostini, João Maria de Jesus e José Maria de Santo Agostinho. A rigor eram homens simples, de devoção católica, benzedores, que receitavam remédios e faziam profecias. Os Monges percorram várias cidades catarinenses. O messianismo surgiu como uma tábua de salvação para as pessoas que se encontravam a margem da sociedade, desassistidas pelo Estado, pela Igreja, relegadas a própria sorte. A Guerra do Contestado (1912-1916) resultou entre outros fatores da disputa pelo território entre os estados do Paraná e de Santa Catarina, interessados na ampliação do seu território e no aumento dos tributos sobre as atividades agrícolas e de exportação da erva-mate.

O TEMPO NA MODERNIDADE URBANA
Germana Konrath ; Paulo Edison Belo Reyes
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O artigo proposto aborda distintas visões de tempo características da modernidade, comentadas e debatidas sobretudo por Marshall Berman em Tudo que é sólido desmancha no ar e por Jacques Rancière na obra A partilha do sensível. O intuito é analisar como o próprio conceito de tempo depende do momento histórico em que está inserido e, assim, apresentar a transformação sobre seu entendimento durante a modernidade. Mais especificamente, visa discutir essa noção no contexto dos planos de cidade e projetos urbanos icônicos do período e colocar em diálogo e confronto a teoria de Berman com as ideias de Rancière, permeando o texto com outros autores do século XX que trataram do tema. A ideia de projeto espaço-temporal perpassa todo artigo e vem atrelada, em grande parte, à noção de cidade que marcou a civilização pós Revolução Industrial e segue influenciando o ideário e a prática de projeto e planejamento urbano até hoje.

CITTÀ SANT´ANGELO: PRESERVAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO - O (re)conhecimento do patrimônio cultural edificado da comune italiana por meio do caminhar
Gersica Vasconcelos Goes ; Monique Lessa Vieira Olímpio
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Este trabalho aborda a questão do (re)conhecimento do patrimônio cultural edificado de uma cidade por meio do ato do caminhar. Acredita-se que este método permite apreender as permanências e transformações existentes na forma urbana das cidades. Apresentamos a narrativa do caminhar pela cidade de Città Sant´Angelo (Itália), que permitiu reconhecer seu patrimônio e analisar criticamente as intervenções contemporâneas realizadas. A cidade preserva elementos que caracterizam sua conformação urbana tipicamente medieval: cinta muraria e seus portões, vielas estreitas com suas perspectivas pitorescas, e igrejas que tiveram um importante papel na formação da cidade. Observou-se a relação respeitosa que a arquitetura contemporânea se integra com a paisagem da cidade, que apesar de se revelarem como “ato do nosso tempo” não interferem na ambiência de valor patrimonial e, consequentemente, seu reconhecimento. Outro fator de destaque é a acessibilidade a área histórica, que privilegia a fruição do espaço publico a todas as pessoas.

ENCONTROS E DESENCONTROS NA CIDADE: A reinvenção do estádio de futebol
Gilmar mascarenhas de jesus
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As últimas duas décadas vêm apresentando, em escala mundial, uma formidável onda de construção e reforma de estádios. São produzidos equipamentos caros, excludentes, cuja sofisticação técnica e aparato normativo não coadunam com os interesses e possibilidades das camadas populares habituadas a frequentar e animar este equipamento inserido na reprodução social da cidade. Privatização, elitização e aumento do controle sobre os corpos tornaram-se elementos cruciais no processo de reinvenção do estádio de futebol, que se constituiu historicamente como campo de pertencimento, de identidades e de uso popular. O que propomos neste artigo é refletir sobre em que medida as mudanças em curso são expressão de um movimento mais amplo que se passa na cidade contemporânea, se olhamos o estádio como um potencial microcosmo do universo urbano: o processo de espetacularização como faceta do espaço abstrato e, consequentemente, a crescente imposição do valor de troca sobre o valor de uso nos espaços de sociabilidade, apontando a cultura e o lazer como novas fronteiras de acumulação.

TRAÇADO URBANO NAS CIDADES DO CENTRO OESTE AO LONGO DO SÉCULO XIX
Giovane Teodoro de Brito Chaparro
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O presente artigo tem por objetivo analisar a formação do Centro Oeste brasileiro, isto é, daqueles espaços que até a Independência compunham as capitanias de Goiás, Cuiabá e Mato Grosso e que, através de processos conturbados e conflituosos, originaram os territórios políticos provinciais desde então. Nosso olhar estará direcionado principalmente ao traçado urbano, partindo do princípio da sua implantação no século XVIII e continuidade com conceitos aprimorados ao longo do século XIX. Partindo de um breve histórico da ocupação e apropriação do território desde os primeiros anos do século XVIII, analisando a incorporação dessas áreas à Coroa portuguesa, dando uma especial atenção à necessidade emergente de consolidação de uma geopolítica para a fronteira oeste. Na sequência, tratamos das transformações ocorridas no início do século XIX, quando novos processos de integração e as diretrizes do Reformismo Ilustrado atuaram decisivamente sobre essa região, redefinindo inclusive os sentidos da urbanização. O foco está no movimento de ocupação do território por meio da implantação e consolidação das vilas e cidades no decorrer do século XIX, marcando definitivamente a presença portuguesa na região. Trata-se de uma historiografia sobre a cidade no interior do território brasileiro, através da qual se procura compreender o processo pelo qual se formaram, a partir das conquistas da Coroa portuguesa, os espaços urbanos de poder e representação da nação do Brasil.

Expansionismo cultural e multilocalidade na Alta Amazônia: paisagens híbridas, cidades nômades
Gisela de Andrade Brugnara
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A multilocalidade caracteriza-se por uma rede estabelecida por certos grupos populacionais entre cidade e floresta. É um padrão observado de comportamento social que institui um padrão de ocupação na Alta Amazônia contemporânea, dilata as territorialidades antes circunscritas aos lugares isoladamente e cria a figura de cidades nômades, permitindo a troca e a reinvenção de modos de viver. Nesse padrão movediço, as pausas características formam uma rede de multilugares: as conexões da multilocalidade. Estas, especialmente quando nas franjas das cidades, favorecem a definição de territórios interculturais como extensões não contínuas de territorialidades imbricadas, desenhando uma paisagem híbrida, diversa e animada e introduzindo manchas de diferenciação na paisagem homogênea que tenta se fixar. São lugares balizadores da paisagem: lugares de resistência e expansão cultural onde evidencia-se uma contra-racionalidade; onde a ciência da floresta está presente e colabora na investigação de novas respostas formais da cidade ao novo padrão de multilocalidade.

Novos imigrantes em Florianópolis: haitianos e senegaleses e os impactos na vida cotidiana da cidade
Gláucia de Oliveira Assis ; Aline Almeida
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A chegada de imigrantes haitianos e senegaleses se inicia em 2010 e se intensifica nos anos de 2014 a 2016, durante os grandes eventos esportivos. Os imigrantes vêm em busca de oportunidades de trabalho e de inserção na sociedade catarinense e se deparam com a ausência de políticas públicas para recebe-los. Diferente dos imigrantes que chegaram ao estado no século XIX, esses imigrantes do século XXI são não brancos e vindos do Caribe e da África trazendo um novo componente étnico cultural as migrações para o Estado e se inserindo na cidade de Florianópolis nas áreas centrais da cidade, trazendo novas cores, costumes, marcas no comercio e na paisagem urbana e demandando políticas de integração sociocultural e vivenciam situações de preconceito, discriminação e xenofobia. Este artigo pretende apresentar um panorama preliminar desses novos fluxos de imigrantes para Florianópolis e os impactos na paisagem urbana e na vida cotidiana da cidade bem como os espaços onde circulam esses imigrantes. As fontes são as pesquisas que vêm sendo desenvolvidas em parceria com o Observatório das Migrações, com dados disponíveis do IBGE e do Ministério do Trabalho sobre migrações recentes, e também pesquisas de natureza qualitativa, que buscam reconstruir as trajetórias dos migrantes recentes e seus desafios de inserção e diálogo intercultural com a sociedade catarinense

Cidade, sociedade e espetáculo: a cultura como narrativa mercadológica na era do capitalismo artista.
Guilherme Nogueira Ragone ; Dinah Tereza Papi Guimaraens
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No século XXI, observa-se o advento do chamado capitalismo artista e a proliferação dos grandes projetos urbanísticos e dos planos estratégicos das cidades globalizadas. Atuando em prol do mercado imobiliário e da especulação, esses planos e projetos se utilizam da estratégia do discurso cultural como norteador de suas ações, sendo tratada pela mídia através de um discurso hegemônico e como único caminho possível para o desenvolvimento. Respondendo a questão sobre qual o real papel das narrativas culturais na proposição de ideários pelos agentes fomentadores da cidade, o artigo objetiva analisar tal manifestação e seus impactos na cidade. Para tal, foi realizada uma pesquisa de cunho exploratório através de material bibliográfico sobre a temática. Pode-se concluir que, desde a década de 1960, as narrativas midiáticas e a animação cultural promovida pelos agentes mercadológicos visa promover o marketing urbano em prol da venda da imagem da cidade, tendo na contemporaneidade, um papel central na definição dos projetos e planos urbanísticos.

Brasília, uma biografia comunista
Gyovanna Teixeira Freire ; Ana Paula Koury
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O projeto se dá com a análise do memorial da proposta de plano para Brasília em 1956, com autoria dos arquitetos Vilanova Artigas, Carlos Cascaldi e Paulo de Camargo e Almeida e o professor da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da USP, Mário Wagner Vieira da Cunha. O memorial refere-se a um projeto colocado em 5° lugar no concurso de Brasília e temos o propósito de fazer uma análise específica considerando principalmente a ausência de aprofundamento nos projetos não executados. Os pontos principais deste plano são zoneamento rural, educação e saúde pública e estes, são detalhadamente abordados para compreender de fato a visão integrada entre cidade e região, ou seja, a relação entre sistema de governo e políticas públicas presentes neste memorial. A fim de contribuir com os aprofundamentos sobre a ideologia política de Artigas, trazemos o questionamento do que há de comunista nessa possível Brasília.

O FOTÓGRAFO E A BRINCADEIRA: A relação entre a criança e a cidade no urbanismo moderno através da obra de Nigel Hendeson
Igor Gonçalves Queiroz
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Entre 1949 e 1953, Nigel Henderson fotografou crianças que brincavam nas ruas de Bethnal Green, então uma das áreas mais empobrecidas do East End de Londres. Naquele mesmo ano de 1953, os arquitetos Alison e Peter Smithson utilizam estas fotografias na grille para o projeto Urban Re-identification, apresentada durante o CIAM IX, numa clara crítica à separação de funções proposta pela Carta de Atenas, à representação do homem-máquina moderno corbusiano, o Modulor, e, porque não, à própria grille corbusiana, instituída como modelo de apresentação dos projetos urbanos desde o CIAM VI, de 1947. Invocar a imagem de crianças brincando serve para produzir uma outra imagem vividamente ambivalente: por um lado, a de habitantes resistentes, que criam algo do nada, brincam a partir do terreno urbano e; por outro, a da fragilidade, do mundo precário e traumatizado pelas Guerras. Imagens que justapõem – sem exclusão – alegria e destruição, traumas e utopias.

O Patrimônio Ferroviário de Itapetininga-SP: Mapeamento do remanescente ferroviário e usos do patrimônio
Igor Matheus Santana Chaves
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A ferrovia representou um importante marco para o desenvolvimento socioeconômico nacional, sua incorporação no território ocorreu ainda no século XIX, permitindo a formação e expansão de cidades, bem como, o encurtamento de distâncias e do tempo. Hoje, o patrimônio da ferrovia se encontra à mercê de diversas estruturas públicas e privadas que o administram e são responsáveis por intervir em sua conservação, manutenção e até mesmo na permanência no imaginário dos citadinos. Dessa forma, este artigo, tem por objetivo mapear o patrimônio ferroviário de Itapetininga (interior sul do Estado de São Paulo), identificados nesse estudo por Conjunto da Estação de Itapetininga e Conjunto da Oficina de Locomotivas, locados na área urbana da cidade, componentes do antigo ramal de Itararé, pertencente à extinta Estrada de Ferro Sorocabana (EFS). E a partir disso, explorar as questões sobre seu estado de conservação, a gestão desses bens e suas atuais funções e as ações do poder público. Para tanto, foi proposta a pesquisa exploratória em campo e a análise documental e o posterior cruzamento dos dados. Por fim, percebeu-se que o fator usos e gestão, independente de qual, acarreta diretamente o estado de conservação dos elementos ferroviários, uma vez que, o bem imóvel em atividade e sendo assistido, se encontra, nitidamente, em melhor estado, frente aos bens que não estão tendo algum exercício, vide a antiga oficina e os armazéns que foram concedidos ao poder local, e sua inutilização promove seu arruinamento. Entretanto, o tipo de atividade influencia diretamente, como é visto na própria estação de Itapetininga, onde, diversos órgãos do setor público municipal o utilizam e mantém o seu “bom estado” e com uso social, todavia, indiferentes na questão da salvaguarda da memória férrea.

Redescobrir a Visconde: a emergência da preservação da arquitetura histórica de um antigo caminho de expansão urbana de Fortaleza
Isabelle de Lima Almeida ; João Vitor Nascimento Alves ; Marcelo Mota Capasso ; Ana Cecilia Serpa Braga Vasconcelos
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Fortaleza, capital do Ceará, tem tido pouco sucesso na preservação da sua arquitetura de interesse cultural, visto o contínuo e acelerado desaparecimento de bens imóveis dos séculos XIX e XX, sem uma política efetiva de inventariação nem estímulos de ordem legal à sua permanência. As revisões na legislação urbana municipal após a aprovação do Plano Diretor vigente, em 2009, tiveram pouco avanço nesse sentido, apenas tratando indiretamente da preservação dos bens culturais imóveis. Dessa forma, nos propomos neste artigo a apresentar o caso da Avenida Visconde do Rio Branco, uma das áreas da cidade com exemplares de arquitetura histórica que, para além de um único exemplar tombado, não motivou o agenciamento dos gestores públicos em preservá-la, se encontrando exatamente entre os bairros de maior atuação do mercado imobiliário na produção de novos prédios de apartamentos posteriores à aprovação do Plano Diretor de 2009.

Um território e duas narrativas políticas: O Goiás dos goianos e a Brasília ex nihilo dos mudancistas.
Isabelle Macêdo de Almeida Salgado
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Este artigo pretende cotejar narrativas políticas mudancistas e goianas acerca do território de Goiás, colocando a questão do desdobramento de valores culturais a partir da ideia do tombamento de Brasília ex nihilo. Será apresentada a narrativa mudancista sobre história da capital abordando a construção da ideia do vazio do Planalto Central pela obra de Ernesto Silva e discursos de Juscelino Kubitschek. A narrativa da política goiana se dará pelo estudo do Conselho de Imigração e Colonização de Goyaz, de 1949, verificando-se uma visão focada na propaganda de fomento a migração para o estado através de uma leitura de ocupação crescente, modesta e relevante do estado a nível regional. A justaposição destas narrativas geradas em tempos muito próximos almeja a construção de um olhar crítico para que se permita, a cada nova leitura, explorar e refletir de maneira mais rica outras perspectivas sobre a história de Brasília.

A PRODUÇÃO DO DISCURSO IMAGÉTICO NO PLANO ESTRATÉGICO DE 2013 - 2016 DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Ives da Silva Duque-Pereira ; María Gabriela Scotto
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O presente trabalho é fruto de uma dissertação de mestrado realizada junto ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional, Ambiente e Políticas Públicas na Universidade Federal Fluminense (PPGDAP/UFF Campos). Objetivou-se, nesse momento, analisar as imagens fotográficas presentes no Plano Estratégico da cidade do Rio de Janeiro vigente entre os anos de 2013 até 2016. A partir do entendimento do planejamento urbano no Brasil, com raízes modernistas, se iniciando no final do século XIX e início do século XX, o presente trabalho contextualiza a implementação do planejamento estratégico como importante ferramenta de gestão do espaço urbano no século XXI. Assim, o Rio de Janeiro passa a planejar por metas e ações que irão interferir na sua espacialidade de maneira a produzir uma cidade produto cujo objetivo é atrair investimentos de diversas ordens. Tal Plano precisa ser legitimado pelos diversos atores envolvidos, incluindo seus cidadãos, e o marketing da cidade se torna ferramenta que possibilita propagar imagens sínteses de uma cidade que pretende-se produzir e/ou ressignificar. Em uma sociedade cercada por imagens, a percepção visual tem ganhado espaço na construção de discursos sobre o urbano, por tanto, de grande valor para a argumentação legitimadora das metas que se pretende atingir. As imagens analisadas no Plano Estratégico (2013-2016) permitem concluir que se trata de um reforço argumentativo que compõe esse discurso legitimador de modificações no espaço da cidade. O Rio é apresentado por imagens sínteses que não refletem a totalidade do município, podendo levar ao falso entendimento de que as ações positivas projetadas pelo Plano abarcariam a totalidade da cidade. O que se percebe é uma construção discursiva, pelas imagens fotográficas, de uma cidade pelas suas partes, em que o real interesse parece ser o de promover espaços específicos cujo valor é estabelecido pelo interesse dos investimentos privados.

O originário na relação mar-cidade entre Salvador e Baía de Todos os Santos: Conflitos entre transformações urbanas e práticas populares
Janaína Lisiak
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Este artigo surge da investigação da constituição da cidade de Salvador a partir da sua relação com o mar, mais especificamente com a Baía de Todos os Santos. Busca-se evidenciar a complexidade de tempos (JACQUES, 2017) pelo tensionamento entre os projetos urbanos e as urbanidades promovidas pelas práticas tradicionais marítimas. A partir do contato com mestres saveiristas do Recôncavo baiano, narrativas apontam para uma produção dentro do campo do urbanismo que perpetua algumas lógicas em detrimento de outras. As contínuas ações ordenadoras, apoiados em discursos de progresso e modernização, promovem o desmonte das práticas e dos territórios tradicionais. A atuação das instituições de gestão pública e do capital, com seus interesses diversos e, por vezes, confluentes, entram em conflito com estas práticas, persistentes nos seus modos de vida. Dessa disputa, entre operações urbanas e práticas populares, aponta-se para a manifestação do originário (BENJAMIN, 1984) na relação mar-cidade.

As múltiplas dimensões da crise urbana e as restrições à presença espacial de agentes culturais na cidade do Rio de Janeiro: um estudo de caso da Pedra do Sal
João Luiz Pereira Domingues ; Kyoma Silva Oliveira ; Bianca Rodrigues Toledo
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Este artigo procura traçar inquietações acerca das relações contemporâneas entre as expressões da cultura e da vida citadina. À luz desta relação tais termos mostram-se de extrema tensão, sobretudo no que diz respeito a todos os esquecimentos e exclusões que permeiam o cotidiano da cidade. Analisaremos como estudo de caso "A Roda de Samba da Pedra do Sal", que ocorre no bairro da Saúde, Zona Portuária da cidade do Rio de Janeiro. Fundada há mais de uma década, a Roda carrega, em seu nome, um testemunho do patrimônio cultural afro-brasileiro e da história urbana da cidade. Observamos a relação entre a acumulação do capital no espaço urbano e as políticas de ordenamento espacial perante as produções culturais no espaço público; e, analisamos que estas ações de controle às expressões culturais populares explicitam o volume de regras responsáveis pela manutenção de uma ordem social violenta material e simbolicamente, que permeiam o cenário hegemônico do capital financeiro.

A CIRCULAÇÃO DE IDEIAS: Gama Abreu e a viagem de Beaurepeire-Rohan para a Amazônia (c.1856)
Jorge Nassar Fleury
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O presente artigo aborda a circulação de ideias na segunda metade do século XIX, sobretudo o fluxo de ideias migratórias da capital Rio de Janeiro para a cidade de Belém, a partir da viagem de Henrique de Beaurepaire-Rohan para a Amazônia, sobretudo para a Província do Pará em 1856, quando este assumiu a presidência da mesma, ficando no cargo por um ano. Durante seu mandato inúmeras foram as tomadas de decisões e contatos com os locais, dentre eles, José Coelho da Gama Abreu, jovem de 23 anos, formado em direito e matemática na Universidade de Coimbra, Portugal, que havia assumido a direção da Repartição de Obras Públicas em 1855, passando dezesseis anos à frente da mesma. Esse contato é marcante e importante, pois trata-se de um jovem sem formação em engenharia que, logo no início de sua carreira, lhe é possibilitado o contato com um experiente engenheiro que já exercera aquela mesma função na capital do império e muito tem a contribuir para seu crescimento. Percebe-se que essa troca de conhecimentos é importante sobretudo para Gama Abreu e visualiza-se, ao longo de sua vida, várias ações repletas de noções apreendidas quando de seu contato com Beaurepaire-Rohan.

Casas Comuns. Um estudo sobre habitação às margens do Centro Histórico de Fortaleza (CE)
Júlia Brito Mafaldo
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Este trabalho propõe refletir sobre a condição contemporânea das áreas centrais marcadas pelo predomínio de moradias unifamiliares antigas que se localizam as margens do centro histórico na cidade de Fortaleza. O estudo analisa quais dinâmicas e contradições compõem um tecido fruto da superposição de um traçado que se afigurou moderno e um parcelamento colonial, e como ele responde às pressões imobiliárias e vem sendo tratado nos planos urbanísticos atuais da cidade. Reconhecendo a importância da existência de edifícios antigos nos centros urbanos para diversidade e democratização das áreas centrais e do valor histórico e social no modo de morar que essas habitações abrigam, o artigo reflete, por fim, possibilidades de tratamento urbanístico e arquitetônico para a área.

A tutela do patrimônio urbano no Brasil: Os enquadramentos adotados nos processos de tombamento de conjuntos urbanos pelo IPHAN a partir dos anos 1990
Julia da Rocha Pereira
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O presente artigo se propõe a analisar os enquadramentos vinculados ao reconhecimento do espaço urbano enquanto patrimônio cultural brasileiro associando-os à noção geográfica de escala. O processo de reconhecimento dos conjuntos urbanos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional apresenta ideias e conceitos nos pareceres emitidos pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do IPHAN. Termos como homogeneidade, coesão, totalidade, panorama, gestalt, paisagem e rede vinculam-se às estratégias de identificação e tutela das mais diversas áreas urbanas. Entender esses enquadramentos narrativos no contexto brasileiro, a partir da década de 1990, pode viabilizar a compreensão mais ampla de permanências e rupturas no processo de tutela do patrimônio urbano no Brasil.

UMA PRAÇA EM DOIS ATOS: PAISAGISMO E CRIAÇÃO DE IMAGENS NA PRAÇA DO FERREIRA EM 1933 E 1991
Julia Santos Miyasaki
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O objetivo do artigo é abordar como o paisagismo é utilizado para a criação de uma imagem de cidade, explorando quais são as formas concebidas para tal propósito e qual é a finalidade dessas ações, promovidas primordialmente pelo Estado. Toma-se como objeto de estudo as modificações efetuadas na Praça do Ferreira nas décadas de 1930 e 1990, analisando as intervenções e a busca pela criação de imagens através do paisagismo. Para tanto, o trabalho se estrutura em três pontos principais, os quais estão inter-relacionados: a elaboração de uma síntese conceitual e teórica sobre a temática do paisagismo e criação de imagens, sua ligação com as questões políticas de produção do espaço e a análise sobre a forma como esses processos se deram no logradouro em questão. Justifica-se a pertinência do estudo pela sua contribuição para o entendimento das transformações paisagísticas pelas quais passou esse importante espaço público, temática pouco abordada em trabalhos sobre o período.

UM OLHAR (CRÍTICO) SOBRE AÇÕES PÚBLICAS DENOMINADAS DE ‘REVITALIZAÇÃO URBANA’: PAC -cidades históricas, preservação cultural ou fetiche patrimonial?
Juliana Silva Pavan
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O presente artigo tem o intuito de analisar a estruturação política legal do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC cidades históricas. O PAC-Cidades Históricas, idealizado em 2009, nasceu com o intuito de revitalizar cidades históricas brasileiras através de investimentos federais e ações que envolvam as três esferas de governo (municipal, estadual e federal), com a proposta de articular políticas públicas envolvendo questões sociais, culturais, econômicas, educacionais e de turismo. Através de um entendimento e estudo das teorias de preservação do patrimônio urbano e cultural e dos princípios expostos em documentos e Cartas internacionais – UNESCO, ICOMOS, Conselho Europeu, entre outros - compreendemos os principais objetivos a serem alcançados em ações de revitalização/reabilitação de cidades. Baseados nestes princípios e teorias analisamos a estrutura política legal do programa PAC-Cidades Históricas.

Cidade, técnica, cotidiano: Trajetórias de Lina Bo Bardi e Aracy Esteve Gomes em Salvador (1950-1970)
Junia Cambraia Mortimer ; Adele Sá Martins Belitardo de Carvalho
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Este artigo investiga relações entre cidade, técnica e cotidiano segundo fragmentos que recompõem as trajetórias da arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992) e da fotógrafa amadora Aracy Esteve Gomes (1923) em Salvador, Bahia, no período entre 1950 e 1970. Utilizamos como fontes cartas, fotografias, recortes de jornal e outros documentos oriundos de arquivos institucionais e do arquivo pessoal de Aracy. As evidências históricas encontradas sugerem a presença de uma dimensão técnica e de uma temática de cotidiano nas práticas de cidade empreendidas pelas duas mulheres. Ao inserir esses fragmentos numa constelação de acontecimentos, desconfiamos que a singularidade da relação dessas mulheres com o aparato técnico e com o cotidiano se dissolve num debate em torno de industrialização, modernização e desenvolvimentismo, situando-as como parte de uma construção social e simbólica mais ampla. Ao mesmo tempo, sobrevivem enquanto raridades (Veyne 1998) uma determinada noção de popular e uma certa dimensão de domesticidade que são definidores na constituição desses sujeitos em relação com a cidade e que são também aspectos caros a esse momento histórico.

O IMIGRANTE NAS POLÍTICAS DE PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO E DO TERRITÓRIO: Estudo da representação do imigrante a partir dos Roteiros Nacionais da Imigração
Karina Hatsue Shiiki da Silva
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Este artigo aborda o processo de reconhecimento e as políticas de preservação do patrimônio cultural dos imigrantes, com foco no instrumento da Chancela da Paisagem Cultural, devido ao envolvimento direto do fator humano neste conceito. Para isto, se faz uma análise do Dossiê de Tombamento dos diversos municípios de Santa Catarina, o qual gerou o programa Roteiros Nacionais da Imigração, visando compreender como o imigrante é visto e considerado neste processo de reconhecimento e estabelecimento de ações e das referidas políticas de proteção do patrimônio.

Bordando a história urbana de São Luís do Maranhão nos séculos XIX e XX
Laíse Frasão Barros
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Análises historiográficas e espaciais apresentam a história urbana ludovicense, nos séculos XIX e XX, abrangendo o crescimento territorial para além dos limites do núcleo fundacional francês. O bordar, aqui, é um percurso metodológico/poético conceitual e teórico (historiográfico e cartográfico) que, se assemelhando ao ato de costurar, visa interpretar a dinâmica citadina local e seus processos construtivos urbanos por meio de aproximações (costuras) entre passado/ presente e cidade, história e cultura. Com isso, pretende-se ir além de uma mera interpretação expositiva de dados técnico-documentais, ou de padrões morfológicos, estabelecendo uma crítica analítica que considera a cidade de São Luís como o organismo complexo e pulsante que ela é. Afinal, São Luís “esconde glórias passadas e sonha grandezas futuras”. (TRIBUZI, Bandeira)

Cidade para ser vista e consumida - O caso do centro histórico de Florianópolis
Larissa Cunha Martins Rodrigues
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A paisagem do centro histórico é testemunha de diversos tempos de construção do território, expressa a história do espaço e representa a memória daqueles que a viveram e vivem. A comprovação dessas repercussões do passado e a convivência com a dinâmica atual da cidade dão a essa porção do território um caráter especial. A produção da cidade na lógica neoliberal transformou o espaço urbano em objeto de consumo, em que a imagem é o primeiro fator de sua produção uma vez que é usada como elemento de atração dos investimentos na dinâmica de competição entre cidades. Nesse contexto, os projetos urbanos de requalificação são pensados segundo a lógica de comercialização dos espaços urbanos da cidade. Frente a essa problemática atual, esse texto objetiva analisar o caso do centro histórico de Florianópolis e, mais especificamente, a região do Mercado Público, e o projeto de requalificação do Largo do Mercado sob a ótica da urbanalização teorizada por Muñoz.

Competição de usos e descaracterização do patrimônio cultural no bairro de São José no Recife
Larissa Rodrigues de Menezes
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O presente artigo discorre sobre o processo de substituição do uso habitacional pelo uso comercial no bairro de São José, tradicionalmente um bairro voltado para a habitação das classes populares no Recife, desde o século XVII. Esse processo, que vem se fortalecendo nos últimos quarenta anos, parece estar perto de eliminar o uso habitacional na área histórica do Bairro de São José e compromete a preservação de seu conjunto arquitetônico e urbano. O fenômeno reflete uma alteração da hierarquia das rendas imobiliárias e pode ser interpretado à luz da teoria da renda da terra urbana. Considerando que diferentes fatores podem influenciar na composição da renda imobiliária, o artigo busca lançar luz sobre a problemática da disputa de usos comercial e residencial em São José, através de uma breve revisão sobre a teoria da renda da terra urbana, de um histórico da área e sua redução populacional e da exposição da atual situação do estoque edificado em termos de preservação e evolução dos usos ali desenvolvidos.

Por uma outra patrimonialização das belas paisagens cariocas: ou, pequenos achados de pesquisa sobre o Porto Maravilha
Laura De Bona ; Manoel Lemes da Silva Neto
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Pela análise de articulações possíveis entre projetos de reestruturação urbana e bens patrimoniais, discute-se a recorrente “reinvenção” de cidades por modelos internacionais a fim de inseri-las no chamado circuito das cidades globais. A reconstrução simbólica promovida pela patrimonialização oculta tensões e disputas inerentes ao território, criando espaços homogêneos, voltados para o consumo cultural e o turismo. Por meio da análise dos circuitos espaciais produtivos do Museu do Amanhã e do Sítio Arqueológico Cais do Valongo, equipamentos culturais situados na zona portuária do Rio de Janeiro – área de intervenção do projeto Porto Maravilha, verifica-se a instrumentalização desses patrimônios na constituição do mercado cultural em constituição na região. Defende-se uma outra patrimonialização e políticas públicas de caráter territorial, constituídas a partir do “território usado”, que fortaleçam a singularidade e a riqueza dos lugares.

MORADA LUDOVICENSE Tradição e adaptação
Lena Carolina Andrade Fernandes Ribeiro Brandão ; Gustavo Rocha-Peixoto
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O presente ensaio teve como principal objetivo demonstrar aspectos tradicionais e adaptativos da morada ludovicense, enfocando suas semelhanças e suas devidas particularidades, no âmbito de sua implantação no lote, resultado de uma traça ordenadora, bem como sua distribuição espacial e elevações, tendo a casa porta-e-janela como elemento gerador. Foram utilizadas fontes bibliográficas e pesquisas consolidadas, bem como levantamentos de plantas e fachadas que ratificaram os aspectos estudados como peças importantes para o estudo sociológico da morada, inclusive da formação da família maranhense.

Santa Casa de Misericórdia: vendendo a salvação, construindo um patrimônio imobiliário e estruturando o Centro Histórico do Recife
Luanancy Lima Primavera ; Norma Lacerda ; Priscila Vasconcelos
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Recente estudo sobre o mercado imobiliário em centros históricos das cidades brasileiras revelou a predominância, no período de 2008 a 2014, das transações imobiliárias de aluguel de imóveis destinados às atividades residenciais, comerciais e de serviço. No caso recifense, a pesquisa mostrou que um dos mais expressivos proprietários/locadores é a Santa Casa da Misericórdia do Recife (SCMRecife). Essa realidade estimulou investigar como essa Irmandade, fundada em 1735, foi formando um vasto patrimônio imobiliário no centro histórico recifense, o que foi lhe conferindo o status de coautora das transformações espaciais ali ocorridas. Isso exigiu, abordar a fundação da Irmandade em Portugal, a sua expansão ultramar –o que viabilizou o seu desembarque no Brasil, munida de compromissos e regalias junto ao Padroado Régio–, os movimentos de expansão e retração do patrimônio imobiliário da SCMRecife. Essa trajetória permitiu concluir que ela foi um agente ativo no processo de estruturação do aludido centro.

PRÁTICAS DE PLANEJAMENTO (URBANO) DURANTE O ESTADO NOVO: A atuação do Departamento das Municipalidades do Estado do Rio de Janeiro 1939/45
Lucia Silva
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A Exposição de Urbanismo do Estado do Rio de Janeiro foi um evento organizado pelo Departamento das Municipalidades do estado. A abertura ocorreu no dia 8 de agosto de 1942 e contou com a presença do interventor Amaral Peixoto e do presidente da república Getúlio Vargas, foi realizado no Museu de Belas Artes da capital federal. A Exposição de Urbanismo juntamente com o Certame do DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público), ocorrido no mesmo período, podem ser lidos como a explicitação de uma nova concepção de administração pública e, para o que cabe aqui, dos problemas de urbanização que ocorriam no estado fluminense durante o Estado Novo. O Departamento das Municipalidades foi criado pelo Decreto 799/39, tinha como objetivo assessorar tecnicamente os municípios fluminenses em relação aos assuntos financeiros, administrativos, jurídicos e os que envolvessem aspectos ligados à engenharia. Tornou-se importante espaço de prática urbanística na medida em que coordenava, através dos escritórios contratados, a confecção dos planos urbanísticos dos vários municípios do estado. O objetivo deste trabalho é analisar a dinâmica de funcionamento dessa repartição pública articulando-a às demandas político-partidárias acionadas pelo interventor (governador) para o controle dos municípios e as consultorias técnicas realizadas nas prefeituras. Para este texto elegeu-se o evento Exposição de Urbanismo de 1942 para conhecer a atuação desta instituição, mas para tal, é necessário percorrer a discussão que envolve a criação do DASP, dos Departamentos das Municipalidades, principalmente o fluminense no contexto político do Estado Novo e a atuação do mesmo em relação às questões urbanas.

O avanço do setor terciário em direção ao Eixo Histórico de Santo Amaro, e a preservação do patrimônio histórico edificado
Luciana Monzillo de Oliveira
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O artigo aborda a questão da preservação do patrimônio histórico, diante da necessidade de renovação e transformação urbana imposta pelas atuais demandas de adensamento, expansão e melhoramentos viários para as cidades. A pesquisa apoia-se na premissa de que a preservação do patrimônio histórico deve estar vinculada às questões urbanas, como forma de se evitar a desarticulação entre o bem histórico e o tecido urbano. O tema da pesquisa surge da observação das transformações urbanas recentes próximas ao Eixo Histórico de Santo Amaro, em São Paulo. O texto apresenta o método de pesquisa de análise de dois estudos de casos similares da cidade de São Paulo: a Casa das Rosas, na Avenida Paulista e a Casa Bandeirista do Itaim-Bibi, na Avenida Faria Lima, com o objetivo de antecipar a discussão sobre as resoluções necessárias para mitigar os efeitos, em um cenário futuro de médio prazo, dos conflitos entre o avanço do setor terciário e a questão do patrimônio edificado na região.

REGIÃO PORTUÁRIA DO RIO DE JANEIRO: SAÚDE, GAMBOA E SANTO CRISTO Resgate da História dos Bairros pela Habitação Popular
Luciana Nemer Diniz ; Jhonatan de Souza Victorino
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A região portuária do Rio de Janeiro é a área de estudo do presente artigo, nessa a habitação popular teve grande expansão nas décadas finais do XIX e no XX. O porto foi propulsor na formação dos bairros Saúde, Gamboa e Santo Cristo que possuem frente marítima e confrontam posteriormente com os morros da Conceição, do Livramento, da Providência e do Pinto. Na falda dos mesmos e na área plana foram mapeados conjuntos de habitações. A metodologia da pesquisa é fundamentalmente a dos trabalhos históricos e para tanto vem se baseando em documentação fornecida pelos Arquivos do Rio de Janeiro. O levantamento fotográfico realizado no local permitiu uma reflexão sobre a espacialização e conservação destas habitações. O trabalho resgata o histórico da habitação popular na região portuária do Rio de Janeiro através da coleta e do registro das iniciativas que foram empreendidas por particulares, institutos ou órgãos governamentais.

((CANCELADO POR SOLICITAÇÃO DO AUTOR)) VESTÍGIOS DO ART DÉCO NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE (1930-1940): Reflexões sobre memória, patrimônio e esquecimento
Luiz Ricardo Sales ; Pryscilla Rodrigues Fernandes
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((CANCELADO POR SOLICITAÇÃO DO AUTOR))O artigo estuda a produção arquitetônica da cidade de Campina Grande, Paraíba, das décadas de 1930 e 1940, pretende apresentar informações referentes à produção da arquitetura moderna, tratando especificamente do caráter modernizador atribuído ao Art Déco. Assim o objetivo da pesquisa é avançar além da necessária constatação documental e descritiva da obra em si, realizando simultaneamente, reflexões históricas e arquitetônicas, bem como, considerações teóricas. Justifica-se por resgatar a produção arquitetônica proto moderna da cidade de Campina Grande, contribuindo com a inserção da mesma no cenário nacional, difundindo o valor dessa produção. Com uma metodologia voltada para a pesquisa histórica, estudando suas vinculações técnicas, espaciais e estéticas com o pensamento arquitetônico circulante na época. Para tanto, foram analisados projetos originais do período, memórias, matérias de jornais e levantamento fotográfico recente.

Leituras da cidade do Rio de Janeiro: Sobre antigos olhares e novas disputas
Luiza Xavier Pereira
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O artigo pretende tratar da construção de representações sobre espaços do Rio de Janeiro e sua influência no processo de segregação socioespacial vivido historicamente na cidade. Parte-se aqui do entendimento que a construção simbólica de categorias como "favela", "subúrbio" e "Zona Sul" é própria a discursos e conteúdos ideológicos que, não só ignoram parte da história da cidade e de suas vivências, mas também a pluralidade de seus conteúdos socioespaciais. Ademais, implicariam na omissão e distorção de fenômenos urbanos, além de influenciar na definição de prioridades e tipos de intervenção nas políticas públicas. Partindo de tal contexto, busca-se fazer um breve resgate histórico sobre o processo de construção de tais representações na cidade para compreender o contexto vivido atualmente nela. Em seguida, propõe-se uma reflexão sobre possibilidades de se questionar e disputar tais visões de mundo. Como possível caminho, serão apontadas representações construídas por moradores do Complexo de favelas da Maré que, através de fotografias, materiais audiovisuais, peças de teatro e exposições, vêm construindo e divulgando olhares que, não só questionam estigmas endereçados a favelas da cidade, como colocam-se na disputa por outras visões sobre Rio de Janeiro como um todo.

O PROJETO DE FRANCISCO PRESTES MAIA PARA A CIDADE NOVA DE PANORAMA
Magdiel Silva
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A Sociedade Imobiliária Panorama Ltda, empresa fundada em Campinas em 1945, ligada à exploração agropecuária e colonização de terras do interior paulista, tomou conhecimento que a Companhia Paulista de Estradas de Ferro indicava o interesse de expandir os trilhos da Ferrovia Alta Paulista até o limite do Estado de São Paulo, à beira do rio Paraná. Sobre essa região a Sociedade Imobiliária propôs a construção de uma cidade nova, que além de ser as pontas dos trilhos da Ferrovia Alta Paulista, seria projetada por Francisco Prestes Maia, então prefeito de São Paulo e autor do Plano de Avenidas. O objetivo desse artigo é apresentar, resumidamente, fatos históricos sobre a Sociedade Imobiliária Panorama Ltda e uma análise do projeto de Francisco Prestes Maia para a nova cidade de Panorama, um modelo de Cidade-Jardim desenvolvido no interior oeste de São Paulo entre 1946 e 1948.

RELAÇÕES ENTRE PAISAGEM E MEMÓRIA NA FOTOGRAFIA: Exercícios na cidade de Vitória (ES)
Manuella Comerio de Paulo ; Homero Marconi Penteado
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O processo de construção de memória aparenta estar cada vez mais enfraquecido na contemporaneidade, com consequente dificuldade de identificação entre o morador de Vitória e sua paisagem. Procura-se entender como a memória influencia na percepção da paisagem e como isso se expressa na imagem fotográfica. Para isso, realiza-se uma abordagem conceitual, com revisão de bibliografia, e uma abordagem empírica, com a apresentação de dois métodos de análise de fotografias de paisagem e exercícios de aplicação desses métodos. O primeiro método aplica ferramentas de composição fotográfica na análise de fotografias selecionadas de paisagens de Vitória, tanto de autoria da própria autora, quanto de outros fotógrafos. O segundo método baseia-se em definições propostas por Meinig (1979) de diferentes formas com que cada indivíduo entende a paisagem, de acordo com sua formação pessoal. Essas definições também foram aplicadas sobre as mesmas fotografias selecionadas. O resultado obtido permitiu comparar os dois métodos empregados e analisar suas vantagens e desvantagens. Concluiu-se que a fotografia é um meio eficiente para exprimir relações entre memória e paisagem, por permitir uma expressão subjetiva de quem registra.

HEGEMONIA E CONTRA-HEGEMONIA NO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DE SÃO PAULO E A LIMINARIDADE NAS VOZES DOS SAMBISTAS ADONIRAN BARBOSA E PAULO EMÍLIO VANZOLINI
Marcos Virgílio da Silva ; Roberto Gomes Monção Junior
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A principal lição que extraímos da realização deste trabalho refere-se ao potencial da música popular de apontar para visões não hegemônicas dos processos de urbanização. Destacamos aqui dois compositores, Adoniran Barbosa e Paulo Vanzolini, que integram o coro dos contrários. Falam muitas vezes em nome de um tempo perdido, mesclando sentimentos individuais à memória daqueles que veem desaparecer de seus antigos espaços de sociabilidade. Trazem à tona as contradições de um processo de modernização que exclui parcelas expressivas da população. A exclusão não é apenas socioeconômica, mas também simbólica, daí o sentimento de não pertencimento. Vale ressaltar a posição de liminaridade destes compositores, que colocando-se fora das estruturas sociais, afastando-se das representação de modernidade que se busca oficializar,portam um discurso contra hegemônico, trazendo uma perspectiva nova à discussão das políticas urbanas.

PATRIMÔNIO CULTURAL NO CONTEXTO DOS GRANDES PROJETOS URBANOS: “Porto Maravilha”, Rio de Janeiro
Maria Lúcia Borges de Faria
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O presente artigo trata da produção do espaço nas metrópoles contemporâneas – agenciadas no modelo de grande projeto urbano (GPU) – tendo como viés o patrimônio cultural urbano. Estudos realizados vêm evidenciando que os GPU operacionalizam o patrimônio cultural urbano nas estratégias de city marketing e de promoção cultural, tendo como efeitos: esvaziamento de seus sentidos e gentrificação. Reproduzindo tendência internacional a cidade do Rio de Janeiro, com vistas aos jogos Olímpicos de 2016, realizou o grande projeto Porto Maravilha. Assim, com base em pesquisa realizada, busca-se reconhecer na sua implantação as relações que se estabelecem entre a produção do espaço e as iniciativas de caráter cultural imbricadas nesse processo. Como caminho metodológico e tendo como referencia duas políticas públicas - programa “Novas Alternativas” e “Pro APAC” - examina-se disputas e tensões que se estabelecem entre os agentes dos campos do GPU e o do patrimônio cultural. Conclui-se, no contexto do alargamento da noção de patrimônio e do realinhamento de forças, por tendência à convergência entre os campos.

A CRIAÇÃO DA ZEPEC: a inserção do patrimônio na legislação urbanística do município de São Paulo – 2002/2004.
Mariana Cavalcanti Pessoa Tonasso
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O trabalho aqui proposto analisa a construção da ZEPEC – Zona Especial de Preservação Cultural, como instrumento urbanístico e parte da política pública municipal de preservação do patrimônio cultural na cidade de São Paulo. Criadas no Plano Diretor Estratégico (PDE) em 2002 e detalhadas na Lei da Disciplina do Uso e Ocupação do Solo e Planos Regionais em 2004, as Zepecs foram elaboradas após uma etapa de trabalho interno na prefeitura e um processo público participativo. O percurso de sua criação será examinado através do discurso contido no texto das leis e documentos oficiais, além da experiência de técnicos envolvidos no processo, revelando as motivações internas e particularidades no funcionamento e gestão do instrumento. A partir desta análise, o trabalho busca não apenas descrever o processo, mas problematizar as relações entre preservação e planejamento, tombamento e zoneamento, além da perspectiva de construção social do patrimônio no contexto pós-Estatuto da Cidade.

Da Cidade por Partes à Gestão por Partes: Descentralização e participação na redemocratização no Uruguai
Mariana Gico Lima Belo ; Gisela Barcellos de Souza
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Frente à crise urbana das grandes cidades do fim dos regimes autoritários no Cone Sul, no início da década de 80, os novos governos municipais democráticos atribuem às questões urbanísticas significativa relevância em seus programas políticos. Constituindo um dos experimentos de relevância internacional na inovação da gestão participativa, a Descentralização Participativa de Montevidéu representa a institucionalização de um modelo de gestão, que se consolida a partir da operacionalização de um debate no âmbito da cultura arquitetônico-urbanístico, em circulação no Uruguai. O presente artigo procura demonstrar que esta nova gestão se enraíza no contexto de redemocratização uruguaia, a partir da circulação do discurso da Cidade por Partes, e que se desdobra de formas particularidades em Montevidéu. Para tanto, baseia-se na análise de estudos que reconhecem tanto a circulação do discurso, como sua evolução ao associar-se com as particularidades do contexto político da cidade.

O patrimônio cultural como bem comum urbano: produção, apropriação, captura e interdição
Mariana Luscher Albinati
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Nos projetos contemporâneos de renovação e reapropriação capitalista de grandes espaços urbanos, o patrimônio cultural tem comparecido como um importante ativo, colaborando na produção da imagem comercial das áreas renovadas lado a lado com a construção de equipamentos culturais com arquitetura de grife. Tomando como objeto o projeto de renovação da região portuária da cidade do Rio de Janeiro, o Porto Maravilha, o artigo procura refletir sobre o patrimônio cultural como bem comum urbano. Nesse sentido, discute as diferentes lógicas que operam a apropriação do patrimônio da região: de um lado, a lógica da territorialidade, que marca processos em que o patrimônio é apropriado como elemento constituinte do sentimento de pertencimento ao território e de outro, a lógica da exploração, predominante nos projetos em que o patrimônio é entendido como ativo econômico na mercantilização do espaço urbano. Em um registro, apropriação como geradora de pertencimento, identidade e produção de bens comuns urbanos. Em outro, a apropriação como tomada de posse, captura e mercantilização de comuns.

O IPHAN nas políticas culturais da Era Lula: A “tridimensionalidade da cultura” e as políticas de recuperação dos centros históricos
Marina Chagas Brandão
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O artigo pretende analisar a relação entre o discurso de renovação observado no Ministério da Cultura (MinC) e no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) durante a chamada Era Lula (2003-2010). Observa-se, no período, um reposicionamento do papel da cultura nas políticas federais, acompanhado de uma ampliação do conceito de cultura, sintetizado pela ideia de “cultura em três dimensões”. A partir deste fenômeno, pretende-se discutir a tridimensionalidade da cultura, que passa a orientar as políticas do MinC, em paralelo às diretrizes observadas nas políticas do IPHAN associadas a sua nova fase, com destaque para as políticas de recuperação em centros históricos: o Programa Monumenta e o Programa de Aceleração do Crescimento – Cidades Históricas (PAC-CH).

Contribuição ao estudo dos fundamentos da política patrimonial: o caso do Sítio Alagadiço Novo, Fortaleza/CE
Marina de Castro Teixeira Maia ; Inês Martina Lersch
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Este trabalho resulta da dissertação de mestrado Sítio Alagadiço Novo: Entre Valor e Transformação, uma evolução da cidade de Fortaleza, Ce no Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O objetivo principal da pesquisa foi investigar os aspectos que legitimaram o tombamento federal do Sítio Alagadiço Novo, este que é um dos últimos recintos verdes de uso público da região em que se insere e possui como maior referência ter sido o local de nascimento do romancista José de Alencar. A pesquisa é qualitativa de cunho historiográfico e responde ao seguinte problema: O que legitimou o tombamento do Sítio Alagadiço Novo? A hipótese levantada como é de que a proteção patrimonial do bem se consolidou, em sua gênese, com base no valor histórico atribuído à imagem do romancista José de Alencar, em torno da qual se erigiu uma espécie de imaginário mítico em Fortaleza. Dessa maneira, o referencial teórico que fundamenta a discussão desta pesquisa é baseado nos conceitos de Valor e Imaginário.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPITAL SOCIAL DA CULTURA ÁRABE NA DINÂMICA DA FRONTEIRA DE PONTA PORÃ (BR) E PEDRO JUAN CABALLERO (PY)
Natalia Bogado Balbuena ; Aline Robles Brito ; Eliana Lamberti
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Analisar a influência do capital social da cultura árabe na dinâmica econômica fronteiriça de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero é o objetivo central deste artigo. Para isso, são apresentados conceitos importantes sobre capital social e suas relações com a lógica social de uma região. Em seguida, explana-se acerca da influência dos fatores intrínsecos inerentes à presença dos árabes em regiões de fronteira. Por fim, empreende-se algumas reflexões sobre alguns aspectos que podem ter determinado a vinda e a expansão dos árabes para a fronteira em epígrafe. Os procedimentos metodológicos envolveram, essencialmente, uma revisão de literatura pautada em livros, artigos e demais trabalhos científicos. A pesquisa possui natureza qualitativa e classifica-se em um estudo descritivo e exploratório. As considerações ao longo do artigo, permitem concluir que o capital social, expressados pelas relações de confiança, pela cooperação e pelo espírito empreendedor identificado entre os árabes pauta-se em seus princípios culturais. Além disso, tais relações apresentam-se como um fator significativo no processo de formação social e econômica da região estudada.

Irromper o tempo, abrir rasgos: fins de mundo e infernos.
Natália de Sousa Moura
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Este trabalho é uma escrita-escuta desde os fins de mundo e infernos, entendendo estes lugares e os corpos que os habitam como marcados na diferença e classificados como outro. Desenrola-se da pergunta: Como reelaborar outros modos de perceber e enxergar o mundo, considerando as memórias desses corpos, historicamente, negligenciados nos roteiros e documentos oficiais? Parto, então, do entendimento de práticas e conhecimentos incorporados como formas válidas de conhecimento, e que desde muito tempo já serviam para preservar um senso de identidade e de memória comunitária e coletiva nos nossos territórios. A quebra na linearidade do tempo, representada pelo direito à criar nossas próprias ficções e recuperar histórias, nos ajudará a fazer esse caminho. A figura do redemoinho é incorporada aqui como meio, transitando pelas ruas urbanas e rurais com seus corpos presentes, mas alimentados pelos que vieram antes, carregando consigo a imaginação para outros futuros e mundos possíveis.

PERSISTÊNCIAS DE UMA MEMÓRIA COLETIVA NA RUA DO CATETE: O CAFÉ LAMAS, RJ.
Pâmela Paris Avila ; Ethel Pinheiro
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A evolução da cidade do Rio de Janeiro foi pontuada por influencias e impactos que se refletem em sua historia urbana. A construção do metrô, na década de 70, é um caso de exemplar intervenção urbana que marcou de forma significativa o espaço urbano (interferido e revisitado) e a memória urbana de alguns bairros cariocas. A atual configuração da Rua do Catete é o resultado dessa mudança: a combinação de trechos preservados com edifícios construídos nos terrenos remanescentes das demolições e a solidificação de vazios urbanos. O objetivo deste artigo é, então, apresentar uma análise de como o espaço urbano pode ser revisitado por ações de ressignificação da memória, usando como objeto de estudo o Café Lamas, demolido quando da obra de passagem do metrô do Largo do Machado-RJ (1970), demonstrando que a persistência de uma imagem simbólica (o Café que ali esteve durante tantas décadas e cujo valor sentimental e histórico é refletido na ausência e relocação deste elemento) é fator de estabilidade de uma memória coletiva e através espaço análogo ao tempo contado através de narrativas do ensaio do pensamento, que se ancora na experiência do corpo no espaço físico.

Cultura urbana e espaços públicos: Estudo de caso do Viaduto Santa Tereza e da Praça da Liberdade em Belo Horizonte
Paola Bonetto Ferrari
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A produção cultural em Belo Horizonte é amplamente diversificada. Se, à primeira vista os complexos de museus aparecem como atrativos da cidade, a vivência desta demonstra uma produção cultural que extrapola esses limites e está presente em diversas espacialidades urbanas. Com o objetivo de entender esta diversidade cultural e seus espaços de produção, este artigo tem como objetos de estudos a Praça da Liberdade e o Viaduto Santa Tereza, polos atuais de produção cultural. A partir destes dois espaços, procura-se observar possíveis fatores que os conformam como circuitos de geração urbano-cultural. Para tal, utiliza-se uma metodologia descritiva, complementada por marcos teóricos e questionamentos estabelecidos, por exemplo, por autores como Jürgen Habermas, Sharon Zuckin, e Camillo Sitte. Procura-se estabelecer, portanto conclusões sobre o uso e frequência das espacialidades urbanas geradoras de cultura artística e urbana; além de se notar relações entre suas morfologias lindeiras ou internas com seus usos sociais e culturais.

O PESCADOR ENTRE TERRAS E MARES: HISTÓRIA, CULTURA E IDENTIDADE DA PESCA ARTESANAL NA PRAIA DO JOÃO PAULO (FLORIANÓPOLIS-SC)
Paulo André Fukuta da Cruz
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Artigo elaborado a partir do Trabalho de Conclusão de Curso em Arquitetura e Urbanismo, sobre o tema de cooperativa familiar para pescadores artesanais. O enfoque foi dado para a pesca artesanal açoriana praticada no litoral catarinense. Através do resgate histórico realizado com leituras sobre o período colonial até aos dias atuais, pode-se constatar o enfraquecimento desta modalidade pesqueira diante da perda de seu território pesqueiro para a especulação imobiliária, para o turismo e na disputa direta com a pesca industrial. Realizando-se, também, um estudo de caso com a comunidade de pescadores artesanais do bairro João Paulo, Florianópolis-SC, que sonham em fundar uma cooperativa familiar. Assim como eles, espera-se que as cooperativas familiares possam ser uma das alternativas para a continuidade da pesca artesanal.

ALEXÂNIA & ABADIÂNIA Duas cidades novas para Brasília
PEDRO HENRIQUE MAXIMO PEREIRA ; Ricardo Trevisan
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Este trabalho refere-se às cidades novas Alexânia e Abadiânia. Ambas situam-se em Goiás no percurso da rodovia Brasília-Anápolis - parte do trajeto da rodovia Belém-Brasília -, e possuem relação de proximidade com a nova capital federal – 85 km e 115 km respectivamente. São cidades oriundas, assim como a nova capital, de processos de relocação de suas antigas sedes: Alexânia foi relocada de Olhos D’Água e Abadiânia de Posse D’Abadia. Alexânia é fruto da ação empreendedora de Alex Abdallah, cujo projeto foi elaborado pela Empresa Brasil de Imóveis Limitada em 1957 e executada pelo engenheiro alemão Fritz Gezets. Abadiânia foi projetada e executada pelo agrimensor Nilton Rabello em 1961, fruto de uma negociação que datava desde 1956 entre Bernardo Sayão e Oribes Gontijo, o então prefeito do município. Estes casos ainda se encontram inexistentes na historiografia do urbanismo brasileiro, portanto, vislumbramos uma contribuição histórica e teórica com estes fatos inéditos a partir desta pesquisa inédita. Neste documento são expostos seus projetos e seus processos iniciais de ocupação.

APONTAMENTOS PARA UMA HISTÓRIA DO URBANISMO DO PLANALTO CENTRAL, 1800-1930
Pedro Paulo Palazzo de Almeida ; Flávia Rosa de La Plata
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O Planalto central do Brasil teve sua urbanização marcada por uma sequência de fatos importantes para o estabelecimento de núcleos urbanos, podendo citar o surto de fundação de arraias e vilas no período da mineração, seguido de declínio urbano, a construção da Estrada de Ferro Goiás e a fundação de Goiânia e Brasília. Com isto, o trabalho busca esclarecer a consolidação dos processos de urbanização nos planaltos de Goiás entre o século XIX e a primeira metade do século XX, abordando três núcleos urbanos: Planaltina, Anápolis e Vianópolis. A pesquisa desenha esse cenário a partir de análises morfológicas dos traçados urbanos e do parcelamento do solo nos sítios estudados. Essa análise busca discernir as transformações no crescimento urbano com respeito ao antigo modelo do arraial colonial português, superando a inexistência de cartografia histórica pela aplicação das metodologias da escola britânica de morfologia urbana e da tipologia processual italiana.

O SENTIDO DA EXPERIÊNCIA COMO DURAÇÃO NO PENSAMENTO FILOSÓFICO: contribuições ao pensamento espacial
Rachel Torrez
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Da relação Tempo-Cidade-Experiência partimos nossa inquietação epistemológica sobre a experiência urbana, problematizando a percepção de um “tempo sem experiência” no pensamento espacial. Buscamos modos libertários de pensar com o espaço a existência humana heterogênea, expressando uma produção ética e política da vida. Por meio de uma abordagem teórico-conceitual de filósofos como Benjamin, Espinosa-Bergson-Deleuze, e da crítica geográfica de D. Massey, desafiamo-nos a trabalhar uma conceituação de espaço desde a experiência como “duração nas coisas externas e na espacialização do ser” (MASSEY, 2008). Nosso objetivo é fortalecer o sentido da experiência como duração no pensamento espacial, propondo como ações: discutir os sentidos da experiência autêntica e da pobreza da experiência apresentados por Benjamin; explicitar na filosofia da Imanência de Espinosa os conceitos de experiência, tempo e duração; e afirmar a relevância de uma compreensão integrada da realidade espaço-temporal e aberta ao processo do devir no pensamento espacial.

A Cultura Urbana nos Subúrbios Cariocas: Uma análise das relações de sociabilidade suburbanas ao longo do século XX.
Rafael Mattoso
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Esta trabalho tem como objetivo aproximar-se, por meio da História da Cidade e do Urbanismo, de uma investigação da vida social e das experiências cotidianas de um grande número de moradores dos arrabaldes da cidade do Rio de Janeiro. Buscando promover uma análise mais detalhada dos particulares mecanismos de habitação e sociabilidade, nos aprofundando no cotidiano de parte dos agentes que edificaram suas moradias nos bairros suburbanos, entre 1900 e 1930. Analisando o processo de edificação de residências populares, e a formação de redes de identidade e sociabilidade suburbanas adotamos como limites territoriais desta investigação histórica no bairro do Engenho Novo, que compunham a antiga freguesia de Inhaúma. Acreditamos que as edificações suburbanas, principalmente as casas populares, podem ser objetos legítimos para a compreensão da história da cidade. Assim, admitimos que a arquitetura suburbana nos proporciona um vasto campo de estudo das suas representações.

A CARTOGRAFIA PARTICIPATIVA COMO FERRAMENTA DE VALORAÇÃO DA PAISAGEM CULTURAL BRASILEIRA
RAFAELLA FONTELES CASTRO PINTO
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Este trabalho aborda o papel da cartografia nas análises valorativas de paisagens culturais empreendidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Objetiva-se verificar como a cartografia participativa pode contribuir nas pesquisas de valoração das paisagens culturais, por se aproximar de uma apreensão mais complexa e democrática. Esta investigação justifica-se pela existência de inconsistências e discordâncias acerca das demarcações de setores ou áreas de paisagem cultural e de dificuldades em se integrar a participação social às ferramentas de mapeamento. A metodologia partiu da análise de relatos de experiências em estudos de conhecimento e valoração do patrimônio, desenvolvidos no âmbito do IPHAN, em especial de paisagens culturais, com o fim de identificar fragilidades quanto à utilização de mapas. As fontes bibliográficas sobre cartografia participativa indicaram os possíveis aportes da utilização de mapas para a inclusão das sociedades nesses processos.

A Bauhaus e a cidade moderna: notas sobre a construção de um corpo útil
Ramon Martins da Silva ; Dilton Lopes
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Partimos do pressuposto de que pelas transformações nos regimes de ordem estético-política, da emergente cidade moderna de transição do século XIX para o século XX e da movimentada vida urbana que se desenhava naquele momento, estejamos também a tratar de transformações do próprio corpo sensível do homem moderno. Interessa-nos pensar as possíveis relações entre a escola alemã Bauhaus e o contexto de modernidade de princípios do século XX, na expectativa de traçarmos notas iniciais sobre um corpo útil engendrado pelas práticas de projeto vinculadas à Bauhaus. Para tanto, avizinhamos a primeira proposta da Bauhaus à casa do "novo homem moderno", a chamada Haus am Horn, projetada e produzida inteiramente pelos mestres e alunos das oficinas da escola, e a proposta formal de mecanização do corpo nas confabulações abstratas dos Ballets Triádico e Mecânico, produzidos também nas oficinas da escola. Desta aproximação, passamos a discorrer, primeiro, sobre a Bauhaus e sua proposta de refundação da modernidade, nas tensões entre um projeto de base expressionista e sua posterior inclinação ao movimento vanguardista De Stijl; e, segundo, pensarmos a Bauhaus e a reconstrução do homem moderno a partir, sobretudo, das teorias críticas da modernidade em relação à produção de corpo e sua experiência na cidade moderna.

Viaduto Pacaembú, São Paulo, 1958: significados de uma obra em face do processo de desenvolvimento urbano
Renata Monteiro Siqueira
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A história do Viaduto Pacaembú, inaugurado em 1958 junto à antiga estação de trem da Barra Funda, é recuperada em busca de seus significados em face do processo de urbanização em São Paulo. A obra integrava o projeto de prolongamento da Avenida Pacaembú, em pauta desde os anos 1920. Ela também inscrevia-se em um debate sobre estruturação urbana, em curso nos anos 1950, em que a travessia das estradas de ferro, a urbanização da várzea e os bairros periféricos tiveram peso importante. A construção foi erigida sobre um antigo espaço de sociabilidade negra, conhecido como Largo da Banana, acarretando a expulsão de seus frequentadores. Na análise, considerou-se a pluralidade de agentes envolvidos nas negociações e disputas relativas àquela proposta, bem como a percepção dos grupos sociais por ela afetados. Pretendeu-se, assim, contribuir para uma visada crítica sobre um momento de intensa transformação da capital paulista, em que sobressaiu a ambiguidade de um projeto de modernização.

A PRODUÇÃO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL EM CURITIBA ENTRE 1930 E 1964
Ricardo Serraglio Polucha
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O objetivo deste artigo é analisar a produção de habitação de interesse social em Curitiba entre a Revolução de 1930 e o Golpe de 1964. Parte-se da análise da reconfiguração do Estado que ocorreu nesse período e de sua influência no desenvolvimento de políticas públicas de habitação de interesse social. Em seguida é apresentado como essas mudanças no plano nacional repercutiram em Curitiba. Para tanto foi realizado um inventário da produção de habitação de interesse social, analisando suas características, o papel das diferentes instituições envolvidas nesse processo e o efeito dessa política na estruturação urbana.

Tempo ao tempo de cidades empresarias: a fantasma Fordlândia, a modernista Serra do Navio e a vernacular Caraíba
Ricardo Trevisan ; Sylvia Ficher ; Ariele Tavares dos Santos
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A industrialização brasileira consolidou-se efetivamente no século vinte, engendrada por fatores: econômico (diversificação dos setores produtivos), social (imigração estrangeira) e político (estímulos estatais à indústria nacional). Tal processo foi acompanhado da migração campo-cidade, alterando-se o habitat da população. Se em 1890 eram 6,8% de brasileiros residindo na zona urbana, em 1991 chega-se a 74%. Assim, em um século, temos um país que se modernizou – distanciando-se das raízes coloniais, pautada numa economia monocultora para exportação – e que se urbanizou – com ampliação da rede urbana pelo território mediante a fundação de novas cidades, fossem elas de origem espontânea ou intencional. Nesse sentido, os núcleos urbanos planejados para darem suporte à industrialização são reconhecidos pela historiografia urbana nacional, sobretudo estudos sobre vilas e conjuntos habitacionais produzidos para operários. Contudo, destaca-se desse rol a produção de dezenas de cidades empresariais criadas para auxiliar empreendimentos voltados ao setor de produção fabril (indústria manufatureira), à construção de infraestruturas de grande porte (hidrelétricas, barragens, rodovias, portos etc.) ou à extração de recursos naturais (jazidas de minérios, plantações etc.). Sobre este último debruça-se o presente trabalho ao focar atenção sobre três exemplares de cidades empresariais específicas: Fordlândia (1923), Serra do Navio (1953) e Caraíba (1979). Três cidades empresarias que este trabalho, pelo aporte metodológico do Atlas warburguiano, buscará analisar e revelar as aproximações e distorções imagéticas entre a cidade idealizada e a cidade vivida, entre a utopia e a realidade, tendo o tempo como elo conector. Uma contribuição aos estudos de cidades empresariais a partir de três urbes exemplares: a fantasma, a modernista e a vernacular.

ENTRE A GENTRIFICAÇÃO E O CAPITAL SOCIAL: ASPECTOS DO PATRIMÔNIO CONTEMPORÂNEO DO BEXIGA
SARA FRAÚSTO BELÉM DE OLIVEIRA
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Na contramão de trabalhos sobre gentrificação com foco nos novos moradores – deixando à margem o estudo da população que antes lá vivia –, pretendeu-se contribuir para o registro da memória do Bexiga. Entende-se que o reconhecimento da cultura de determinado lugar deve partir da comunidade, representando a base do que seria o patrimônio cultural. O artigo inicia-se com uma breve explicação sobre o fenômeno da gentrificação, seguindo-se a conceituação de patrimônio cultural e uma análise do tombamento do bairro. Como o seu tecido social foi o objeto de estudo, após a introdução, ilustraram-se as informações a respeito da urbanidade local. Finalizou-se o trabalho com a caracterização da população atual, realizada através de um conjunto de entrevistas que refletem como os habitantes interagem com as estruturas urbanas do bairro e como percebem uma incipiente gentrificação. Por meio do levantamento da urbanidade e da história oral, mostra-se um Bexiga com mais valias que extrapolam a matéria do patrimônio arquitetônico em si, traduzindo-se em patrimônio cultural. Este entendido aqui de uma forma mais ampla, baseado na diversidade sociocultural e sua potência. Objetivou-se compreender as referências culturais do bairro, mas acima de tudo, compreender a vida. A vida dos lugares.

A PRESENÇA NEGRA NOS SUBÚRBIOS CARIOCAS: Samba, jongo, funk e charme em Madureira
Sergio Moraes Rego Barão da Torre ; Victória Aparecida Maia Sarmento ; Carolina Goés Fernandes da Silva ; Felipe Santana Barroso
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Através de manifestações musicais e sua espacialização esse artigo busca trazer um olhar sobre a presença negra na cultura dos subúrbios da cidade do Rio de Janeiro, que em Madureira encontra um de seus maiores exemplos, onde essas manifestações se apropriam de espaços públicos e privados. São lugares destinados ao uso específico das atividades musicais, como as quadras de escolas de samba, e também locais como a Casa do Jongo da Serrinha, espaço de cultura e identidade, além de áreas públicas como embaixo do Viaduto de Madureira, apropriados não somente pelo o funk, charme e passinho, mas aonde também vem sendo realizadas rodas do jongo. O samba, além dos quintais das “tias”, também se espalha pelo bairro e adjacências, ocupando o palco do Parque de Madureira, grande espaço público do espetáculo, em que grandes eventos reforçam essa identidade do bairro. O trem do samba, evento anual que sai da Central do Brasil e chega a Oswaldo Cruz, bairro da Grande Madureira, é outro exemplo que extrapola ainda mais os bairros, como outro exemplo dessas apropriações urbanas pela música e cultura negra na região e na cidade.

A APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE “Garden-City” NO BAIRRO DO JARDIM AMÉRICA
Sheila Naomi Goto ; Ana Maria Reis de Goes Monteiro
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O loteamento do Jardim América, localizado na região sudoeste de São Paulo, foi projetado pelos arquitetos ingleses Barry Parker e Raymond Unwin em 1915. Partindo-se do fato de que o projeto do bairro foi concebido pelos mesmos arquitetos que desenvolveram o plano da cidade-jardim de Letchworth (1903) e o subúrbio-jardim de Hampstead (1909), procurou-se neste artigo analisar as concepções urbanísticas aplicadas nas cidades inglesas e no bairro paulistano. Enquanto os bairros nobres, loteados no final do século XX, do Campos Elíseos, Higienópolis e avenida Paulista buscaram suas inspirações nos modelos de urbanização francesa – boulevares arborizados e quadras ortogonais – o Jardim América, loteado pela Companhia City, foi influenciado pelo modelo das cidades-jardins contendo ruas com traçado orgânico, quadras com jardins internos e praças públicas. O artigo procurou apresentar o modo que sucedeu a implantação do Jardim América e a instrumentalização do conceito de cidade-jardim no território, primeiro pelo uso das cláusulas de servidão para os terrenos e implementação das legislações, e posteriormente pela característica do desenho urbano que remetiam aos princípios teóricos apresentados no livro “Town Planning and Practice” (1909) e pelo texto “Nothing Gained by Overcrowding” (1912) do arquiteto Raymond Unwin.

DA MEDIDA À EXPERIÊNCIA: UMA REFLEXÃO SOBRE CORPO E UTOPIA
Soraya Nór ; Gabriel Grosskopf ; Lia Maestrelli Bizzo ; Susan Natalí Oliveira Lecuona
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A construção textual das Utopias se deu na forma de crítica a uma realidade vigente e a posterior proposição de modelos espaciais que abrigavam novas concepções e organizações socioespaciais. Como frutos de seu tempo, as obras literárias que descrevem cidades utópicas imaginadas no Renascimento reproduziram uma mentalidade de abordar o habitante utópico como um “corpo-medida”, racional e tipificado. Neste artigo buscou-se explicitar, em representações gráficas de cinco cidades utópicas desse período, o modo como os espaços foram imaginados segundo princípios racionalistas. Na contemporaneidade, mudou-se a mentalidade sobre a corporalidade, incorporando aspectos subjetivos e sensoriais à ideia de corpo, aqui chamado de “corpo-experiência”. Buscou-se confrontar as diferentes abordagens sobre corpo e espaço, identificando como cada uma dessas mentalidades influenciou na concepção de espaços.

Baixada Fluminense: notas preliminares sobre sentidos e identidades de uma região
Stella Maris Nunes Pieve
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O presente trabalho tem como objetivo abrir uma agenda de pesquisa que, além de percorrer os diversos sentidos já estudados sobre a Baixada Fluminense e que conformam a identidade do território, acrescenta outros sentidos e identidades possíveis de serem mapeados na região. Nossa intenção é olhar a Baixada para além da violência, da escassez e das vulnerabilidades constantemente presentes nos discursos sobre a região. Para isto, apresentamos o histórico de ocupação da região, as definições que acompanham o território e seguimos parte de um processo histórico de autoconstrução de um Posto de Saúde em Nova Iguaçu. Ao repensarmos a maneira pela qual olhamos o lugar do outro, buscamos seguir as narrativas que construíram e continuam a definir a identidade da Baixada Fluminense enquanto um espaço de moradia, memória e resistência.

Anhaia Mello e a Escola de Chicago: Análise da apropriação das ideias de Park e Burgess no “Plano Regional de São Paulo”
Tadeu Lara Baltar da Rocha
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Na década de 1950, Anhaia Mello, um dos mais ativos agentes do debate urbanístico paulista, apresenta sua polêmica proposta de descentralização e contenção do crescimento de São Paulo. Visando avançar na compreensão do discurso de Anhaia Mello e, de modo mais amplo, na sua inserção no contexto geral de circulação das ideias do Urbanismo, o presente artigo analisa a apropriação de conceitos e ideias caros à Escola de Chicago de Sociologia na transcrição da palestra em que ele justifica suas propostas. Conclui-se que, embora não sustente o argumento central, elementos da Escola de Chicago são importantes para a visão urbanística de Anhaia Mello, principalmente no que diz respeito ao reconhecimento de que o planejamento urbano deveria considerar as forças sociais que atuam nas cidades. Uma tensão, no entanto, é identificada: a “cidade genérica” seria moldada por forças sociais, mas pouca atenção é dedicada à análise daquelas que atuariam de fato em São Paulo.

VEGETAÇÃO E IMAGINÁRIO URBANO: O papel da vegetação urbana na construção do laço afetivo entre a sociedade e a paisagem urbana.
Taís Alvino da Silva
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A abordagem da paisagem urbana, a partir das questões sensíveis, consiste na busca pela construção de uma paisagem detentora de características que favoreçam a criação de elo afetivo entre suas partes integrantes – usuários e meio físico – na perspectiva de alcançar o conceito de paisagem afetiva. Esse artigo busca investigar como ocorre a construção do laço afetivo entre a população e a vegetação urbana, a partir da vegetação urbana pelo seu caráter de destaque na paisagem como elemento de atribuição de diversos valores e significados pela população. Em meio a complexidade da pluralidade de valores e significados transmitidos pela vegetação, o caminho metodológico se deu através de três dimensões (simbólica, memorial e do ambiente) como suporte teórico Sendo assim, a dissertação apontou sutilezas da vegetação que incitam a construção de laço afetivo entre a população e a vegetação a partir da vegetação como elemento forte na paisagem afetiva.

Percurso Urbano Literário: Nos rastros de Gustavo Barroso
Tais Santos Jardim ; Cinira Arruda d'Alva
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O modo de pensar dominante na sociedade contemporânea se baseia na valorização do cientificismo e na rapidez da obtenção de resultados. No campo dos estudos urbanos esse pensamento tecnicista pode gerar projetos distanciados da realidade. Como alternativa, buscou-se apreender um trecho da região central de Fortaleza de maneira sensível, através da possibilidade de experiência do corpo na cidade, fazendo uso do tempo como ferramenta para revelar o que se oculta aos corpos apressados. Neste “jogo” de abertura ao tempo e à cidade, o inesperado é parte indissociável. É assim que surge nesse “tabuleiro”, um personagem que puxa o fio condutor da pesquisa que segue: o escritor cearense Gustavo Barroso. Durante caminhadas pelo espaço urbano, o encontro da autora com o busto de bronze do escritor provoca um desvio no rumo da pesquisa. A leitura de suas “memórias” oferece vestígios que se transformam em pistas para uma arqueologia da cidade vivida pelo escritor. No desenvolvimento do trabalho, a narrativa literária entrou como uma valorosa ferramenta, por poder nos transmitir a experiência urbana vivida em um outro tempo, trazendo-nos profundidade ao tempo presente, achatado pela velocidade e pelo olhar sempre voltado na direção do futuro. A partir da percepção da distância entre o que era narrado e o que é observado hoje na cidade, propõem-se ativar alguns pontos selecionados da narrativa do escritor. Esta ativação, obtida através de sutis intervenções arquitetônicas e urbanísticas, tem a intenção de fazer com que os lugares voltem a afetar os corpos, revelando as sobrevivências do tempo passado no presente.

O Campo-Urbano de Leberecht Migge - Propostas de um paisagista alemão no pós-1ª Guerra
Tania Knapp da Silva
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O presente artigo analisa dois textos do paisagista alemão Rudolf Wilhelm Leberecht Migge, a saber, seu livro de maior sucesso Jedermann Selbstversorger! (Cada um autossuficiente!) e seu manifesto Das Grüne Manifest (O manifesto verde), escritos imediatamente após o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918 e 1919 respectivamente. Pretendemos apresentar suas ideias a partir dos seus originais, sem tradução para o português, aproximando-as às circunstâncias históricas em que foram escritas. Os vínculos estabelecidos entre as propostas do paisagista e algumas pautas da modernidade permitem conjecturar outro projeto de cidade e sua relação com o campo pouco conhecidos.

(DES) ENCONTROS ENTRE ETNICIDADE INDÍGENA E URBANIZAÇÃO NA AMAZÔNIA: A presença indígena na produção do espaço urbano de Marabá/Pa
TATIANE DE CÁSSIA DA COSTA MALHEIRO
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A etnicidade indígena na produção das cidades amazônicas aparece desde a constituição dos primeiros núcleos urbanos, até as formas atuais de reprodução social, política, econômicas e culturais dos mesmos, num processo contraditório, de incorporação e negação da identidade étnica. A partir do qual, o indígena foi historicamente definido, seja pelas políticas públicas, seja do ponto de vista epistemológico, numa conexão ancestral com territórios, e, por conseguinte como espacialmente estático, limitando a identidade indígena a direitos territoriais. Rompendo, com tais premissas a etnicidade indígena na produção do urbano, é aqui analisada a partir de uma problemática espacial, fundada na diversidade histórica e na coexistência de temporalidades distintas. Analisamos a presença indígena na cidade de Marabá, que sintetiza a relação entre urbanização e identidade étnica na região, através de diferentes e especificas formas de uso do tempo e do espaço urbano, que revelam contradições e conflitos da vida social.

GEOGRAFIAS E GENEALOGIAS DO PLANEJAMENTO URBANO EM BELÉM: elementos da modernidade e produção de desigualdades
Tiago Veloso dos Santos
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Considerando a dinâmica e a estrutura urbana de Belém no início do século XXI como expressão da acumulação das intervenções urbanas e das práticas de planejamento e gestão do espaço da cidade, analisa-se a genealogia do planejamento urbano para compreender a produção de um espaço que tem como característica a negação da natureza e a produção da desigualdade entre classes sociais. Nesse aspecto, identificou-se três períodos específicos que produziram impactos significativos na produção do espaço urbano de Belém: o terceiro quarto do século XVIII (1755 – 1777) com as reformas promovidas no período Pombalino na Amazônia, momento de expressão de uma modernidade urbana e arquitetônica; o final do século XIX e a primeira década do século XX (1890 – 1910), momento de ascensão da economia regional a partir da intensificação de atividades extrativas que produziram reformas urbanísticas com tons higienistas e; por fim, o período entre 1940 e 1970, que marcou uma série de propostas de planejamento com viés técnico-burocrático na produção do espaço. Do ponto de vista da metodologia adotada, estabeleceu-se como percurso de pesquisa: i) levantamento bibliográfico de caráter teórico e empírico da temática; ii) levantamento documental acerca das práticas de planejamento e intervenção dos períodos destacados com base em legislação, planos e projetos de cada um dos períodos; iii) coleta de iconografia representativa da época as quais as políticas foram executadas. Apresenta-se como resultados a hipótese de que a narrativa de uma pretensa ausência de planejamento como fator explicativo dos problemas da cidade é um discurso que não tem base na realidade, posto que historicamente é exatamente o oposto que a pesquisa indica, as modalidades de planejamento efetivadas em Belém acentuam problemas como a segregação socioespacial.

Centralidades na Província Fluminense: Geografia Histórica, Cidade e Região
Valter Luiz de Macedo
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O presente trabalho, que analisa aspectos da formação territorial fluminense no período imperial, reforça a ideia de que uma análise de fato geográfica dos espaços deve incorporar uma dimensão também temporal visto que toda forma social é produto historicamente construído em um espaço e que este, a cada momento, denota processos de diferentes expressões de tempo. Assim, entende-se que analisar o território fluminense durante o XIX, quando se institui no Brasil um projeto nacional, significa observar como dadas frações desse território configuraram espaços diferenciados no contexto político, econômico e social da província, notadamente em seu viés urbano. E como premissa, adota-se a ideia de que o projeto nacional pretendido, de lastro fundamentalmente territorial, considerou o espaço citadino como mecanismo articulador de esferas regionais. É, neste sentido, que associamos os conceitos de cidade e região em nossas discussões sobre uma possível geografia histórica do atual estado do Rio de Janeiro.

MEMÓRIAS E VIVÊNCIAS DE UM PROCESSO URBANO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE: JOVENS DO PINHEIRINHO DOS PALMARES
Vanda de Souza Siqueira ; Pedro Ribeiro Moreira Neto ; Paula Vilhena Carnevale Vianna ; Valéria Regina Zanetti
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RESUMO: Este artigo, de caráter exploratório, investigativo, com foco na abordagem qualitativa, pretende discutir a relação entre a cidade de São José dos Campos/SP, seus habitantes e suas memórias. Busca-se entender o processo de desocupação urbana e reintegração de posse do bairro Pinheirinho, em 2012, tendo como fonte as memórias de jovens de 15 a 17 anos, à época ainda crianças, bem como as lembranças de suas mães. Os conceitos de memória social, esquecimento, silêncio e as reflexões sobre a “alma da cidade” nortearam a pesquisa. Procura-se conhecer a perspectiva dos jovens que experimentaram, durante cinco anos, as vivências da ocupação, da desocupação, das moradias transitórias, até a realocação das famílias, em 2016, para uma região periférica da cidade. A pesquisa revelou memórias de jovens que contrastam o perfil da próspera cidade tecnológica com a ausência de políticas públicas que garantam o direito básico à moradia, direito prescrito pela constituição.

DE MUCAMBO À COMUNIDADE PESQUEIRA A história de uma Zeis a partir da compreensão existencial e simbólica do lugar
Victor Montenegro de Lucena ; Julieta Vasconcelos Leite
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Este trabalho busca uma interpretação sobre as transformações, ao longo da história da cidade, do imaginário urbano sobre uma Zeis do Recife, a Ilha de Deus. Pequena ilha situada em grande reserva de manguezal urbano, já figurou na grande mídia como um dos lugares mais perigosos da cidade, hoje urbanizada constitui-se como um pujante roteiro de turismo comunitário. Na primeira sessão apresentamos uma leitura sobre a história da Ilha, a passagem chegará aos dias atuais, onde uma importante organização do local vem realizando um interessante trabalho de “invenção” de uma identidade pesqueira no lugar. Na segunda seção situamos a partir de um pensamento existencialista a plasticidade que o conceito e a estrutura do lugar pode adquirir mediante a percepção e o desejo humano. Para em seguida promovermos um diálogo com o olhar antropológico sobre o tema. Quando veremos como esta disciplina vem se debruçando sobre o fenômeno urbano e constituindo o lugar enquanto categoria de análise.

Emergências da circunstancialidade na cidade contemporânea: entre heranças, testamentos e desafios do lugar
Vitor Sartori Cordova ; Jane Victal
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O habitat, para muitas pesquisas sobre urbanismo, pautaria a discussão sobre o lugar do “homem tradicional” como romântica. Assim sendo, muitas destas investigações estariam conectadas a uma análise das novas formas produtivas e às alteridades no espaço urbano, fomentando aportes teóricos derradeiros sobre os fenômenos da cidade. Todavia, crê-se que a tradução destas mudanças se dá num nível mais “aterrado” do que imaginam as sistematizações acadêmicas. Desta forma, apresenta-se um pequeno ensaio onde discute-se os problemas analíticos e de sociabilidade na cidade contemporânea sob a ótica do modo de vida mais conectado à cotidianidade da vida, isto é, a casa. Desta maneira, discutir o urbano e as diversas formas de vivência é admiti-lo numa compreensão mais holística (humana) que envolve, também, um reencantamento do papel do pesquisador quanto as possibilidades que seu objeto de estudo já contempla e que se-dá a compreender.

A “Metrópole do Oriente da América”: “Utopia” e Modernidade na Natal de Manoel Dantas (1909)
Yuri Simonini ; Angela Lúcia Ferreira ; Giovana Paiva de Oliveira
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Em conferência proferida no dia 21 de março de 1909, Manoel Dantas, proeminente intelectual norte-rio-grandense, prenuncia o futuro reservado à, então, pacata Natal. Ao misturar ideais imaginários e concretos, narra fantástica transformação física da cidade em cinquenta anos quando, por grandiosa infraestrutura possibilitada pelas inovações tecnológicas, se tornaria uma das maiores metrópoles mundiais. A partir da visão de Dantas sobre a Natal de 1959, suas motivações e a relação para com a cidade existente em 1909, pretende-se possibilitar discussões a respeito da ideia de tempos em transformação e sua ligação com a utopia. O texto exposto e as notícias dos jornais da época, revelam o importante papel de arauto da modernidade que o palestrante assumia, clamando as elites locais a apoiar o processo, dispendioso, mas promissor, de mudança em curso. Assim, Dantas foi capaz de conceber uma interpretação utópica singular, cuja narrativa arrebatadora se funde aos desejos da Natal moderna.